Minha Doce Maldição. escrita por Nath Di Angelo


Capítulo 26
A flecha de Éros.


Notas iniciais do capítulo

GALERAAAAAAAAA, cheguei :D
Oi, queridos, como estão? Eu estou ótima e com um capítulo fresquinho para vocês. Mas antes, vamos a alguns avisos.
Primeiramente eu queria agradecer, não, agradecer é pouco... eu queria demonstrar todo meu amor louco e a felicidade enorme que estou sentindo por vocês, principalmente pela Little Drama Queen que recomendou a fic! O/ Aiiiiii FLOR, OBRIGADA! MUITO OBRIGADA ♥ ♥ ♥ ♥
Céus... continuando, queria avisa-los que a fic está MESMO em sua reta final, e eu não vejo mais que cinco capítulos para o grande final #choremos. Maaaas, essa é a chance, de você, fantasminha querido que está lendo isso aqui deixar seu saudoso comentário ou recomendação! Juro que não mordo (as vezes, talvez) e respondo todos ♥ ♥
SEM MAS, BOA LEITURA. e desculpem qualquer erro.



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PDV AUTORA. 

Éros sabia que algo estava errado no momento que sentiu o ar a sua volta ficar pesado. As penas de suas asas se arrepiaram, oque o fez levantar de seu divã com o cenho franzido.

—Mas...-Começou e, do nada, Natália surgiu em sua mente. Ele arregalou os olhos.-Essa não...-Sussurrou, quando o pior invadiu sua mente, xingando antes de desaparecer em meio a névoa avermelhada, pensando em estar onde a garota se encontrava. O deus imaginou que iria surgir no Acampamento, mas estranhou quando se viu parado no meio de uma rua.

Éros estava ocultado pela névoa, mas duvidava que alguém o via, sentindo o tamanho interesse dos mortais da rua na cena em que acontecia ali.  Natália estava agarrada a Percy Jackson, rodeada por seus antigos vizinhos. Éros não entendeu oque estava acontecendo, mas mesmo assim se colocou a correr na direção da menina, que o encarava de longe, porém, antes que pudesse alcança-la o mesmo sumiu contra sua vontade.

Éros soube na hora em que caiu no chão do Templo de Afrodite a sensação que Natália sentia quando o mesmo a chamava para um sonho. Ouviu uma risada atrás de si, vendo Anteros encara-lo divertido, enquanto Afrodite estava em pé, encarando-o.

—Mãe?-Indagou Eros.-Oque...?!

—Eu lhe chamei para te dar uma última chance de desistir, Éros... Desistir dessa ideia idiota de ajudar a cria de Poseidon e voltar ao meu lado. Não tem mais jeito... Natália Ruggiero esta condenada.-Replicou Afrodite. Éros a encarou, incrédulo.

—Como?!-Questionou, ainda sem entender. Afrodite suspirou fortemente, estendendo a mão para o filho. Éros a pegou, incerto, se levantando e seguindo a deusa do amor, que começará a andar para um canto de seu templo. Afrodite passou a mão pelo ar, fazendo uma imagem se formar ali. Era a mesma cena que Éros viu a pouco, Natália junto com Percy na frente de casa, juntamente com Vicenzo e Maria.

Éros assistiu com atenção Natália parada, como se estivesse congelada, até que uma lágrima desceu de seus olhos, parecendo levar com ela toda sanidade da semi-deusa que começou a chorar tão compulsivamente que Éros teve que desviar o olhar da cena, tamanha a pena que sentiu.

—Pobrezinha...-Murmurou Afrodite, sem um pingo de dó na voz. Anteros respirou fundo, como se a cena da dor de Natália o revigorasse.

—Oque aconteceu?-Questionou Éros. Afrodite virou-se para ele com os lábios contraídos.

—Ela acabou de saber da morte de sua mãe...-Contou. Éros arregalou os olhos.

—Como é?-Indagou, incrédulo.

—É isso. Nina Ruggiero está morta.-Explicou Afrodite, calmamente. Éros olhou-a desacreditado.

—Você... Você a matou?!-Afrodite virou-se par ao filho, irritada.

—Com quem acha que está falando, Éros?!-Indagou, ofendida.-Eu sou Afrodite, a deusa suprema do amor. Nunca faria uma coisa dessa! Eu jogo limpo!

—Então... como?!

—Nina se suicidou. Ela própria se matou quando Natália sumiu... Provavelmente lembrou-se de mim e imaginou que a filha tivesse morrido também.- A deusa tomou fôlego.- Tudo oque fiz foi não contar a ninguém. Deixei Natália continuar a cultivar o ressentimento pela mãe até chegar a seu ápice, e depois, quando chegou a hora do perdão, ela não tinha mais uma mãe para concede-lo. O coração de Natália está em pedaços. Sua maldição foi ativada.-Éros encarava a mãe como se a mesma fosse um monstro.

—Não olhe assim tão acusador, irmão. Nossa mãe foi até que muito generosa com aquela mulher que a humilhou. Veja, foi Afrodite quem providenciou uma lápide digna para ela. Inclusive fez Hades a receber nos campos Elísio. Ela está bem!

—Vocês... vocês... fizeram uma mortal se matar pensando que sua filha havia morrido. Estão fazendo uma criança sofrer tanto que ela mesma deseja sua morte... por causa de um "obrigado"?!-Indagou Éros.-Natália não tem culpa de nada! Ela nem era nascida quando Nina a ofendeu, mãe! Por favor, tire a maldição dela... Natália já pagou pelos pecados da mãe. Ela está sofrendo!

—Tsc... Se afeiçoou demais a essa garota, não acha, Éros?-Questionou Anteros.

—Não posso e nem irei tirar a maldição, Éros.-Falou Afrodite.- Natália já está condenada. Sua maldição já começou, mas apenas uma coisa poderá leva-la a morte: o amor de um homem.

—Oque quer dizer?

—A maldição continua a mesma... Natália Ruggiero só ira morrer caso não consiga conquistar Nico di Angelo. É por isso que eu estou pedindo que volte a meu lado, Éros. Ajude-me a cumprir essa maldição de uma vez! Faça Natália parar de sofrer e acabe logo com isso!

—Não!-Cortou Éros. -Eu continuarei a ajudando! Vocês... foram longe demais. Até parar deuses egocêntricos e egoístas a limites!-Éros deu as costas para sua mãe, começando a sair do templo.

—Não esqueça, Éros, que você também é um deus egocêntrico e egoísta!-Rosnou Afrodite, o rosto perfeito adquirindo uma ruga de raiva.-Em pouco tempo verá que não tem mais sentido ajudar essa garota. Ela está infeliz, está praticamente morta!

—Não importa!

—Não importa?! Então, certo... continue com seus caprichos!-Exclamou Afrodite.-Ah, mas antes, tenho que lhe contar mais uma coisa... -Éros virou-se novamente para a mãe, que forçou uma expressão triunfante no rosto, por mais que agora ela só sentisse a frustração de não ter conseguido a atenção do filho preferido de volta.-Natália não consegue mais te ver. Não terá como ajuda-la.

—Oque?!

—É isso mesmo, irmão. A cria de Poseidon está tão desolada que não consegue ver o amor. Sua maldição está a cegando para tudo de bonito que a vida tem e você é o próprio amor. Será difícil ajuda-la assim, não?-Perguntou Anteros. Éros negou com a cabeça, incrédulo.

—Não podem fazer isso...

—Eu posso fazer oque eu quiser!-Retrucou Afrodite, furiosa, os olhos de várias cores queimando em ódio.- Eu levarei isso até o final, Éros, e estou me cansando dessa demora! Se não quer vir para meu lado por bem, o farei vir por mal! Não vai mais atrapalhar meus planos! Não vai colocar suas vontades por cima das minhas!

—Isso é que veremos, querida mãe.- Falou Éros, abrindo suas asas com força. Anteros grunhiu, cerrando os punhos para o irmão, as penas de suas asas negras eriçando-se.

—Éros!-Gritou Afrodite, quando o deus cupido deu as costas para ela e o irmão, levantando voo pelo céu do Olimpo. Anteros fez menção de segui-lo, porém, Afrodite levantou a mão, impedindo-o.-Deixe-o... Os filhos rebeldes sempre voltam para casa uma hora ou outra.

—Mãe...

—Venha, temos mais oque fazer.-Cortou a deusa. A mesma virou-se, arrumando o vestido bem modelado no corpo, desfilando abalada pelo templo, com Anteros em seu encalço.

(...)

Quando voltou a aparecer, Éros estava no Acampamento meio sangue. Estava do lado de fora da enfermaria na frente de uma enorme janela, e pode ver tudo que se passava la dentro.

—... Por que ela está tão abatida?-Indagou Percy, sentado do lado direito da maca onde Natália estava.

—A dor é sentida de maneira diferente pelas pessoas, Percy. Eu nem posso imaginar o que Natália está sentindo. É praticamente orfã agora. É uma dor incomparável.-Explicou Quíron, de testa franzida.-É isso que faz os mortais tão fracos... Suas vidas são particularmente curtas, então cada sentimento é vivido com tanta força, até mesmo os ruins.

Éros tocou a janela com a ponta dos dedos, franzindo o cenho, com a expressão dura. Natália estava deitada em uma maca, coberta com um lençol até as axilas. Estava pálida e com os olhos inchados, porém, não estava acordada. Ao seu lado direito estava Percy, segurando um copo com Néctar quase intocado; e do esquerdo estava Nico di Angelo. O filho de Hades estava com a testa franzida, encarando a filha de Poseidon com tanta intensidade que era como se ele pudesse sentir a dor dela. Ele passava o polegar pela palma da mão de Natália, distraído, fazendo círculos imaginários na pele gelada da garota.

—Vamos, menina, acorde... Veja que oque ele está fazendo...-Incentivou Éros baixo, mas apenas ele ouviu. Ele se sentiu tentado a entrar na enfermaria, mas isso deixaria todos assustados. Além de não ter uma explicação plausível para fazer isso.

Alguns minutos se passaram até Quíron suspirar.

—Meninos, acho melhor deixa-la descansar.-Falou o centauro.-Vamos.-Mandou. Percy olhou para a irmã com pesar, abaixando-se e dando um rápido beijo em sua testa. Nico não fez nada, apenas levantou-se, escorregando o dedo da mão de Natália, olhando-a por alguns segundos.

—Vejo você em breve.-Prometeu, apenas para Natália ouvir.  Os três saíram da enfermaria, apagando as luzes. Éros entrou na enfermaria assim que isso aconteceu, andando a passos largos para o lado de Natália. O mesmo a sacudiu.

—Acorde, acorde Natália!-Ordenou. A garota continuou a dormir, até estatelar os olhos, assustada, arfando. Ela respirou fundo, olhando para os lados, passando os olhos por Éros como se ele não estivesse ali.-Shhhhh, não precisa se assustar, sou só eu...-Falou Éros, tentando manter a voz calma. Natália grunhiu, tampando os olhos com as mãos.- Natália?

—Não...-Gemeu a mesma, virando-se para o lado e voltando a chorar, não conseguindo ver Éros, assim como Afrodite havia dito.

 Alguns dias depois.

PDV NATÁLIA.

Eu respirava devagar, tentando não começar a chorar.

Eu estava sentada em minha cama, ereta. Minhas mãos estavam segurando meus joelhos, apenas para elas não tremerem. Eu assistia meu irmão se arrumar para o treino, fingindo ouvir oque o mesmo dizia, mas eu não conseguia me focar em nada. Apenas viajava em pensamentos, fantasiando finais diferentes, finais em que minha mãe não morresse; finais em que eu não morresse.

Meus olhos marejaram, oque me fez virar para a janela aberta banhada pelo sol, para Percy não perceber que eu estava chorando... de novo. A luz machucou meus olhos, mas tentei não fecha-los. Se eu pudesse eu jamais os fecharia de novo, pois cada vez que isso acontecia imagens e mais imagens de terror invadiam minha mente na escuridão e eu preferia sentir o sol cozinhar minha retina a vê-las novamente.

Eu me mexi, sentindo algo estalar embaixo de meu travesseiro. Desviei os olhos da janela, olhando para o mesmo de cenho franzindo, levantando-o devagar. Senti uma onda de surpresa me invadir ao ver uma flecha roxa ali. O presente de Éros. Instantaneamente senti a surpresa sendo substituída por uma onda de tristeza e revolta. Éros havia me abandonado. Desde o dia que eu perdi minha mãe eu tentava chama-lo, suplicava para ele aparecer para me ajudar, mas ele não o fez. O deus do amor parecia ter desistido de mim, oque era apenas mais um sinal para mim que eu estava mesmo condenada.

—... sei que está sofrendo, mas precisa ser forte.-Continuou Percy.-Saiba que eu estou aqui.

—Eu sei...-Respondi, sincera. Meu irmão suspirou, vindo até mim, colocando as mãos em meus ombros.

—Respire fundo, você consegue.-Instruiu. Tentei fazer como ele mandou, mas tudo que senti foi o ar pesado demais. Percy bagunçou meus cabelos, pegando contra corrente de cima da cômoda. Eu sabia que ele estava se esforçando para me ajudar a superar a morte de minha mãe, mas ele não sabia que era quase impossível. Toda vez que eu tentava pensar em algo diferente minha mente simplesmente ficava entediada, e praticamente me obrigava a voltar a ter os mesmos pensamentos depressivos. Eu já tinha perdido as esperanças de voltar a me sentir bem. Quando acordei supus que a única coisa que podia melhorar isso era Nico, meu analgésico humano de sempre, mas eu estava terrivelmente errada.

Toda vez que meus olhos batiam em Nico, ao invés da incrível onda de animo e felicidade me atingir, eu sentia-me pior. Eu ainda o amava mais que eu mesma, mas era diferente... Olha-lo só me fazia lembrar de uma coisa: Ele não me amava. O sentimento não era reciproco. Eu iria morrer.

—Quíron disse que se ainda não se sentir bem pode não treinar hoje. Mas ele não quer que fique enfurnada nesse chalé. Pode cuidar dos Pégasos.-Sugeriu Percy. Eu queria sentir alívio, mas a agonia em meu peito fazia parecer impossível.-Pronta?

—Sim...-Murmurei, puxando de cima da minha cama um moletom preto, vestindo-o. Percy me encarou incrédulo.

—Está com frio? Deve estar uns 26º Graus!-Protestou, enquanto eu puxava o capuz para minha cabeça, enrolando minhas mãos nas mangas. Dei de ombros..

—Eu vou me sentir melhor assim...-Falei, cruzando os braços.

—Ah... Tudo bem. Vamos.-Falou Percy, não parecendo muito disposto a discutir comigo. Virei para minha cama de novo, levantando o travesseiro rapidamente, sentindo-me tentada a pegar minha flecha. Eu o fiz, enfiando-a no bolso do moletom.

Saímos do chalé em silêncio, caminhando lado a lado na mesma condição. Meu rosto oculto pelo capuz não me impedia de ver os olhares das pessoas em cima de mim. Olhares de pena, solidariedade e até alguns de nojo. Eu não os culpava. Havia dezenas de semi-deuses órfãos no Acampamento, e eu era a única que parecia ter sido atropelada por um avião. Todos eram tão fortes que minha existência era quase um insulto, mas eles não sabiam que eu tinha uma maldição correndo-me por dentro; impedindo-me de sentir qualquer coisa boa que acontecesse a minha volta.

Chegamos no refeitório, que começava a ficar lotado pelos campistas famintos. Eu e Percy fomos juntos até a fila da comida, e eu apenas o segui pois ele brigaria comigo se eu não tentasse pelo menos comer. Encontramos Annabeth na fila, e eu tratei de dar privacidade ao meu irmão, ficando um tanto que distante dos dois.

Eu estava dispersa em meus pensamentos quando senti olhos em mim. Levantei a cabeça dando de cara com os olhos medonhos de Michael e Rachel. O filho de Ares lançou-me um sorriso provocador que fez meu corpo começar a tremer, enquanto a filha de Afrodite apenas olhou-me com desprezo, virando-se para o primo como se eu fosse um nada, porém, Michael continuou me encarando.

—Pronta para o grande final?-Questionou o garoto, sem som, apenas movendo os lábios devagar para que eu pudesse lê-los. Desviei os olhos dele, fitando a nuca de meu irmão em minha frente, tentando seguir sua ordem de respirar fundo, caminhando devagar enquanto eu tentava pegar algo para comer.

 PDV NICO.

O dia hoje parecia mais horrível do que os que se passaram.

Eu estava disperso em pensamentos, tão distraído que havia esbarrado em três pessoas enquanto caminhava na direção do refeitório. Natália dominava minha mente de uma tal maneira, que pensar na mesma já havia se tornado cansativo. Eu nunca havia a visto chorar daquela maneira, tão... machucada, como se não fosse possível viver depois da morte de sua mãe. Eu a entendia bem. Havia perdido minha mãe e também minha irmã à anos atrás e mesmo assim ainda sentia o vazio existente em meu coração. Eu não queria iludi-la como os outros. Não queria faze-la pensar que um dia essa dor pararia, pois não iria parar, mas, apesar disso, queria de alguma maneira ajuda-la a fazer sua dor se tornar suportável.

Adentrei o refeitório não estando com a miníma vontade de comer. Meus olhos passearam pelo perímetro do local quase não reconhecendo a filha de Poseidon, que estava enfiada em um moletom pesado, caminhando com a bandeja quase vazia para sua mesa. A observei sentar-se ao lado de Percy, pegando uma uva de um pote pequeno, colocando-a devagar na boca. Seu rosto transformou-se em uma careta e ela, quando viu que o irmão não prestava atenção nela, cuspiu a fruta no chão, empurrando a bandeja de comida para longe de si, parecendo enjoada.

Bufei, caminhando em passos largos até Natália. A garota ergueu os olhos, encarando-me por um momento. Consegui ver a surpresa em seus olhos por uma fração de segundo, mas a expressão não durou muito e a garota me encarou com a mesma careta de momentos antes, como se eu fosse uma uva amarga.

—Ah, oi Nico!-Cumprimentou Percy. Natália continuou a me encarar, mexendo os lábios sem pronunciar nenhuma palavra.

—Jackson...-Respondi rápido, voltando-me a Natália logo depois.-Podemos conversar?!

—Eu...-Tive a impressão de ver os olhos de Natália marejarem, mas não pude ter certeza já que ela virou o rosto antes que eu pudesse vê-la direito.-Eu estou tomando café... Não posso ir agora.

—Não está não.-Retruquei, pisando na uva recém cuspida no chão. Natália engoliu em seco, puxando o capuz mais para frente.

—A comida não vai fugir. Vá ver oque Nico quer...-Incentivou Percy. Natália grunhiu.-Conversar com amigos vai te deixar melhor!-Natália olhou para Percy como se pedisse para ele ficar quieto com o olhar. A garota virou-se para mim, esperando alguma objeção, mas eu apenas assenti. Vi a frustração tingir seu rosto, e ela levantou-se devagar.

—Tudo bem...-Murmurou.

—Certo.-Falei, olhando-a  com apreensão. Nos afastamos da mesa de Poseidon, ficando entre as mesas de Ares e Atena. A garota virou-se para mim, mas não olhou em meus olhos.

—Oque foi?-Indagou. A examinei por um momento, vendo-a segurar as mãos fortemente junto ao corpo, mas isso não me impediu de perceber que ela estava tremendo.

—Natália...-Respirei fundo, deixando meu orgulho de lado por um momento, encarando-a. -Você... sabe que pode contar comigo, não sabe?-A garota me olhou, surpresa.

—Oque?!

—Sua mãe se foi... E eu entendo isso mais do que todo mundo aqui. Não só por ser filho de Hades, mas por ter perdido minha mãe e minha irmã... Eu sei como é a dor. Sei como se sente...

—Você não sabe...-Retrucou ela, fracamente. Bufei. -Sua mãe morreu por causa dos deuses, Nico... Você tem alguém para culpar mas eu... eu matei a minha mãe.

—Oque?-Questionei. A garota engoliu em seco.

—Minha mãe se matou porque pensou que eu tivesse morrido, Nico. Quando fugi e não avisei ela pensou que eu estivesse morta. Não suportou essa ideia e então ela...-Natália engasgou-se, abaixando a cabeça os suficiente para eu não vê-la chorar. O capuz a escondia dos outros, então ninguém ali prestava muita atenção na gente. Eu suspirei, olhando-a sem saber oque fazer. Levantei a minha mão, querendo consola-la, mas não sabia como fazer isso.

—Não é sua culpa, Natália... Não tinha como imaginar.-Toquei seu braço levemente, sentindo a garota tremer contra minha mão, como se meu toque a queimasse. Ela puxou o braço para longe de mim, dando um passo para trás tão rápido que me inclinei para frente, pronto para segura-la caso ela caísse.

—Natália!

—Nico eu...-Ela secou as lágrimas na manga do moletom.- já disse que não precisa fazer isso.

—Fazer oque?- Natália grunhiu, juntando as mãos fechadas na frente do peito, olhando-me com dor.

—Fingir se importar... Não precisa se obrigar a vir aqui só por causa do que eu disse antes da minha saída do Acampamento. Não precisa se obrigar a me ver, não precisa se obrigar a ser meu amigo.

—Eu não estou fazendo isso!-Retruquei. Natália encarou-me desacreditada, comprimindo os lábios.

—Irei te deixar em paz de agora em diante.-Prometeu, antes de se virar e começar a andar para fora do refeitório. Fiquei um segundo parado, perplexo, antes de acordar e lembrar que eu estava ali para ajuda-la, não para deixa-la mais triste.

—Ei, espera!-Exclamei.-Ainda não terminei!

—Mas eu já...-Retrucou Natália, indo na direção da mesa de Ares. A segui, pronto para recomeçar meu discurso, porém, fomos cortados pela pior pessoa que poderia aparecer agora.

—Natália!-Exclamou Michael, entrando na frente da garota. Natália sobressaltou-se, por pouco não trombando com o filho de Hades, que sorria de maneira provocativa e cruel.-Eu estava mesmo querendo falar com você! -Semicerrei os punhos, obrigando-me a parar, ficando a alguns passos atrás da filha de Poseidon.

—Saia da minha frente...-Ordenou Natália, fitando o chão.  Michael abaixou-se levemente, tentando ver a qualquer custo o rosto de Natália. O filho de Ares fez um biquinho.

—Own... Nossa princesinha de Poseidon ainda está tristinha?-Indagou, mas Natália não respondeu.-Ah, Natália...Eu só queria prestar meus pêsames, sinceros, juro.-O garoto tocou os ombros de Natália com brutalidade, oque me fez ter vontade de soca-lo até destruir todos os dentes dele. Natália rosnou, retirando a mão dele de seu corpo.

—Não me toque!

—Ah, filha de Poseidon, não seja tão dura com você mesmo...-Começou Michael, mas eu não o deixei terminar, quebrando os centímetros que me separavam de Natália, ignorando Michael como se ele não existisse. 

—Vamos embora.-Falei. A garota piscou para mim, assentindo devagar, porém Michael não deixou que nós andássemos, não mexendo um só músculo para sair de nossa frente. Ele virou-se para mim, não exibindo mais tanto humor.

—Você não tem educação, filho de Hades? Hã?!-Indagou, aproximando-se mais de mim. Respirei fundo.-Não se envergonha em mostrar esse comportamento na frente de todos? Uma certa pessoa pode não te achar tão atraente depois disso...

—Seu...-Natália tentou avançar contra o mesmo, porém, a segurei pela mão, impedindo-a. Olhei para Michael, fingindo uma falsa calma.

—Nós só estávamos conversando antes de você se meter.-Expliquei.-Vamos...-Repeti para Natália, puxando-a comigo, começando a contornar o filho de Ares parado como um poste em nossa frente. Natália soluçava baixo, mas me seguiu sem reclamar. Eu estava quase acreditando que Michael resolveu parar de nos encher, até eu ver o mesmo levantar a perna, chutando a pé de Natália, que se desequilibrou. Não fui rápido o suficiente para pega-la antes que a mesma caísse de joelhos no chão. Senti cada gota de meu sangue borbulhar, virando-me para Michael tão nervoso, que me surpreendi tamanha raiva que saiu em minha voz.

—Bastardo!-Rosnei, puxando-o pela gola da blusa. O mesmo lançou-me um sorriso provocador.

—Vamos lá, Di Angelo... Faça.-Instigou Michael, mas antes que eu pudesse se quer pensar Natália já estava em meu lado, segurando meu braço, tentando soltar-me de Michael.

—Não...Não faça isso.-Pediu a mesma, ofegando.-Eu caí. Juro que cai... Por favor, Nico...-A encarei, incrédulo.

—Você se ajoelhou, filha de Poseidon... qual será o próximo passo?-Questionou Michael, mas Natália se quer o ouviu.

—Por favor, Nico. Aqui não.-Pediu mais uma vez. Apertei meus dedos na gola de Michael, soltando-o com brutalidade. Natália assentiu, puxando-me para longe. Olhares curiosos nos seguiram, oque parecia faze-la ficar ainda mais nervosa.

—Você está bem?-Indaguei.

—Eu...-Natália fechou os olhos.-Só preciso ficar sozinha...-Murmurou, antes de me deixar sozinho por sua vez. Acelerando os passos até estar correndo para fora do refeitório.

Deixei meus ombros caírem, frustrado, mas dessa vez eu não a segui.

 PDV NATÁLIA

 O vento não poderia ser mais frio agora que o sol tinha se posto e o céu já estava pintado de preto. Não havia luz, não havia se quer estrelas, e isso só me deixava ainda mais desesperada.

Eu queria sair correndo dali, parar no chalé de Hades e gritar Nico até que ele aparecesse, me abraçasse e me perdoasse por estar sendo tão estranha. Queria senti-lo novamente, mas eu sabia que isso só ia me machucar ainda mais. Meu amor estava se tornando destrutivo, e era eu quem sairia devastada no final.

Eu estava sentada em uma das últimas pedras do punho de Zeus. Minhas pernas balançavam em queda livre, e um pulinho que eu desse para frente eu cairia no mar cheio de pedras. Eu estava sozinha aqui e possivelmente ninguém sabia onde eu estava, mas eu precisava vir a esse lugar. Precisava vir aqui e encarar as pedras, ameaçar me jogar, apenas para ver se Éros resolvia aparecer para ralhar comigo. Mas nada pareceu adiantar. Éros havia me deixado...

—Por favor...-Supliquei, perdida em minhas lágrimas. A flecha que Éros me dera estava apertada fortemente entre meus dedos, enquanto eu orava. -Por favor, Éros... me ajude. Eu não quero morrer.-Falei. E realmente era verdade. Eu não queria morrer. Eu não queria deixar esse lugar. Pela primeira vez na vida eu tinha uma família, principalmente agora que minha mãe se foi. Eu tinha um irmão e até mesmo amava alguém... eu não queria deixar esse mundo, não por causa de uma maldita maldição.

O vento soprou meu rosto, esvoaçando meu cabelo, mas não havia nem sinal de Éros. Senti mais um pico de forte tristeza atingir-me, abaixando a cabeça. Minhas lágrimas pingaram no mar, mas nem mesmo ele pareceu se importar comigo. Eu estava mesmo sozinha, então? Mas é claro que não.

—Ei, Ruggiero!-Chamou uma voz atrás de mim. Enfiei as unhas nas pedras, virando-me para trás, vendo Jeff e Michael se aproximando. O filho de Hecate não podia parecer mais feliz. Tinha um sorriso que ia de orelha a orelha, não parecendo nem se importar com o vento que empurrava com dificuldades o cabelo loiro escorrido para trás. Michael não estava tão feliz, mas ainda tinha no rosto o sorriso triunfante e provocador de mais cedo.

Os dois caminharam rápido em minha direção, tanto que eu só tive tempo de ficar em pé, escondendo a flecha de Éros atrás de mim.

—Oque vocês querem?-Indaguei, sentindo-me idiota logo depois por perguntar.-Me deixem em paz!

—Não conseguimos terminar nossa conversa de hoje mais cedo, não é? Então trouxe Jeff para não sermos mais atrapalhados.-Michael deu tapinhas nas costas de Jeff que sorriu ameaçadoramente em minha direção. Pensei em virar e sair correndo, mas lembrei que eu estava na beira de um penhasco, cercada por idiotas.

—Por que não me deixam em paz? Não é o suficiente para vocês oque estou vivendo?!-Questionei.

—Não, baseado no que Lady Afrodite me disse que precisa acontecer.-Michael encarou-me.

—Desistam!-Grunhi.

—Desista você.-Retrucou Michael.-Vamos, filha de Poseidon, é tão mais fácil! Vire-se e se jogue! Termine essa dor, eu te ajudo!-Incentivou. Olhei para as pedras atrás de mim, virando-me furiosa para o filho de Ares.

—Oque você ganha com isso? Oque ganha me deixando louca?!

—Lady Afrodite e Lorde Anteros nos prometeram riquezas e reconhecimento se terminamos esse trabalho.-Falou Jeff.-Para mim, para Michael e para a bonequinha de Rachel... Essa última não precisava de muito. Rachel faria de tudo para agradar sua mãe;

—Então é isso?-Indaguei.-Vocês vão acabar com minha vida para tero reconhecimento de uma deusa tão egoísta?! É isso?!

—Ei, ei...-Cortou Michael.-Não vamos acabar com nada... É o seu destino. Só estamos... o apressando.- Ele sorriu para mim, aproximando-me de mim. Por pouco não recuei, mantendo-me com os pés firmes. -Vamos, Natália... Deixe-me ajuda-la!-Pediu. Apertei a flecha em minhas costas, lembrando das palavras de Éros em minha mente:

"As duas pessoas que foram feridas com essa flecha se apaixonariam em segundos, é uma parecida com a que foi usada em você. Só sem a maldição....Então, use-a com sabedoria."

Senti uma onda de raiva me atingir, olhando para Michael com ódio.

—Não!-Gritei, antes de atravessa-lo com a flecha. 

Foi diferente do que achei que seria. Não foi como enfiar uma arma normal em alguém. A flecha se fincou em Michael, que gritou, arregalando os olhos, mas ela não o feriu. Sua ponta o atravessou e quando dei por mim ela estava em minha mão de novo, brilhando em uma luz arroxeada, que iluminou toda a noite escura. 

—Michael!-Gritou Jeff, olhando-me aterrorizado enquanto o filho de Ares caia desacordado em meus pés. Jeff grunhiu, recuando alguns passos. -Natália eu...-Ele virou-se, tentando correr, tropeçando nos próprios pés. O alcancei, puxando-o pela gola da camisa, não exitando em fincar a flecha nele também.

Fui cegada momentaneamente pelo brilho resplandecente da flecha, que após apagar dissolveu-se em uma névoa com um cheiro tão bom que supus ser aquele o cheiro do amor. 

Jeff também tinha apagado, deixando-me totalmente sozinha novamente. 

—Droga...-Grunhi, ofegante. Eu não deveria me sentir assim, mas pela primeira vez no dia senti algo parecido com felicidade brotar em meu peito. Eu não poderia estar mais satisfeita.

O toque de recolher tocou, soando por todo acampamento. Respirei fundo, antes de correr na direção dos chalés, deixando para trás Michael e Jeff desacordados, e o futuro incerto dos dois pairando sobre mim enquanto eu corria. 


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Notas finais do capítulo

E então, chuchus... oque acharam? Ganho reviews?
ATÉ O PRÓXIMO CAPITULO, HEIN? Bye bye ♥ ♥



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