Minha Doce Maldição. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 29
A última salvação.


Notas iniciais do capítulo

VI A DO, CHEGUEI!
Ufa, galera. Tô aqui, tô viva e com um capítulo fresquinho pra vcs ( coloquem o desfibrilador perto de vocês, um conselho) mas antes, vamos a alguns recadinhos importantes!
Primeiro: Vocês devem estar pensando milhões de coisas sobre minha demora ( Dã, pra variar né nom) enfim, vou fazer minha biografia aqui para explicar. Para começar eu terminei o ensino médio ( uheeeeeeeo) e tô naquele dilema de sem emprego, sem nada pra fazer, em busca de algo na vida, etc. Outra coisa que eu comecei foi um projeto meu no nyah. Minha escrita melhorou muito de uns tempos para cá, e algumas fics minhas estavam me deixando muito desconfortável, então decidi começar uma revisão geral. MDM também passará por essa revisão quando acabar, mas relaxem, o intuito da revisão não é mudar a história que vocês conhecem e sim arrumar erros gramaticais e de concordância. Apenax.
Segundo: Esse possivelmente é o antepenúltimo capítulo da fanfic. Mas dois ou no máximo três capítulos MDM chega a seu fim e eu não poderia deixar de agradecer a todos vocês pelos lindos reviews! Estamos quase chegando em 250 e acredito muito que chegaremos a 300 com a ajuda de todos! Aaaaah, falando nisso, eu queria deixar um obrigada especial, cheio de carinho e amor e tudo que a de bom no mundo a linda da Marceline Octos que recomendou a fic SZ SZ SZ SZ FLOR, VC TEM MEU CORAÇÃO ❤
Terceiro, escrevi esse capítulo ouvindo " Heart like yours" e eu achei essa música tudo a ver com esses últimos acontecimentos da fic, então, quem quiser ouvir lendo, cá está a música:https://youtu.be/MicY0CDmNzQ
Booom, bombonzinhos, é isso. Boa leitura, desculpem qualquer erro e vamos juntos para o quase fim de minha doce maldição!
PS: E FELIZ ANO NOVOOOOOO!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512893/chapter/29

PDV NICO.

Haviam se passado alguns minutos desde que havíamos adentrado a casa grande, e eu estava a ponto de ter um colapso nervoso.
Uma clima estranho se instalou no ar da enfermaria desde que eu havia colocado Natália naquela maca, me deixando inquieto. Eu não sabia porque, mas a enfermaria estava cheirando a morte, ou seja, um cheiro adocicado, hostil e muito, muito desagradável. Apenas Quíron, Clarisse Will Solace e eu estávamos no lugar, mas mesmo assim eu me sentia sufocado, ansioso, e torcia a cada segundo para todos os meus instintos de filho de Hades estarem errados.
— Alguma coisa aconteceu aqui? - Indaguei a Quíron, que estava quieto, observando Will examinar Natália com uma carranca estranha.
— Como assim? - Perguntou.
— Alguém se feriu? Quer dizer... se feriu gravemente? - Questionei.
Quíron não respondeu, apenas me lançou um olhar significativo que fez minha tensão aumentar.
Eu me virei para a maca de Natália, soltando um grunhido.
Aquilo só podia ser uma piada de mau gosto do destino. Logo agora que eu finalmente havia aberto meus olhos para ela, que meus sentimentos começavam a se pôr no lugar, a filha de Poseidon havia desmaiado do nada.
Um desmaio não parecia grande coisa, mas estava se tornando quando, mesmo de tomar uma quantidade considerável de néctar, Natália não havia dado nenhum sinal de vida. Não sabíamos o que havia acontecido, e nem mesmo Quíron ou o filho de Apolo puderam dizer o que havia causado o desmaio. Tudo que eles constataram é que a cada minuto Natália perdia mais suas forças. Os batimentos cardíacos diminuindo mais e mais…
— Natália!
Meus pensamentos foram cortados quando Percy invadiu a enfermaria, quase arrancando a cortina de contas que separava o lugar da casa grande.
O garoto olhou rapidamente em minha direção, mas não se demorou muito, virando-se inteiramente para Quíron.
Eu não o culpava, afinal, eu havia lhe roubado um beijo e saído correndo como um lunático a pouco tempo atrás. Mas também não me importei muito com sua presença, por incrível que pareça. No momento tudo em que eu pensava era Natália.
— Percy... - Falou o centauro com calma, apoiando a mão no ombro do filho de Poseidon.
Percy virou-se para a irmã na maca, voltando -se novamente ao homem.
— O que houve? O que aconteceu com ela? - Indagou Percy.
Quíron negou com a cabeça.
— Ainda não sabemos... Will está examinando.
— Ela estava bem, estava comigo! Íamos jantar, e ela desmaiou, do nada. - Contou Clarisse, pela milésima vez.
— Como isso é possível? - Indago Percy, e como uma resposta, Will se voltou a eles.
— Quíron… eu… realmente não sei o que fazer. - Falou Will, encolhendo os ombros, constrangido. - Talvez seria melhor levá-la a um hospital mortal… mas, não sei… ela não parece doente. Apenas... tem algo errado com ela.
Clarisse bufou, inquieta.
— Tudo bem, Will. Obrigada por sua ajuda.- Suspirou Quíron, com um tom de voz que eu realmente não gostei.
Will despediu-se com um aceno de cabeça, saindo dá enfermaria.
Fui para o lado de Natália, pegando sua mão, examinando-a em contraste com a minha.
— Oras, acorde logo!- Grunhiu Clarisse, esticando - se em direção a Natália, ameaçando colocar mais um pedaço de ambrosia na boca da garota.
— Clarisse, não!- cortou Quíron, antes que a filha de Ares pudesse fazê-lo. Nós dois nos viramos para ele. - Se der mais ambrosia a ela seu corpo entrará em chamas. A fruta dos deuses não pode ser usada assim, vocês sabem!
Apertei a mão de Natália entre as minhas.
Realmente, sua pele começava a ganhar um tom avermelhado, como se estivesse quente, mas não estava… ela continuava fria.
— Então por que ela ainda não está acordada? Que tipo de doença deixa alguém assim? Ela estava bem segundos antes de cair... - Falou Percy. - Bem... ela não estava tão bem assim nos últimos dias, mais em coma? Como isso pode ser possível se nada aconteceu a ela?
— Absolutamente nada. - Concordou Clarisse.
Quíron suspirou, olhando para o corpo de Natália na maca de bamboo.
— É verdadeiramente desconcertante. Não há sinal de doença… nenhum ferimento grave.
— Ela não estava comendo bem… talvez isso… - Comecei, mas o centauro me cortou.
— A ambrosia teria cuidado disso, se fosse o caso - Murmurou, coçando a barba, olhando Natália com uma mistura de pesar e dúvida.
— Então o que é? Pelos deuses, temos que ajudá-la! Natália precisa acordar antes que… - Deixei a frase morrer, balançando a cabeça negativamente.
Clarisse lançou um olhar questionador em minha direção. Uma mistura de incredulidade e dúvida, como se questionasse o que eu estava fazendo ali.
Eu não me importei, virando-me para Natália, indagando em silêncio o que ela faria se fosse eu em sua posição.
Ela com toda certeza, não me deixaria em paz até que eu resolvesse abrir os olhos, de um jeito que só Natália Ruggiero sabia fazer. Eu queria, por um momento, ser que nem ela.
Alguns minutos se passaram em completo silêncio. Quíron andava de um lado para o outro, murmurando coisas sem nexo, enquanto parecia buscar uma resposta para aquilo. Clarisse olhava Natália em uma mistura de raiva e esperança. Parecia ansiosa para ver a garota abrindo os olhos, mas, ao mesmo tempo, parecia que iria bater na filha de Poseidon caso ela o fizesse. Percy seguia Quíron com os olhos, totalmente inquieto, como sempre. Ele não parecia estar incomodado com a minha presença, ou talvez não tivesse cabeça para pensar nisso no momento. Eu nunca soube como era realmente sua convivência com Natália, mas lembrei como era a minha com Bianca. Se fosse eu em seu lugar estaria pirando também.
Fui tirando de meus devaneios por um súbito frio na espinha, que me fez erguer a cabeça rápido. Era meu sensor de filho de Hades apitando novamente. Havia algo muito errado acontecendo.
— Quíron!- Chamei alto, e em um segundo o centauro já estava ao meu lado, apertando o pulso de Natália.
— O que? O que foi?!- Indagou Percy.
— A pulsação dela... está oscilando de novo.- Murmurou Quíron sério.
Olhei desesperado para Natália, apertando sua mão.
— Quíron, o que está havendo?! - indagou Clarisse, pondo-se em pé em um pulo.
— Vamos... Você não pode me deixar aqui. - Grunhi baixo. - Precisa me ouvir, Natália... Vamos!
— Espere... - Cortou Quíron, levantando um dedo.
Virei ansioso em sua direção, enquanto um forte suspiro saia de seus lábios.
— Parece que... está normalizando. Fraca, mas não parece estar caindo.
Percy suspirou pesadamente. Passando as mãos pelo cabelo desgrenhado.
— Droga... - Grunhiu Clarisse.
Quíron afastou-se novamente, indo até a filha de Ares.
— Eu irei falar com os deuses. Parece certo que Natália vá a um hospital mortal, mesmo não parecendo ter nada de errado com ela. Srta. La Rue, avise Argos que precisaremos do carro e informe ao sr. D o que está havendo. Percy, você vem comigo.
— Certo. - Concordou Percy. - Posso falar com Apolo também...
— Toda ajuda será bem vinda. Nico...- Quíron se encaminhou à saída, mas antes virou-se para mim. - Cuide dela até voltarmos.
Assenti, enquanto os dois saíam da enfermaria, me deixando totalmente sozinho com uma Natália desacordada... pelo menos até aquele segundo.
Assim que Quíron, Percy e Clarisse saíram da sala, um arfar quase inaudível saiu da boca de Natália.
Virei-me para ela, encarando -a enquanto suas pálpebras tremiam, e ela abria os olhos, fracamente.
— Natália!- Exclamei, mais afoito do que meu orgulho geralmente permitia, mas naquele momento eu não liguei muito para isso.
— Nico? - Indagou, a voz soando baixa e fraca.
— Deuses... você acordou! - Falei,totalmente agradecido. - Percy e Clarisse acabaram de sair daqui! Eu vou chamá-los, Okay? Quíron precisa te examinar! - Falei, pronto para sair e chamar os outros, mas antes que eu pudesse fazê-lo Natália segurou meu braço, me fazendo encara-la.
— Não... - Sussurrou.
Franzi o cenho.
— Não quer ver seu irmão? - Indaguei.
Natália negou, comprimindo os lábios pálidos.
A filha de Poseidon passou os olhos por meu rosto, e pude ver milhões se sentimentos passando por eles. Tristeza, carinho, mágoa, dor...
Vi seus olhos se encherem de água, tocando sua testa com os dedos. Natália fez imediatamente uma careta que me deixou preocupado.
— Natália? Algo está doendo? - Indaguei, enquanto a garota fechava os olhos apertado.
— Nico... - A garota soou dolorida. - Nico, eu estou morrendo.
Pisquei os olhos, encarando-a incrédulo.
— Não, não está! Do que está falando? - Indaguei nervoso.
A garota negou com a cabeça, soltando o ar dos pulmões com força. Não podendo mais conter as lágrimas.
Senti novamente um frio na espinha, olhando urgente para Natália
— Por favor, Nico... Eu... vou te pedir um último favor... - Falou.
— Não! Quer dizer... não é o seu último pedido, Natália, você não está morrendo! - Exclamei, mas o olhar que a filha de Poseidon me lançou fez eu me acalmar, respirando fundo. - Natália...
— Por favor. - Implorou.
Apertei os dedos em punhos.
— Peça... - Falei, derrotado.
— Não me deixe. - Pediu. - Enquanto... enquanto sentir que eu ainda estou aqui, por favor, não saia de perto de mim.
— Eu não vou. Nunca. - Prometi.
Meus olhos arderam em brasas, e eu me controlei para não deixar as lágrimas saírem.
Aquilo era impossível. Natália estava bem de saúde, mas eu sentia... eu, um filho de Hades, sentia a morte perto dela.
Natália afastou -se com dificuldade na cama, deixando um espaço na ponta da maca. Ela me olhou, tocando o local com a ponta dos dedos, e eu apenas fui até ela, sentando -me do seu lado.
Ficamos em silêncio por um momento.
Eu não conseguia tirar meus olhos de Natália, que respirava devagar, inspirando com cuidado, como se estivesse preocupada em gastá-los rápido demais. Mas o que me cortava o coração era vê-la chorando. Lágrimas e mais lágrimas desciam silenciosamente pelo rosto da Ruggiero, só aumentando a fragilidade que ela exibia. Há dias Natália já não era a mesma, porém, agora tudo parecia ter se intensificado.
— Nico… - Chamou e eu me abaixei para ver seu rosto.
Natália implorava com o olhar, com todo aquele verde de seus olhos que mais pareciam um mar calmo, iluminado pelo sol de verão.
— Eu? - Questionei, segurando o impulso de secar suas lágrimas com o polegar.
— Eu… queria te pedir mais uma coisa. - Murmurou.
Assenti, e ela continuou.
— Quando eu me for… - senti como se eu tivesse levado uma facada no peito, mas não a interrompi. - cuide de Percy… mas não… mas não… - Natália se calou por um momento, soluçando baixo.
Engoli em seco, tocando levemente sua mão, ao lado do meu corpo.
— Fale. - Incentivei. — Mas não o ame mais… - Completou.
— Como?! - Indaguei.
— Não me odeie. Eu só não quero que sofra. Você… o beijou. Mas Nico, Percy não te ama. Não lute por algo que só vai te fazer mal. - Aconselhou.
Fiquei estático por alguns minutos, descendo da maca logo depois.
Natália me seguiu com o olhar cansado
— Como sabe do beijo? - Questionei.
A garota deu de ombros.
— Eu vi. - Falou apenas. - Eu… fiquei orgulhosa de sua coragem… - Disse, e novamente soou como uma de suas mentiras. - Nico, quero que seja feliz...
Neguei com a cabeça, aproximando- me de Natália, chegando perto o bastante para olhá-la olho no olho.
— Shhh! - A calei, pegando seu rosto entre minhas mãos.
Natália arfou, piscando os olhos. Suas mãos tremulas subiram até as minhas, fazendo certa força para tira-las, porém, eu não deixei.
— Natália, você entendeu tudo errado! - Falei. - Eu... Eu não amo mais seu irmão.
Seus olhos se arregalaram.
— O que?!
— É uma longa história… mas, um certo alguém abriu meus olhos. Natália, eu não amo Percy porque...- Respirei fundo, novamente tento um minuto de coragem. -... eu amo você. - Declarei.
Natália olhou-me incrédula.
— Não está falando sério... Nico, não precisa me agradar só porque eu estou...
— Eu não estou fazendo isso por você! É por mim. Eu precisa desabafar, Natália. Eu te amo.- Cortei.
A garota me olhou desacreditada, sorrindo entre as lágrimas e então... eu a beijei. Foi um beijo lento, delicado, sem pressa alguma, mas que mesmo assim fez meu coração bater como nunca havia batido antes. Eu sempre imaginei o que eu sentiria quando beijasse Percy pela primeira vez. Eu já havia feito, e não havia sentido nada. Mas com Natália... céus, eu senti tudo e mais um pouco.
Natália se contraiu embaixo de mim, e suas mãos escorregarem para meu cabelo.
Tudo era tão estranho mas, ainda sim, absurdamente bom. Eu se quer imaginava que um beijo poderia causar todas aqueles sensações.
Descolei meus lábios dos dela, apenas para buscar ar, mas não me afastei, colando nossas testas ao invés de nossas bocas.
Natália abriu os olhos, e eu nunca me senti tão feliz em vê-los. Ela continuava sorrindo.
— Você não me ama como eu te amo, Nico... - A garota soluçou. - Nunca se esqueça dessas palavras, Nico, eu te amo.
— Você não pode ir... não pode me deixar. - Falei.
— Eu não vou. - Natália sorriu ainda mais, se é que era possível. - Você me salvou.
— Hã? - Questionei, enquanto seu sorriso sumia. Os olhos de Natália se fecharam, e seu corpo se amoleceu.
Arregalei os olhos, segurando seus ombros.
— Natália? - Indaguei. - Não... Natália!
Um leve suspiro escapou da boca da filha de Poseidon, quase me fazendo cair de alívio. Ela estava bem e só então percebi uma coisa: Não havia mais morte perto de Natália.

PDV NATÁLIA.

Eu arquejei, tocando meus lábios desacreditada. Parecia que milhões e milhões de volts percorriam meu corpo que arrepiava-se, tremia e liberava tanta endorfina que eu achei que fosse explodir. Eu estava em êxtase. Até, é claro, cair na real que eu não estava mais na enfermaria ao lado de Nico.
Respirei fundo, tentando me acalmar, olhando em volta.
Eu estava em uma espécie de gruta. Ao meu lado um enorme rio, que se estendia até o horizonte, em algas calmas e escuras. Eu só conseguia enxergar alguma coisa por causa de tochas acesas na parede.
Franzi o cenho, olhando para minhas próprias mãos. Aquilo se parecia muito com um dos sonhos com Éros, mas é claro, sem o...
— Natália?!
Arregalei os olhos, virando-me para trás.
— Éros? - indaguei, incrédula.
O deus caminhou rapidamente em minha direção, com as asas fechadas. Ele segurou meus ombros, apertando-os, como se estivesse se certificando que eu realmente era real. Vi a incredulidade sumindo do rosto do deus, dando lugar ao pesar.
— Essa não... ele não conseguiu. - Murmurou baixo.
— Você... - Comecei, sentindo um pouco da minha felicidade morrer naquele estante. - Éros, você me abandonou!
— Não! - Retrucou o deus, olhando-me encabulado. - Natália, eu não te abandonei!
— Eu te chamei, implorei para que me ajudasse, e você não o fez! Por que desistiu de mim? Sei que é um deus, mas você prometeu que...
— Natália! - Cortou Éros, apertando meus ombros novamente. - Eu não te abandonei! Sempre estive lá, Afrodite que me impediu de vê-la!
— O que?
— Escute... Eu sempre estive lá, mas um dos encantos de Afrodite te impediu de me ver. Ela queria te destruir completamente.
— E ela conseguiu. - Declarei. Senti meu coração se acalmar um pouco. Olhando magoada para o deus. — Eu... eu precisava de você, Éros. Não sabe o que eu passei...
— Eu sei. Eu estava lá. - Falou Éros com uma carranca triste no rosto, que não combinava em nada com sua aparência deslumbrante. - Eu tentei te ajudar, Natália, mas eu falhei. Sinto muito.
Semicerrei os olhos.
— Do que está falando? - Indaguei.
— Você está aqui, sua maldição te consumiu!
— Ei, não! - Rebati. - Éros, eu não morri!
— Como assim? - Questionou Éros.
— Eu venci, Éros! Eu... eu consegui! Nico me beijou por pura vontade dele! Ele disse que me ama! -Contei, soltando tudo de uma vez.
— Espera, espera, espera! O que?
— Sim! Eu estava na enfermaria, estava morrendo de verdade! Meu coração doía como se estivesse em pedaço. Então Nico me disse que não amava Percy, e se declarou para mim. Ele me beijou! - Falei, lembrando-me de tudo com um sorriso bobo no rosto. - Era isso que eu precisava para vencer a maldição, não era? Um beijo do amor verdadeiro!
Éros continuou me encarando por alguns segundos.
— Você... conseguiu? - Indagou, me olhando urgente. Assenti. - Nico teve um minuto de coragem?
— Sim! Eu o vi beijando Percy e pensei que estava tudo acabado para mim, mas não. Eu o beijei Éros, juro.
— Isso não faz sentido. - Murmurou Éros.
O encarei.
— O que não faz sentido? - Perguntei.
— Você conseguiu, então por que está aqui?! - Questionou.
Olhei para os lados, vendo as águas do rio se mexerem.
— Não foi você que me chamou aqui? - Indaguei. O deus negou. - Éros, onde estou?
— Natália... Nós estamos no mundo inferior. Estamos no lar dos mortos.
(...)
Tropecei em meus próprios pés, mas Éros não me deixou cair, continuando a me puxar pelos braços pelos corredores do mundo inferior.
— Éros, eu não posso ter morrido! Eu venci a maldição! - Protestei. O deus do amor não me olhou, continuando a andar rápido, puxando-me com ele.
— Vamos falar com Hades, Afrodite não pode jogar sujo assim! - Falou, com os dentes trincados.
Contornamos mais um corredor, adentrando um grande salão.
Fui cegada momentaneamente pela luz do local, quase tendo um infarto quado consegui ver.
Na minha frente estava Hades, sentado em um enorme trono, a deusa Perséfone, que foi a primeira que nos viu, cutucando o marido. Pode não parecer grandes presenças, afinal Hades e Perséfone moravam aqui, mas não foram eles que me fizeram quase cair para trás.
Afrodite, Anteros e Peitó estavam junto ao casal, e sorriram abertamente quando me viram entrar.
— Éros... - Sussurrei temerosa, mas o deus não me soltou, até estarmos perto o suficiente dos outros.
— O que significa isso? Acham que o mundo inferior virou point de encontro?! - Indagou Hades. - Alguma casa de festa?!
O examinei, vendo cada semelhança que o deus tinha com Nico.
— Eu vim acabar com a trapaça de Afrodite!- Grunhiu Éros, olhando para Afrodite com raiva. - Como pode se rebaixar tanto por causa de uma maldição tão tola?!
— Oras, Éros... o que fiz de mais? - Indagou a deusa, fingindo inocência. — Ainda tem coragem de perguntar? - Questionei, olhando-a incrédula.
Afrodite lançou um sorriso deliciado em minha direção, piscando os olhos perfeitos.— Por que ralha assim com nossa mãe? Vimos Natália em seu leito de morte e viemos dar as boas vindas! - Explicou Anteros.
— Devia se sentir agradecida, Natália. Pedi a Hades parar fazer isso para mostrar que te perdoou, agora que sua maldição se concretizou. - Falou Afrodite, olhando-me com uma doçura enjoativa.
— Você pagou pelos pecados de sua falecida mãe, Natália... e sinceramente acho isso bem feito. - Falou Peitó.
Lancei um olhar irritado aos deuses.
— Espere um pouco... - Pediu Hades. - Disseram que viria uma garota morta, então porque tenho uma alma ainda viva no meio do meu palácio?! - Questionou Hades, olhando nervoso para Afrodite.
A deusa deu uma risadinha.
— Do que está falando, Hades querido? A garota está aqui... morta. Eu mesma lancei a maldição que a mataria com a ajuda de Éros no dia em que...
— Eu não morri. - Cortei.
Afrodite virou-se para mim, enquanto Éros dava um sorriso satisfeito.
— Desculpe?
— Eu não morri. Consegui vencer a maldição, estou viva! - Falei. - Hades pode confirmar, não pode, senhor? - Indaguei, olhando para o pai de Nico.
O deus dos mortos coçou o queixo, visivelmente incomodado com tantas pessoas ali.
— Ela está viva. - Falou óbvio.
O sorriso de Afrodite sumiu na hora.
— Como?!
— Natália conseguiu vencer sua maldição. O Di Angelo a beijou.. - Revelou Éros, fazendo Perséfone encara-lo inquisitiva.
— Mentira! Nós fomos lá, vimos quando o garoto se despedia dessa... filhote de Poseidon!- Rebateu Anteros.
— Sim! Eu estava lá também! Vi quando ela disse que iria morrer!- Falou Peitó.
— Estão dizendo que meu marido, o deus dos mortos, se enganou? - Indagou Perséfone, olhando as unhas sem interesse.
— Vocês só viram o começo. Se tivessem ficado mais um minuto teriam visto o beijo. - Falei.- Eu venci, e exijo que sejam honestos e me deixem voltar ao meu corpo! - Exclamei com convicção, por mais que tenha achado a frase extremamente estranha.
— Não! - Gritou Afrodite. - Eu não perdi!
— Mãe, aceite! Ela cumpriu a missão sem trapaças. É o direito dela que sua vida continue sem interferências nenhuma!
— Não, eu sou Afrodite! Eu nunca perco! - Retrucou a deusa, virando-se ferozmente pelo salão. - Hades, me deve favores! Está na hora de paga-los!
— Do que está falando, Afrodite?! - Indagou o deus dos mortos.
— Ordeno que não deixe essa semi-deusa sair daqui, enquanto sua alma ter vida! Torne-a sua prisioneira!
— Hades, não faça isso! - Rosnou Éros.
— Não se meta onde não foi chamado, Éros! - Vociferou Anteros.
Hades olhou para os três irritadiço.
— Está bem! Eu o faço, se me deixarem em paz! - Gritou.
— Não! Não pode fazer isso! - Protestei. - Não podem me deixar aqui! Eu preciso voltar para Nico! - Exclamei.
— Nico? - Cuspiu Perséfone. - Nico Di Angelo! É de meu enteado que estão falando?
— Sim... Nico, o filho de Hades, por quem eu sou apaixonada! - Gritei. - Foi ele quem me beijou. Ele quem me salvou da maldição de Afrodite.- Contei.
Hades semicerrou os olhos.
— Meu filho, Nico? - Questionou. - O que é apaixonado por Percy Jackson?
— Esse mesmo. - Falou Éros. - Mas ele não é mais apaixonado por Percy. Eu estou de prova de seu juramento de amor à Natália.
— Minha nossa, pelo visto as férias no acampamento fizeram bem ao nosso querido Nico, marido.- Falou Perséfone, arqueando as sobrancelhas.
— Estão me dizendo que todo esse papo de maldição gira em torno de meu filho?! - Questionou Hades, voltando-se a deusa do amor. - Ousou amaldiçoar meu filho, Afrodite?!
— É claro que não! Hades, a maldição era para garota! - Balbuciou Afrodite, ultrajada.
— A maldição dizia que Natália amaria incondicionalmente o primeiro homem que a tocasse. Esse no caso foi Nico di Angelo. - Revelou Éros.
— E então, a filhote de Poseidon fez Nico se apaixonar por ela, apenas para se livrar de uma maldição? - Indagou Perséfone.
— Não foi minha escolha! - Retruquei. - Eu nunca machucaria o Nico...
— O que isso importa? Se a garota voltar não amará mais Nico, se não voltar ele sofrerá por perde-la. De qualquer jeito será doloroso para seu filho, Hades.- Falou Afrodite. - Então pare de enrolações, faça o que eu pedi!
Franzi o cenho. Do que essa deusa maluca está falando?!
— Você, Natália - Chamou Hades, avaliando-me com o olhar. - gosta mesmo de meu filho?
— Mais que a mim mesmo. Eu o amo. - Declarei.
Afrodite me fulminou com o olhar, como se pudesse me fazer derreter com ele.
— Então... não ha motivos para te deixar aqui. - Falou o deus dos mortos, parecendo incrivelmente satisfeito, de uma hora pra outra.
— Hades!- Protestou Afrodite. - Não!
— Eu a pago depois, Afrodite. Mas não posso matá-la. Nico nunca me perdoaria.
— Além do mais, com uma namorada no Acampamento, Nico passaria mais tempo fora do mundo inferior. - Perséfone sorriu. - Eu faço muito gosto dessa relação.Eu sorri, olhando animada para Éros. O deus sorriu para mim de volta.
— Não pode estar fazendo isso por um capricho de seu filho... - Falou Afrodite.
— Não, faço isso por meus caprichos. Eu sou o deus dos mortos. - Respondeu Hades.— Irá se arrepender dessa traição, Hades!- Ameaçou Anteros, virando-se para Éros. - E você também!
— Não ousem me ameaçar em meu próprio reino!- Rosnou Hades. - Para fora, todos vocês!
— Vai se arrepender, Hades. Com certeza vai! - Rosnou Afrodite, apertando uma pérola nos dedos. A deusa a jogou no chão, pronta para pisar nela, porém, eu tomei a frente antes que ela pudesse fazê-lo.
— Espere, lady Afrodite! - Chamei. A deusa olhou-me mortalmente. - Por mim e pela minha mãe, eu desejo te dar o que é seu de direito. - Falei.
— Atrevida... - Rosnou Peitó.
Tomei fôlego, dando o melhor sorriso que consegui.
— Muito obrigada. - Falei, deliciando-me com a palavra que foi a causadora de tudo isso.
Afrodite rosnou, pisando fortemente na pérola, sumindo em uma fumaça azul, junto com Anteros e Peitó.
Eu ri, sentindo-me mais leve que uma pena.
Meus olhos marejaram quando eu lembrei de minha mãe, mas eu não estava triste pois sabia que ela, onde estivesse, estava feliz por mim. Eu havia conseguido me salvar de minha maldição.
— E vocês? O que estão esperando para irem também?! - Indagou Hades.
Abri a boca para respondê-lo, porém, Éros me cortou.
— Um minuto com ela, Hades. É tudo que eu peço. - Pediu o deus do amor, fazendo-me ficar confusa.
— Um minuto. Nada mais! - Falou o deus dos mortos. - Se eu voltar aqui, e ainda estiverem aqui, juro que transformo a filha de Poseidon em um cabideiro!
— Outro filho de Poseidon... Nico tem gosto refinado. - Sorriu Perséfone, sumindo em uma névoa acinzentada com Hades.
Éros virou-se para mim, sério.
— O que foi? Por que essa cara? Éros, nós conseguimos!- Exclamei.
O deus abriu um cálido sorriso.
— Sim. Estou feliz por você, criança. - Murmurou o deus. - Mas preciso te dizer como será daqui para frente...
— Como assim? - Indaguei.
— Escute Natália... Tudo mudará agora que vai estar sem sua maldição. Você viveu tudo por causa dela. Sentiu o que sentiu por causa dela. Nico não vai ser o mesmo para você...
— Do que está falando? Eu vou esquecer de tudo? - Arregalei os olhos. - Vou me esquecer de Nico?!
— Não, é claro que não. Só não vai ama-lo. - Revelou o deus, com a voz cuidadosa.
— Isso é impossível, Éros. - Toquei meu peito, sentindo meu coração acelerar só pelo fato de estar pensando no filho de Hades. - O que eu sinto por Nico... eu não sou capaz de esquecer.
— Está dizendo isso porque ainda tem a maldição. Mas Natália... tenho certeza que ele entenderá tudo o que aconteceu. - Falou Éros. - Será a vez de Nico de te conquistar.
— Não... tenho certeza que não esquecerei Nico!- Teimei. - Isso é... inimaginável, Éros!
— Eu sinto muito, Natália...- Falou o deus, olhando-me com pena. - Mas pense pelo lado positivo, poderá viver como sempre quis! Seus sentimentos serão verdadeiros e você não será escrava deles! Poderá fazer o que quiser, namorar quem quiser!
— Éros...- choraminguei.
— Você ficará bem, acredite em mim. - Prometeu, dando um forte suspiro. - Não temos mais tempo, criança... precisa ir.
— Estou com medo. - Revelei.
Como eu poderia viver sem o Nico? Deuses, isso parecia doloroso demais.
— Você verá como é fácil. - Sorriu Éros. - Pronta?
— Não, espera!- Cortei.
Olhei para o deus do amor, que me fitou confuso. Corri para ele, abraçando Éros apertado, deixando-o sem reação.
— Obrigada, Éros. Obrigada de verdade, por tudo. - Agradeci, sentindo as penas do deus cupido roçarem meus dedos.
Éros riu em meu cabelo, abraçando-me de volta.
— Eu não fiz mais do que minha obrigação.- Ele soltou-me dele, olhando-me uma última vez. - Boa sorte com sua nova vida, cria de Poseidon. Tem minha benção a partir de agora.
Senti minha pele formigar, e uma ligeira dor em meu coração. Uma névoa vermelha saiu de dentro de mim, levando junto cada sentimento ruim que eu guardava. Um peso enorme pareceu ser tirado de meus ombros e então...eu voltei a dormir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?????????
Mandem comentários me falando!
Tentarei não demorar tanto com o próximo gente, beijos e até lá!!!
PS: Tô sentido q esqueci de falar alguma coisa... Mas deixa pra lá né.