Minha Doce Maldição. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 3
A fuga.


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Demorei né? Mas é assim que pretendo postar na fic, um capítulo por semana Ok?
O capítulo não está muito bom pois o fiz correndo e a crise de "falta de ideias" está me atingindo ultimamente. Também estou viajando e só voltarei 5ª feira e e isso dana mais ainda né? Bom...Boa leitura!
PS: Desculpe qualquer errinho basico, e se tiver ignore-os :D



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Suspirei vendo o relógio na cabeceira da minha cama marcar 01:00 da madrugada. Abri meu guarda-roupa pegando uma caixa de sapatos retirando de lá um tênis que eu ganhei de Maria no Natal do ano retrasado e nunca usará. Ele estava apertado mas por hoje serviria.

–Fight!-Falei para mim mesma tentando controlar a ansiedade que sismava em tomar conta de mim. Eu definitivamente ainda estava muito brava com minha mãe e pretendia provar a ela que eu não estava doente, provar que posso sair e conviver com as pessoas sem me preocupar.-Sim, eu posso.-Repeti ,pegando uma blusa de moletom preta do cabide e vestindo-a .Olhei-me no espelho respirando fundo. Eu estava com a mesma roupa que usará de manhã, tirando é claro o all star preto que eu acabará de colocar e a blusa com capuz, penteei meus cabelos puxando-os para trás prendendo-os com uma presilha tentando parecer mais sociável ,coisa que realmente não estava funcionando. Desisti de minha aparência partindo para a ação. Sai de meu quarto devagar tentando conter os espasmos de adrenalina que corriam por meu corpo. Eu nunca tinha feito algo parecido, desafiar minha mãe? Totalmente fora de questão. Mas eu não iria viver mais assim, não mesmo! Abri a porta do quarto de mamãe tomando o maior cuidado para não fazer nenhum barulho. A mesma ressonava calmamente deitada em sua cama de casal. Olhei para o quarto da mesma tentando raciocinar. -Onde estão?...-Sussurrei. "Se eu fosse uma chave, onde eu me esconderia?" Um brilho na comoda chamou minha atenção e meu coração acelerou. Andei devagar até lá vendo o chaveiro com todas as chaves de casa. As peguei com cuidado mas mesmo assim as mesmas fizeram um barulho. Parei de respirar por alguns segundos tampando minha boca ,impedindo-me de gritar. Me virei temerosa em direção a minha mãe já criando uma cena de morte em minha cabeça. E a morte, no caso, seria a minha.

–Hn...-Mamãe gemeu remexendo-se inquieta mas, felizmente, não acordando. Semicerrei os olhos olhando com receio,saindo do quarto de marcha ré. Encostei a porta parando por alguns segundos para admirar o chaveiro em minha mão.

–Eu consegui...-Murmurei sem acreditar. Sorri bobamente pulando e rindo como uma retardada. Não perdi tempo e sai correndo em direção a sala, desci as escadas pulando degraus,abrindo rapidamente uma pequena gaveta na sala pegando alguns trocados e enfiando-os em meu bolço. Me virei para a porta de vidro tentando me conter novamente. Minhas mãos tremiam e meu coração parecia que iria sair pela boca. Ouvi um "click" quando girei a chave e a porta abriu-se. Apenas pulei para a cozinha não me importando com qualquer detalhe do local me concentrando apenas na porta que me levava a rua. A abri rapidamente colocando primeiramente meu pé direito para fora, exitei mas mesmo assim fui. Dei meus primeiros passos para fora de casa de olhos arregalados. Ofeguei sem acreditar olhando o céu estrelado em cima de mim, Céus, Como é grande. Na verdade...Como tudo é grande e bonito...Tão bonito. Sem perceber eu já pulava e ria novamente rodando no jardim de minha casa como se lá fosse o paraíso.

–Ei, doente, estou tentando dormir!-Exclamou uma voz divertida. Virei-me para a casa vizinha olhando para cima vendo Vicenzo espremendo-se entre as grades da janela do que supus ser ser quarto.

–Ah, oi...Desculpe.-Sussurrei. Vicenzo assumiu uma cara séria mas ainda com humor.

–Não está fugindo não é mocinha?-Perguntou.

–Ah,eu...Na verdade estou.-Falei.-Mas por favor, não conte para ninguém. É a primeira vez que saio aqui fora, não quero estragar esse momento por nada!-Falei olhando-o suplicante. O mesmo adquiriu uma expressão de surpresa.

–Nunca saiu de casa? Quer dizer...Nunca mesmo?-Eu corei balançando a cabeça negativamente-Cara...Você é mesmo uma garota entanto.-Suspirou.

–Ah, hn...Eu sou oque?-Perguntei. Vicenzo sorriu.

–Uma garota entanto. Imagina só, você ter uma namorada que ninguém conhece, que ninguém nunca viu. Uma surpresa para todos mas que é só sua! Isso definitivamente seria legal.-Disse Vicenzo sorrindo animado. Minhas bochechas esquentaram mais um pouco. Namorada? Céus...Acho que vou desmaiar.

–Eu...Então, você não vai me dedurar não é ?-Perguntei tentando conter meu embaraço.

–Está brincando?!-Perguntou Vicenzo–Eu daria tudo para estar ai com você, fugir de madrugada? Isso realmente é minha praia mas...-O mesmo balançou as grades da janela de seu quarto- Como pode ver estou em cárcere privado-Lamentou-se.

–Isso realmente é uma pena. Eu necessitava mesmo de um guia. Não sei para onde ir!-Vicenzo pareceu pensar.

–Olhe, se eu não me engano está tendo uma festa em uma praça perto daqui...Faça assim, vire a esquina e ande o próximo quarterão inteiro. Você verá uma lojinha de conveniência então continue a andar e estará lá. Tenho certeza que conseguirá se divertir.

–Ahn...Certo, acho que entendi.-Falei sorrindo.

–Vicenzo, está falando com quem?!-Ralhou a voz de Maria parecendo distante.

–Acho melhor eu ir.-Sussurrou Vicenzo.-Boa fuga,doente.

–Certo, obrigada.-Sussurrei de volta saindo correndo um tanto que confusa. O vento gelado fazia meu cabelo se esvoaçar e as ruas estavam quase desertas, poucos carros passavam mas cada um fazia-me sorrir de surpresa. Eram tantos modelos, tantas cores, tantos prédios... Tudo exatamente como eu via em meus sonhos.

–Não corra desse jeito srta.!-Exclamou um guarda de rua assim que virei a esquina. Tentei esconder meu medo tentando fazer parecer que aquilo era uma coisa normal.

–Desculpe-me.-Murmurei. O guarda revirou os olhos saindo de perto.

–Esses jovens de hoje em dia...Saindo a essa hora da rua!-Resmungou enquanto se afastava. Eu sorri alegre.

–Numero de pessoas conhecidas em minha vida:Quatro, o guardinha da rua é a novidade!-Exclamei para mim mesma voltando a minha corrida. Diminui a minha velocidade quando avistei a loja de conveniência. Meu cérebro deu um pequeno leg quando meus olhos bateram com a placa da loja fazendo todas as letras flutuarem. Tentei ler ficando parada alguns segundos na frente da loja, mas depois de alguns segundos desisti ao constatar que minha dislexia estava atacada hoje. Felizmente reconheci a placa de "24 horas" e então adentrei a loja. Eu olhei tudo maravilhada vendo comidas que nunca tinha visto em toda a minha vida. Uma mulher estava atrás do balcão mascando chiclete preguiçosamente. A mesma me examinou de cima a baixo bufando.

–Você é uma das garotas que está na festa da praça não é mesmo?-Perguntou com a voz arrastada.

–Hã..Estou indo pra lá agora!-Exclamei.

–Então esqueça menina, não venderei nenhuma bebida alcoólica para você nem para seus amiguinhos!-Falou irritadiça gesticulando com as mãos.

–Não, eu não vou comprar nenhuma bebida alcoólica, fique tranquila!-Sorri nervosa. A mulher me examinou novamente olhando-me desconfiada. Passeei pelos corredores olhando tudo com atenção. Peguei das prateleiras uma latinha de refrigerante e uma barra de chocolate caminhando até o balcão da atendente mal-humorada. A mulher passou minhas compras com uma certa lerdeza levantando os olhos para mim.

–Hn...São 6 dólares-Disse. Vasculhei o bolço pegando os trocados que estavam ali entregando-os a mulher. A mesma contou o dinheiro dando-me algumas moedas de troco e minhas coisas em uma sacolinha plástica.

–Obrigada.-Agradeci saindo da loja

–Menina estranha...-Ouvi a mulher murmurar. De longe vi onde estava sendo a tal festa. A rua estava fechada por alguns carros com o som em alto volume, jovens riam e dançavam com copos coloridos na mão. Eu engoli em seco vendo atrás dessa muvuca de gente uma praça enorme com grande variedades de flores e alguns bancos que me pareceram mais amigáveis do que toda aquela gente.Contornei toda aquela confusão andando até um dos bancos ficando um tanto que afastada da tal festa. É...Acho que ainda não estou pronta para isso.

–Uma coisa de cada vez Natália, não vamos ter pressa.- Abri minha sacolinha pegando minha barra de chocolate e minha latinha de refrigerante. Eu tinha certeza que nunca me sentirá tão bem em toda a minha vida. Estar sentada, comendo besteiras ouvindo as brincadeiras e a musica alta da festa na minha frente pareciam como um sonho. Olhei o céu e as arvores da praça suspirando. Eu sabia, eu não sou doente. O único problema agora e questionar minha mãe, perguntar o porque de tantas mentiras, oque eu fiz para ela me privar dessa vida? Mordisquei o chocolate e beberiquei o refrigerante satisfeita enquanto a luz da lua banhava meu rosto. Estava tudo extremamente maravilhoso até eu perceber uma certa movimentação em uma moita perto de meu banco. Arqueei uma sobrancelha enquanto eu ouvia um som grave e um tanto que assustador.-Quem está ai?-Perguntei. Arregalei os olhos reprimindo um grito quando meus olhos bateram com duas fendas vermelhas e uma porção de dentes arreganhados para mim. Aquele com toda a certeza deveria ser o maior cachorro que eu já vira em todo o mundo, não que eu já tenha visto muitos cachorros ,mas tenho certeza que um que era maior que eu era considerado bem grande.-Calma...Calma...Olha, chocolate! Você quer? Vai pegar!-Gritei jogando minha barra de chocolate para o cachorro. O mesmo nem olhou para o doce que bateu em seu peito caindo no chão. Seus olhos estavam fixos a minha pessoa e a cada passo do bicho seu rosnado aumentava mais. Engoli em seco levantando-me do banco sem fazer qualquer movimento brusco. O cão arreganhou os dentes mas mesmo assim não avançou. Subi no banco devagar pulando-o caindo na grama fofa. O cachorro rosnou mais alto.-Merda!-Rosnei saindo correndo. O cão esperou alguns segundos antes de me seguir. Olhei em direção a festa que acontecia na rua em busca de ajuda e senti meu sangue gelar. Tudo estava vazio...Sem pessoas, sem carros, sem festa...Tudo absolutamente vazio.-Céus...-Arfei sentindo o medo me invadir por inteiro. Tentei acelerar minha corrida mas o tênis apertado dificultava muito as coisas. Meu peito já ardia e o meus pulmões já clamavam por uma pausa mas os grunhidos que eu ouvia atrás de mim eram o necessário para me incentivar a correr cada vez mais rápido. Eu sentia o "cachorro" bem perto de mim. Sentia seu hálito quente e com um cheiro horrível banhando minha pele e tentando morder meu pé. Sai da área da praça adentrando a rua sem ao menos olhar. Ouvi uma buzina ensurdecedora e uma luz branca atingir-me em cheio.

–TOME CUIDADO GAROTA MALUCA!-Berrou o motorista de um carro não me atropelando por pouco. O mesmo colocou a cabeça para fora olhando-me com ódio. Eu o encarei sentindo um aperto em meu coração.Meus olhos se arregalaram e eu gritei com toda a minha força quando sangue espirrou para todo lado e o carro foi resumido a uma lata de sardinha. Aquele cachorro infernal rosnou para mim de cima do carro que agora não passava de um monte do sucata. Balancei a cabeça incrédula ao perceber que o cachorro dobrará de tamanho. A cabeça do motorista rolou para perto de mim fazendo-me sentir náuseas.

–Céus...Pare!-Berrei desesperada. Não, não,não...Isso só pode ser um pesadelo ou algum tipo de praga. Aquela coisa matou um homem na minha frente de verdade?! Céus, por favor, eu não quero morrer.- Não...Isso não pode estar acontecendo, não pode!-Murmurei apavorada não acreditando em minha má sorte. Rezei para que aquilo fosse mesmo um pesadelo e desejei acordar em casa. Mas algo me avisou que eu realmente estava ali.O cão desapareceu de cima dos destroços do carro aparecendo de novo a centímetros de distancia de mim. Fui jogada longe,batendo em um poste do outro lado da rua. Arfei sentindo um gosto metálico invadir minha boca, minha visão ficou turva e eu tossi algo vermelho. -Estou morta...-Choraminguei baixo sentindo minha cabeça latejar. O cão pulou em cima de mim e eu gritei novamente, aquilo com certeza quebrou um osso meu. O peso do bicho pressionava meu peito não me permitindo respirar. Fechei meus olhos apertados com a intenção de não ver minha própria morte.

–Merda!-Ouvi alguém rosnar. Eu já estava caindo na inconsciência pela falta de ar que o peso do cão em cima de mim me causava quando uma lufada de pó banhou meu rosto. O peso sumiu de cima de meu corpo e os rosnados cessaram. Eu tremia e tentava ficar imóvel. Senti minha cabeça ser erguida e uma mão gelada segurando meu queixo.-Diga que está viva OK?-A voz era masculina e melodiosa e fez meu coração dar um solavanco ao ouvi-la. Eu estava extremamente com medo mas mesmo assim abri os olhos. Pisquei algumas vezes para ter certeza que o cão não estava mais ali e respirei fundo antes de me sentir segura para encarar a pessoa que me segurava. -Você...-Começou o garoto mais por algum motivo o mesmo não continuou olhando nos fundos de meus olhos. Senti meu corpo se anestesiar, me vi incapaz de me mover e meu coração pareceu parar de bater. Me perdi totalmente em seus olhos negros, e em sua pele pálida e convidativa...No mundo agora só existia ele, apenas ele.-Você está bem?-Eu não respondi, apenas continuei a encara-lo até sentir minhas pálpebras começarem a se fechar. Percebi que minha cabeça ainda latejava e meu peito ainda doía. Meu corpo amoleceu nos braços do garoto e eu cai em total escuridão. Pensei ter ouvido uma risada feminina, mas não tive certeza. Quando demasiei só uma coisa era clara para mim : Eu me apaixonei por um estranho,apenas o amava mais que minha própria vida e o queria para todo o sempre.


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Notas finais do capítulo

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