Minha Doce Maldição. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 27
Uma nova paixão... e uma nova vingança.


Notas iniciais do capítulo

AIDEUSCARALHOMDSNÃOLEIAMISSOPORQUEPRETENDOFALARMUITOPLAVRÃO.
MENTIRA, LEIAM PORQUE IREI DIZER ALGO IMPORTANTE.
Gente, eu já me desculpei quantas vezes nessas notas por demorar para postar? ACHO QUE EM TODOS.
Plmdds, Gente, por mais que as desculpas não façam vocês me odiarem menos lá vou eu: DESCULPA.
Gente, eu poderia falar que fui viajar ( o que realmente aconteceu) ou que o capitulo demorou para se desenvolver ( isso também aconteceu) mas vou cortar o blá blá blá e ir direto ao que importa, pois hoje temos muita coisa a conversar.
Primeiramente: OI CHUCHUS. Tava com saudades de vocês. Enfim, como eu já digo a alguns capítulos a fanfic está no fim já, e agora, está MESMO no fim.
Sinto em lhes dizer que em mais ou menos 3, 4 ou 5 capítulos MDM chega em seu fim, e isso faz a gente chegar no nosso segundo tópico.
GENTE, estou arrasada em pensar em me despedir de vocês e dessa fic que AMEI escrever, apesar de todos os imprevistos e os dias de bad. Então ficaria muito feliz em ver ela não morrer, então, por favor, gente, essa é a hora de mandar seus comentários incríveis, e recomendações bombasticas! Plsss façam isso pra história se divulgar ainda mais, e mais pessoinhas incríveis como vocês chegarem a essas bandas e me fazerem mais feliz. PORÉEEEEEM, por favor, galera, independente de como vocês amam essa fic NÃO A PUBLIQUE EM NENHUM LUGAR SEM A MINHA AUTORIZAÇÃO. Tive que denunciar uma pessoa que estava usando minha capa em sua fanfic e isso me deixou tanto brava como triste, não gosto de prejudicar as pessoas, porém, vocês estão vendo o quanto eu me mato para escrever isso aqui, todas as idéias vieram de minha cabeça e eu faço de tudo para bota-las no papel, não é justo outra pessoa levar o crédito por algo que eu me esforcei para fazer, certo?
BEEEEEM, É isso, doces. Espero que gostem do capitulo e que me contem em seus comentários. Prometo responder todos ♥
Até lá embaixo e boa leitura.



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PDV NATÁLIA.

 Passei as mãos por meu rosto, parando em cima da minha cabeça, totalmente perdida.

—Por favor…-Implorei ao meu reflexo nas águas cristalinas do mar de Long Island.

Diferente de ontem à noite o mar não estava bravo, pelo contrário, estava tão calmo como uma lagoa. Eu estava nas pontas dos pés, não me importando com a areia que grudava nos meus tênis e nas barras de minha calça, olhando ansiosamente para o punho de Zeus. 

Eu estava a uma distância considerável do penhasco, porém, conseguia ver claramente seu topo, e para meu total desespero não havia ninguém lá.

 Milhões de hipóteses enchiam minha mente, me importunando, mas eu dúvida que eu havia sonhado com isso. Eu havia mesmo perdido a cabeça e enfiado a flecha de Éros em Michael e Jeff. Deuses, uma flecha!

 Okay, Jeff e Michael são uma das piores pessoas que existiam e eu estaria fazendo um favor se os tirassem de circulação, porém, eu não era uma assassina!

 –Respirei fundo…- Instruí a mim mesma, sentindo cada parte de meu corpo estremecer em um misto de medo, ansiedade e adrenalina que me faziam querer bater a cabeça em uma pedra. No fundo eu sabia que aquilo tudo era só minha maldição querendo me transformar em uma lunática visivelmente transtornada, mas eu não conseguia me controlar. Claramente eu estou enlouquecendo.

 –Ei, Natália!- Chamou Percy, do começo da praia.- Hora do café!

—Certo… tudo bem. Está tudo bem.-Falei, arrastando -me até meu irmão, que estava ao lado de Annabeth.

—Bom dia.- desejou a filha de Atena, olhando-me de cima abaixo. Percy a olhou, erguendo uma sobrancelha como se dissesse “eu avisei”.

 –Dia…-Respondi, estranhando o comportamento daqueles dois. Annabeth pigarreou.

—Enfim, bem… você está bem? Parece meia pálida. - comentou. Suspirei pesadamente, cruzando os braços.

—Eu estou bem, okay? Não precisam se preocupar.- cortei, olhando intensamente para meu irmão. Os dois se entreolharam.- Agora, vamos tomar café antes que acabem logo com toda comida boa…- Falei, começando a andar antes deles. 

Eu não os culpava por se preocupar, afinal, eu estava virando uma zumbi, porém, eu não queria preocupar ninguém. Eu mesma já começava a me acostumar com as consequências de minha maldição. A dor constante já se tornava habitual e eu sabia que uma hora ou outra os pesadelos iriam parar de me fazer acordar gritando… talvez com essa dor eu conseguisse viver até uns 20 anos, talvez 30 e aí depois eu morreria. Dolorosamente e longe de Nico, assim como Afrodite queria…

—Te vejo daqui a pouco.-Prometeu Percy à Annabeth, tirando-me de minhas fantasias masoquistas, caminhando junto comigo para a mesa de Poseidon.

 Quase contra minha vontade, olhei de relance para a mesa de Ares onde não havia nem sinal de Michael o que me fez pensar duas vezes antes de olhar para a mesa de Hecate.

 Respirei fundo, apertando as mangas do  moletom preto que eu ainda usava, permitindo -me sentar no banco de minha mesa, esfregando o rosto, tentando me acalmar. Eu não podia me deixar levar tão facilmente. Michael e Jeff provavelmente estavam bem e com certeza logo estariam aqui para me amedrontar novamente… eu não havia matado ninguém, pelo menos, não hoje.

 Peguei o copo de cima da minha mesa, vendo -o encher -se milagrosamente com água fria, dando um pequeno gole, quando  Clarisse se aproximou de mim. Evitei fazer uma careta, pois já sabia a surra que ia levar da filha de Ares por ter faltado em todos seus treinos de um mês todo, mas ela mal me olhou, encarando sua frente como se não acreditasse em algo que via. 

—Clarisse? - Indaguei, mas não ouve resposta. Segui seu olhar, sentindo o gole de água em meu estômago ficar do peso de uma bola de boliche.

 Michael e Jeff adentraram o refeitório com sorrisos abertos no rosto, mas não sorrisos maldosos como de costume, eles estavam felizes. Michael estava com um dos braços em volta dos ombros de Jeff, como se eles fossem os melhores amigos de todo o mundo, mas toda essa primeira impressão foi quebrada quando Jeff virou o rosto e os dois se beijaram, calma, intensa e apaixonadamente.

 Meus olhos se arregalaram enquanto meu queixo caia.

 –Michael e Jefferson estão se beijando.- Sussurrou Clarisse incrédula.- Eles dois… se beijando!

 – Eu estou vendo.-Falei, e não pude deixar de sorrir. Então… Erós não estava mentindo quando disse o poder de sua flecha. Eu havia feito Michael e Jeff se apaixonarem.

 –Mas isso é impossível, Michael e Jeff não amam nem os próprios pais, quanto mais um ao outro!-Protestou. Dei de ombros.

 –Talvez os dois tenham cansado de serem tão maldosos e resolveram se entregar ao amor.-Sugeri. Clarisse olhou para os dois garotos apaixonados e logo depois para a mesa de Afrodite, onde os filhos da deusa do amor pareciam quase tão chocados quanto nós. Rachel visivelmente tremia; tinha os olhos arregalados e uma expressão que quase me fez sentir felicidade novamente. Quase.  

 Ouvi o barulho de algo quebrando, virando-me para o som. Nico estava parado do outro lado do refeitório com seu prato de comida quebrado no chão. O filho de Hades encarava as carícias de Michael e Jeff mais perplexo do que qualquer um ali, parecendo até estar um pouco em choque. Eu deveria ter ficado bem, afinal, estava vingando todas as piadas que aqueles dois fizeram sobre a sexualidade de Nico, mas foi só os olhos do garoto caírem sobre mim para mais uma dose de tortura começar.

 Agradeci aos deuses por estar sentada, pois minhas pernas pareceram virar massinha de modelar. Meus olhos lacrimegaram e uma voz insistente começou a repetir no fundo do meu subconsciente “ olhe bem, querida, pois você nunca vai te-lo”.

 –Parece que temos mais um casal…-Comentou Percy, que como todos assistiam Michael e Jeff. Engoli em seco.

 –Isso não é um casal, é um desastre!-Retrucou Clarisse, voltando-se ao novo casal. Segui seu olhar novamente, vendo que Rachel havia levantado de sua mesa e agora tentava puxar Michael para fora do refeitório. Por um momento vi a carranca nervosa do filho de Ares voltar, e ela só durou o suficiente para ele empurrar a prima para longe, continuando abraçado a Jeff.

 –Maldição? Do que é que você está falando?!-Questionou Michael, irritadiço.

 –Parece que está ficando maluca, Rachel.-Sorriu Jeff, deixando a filha de Afrodite totalmente confusa.  Desviei os olhos a tempo de ver uma sombra me cobrindo.

 Cravei as unhas na pedra da mesa,erguendo os olhos, apenas para sentir-me arrasada mais um pouco.

 –Pode me explicar?!- Questionou Nico, olhando-me incrédulo.

 Arquejei, sem saber oque fazer, encolhendo os ombros. Eu não podia simplesmente dizer "Oras, usei uma flecha de Éros para fazer os dois se apaixonar" e estava perturbada demais para inventar algo plausível, então simplesmente neguei com a cabeça.

—Eu não faço ideia.-Murmurei. Nico franziu as sobrancelhas, assumindo uma expressão que eu não soube decifrar.-Você... está bravo?

 –Não. Estou confuso... realmente acha que isso é verdade?-Indagou, apontando para Michael e Jeff. Dei de ombros.

 –Não acho que eles se beijariam de tal maneira se não fosse...-Falei, levantando-me. Percy seguiu-me com o olhar.

 –Onde...?

 –Fazer minhas obrigações. As baias dos Pégasos está uma sujeira.-Respondi, oque foi apenas um pretexto para sair dali para conseguir respirar melhor. Nico me encarou enquanto eu contornava a mesa, evitando olha-lo. Seus lábios se moveram, como se ele quisesse dizer algo, mas não disse.

 Assenti, voltando a andar. Eu estava quase saindo do refeitório, quando senti dedos finos engrenhando-se em meus cabelos, puxando com força minha cabeça para trás.

 –Você!-Acusou Rachel, forçando-me a olha-la. -O que foi que você fez com meu primo?!- Indagou.

 –Você não faz ideia...-Rosnei.-Agora solte meu cabelo, antes que eu faça com você também!- Ameacei.

 –Foi Éros, não foi? Ele te ajudou a enfeitiçar Michael e Jeff!

 –Você não sabe de nada.-Retruquei, puxando sua mão, obrigando-a me soltar. Dei um passo para trás, batendo contra alguém.

 –Algum problema?-Perguntou Nico. Rachel o olhou furiosa, mas voltou-se rapidamente sua atenção pra mim.

 –Faça-o voltar, Ruggiero! Traga Michael e Jeff de volta!-Ordenou. Nico a encarou incrédulo.

 – Você enlouqueceu?- Indagou o filho de Hades. - O que Natália teria haver com seu primo maluco e Jeff? Não sei se você se lembra, mas a filha de Afrodite é você, não ela.- Falou. O olhei, sem reação. Pelos deuses, Nico estava me defendendo?

 — Esqueça que eu existo.- Murmurei para Rachel. A filha de Afrodite fulminou- me com o olhar, levando o queixo com uma expressão raivosa.

 – Você pagará caro por isso!-Jurou, antes de virar-se, marchando para longe de nós. A observei ir embora, em silêncio. Nico a olhou desaparecer de vista, voltando-se para mim.

 –O que ela queria?- Questionou Nico, as sobrancelhas curvadas numa careta desconfiada. Inspirei fortemente.

 –Eu não faço ideia.- Menti, puxando o capuz para cima de minha cabeça. Nico negou. - Eu… tenho que ir. - Murmurei, começando a me afastar, porém, inacreditavelmente, o filho de Hades me segurou.

 Meu corpo quase entrou em curto, mesmo Nico estando com a mão apenas em meu cotovelo.

 Me virei para ele, incrédula.

 –O que está fazendo, Nico?!

 –Por que não acredito em nada que você diz?! Quando fala que está bem… quando diz que não sabe do que Michael ou Rachel falam…

 –Me solte…- Implorei. - Eu tenho que cuidar dos pégasos.

 – Não mude de assunto!

 –Nico…- Grunhi. Relembrando um velho discurso seu. - Não deveria tocar nas pessoas sem autorização.- Falei, antes de puxar meu braço de volta. O garoto apertou os olhos como uma ave de rapina, porém, eu não dei tempo dele protestar, correndo para longe dali.

 (...)

 Eu estava chorando. Não demorou muito para meus sentimentos virarem-se contra mim me deixando mais pra baixo do que o tártaro deveria estar.

 Os pégasos me encaravam intrigados, e por mais que eu queria não conseguia impedir de seus protestos invadirem minha mente, deixando-me transtornada com o número de vozes.

 Não era pra menos. Eu estava debruçada em uma das baias vazias, respirando com dificuldade, tentando parar de soluçar. Blackjack, o pégasos de Percy, fitava-me com pena.

 –Ei você…-Falou, a voz soando clara em meus pensamentos.- Tem alguns torrões de açúcar?

 – Não.-Gemi, arrastando -me. Os pégasos relincharam, inconformados.- Tudo bem, tudo bem… irei cuidar dos estábulos. Logo estarão limpos, certo?

 – Ei, Natália Ruggiero!- Exclamou uma voz infantil, me virei vendo uma meio sangue, talvez de uns 12 anos, correndo na minha direção. Ela subiu na cerca dos estábulos, enfiando no bolso da calça um dracma de ouro.

 Enxuguei as lágrimas, respirando fundo.

 –Eu… posso ajudar?- Indaguei. A garota me fitou por um momento. Lembrei de já ter visto ela na mesa de Hermes.

 –Ah… Sim!- Ela pareceu lembrar de algo.- Nico Di Angelo, ele precisa de você!- Franzi o cenho.

 – O que…?

 – Quíron mandou ele fazer uma atividade hoje sabe… para se enturmar. Enfim, ele  estava na floresta e algo… ruim aconteceu!- É, algo bem ruim! Ele me mandou te chamar! - Senti algo estranho invadir meu peito. Algo que eu não sabia o que era.

 –Algo ruim?

 –Hm… é. - Concretizou. - Acho melhor você andar logo, ele precisa de você!- Falou.

 – Céus…- Suspirei, saindo dos estábulos, ouvindo mais uma leva de reclamações vinda dos pégasos. A garota sorriu pra mim uma última vez, antes de eu virar e sair correndo em direção a floresta.

 Sai em uma clareira fechada por árvores. Tudo estava incrivelmente quieto.

 –Nico!-Chamei alto, mas ninguém me respondeu.

 Franzi o cenho, negando com a cabeça.  Havia algo errado…

 –Que patético…. - Murmurou alguém atrás de mim. Apertei os olhos, não precisando nem me virar para saber quem era. Eu reconheceria de longe a voz nojenta de Rachel.

 Tomei coragem, enfim virando para encarar a filha de Afrodite. Ela estava parada a poucos metros de mim, na entrada da clareira. Estava com o cabelo liso e perfeito preso em um rabo de cavalo, e tinha uma espada na mão.

 Rachel me lançou um sorriso sem humor.

 –Pensei que não seria burra o bastante para cair nessa… -A garota riu.- Mas você caiu! Sério, como se aguenta?! Uma filha de Hades te conta algo e você acredita?!

 – O que você quer?- Indaguei, retirando o capuz da cabeça, encarando-a com a carranca mais séria que consegui fazer.

 –Saber o que você fez com meu primo!- Rosnou, apontando a ponta da espada em minha direção.- E saber como mudar isso!

 –Não dá. -Respondi simplesmente, o que fez a garota vir correndo como um demônio em minha direção. Recuei, colocando a mão no cabo de minha espada, que estava presa em meu cinto.

 – Não minta!- Exigiu, o rosto ficando vermelho de raiva. 

—Eu não estou mentindo!- Retruquei.- Éros me deu uma de suas flechas. Eu a usei em Michael e Jeff… eles estão apaixonados de verdade.

 – Mentira!- Exclamou Rachel. Seus olhos estavam marejados e os dentes trincados. Eu podia sentir seu ódio por mim, o que não me comovia nem um pouco.

 – Oras, acredite no que quiser! - Falei.- Mas é verdade! Você deve conhecer muito bem as flechas de Éros, sabe que não se pode reverter o efeito.- Apontei para mim mesma. - Acha que eu não teria feito se não pudesse?!

 - Éros não podia ter feito isso… não podia!- Gritou Rachel. - Vocês dois irão se arrepender! A fúria de Afrodite cairá sobre vocês...

 - Conta outra!- Cortei. - Minha vida já está ruim demais para suas ameaças me afetarem!- Apontei o dedo pra ela. - Eu avisei vocês para me deixarem em paz. Michael já teve o que mereceu… você ainda tem tempo de se desculpar.- Falei. Rachel engoliu em seco, respirando como se seu peito pegasse fogo. Eu a estava provocando, era óbvio, pois não tinha mais nada contra ela. Mas o que eu tinha a perder?

 - Você… não me assusta!- Gritou, antes de se jogar contra mim com a lâmina de sua espada apontada para meu peito. Eu só tive tempo de retirar minha espada da bainha, parando seu ataque.

 Meus braços tremeram, latejando pela força que fiz. A mais de um mês eu não treinava, pelo contrário, mal me mexia. Meu corpo parecia feito de gelatina e não demorou muito para ele começar a mostrar que não estava pronto para uma luta.

 Rachel bateu sua espada contra a minha novamente, rodando-a nos punhos mais uma vez. Decidi que era minha vez de atacar, lançando-me contra Rachel, porém, a mesma parou meu ataque, jogando minha espada do outro lado da clareira.

 Comprimi os lábios, odiando-me por não ter uma espada igual a de Percy. Olhei para Rachel, esperando seu golpe, mas ela não o fez.

 –Não fique esperançosa, não vou te matar. Sua maldição fará isso.-Ela jogou a espada que segurava atrás de si.- Só irei te dar uma boa lição, sua filha de Poseidon idiota.- Rachel veio para cima de mim, acabando com o mito de que filhos de Afrodite não sabiam lutar. Tentei me proteger, mas a garota sabia que eu não estava em minha melhor forma, tanto corporalmente como sentimentalmente, e não demorou muito até ela conseguir me imobilizar, torcendo meu braço para a parte de trás de meu corpo, não quebrando-o por pouco.

 Ouvi a risada de Rachel em meus ouvidos, e seus pés chutando minhas pernas. Cai no chão como se fosse um saco de lixo, batendo o rosto nas pequenas pedras.

 –Ridícula...-Zombou Rachel. Engoli o gosto de cobre que invadiu minha boca, rolando para o lado.

 –Satisfeita?-Indaguei, ofegando. Rachel sorriu, tão cruelmente que me fez lembrar o antigo Michael.

 –Nem um pouco.-Declarou, antes de me dar um forte chute no rosto, e o mundo escureceu.

 PDV NICO.

 –Mas que... mas que... droga!- Praguejei, fazendo uma parte da plantação de morangos murchar. Os filhos de Perséfone reclamaram, olhando-me indignados, enquanto eu dava de ombros.

 Quíron havia me pedido para ajudar em alguma coisa, e eu fiz a burrada de aceitar. Um filho de Hades trabalhando com coisas vivas? Era a coisa mais patética que eu já tinha visto...

 –Nico!-Exclamou Pólux, o filho de Dionísio, aproximando-se de mim. O mesmo deu um sorriso nervoso. -Obrigado por sua ajuda! Mas... está tudo sobre o controle aqui.-Falou. Suspirei.

 –Obrigada.-Agradeci, antes de me afastar dos campos de morango.

 Eu não estava com cabeça para nada naquele momento. A alguns dias eu começava a aceitar o castigo de meu pai, e ver esse lugar como uma provável casa, porém, sem Natália por perto essa ideia desaparecia, junto com uma terrível solidão que me atingia.

 Eu nunca pensei que diria isso, mas eu sentia falta da filha de Poseidon... não, uma falta. Mas... eu não sabia explicar.

 Ela ainda me deixava incrivelmente irritado. A semanas atrás ela não me deixava em paz. Sempre me seguindo com aquela cara de pena, tentando me agradar ou me tirar do sério, mas agora... ela parecia que não podia nem me ver.

 Eu entendia sua dor, sabia como era perder uma mãe, mas o jeito que ela me tratava parecia que eu tinha feito algo de errado. Eu não entendia o porquê de sempre que Natália botava os olhos em mim agora ela parecia sentir dor.

 Bufei, sentando-me na grama, de frente para a floresta. Tudo estava monótono como sempre. Meios sangues e sátiros corriam pra lá e pra cá fazendo suas obrigações. Eu parecia ser o único ali sem fazer nada, o que não me incomodava muito, porém, eu fui o único a ver aquela pessoa saindo se arrastando da floresta.

 Por um momento pensei que era uma ninfa machucada, porém, a garota usava roupas de meio sangue, inteiramente manchadas de sangue. Seu rosto estava oculto por seu cabelo desgrenhado e cheio de folhas, junto com uma mistura de sangue e lágrimas que escorriam por seu queixo. Ela cambaleava, segurando nos troncos das arvores para não cair.

 Me levantei, começando a correr na direção dela, aumentando meus passos quando reconheci o moletom preto.

 –Natália!-Exclamei, segurando-a antes dela cair. Tive que me esforçar para mante-la em pé, pois suas pernas tremiam além dela parecer muito tonta. -Natália? O que aconteceu? Natália!

 –Nico?-A garota segurou meu braço fortemente, os olhos verdes ocultos pelo rosto inchado. Segurei seu corpo reto, forçando-a a me encarar.

—Deuses, oque raios aconteceu com você?!-Indaguei. A garota piscou forte algumas vezes, como se tentasse manter o foco em mim.

—Meu chalé... Eu preciso ir para meu chalé.-Falou a garota, respirando fortemente, apertando as costelas como se elas doessem.

—Não! Precisa ir para a enfermaria, isso sim.-Retruquei, mas Natália fincou com dedos em minha pele.

—Não, Nico, por favor... meu chalé.-Ela encarou-me, o rosto marcado por manchas roxas.- Não quero que ninguém me veja assim.-Neguei com a cabeça.- Por favor...

—Está bem!-Exclamei, olhando-a incrédulo. Natália me encarou agradecida.- Você está passando de todos os limites, garota...

—Tudo bem... Vai ficar tudo bem.-Prometeu.

—Você está me acalmando?!-Indaguei. Ela deu um sorriso fraco.-Pelos deuses...-Praguejei, antes de apoia-la em mim, partindo para o chalé de Poseidon.

(...)

—Fique parada!-Ordenei, quando Natália deu mais um passo para trás, enquanto eu tentava limpar seus ferimentos, batendo contra uma cômoda.

A garota desviou os olhar, continuando a tremer como se tivesse levando um choque constante.

Eu a havia feito tomar um pouco de néctar, o que tinha melhorado os ferimentos e desfeito o inchaço. Eu tentava tirar o sangue grudado no rosto da filha de Poseidon com um pano molhado, mas Natália continuava a recuar, como um bicho acoado sendo torturado.

—Eu posso fazer isso...-Murmurou Natália, enquanto eu passava o pano por seu queixo, deixando a mostra alguns arranhões um tanto que profundos.- Pode ir embora, agora...- Bufei, largando o pano na mão da garota.

—Certo, mas antes exijo saber quem fez isso.-Falei, apontando para os machucados. Natália passou o pano molhado pelo braço.

—Eu já falei... eu cai.-Contou, e eu senti vontade de enforca-la.

—As horas se passaram e eu continuo não acreditando em você!-Falei.- Por que raios está mentindo?!

—Eu não estou!-Falou.- Por que todos estão achando que estou mentindo?!

—Pelos deuses, oque está havendo com você?-Questionei.

—Não sei do que está falando...-Respondeu. 

—Estou falando disso.-Agarrei seu braço, oque a fez recuar bruscamente, batendo as costas na cômoda novamente.-Viu? Por que parece que não suporta meu toque? O que eu fiz para você se afastar de mim?!

—Achei que ficaria feliz com isso.-Rebateu.

—Achei que tinha dito que somos amigos.- Retruquei. Natália soltou um choramingo, abraçando os próprios braços.

—Amigos não existem...-Ela olhou tristemente pela janela do chalé.-Amigos abandonam...

—Do que está falando?

—Nada.-Respondeu.- Eu... apenas comecei a te entender, Nico... Acho que entendo porque você prefere ficar no mundo inferior do que aqui no acampamento com os outros. Agora entendo o porquê de minha mãe ter me prendido a vida toda. Ela só não queria que eu me machucasse...-Dei espaço para ela, e foi suficiente para Natália se afastar, indo parar do outro lado do chalé.- Pena que... não deu certo.

—Você não é sozinha. -Protestei.- Você tem amigos, tem Percy...-Cortei minha frase, franzindo o cenho. -... me tem...-Finalizei. Natália virou-se para mim, dando um sorriso forçado.

— Eu sei. Agradeço a amizade de todos, inclusive a sua.- Natália comprimiu os lábios.- Desculpe, Nico, mas quero ficar sozinha... tomar um banho. Já estou bem, obrigada pela ajuda.

—Vai me deixar falando sozinho de novo?!-Questionei incrédulo.

—Eu já falei que pode ir embora...-Respondeu, antes de se trancar dentro do banheiro.

Fiquei parado por um momento, totalmente perplexo. Meu peito ficou pesado, e uma vontade enorme de invadir o banheiro e fazer Natália Ruggiero acordar para a vida me tomou, porém, fui cortado antes mesmo de puder faze-lo.

—Nico?-Indagou Percy, abrindo a porta do chalé. Annabeth estava do lado de fora, e me encarou, erguendo uma sobrancelha sabida, como se pudesse ler todos os meus segredos com aqueles olhos de coruja. - O que está fazendo aqui?

—Eu vim ver Natália.-Falei, apontando para a porta do banheiro. - Já estou de saída.- Anunciei, passando pelo filho de Poseidon, sentindo aquele conhecido cheiro de maresia.

Percy e Annabeth se viraram comigo, me seguindo com o olhar.

—Hã... Nico.-Chamou Percy. O olhei.- O que exatamente está rolando entre você e minha irmã?- Suspirei mal-humorado, massageando a nuca sem acreditar. Annabeth deu uma cotovelada no filho de Poseidon.- Ai!

—Me diga você, Jackson.-Respondi.- Será que não consegue enxergar um palmo além do seu nariz?-Perguntei, antes de sair pisando forte dali.

—Nico...!-Chamou-me Annabeth,  mas eu não me virei, andando o mais rápido possível até meu chalé.

Eu não podia acreditar. Havia passado por cima de meu orgulho, e continuava sendo humilhado pelos filhos de Poseidon. Como se não me bastasse Percy Jackson, agora eu tinha Natália Ruggiero para atormentar meus pensamentos. Por que eu estava me importando tanto com aquela garota?! Eu havia rezado tanto para ela sair do meu pé, por que ligar para ela agora?!

 Eu estava tão nervoso que entrei no chalé de Hades sem nem precisar acender a luz, jogando-me na cama. Demorou alguns segundos para eu perceber algo estranho no ar.

Tudo tinha um estranho cheiro de perfume masculino, um daqueles bem caros. Apesar da escuridão consegui ver uma silhueta parada a alguns metros de mim.

Esgueirei-me devagar até o interruptor, acendendo-o de uma vez, dando de cara com um homem encostado no batente da porta.

Eu podia reconhece-lo em qualquer lugar. Tinha o cabelo negro e brilhoso penteado elegantemente para trás, a pele perfeita e os olhos azuis como duas piscinas, se não fosse pela carranca séria tinha certeza que estaria exibindo um conjunto de dentes perfeitos em minha direção.

Cruzei os braços com força, semicerrando os olhos para o deus que me fez declarar meu amor a Percy na frente de Jason Grace, o filho de Júpiter. O deus que fez minha vida virar um inferno.

—Éros?-Indaguei.

O deus que encarava as unhas sem interesse, levantou os olhos para mim, encarando-me com intensidade.

—Nico di Angelo –Falou, diplomaticamente.- precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Mandem revirews fofos e até o próximo ♥ ♥



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