Desejo da Alma escrita por zariesk


Capítulo 3
Parte 03 – O Despertar.


Notas iniciais do capítulo

demorei um pouco mais que o previsto, mas aqui está o final desta shot-fic e com um capitulo final bem maior que os anteriores!
Hinata finalmente percebe que está presa numa ilusão e agora consciente disso toma uma decisão, como ela fará para escapar do mundo ilusório?

E por favor não deixem de ler a nota final, é muito importante.



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Parte 03 – O Despertar.

Uma vida inteira passava diante dos meus olhos a cada noite quando eu dormia, uma vida completamente diferente da que eu levo diariamente, uma vida de duras batalhas, treinos para alcançar uma força que nunca tive, o orgulho de saber que melhorava pouco a pouco, a satisfação de ver que devagar os olhares sobre mim mudavam.

A vida que eu via em meus sonhos era difícil, muitas vezes eu sofria demais e pensava em desistir, mas quando o pensamento de desistir me incomodava eu lembrava de algo que sempre me dava forças, eu lembrava de uma pessoa que passou por coisas muito piores e jamais desistiu, eu lembrava da minha fonte de inspiração.

Agora eu lembrava daquele dia em que Konoha foi destruída, eu assistia impotente ao Naruto-kun ser ferido e humilhado por aquele detestável inimigo, ele estava em perigo e eu não podia fazer nada por ele.

Não! Eu não vou ficar só assistindo! Mesmo que seja inútil, mesmo que eu perca minha vida eu o protegerei! Saltei entre ele e o inimigo e com muita determinação falei o que sempre sentir pelo Naruto-kun e assim tirei um peso do meu coração, poderia ser a ultima vez que falaria com ele e mesmo assim eu ataquei o inimigo sem hesitação alguma, eu finalmente poderia retribuir tudo o que o Naruto-kun fez por mim mesmo sem saber.

O que aconteceu depois eu soube através de outras pessoas mas o meu sacrifício não foi em vão, o Naruto-kun conseguiu se libertar e derrotou o inimigo salvando a vila inteira, mais do que isso ele mudou aquela tragédia fazendo todos que morreram voltarem a vida, um milagre assim fez com que todos o reconhecessem, agora o Naruto-kun era um verdadeiro herói e todos sabiam disso, eu estava mais do que feliz por ele, afinal eu passei a vida inteira vendo como o Naruto lutava para conseguir o reconhecimento que merecia, eu sempre torci por isso.

Em meu sonho o tempo passou e veio a guerra, centenas de pessoas morriam enquanto enfrentávamos aquele monstro de um olho só, precisávamos proteger o Naruto-kun e eu alegremente me fiz de escudo para ele, estava disposta a dar minha vida por ele mas outra pessoa morreu por nós, senti meu coração se despedaçar quando vi o corpo do Neji nii-san caindo no chão e sendo amparado pelo Naruto-kun, meu primo que era mais como um irmão para mim estava morrendo e proferindo suas ultimas palavras.

Eu fiquei completamente desolada quando vi seu coração dar a ultima batida, ali se encerrava a vida de uma pessoa que também me ajudou a mudar muito, mas fiquei ainda pior quando vi o desespero no Naruto-kun que parecia prestes a desistir de tudo, eu jamais permitiria que o sacrifício do Neji nii-san se perdesse e nem que o Naruto-kun deixasse de ser quem é, mais uma vez com uma coragem de que não sabia de onde vinha falei tudo o que precisava ser dito.

Nos levantamos juntos dispostos a continuar lutando pelo que acreditávamos e então o Naruto-kun brilhou como o sol do meu lado me inundando com aquele calor acolhedor, sorri ao me sentir segura do seu lado certa de que poderia encarar qualquer desafio, e quando encarei aquele monstro novamente estava pronta para ataca-lo.

Mas assim como em todas as vezes uma sensação horrível me arrastou para longe do Naruto-kun, uma força maior me tirava daquele sonho e me jogava numa escuridão fria e pegajosa, mas uma vez acordei com os olhos transbordando lagrimas, mas dessa vez a minha irmã estava do meu lado aflita.

– Hinata nee-chan! Acorde! – gritou Hanabi.

– Hanabi!? Onde... o que... – Hinata estava completamente atordoada.

– Está tudo bem agora nee-chan, foi apenas um pesadelo – disse a mais nova abraçando-a – pode sossegar agora.

Antes quando Hinata tinha sonhos ou pesadelos ela os esquecia logo após acordar e isso deixava de incomoda-la, mas aos poucos as memorias ficavam retidas por mais tempo e a sensação de incômodo durava o dia todo, e agora ela lembrava claramente do que sonhara e tentava conscientemente manter isso na memoria, mesmo que logo viesse aquele nevoeiro em sua mente que a fazia esquecer.

– Ainda é madrugada? – perguntou Hinata olhando o relógio sobre a cômoda.

– Eu ouvi você chorar e vim correndo – disse Hanabi – posso ficar aqui com você?

Hinata concordou e as duas se deitaram bem próximas enroladas na coberta, estava fazendo bastante frio, Hinata olhava pro rosto da irmã e relembrava o que sonhou, no sonho elas duas não se davam muito bem apesar de que não se odiavam, a Hanabi em seus sonhos era uma irmã dura e pouco chegada a carinho, era a preferida do seu pai pois era muito forte e determinada mostrando que mesmo sendo a caçula já era muito madura.

Mas a Hanabi que estava diante dos seus olhos agora era uma irmã doce e carinhosa, com quem sempre podia conversar e trocarem segredos, foi com ela que Hinata se abriu quando começou a namorar o Naruto e é com ela que sempre vai as lojas comprar roupas novas, faziam tudo juntas e eram muito ligadas, mas por alguma razão Hinata não estava satisfeita com isso.

– Por que você parece tão triste nee-chan? – perguntou Hanabi.

– Você alguma vez sonhou algo que não queria que acabasse? – perguntou Hinata – um sonho melhor que a realidade?

– E todo sonho não é melhor que a realidade? – perguntou a outra rindo inocentemente.

– Não da mesma forma, eu falo de algo que você deseja com todas as suas forças – disse a outra – com o quê você sonha Hanabi? Tem algo que você quer muito?

– Eu não sei, eu não me preocupo com isso – respondeu a caçula – mais importante é estar aqui com você nee-chan!

Hinata acariciou o cabelo da irmã e aproximou-se mais dela para se aconchegarem, não ter desejos ou objetivos era o mesmo que uma vida sem esperança, Hinata já sentia as lembranças daquele sonho desaparecendo lentamente, mas havia algo que estava nitidamente gravado em sua alma, algo que ela não esqueceria mais e que a partir desse momento guiaria sua vontade.

**********************************

Na manhã seguinte acordei antes da minha irmã e olhar pro rosto tranquilo dela me davaalegria, vasculhei em minha mente o que ainda me lembrava dos meus sonhos e percebi que não sobrava quase nada, parecia que sempre que eu dormia algo se perdia, eu estava decidida a não mais ficar presa entre um sonho e a realidade, mas não tinha mais certeza do que era real e o que não era, enquanto uma parte de mim insistia que este mundo era a minha realidade uma outra parte lutava desesperadamente para rejeitar o que eu via e confiar no meu coração, entre a razão e meu coração eu sempre segui o coração.

Para Hinata a vida que ela estava vivendo agora era uma ilusão, esse mundo a cada dia perdia mais do seu brilho, tornava-se um fardo que ela tinha que suportar e não lhe dava nenhuma esperança de futuro, nesse mundo tudo dava certo para ela mas cada conquista era vazia, e depois que começou a ter sonhos que contradiziam esse mundo sua vontade de fugir dele só aumentava, nos últimos dias ela tem evitado tudo e todos e não mais se empolgava quando conseguia algo, um questionamento lhe atormentava: se ela já tinha tudo o que queria então o que ela poderia querer para seu futuro?

Levantei-me e troquei de roupa deixando Hanabi dormindo em minha cama, hoje era domingo e por isso ninguém tinha pressa de nada, com muitos ainda dormindo eu fui ao dojo do clã e lá encontrei meu tio treinando duro, entrei discretamente e sentei num canto vendo seus movimentos.

– Posso ajuda-la em algo Hinata-sama? – perguntou ele sem olha-la diretamente.

– Ah tio, eu estou atrapalhando? – perguntou ela.

– Claro que não, eu já estava terminando – respondeu ele.

Hinata continuou assistindo seu tio treinando e executando movimentos complexos, vê-lo treinar trouxe de volta memorias do sonho que foram reprimidas, memorias de quando ele treinava ao lado do seu pai e ambos demonstravam a mesma força, mas também veio memorias de um incidente onde seu pai torturou o irmão na frente dela por algo que ela desconhecia.

Hizashi aproximou-se de Hinata e esta ofereceu uma toalha a ele, agradecendo ele sentou-se ao lado da sobrinha enquanto enxugava o rosto, ela olhou para a testa dele e viu as faixas que cobriam o selamento da família secundaria, algo que ela detestava.

– Tio, eu prometo a você que vou acabar com esse selamento – disse Hinata encarando-o – assim nenhum membro da bouken vai precisar temer ter sua vida roubada!

– Isso é muito bom Hinata-sama, mas não precisa se preocupar com algo assim – respondeu ele sorrindo como se tivesse ouvido uma piada – o selo é algo necessário para proteger nossa linhagem, é com ele que o byakugan está seguro.

– Eu entendo que um selo para proteger a nossa linhagem seja necessário, mas não é preciso impor controle sobre a bouken com ele! – disse ela preocupada – esse selo só trouxe dor a nossa família, foi por causa dele que...

Como se uma barreira quebrasse sua mente foi inundada por lembranças que ela sabia serem reais, lembranças de um dia triste quando ela soube que seu tio havia morrido e que seu pai estava em luto, lembranças do olhar de desprezo do seu primo quando ela tentou lhe oferecer uma flor em condolência, lembranças de como desse dia em diante os membros da bouken olhavam para Hinata como se ela fosse culpada por seu líder ser sacrificado.

– Hinata-sama? Por que está chorando? – perguntou Hizashi preocupado.

– O senhor deu sua vida pelo meu pai com tanto orgulho, e eu nunca soube o porquê do senhor ter morrido – disse ela limpando as lagrimas – demorou tantos anos até que meu pai finalmente me contou sua história!

– Do que está falando Hinata-sama?Eu estou bem aqui! – disse ele segurando seus ombros – eu não morri e nem deixarei vocês!

– Isso era o que eu queria pra mim, que o senhor jamais tivesse morrido e que tudo continuasse como era, era só um desejo egoísta pra satisfazer a mim mesma – continuou ela –se o senhor nunca tivesse morrido talvez eu fosse mais feliz, mas jamais tomaria consciência do ódio que existia dentro da nossa família.

Foi somente quando Naruto lutou contra Neji que Hinata soube a verdadeira razão do seu tio ter morrido e o motivo de Neji odiá-la tanto, antes disso ela só sabia que existia magoa entre os membros da bouken e souken e que seu primo se sentia preso a uma maldição, após aquele dia Hinata como herdeira do clã exigiu do seu pai o conhecimento sobre os fatos, a única vez que ela se impôs sobre ele.

– Tio, o seu sacrifício não foi em vão, foi com ele que aprendi mais sobre nossa família, nosso clã e nossa história – disse Hinata sorrindo e segurando a mão dele – o desejo que o senhor tinha foi herdado pelo seu filho, e foi esse desejo que tornou o Neji nii-san o que ele é hoje.

Dizer essas palavras fez com que meu tio hesitasse, era como se essa versão dele estivesse entrando em contradição com a única que eu considerava verdadeira, como se elas não pudessem existir simultaneamente, agora que eu finalmente estava consciente do que estava acontecendo precisava liberta-lo.

– Eu juro tio, que vou dar o melhor de mim para que o clã Hyuuga seja um clã do qual o senhor se orgulharia, um clã onde bouken e souken não são diferentes entre si – disse ela com um olhar gentil mas confiante – eu farei do clã Hyuuga o clã mais forte e orgulhoso de Konoha!

Como em um sonho a imagem do meu tio tornou-se uma nevoa que se dissipou no ar, por um instante eu senti arrependimento por me desfazer dele, tinha tanto que eu queria perguntar, tanto que eu queria saber sobre ele... mas o arrependimento deu lugar a uma forte determinação de que eu precisava honrar a promessa que fiz para ele e a mim mesma agora.

Hinata deixou o dojo do clã, ainda estava atordoada pelo que aconteceu agora, como ela não se deu conta de que estava presa numa ilusão? Por que tudo parecia tão real? Ela não conhecia nenhum genjutsu capaz de fazer algo assim mas foi então que ela lembrou do que via em seus sonhos que agora ela sabia ser a realidade, lembrou de tudo o que aconteceu e de qual era o plano de Uchiha Madara, criar um mundo de ilusões onde todos fossem felizes.

– Eu quase fui consumida por esse mundo, como eu pude ser tão ingênua? – disse ela se olhando num espelho – o Naruto-kun teria vergonha de mim se me visse agora.

O verdadeiro Naruto veio a sua mente agora, um Naruto completamente diferente deste que o mundo ilusório lhe ofereceu, determinada a reencontra-lo Hinata decidiu fazer tudo para escapar dessa ilusão e ela já sabia como.

Voltei para meu quarto e abri meu guarda-roupa, agora que eu tinha ciência de que esse mundo era uma ilusão eu percebi que essas roupas era algo que eu me perguntava se ficariam bem em mim, nunca tive coragem para vestir nada ousado, como alguém que queria ficar invisível eu sempre fiz questão de esconder meu corpo, não faria mais isso, teria orgulho de mim mesma.

– Hinata nee-chan, você vai sair? – perguntou Hanabi na porta.

– Vou sim, tenho um encontro hoje – respondeu ela com um sorriso.

– Com o Naruto? – perguntou Hanabi com uma certa malicia.

– herr... isso – ela hesitou um pouco mas eram esses os seus planos.

– Legal, deixa eu te ajudar – sugeriu Hanabi.

Hinata sentou-se na cama enquanto Hanabi escolhia a roupa que ela deveria usar, pôs sobre a cama vários modelos e alguns eram bem ousados, ela ofereceu uma minissaia e um top pra Hinata que corou na hora.

– Sem chance de que eu use isso! – disse Hinata toda vermelha.

– hahahahah nee-chan ficando acanhada agora? – zombou a outra – você nunca foi disso!

Apesar de recusar todas as opções que Hanabi me ofereceu eu me diverti muito com ela, no final eu mesmo escolhi a roupa que usaria e ela soltou um suspiro como se estivesse entediada, depois que me vesti eu pedi a ela pra me ajudar na maquiagem mas implorei para algo simples, Hanabi ficou muito feliz em me ajudar.

– Acho que teria sido assim se fossemos irmãs mais próximas, mas eu não sei se você seria esse tipo de irmã – comentou Hinata – acho que não, você sempre foi mais decidida, independente... o orgulho do clã Hyuuga.

– Eu não estou entendendo nada do que você está falando nee-chan – disse a outra ainda ajudando na maquiagem.

– Você é 5 anos mais nova que eu, mesmo assim quando treinávamos juntas eu é que parecia a criança – continuou Hinata olhando em seus olhos – todos do clã te elogiavam e a mim só viam um fracasso, era tão frustrante que por um tempo eu comecei a te odiar.

– Você me odeia nee-chan? – perguntou Hanabi com os olhos já úmidos.

– Não mais, era só uma fraqueza minha por não saber lidar com a frustração – respondeu Hinata acariciando o rosto dela – com o tempo eu percebi que eu sentia inveja da sua força de vontade, da sua coragem, por isso em vez de ficar lamentando eu decidi ter a mesma força.

Depois de sua luta contra Neji Hinata pegou tudo aquilo que lhe trazia dor e tristeza e tomou a decisão de superar cada uma dessas coisas, mesmo tendo perdido ela adquiriu uma confiança que só a impulsionou dali pra frente, quando foi nomeada chuunin ela finalmente tinha conquistado respeito dentro do clã, até mesmo sua irmã a respeitava e queria ser como ela.

Era por isso que Hinata não conseguia ser feliz dentro desta ilusão, sem nada daquilo que a motivou a ser uma pessoa melhor cada conquista era vazia e sem sentido, do que adiantava ser jounin? Do que adiantava ser líder do clã? Recebendo tudo de graça era sem sentido e patético.

– Quando nos encontrarmos de novo vamos tentar ser boas irmãs, eu quero muito conhece-la melhor – disse Hinata segurando o rosto da outra delicadamente – mas eu não vou mais perder para você.

Com o sorriso de Hinata a imagem de Hanabi também se desfez em nevoa, agora Hinata entendia que não precisava de uma falsa irmã doce e carinhosa, mesmo a Hanabi sendo do jeito que era ainda era sua irmã e muito melhor que uma ilusão, aos poucos os grilhões que prendia Hinata neste mundo se desfaziam.

**************************************

Depois de me despedir do meu tio e da minha irmã eu me sentia muito mais leve e meu coração já não estava tão apertado como antes, era como se a cada vez que eu vencia um arrependimento uma corrente desaparecia de dentro de mim, e a cada vez que uma dessas correntes desaparecia eu me sentia mais forte contra essa ilusão.

Ainda assim uma parte de mim hesitava em dar adeus a esse mundo perfeito, experimentar tamanha felicidade era como uma droga tomando minha mente, se eu fraquejasse um pouco que fosse poderia desistir e me entregar de vez a essa ilusão, e se isso acontecesse não haveria volta, estaria perdida pra sempre na satisfação de desejos realizados.

Por isso eu não podia deixar nada para trás, precisava resolver qualquer assunto pendente que me prendesse aqui e por isso procurei por ele, encontrar o Neji nii-san não demorou muito pois até aqui ele tinha rotinas previsíveis, como meditar no quintal de sua casa.

– Bom dia Hinata-sama, posso fazer algo por você? – perguntou ele sem abrir os olhos.

– Agora eu percebo como você é parecido com seu pai – comentou ela sentando-se ao seu lado – eu me lembro muito pouco do tio Hizashi, mas olhando pra você eu consigo me lembrar dele.

– Eu agradeço o elogio, é uma honra para mim ser parecido com meu pai – respondeu Neji – mas para estar arrumada desse jeito, você vai a um encontro? Estou lhe atrasando?

– Não se preocupe, eu realmente queria estar aqui com você – respondeu ela sorrindo – hoje eu não vou deixar nenhum assunto pendente.

– E que assunto pendente você teria comigo Hinata-sama? – perguntou ele curioso.

– Nii-san, você poderia tirar a sua faixa? – pediu ela – é importante.

Neji não entendeu por que Hinata desejava ver o selo em sua testa, mas ele removeu a faixa sem contestar expondo a marca.

– Acho que eu tinha 8 anos quando perguntei sobre esse selo pela primeira vez – comentou ela olhando a marca – meu pai disse que era algo necessário para o bem do clã Hyuuga, mas eu não conseguia entender por que os membros da bouken precisavam escondê-la.

– Não ligue para isso Hinata-sama, essa marca não é um problema para mim – respondeu Neji cobrindo novamente o selo.

– Mas eu não suporto ver nossa família dividida por um selo imposto por nossos antepassados – disse ela séria – depois de ver o quanto você sofria por ele eu entendi que esse selo é uma vergonha para nós.

– Mas eu não...

– Esse selo força sobre vocês um destino que não desejam, é por isso que eu me orgulho muito de você e do tio Hizashi – continuou ela – vocês dois escolheram como viver e como morrer, escolheram em quê acreditar.

Quando eu disse essas palavras ele me encarou como se soubesse que eu estava consciente da realidade, eu me perguntava se ele tinha consciência de que era uma ilusão mas eu tinha certeza que nesse momento ele era igual ao Neji nii-san que eu conhecia.

– Essas são as palavras que não consegui dizer para você naquele momento – disse ela com os olhos lacrimejando – muito obrigado por tudo o que você fez por mim!

– Hinata-sama...

– Você escolheu dar sua vida por mim e pelo Naruto-kun, não por ser um dever como bouken mas por ser meu amado primo – disse ela segurando a mão dele – a vida que você protegeu eu juro que não vou desperdiçar, eu vou levar adiante a sua vontade!

Neji segurou a mão dela com força e com um sorriso se desfez em nevoa desaparecendo, Hinata não tinha certeza mas acreditava que este Neji não era uma ilusão e sim o espirito do verdadeiro que partia livre desse mundo.

Neji nii-san abriu mão de sua vida por mim e pelo Naruto-kun, ele morreu sorrindo acreditando que tinha escapado do destino, por isso seria um grande insulto ao seu sacrifício viver feliz nessa ilusão ignorando tudo o que nós passamos, o futuro só é brilhante por causa do nosso passado.

Hinata deixou o quintal daquela casa que agora estava vazia, tirando a poeira do seu vestido ela seguiu para o portão principal do clã Hyuuga, antes disso na varanda da mansão de sua família ela viu seu pai tomando chá, Hiashi convidou sua filha para tomar um pouco e ela aceitando sentou-se ao seu lado, uma serva deixou uma xicara cheia e saiu em seguida.

– Onde está indo minha filha? – perguntou Hiashi.

– Encontrar o Naruto-kun – respondeu ela bebendo um gole do chá.

– Entendo, então divirta-se – disse ele tranquilo.

– Não vai me dizer a que horas devo voltar? – perguntou ela.

– Eu não preciso, minha filha é uma moça muito responsável – disse ele com um certo orgulho.

– Eu aprendi sobre responsabilidade com o senhor meu pai – disse ela – o senhor sempre esteve me treinando, me ensinando sobre responsabilidade, me fortalecendo.

– E você aprendeu tudo esplendidamente, por isso hoje você é uma jounin de prestigio e futura líder do clã – elogiou ele – com você no comando nosso clã entrará numa nova era.

– Eu ainda não sou capaz disso, o senhor sempre esteve me ensinando duramente e eu demorei a entender seus sentimentos meu pai – continuou ela – cada vez que eu o decepcionava só desejava que tudo isso acabasse, antes da guerra começar o senhor me disse que sua decepção não era ver que sua herdeira era fraca, era achar que não estava conseguindo fazer por mim o que fizeram pelo senhor.

Ao longo dos anos quando Hinata começou a demonstrar uma força que não tinha e a se tornar mais confiante pouco a pouco a opinião do clã sobre ela mudava, ela não mais desistia e nem fracassava como antes, levava a sério os treinamentos e até ia além do esperado, quando ela desenvolveu uma técnica própria seu pai demonstrou orgulho e confiança em suas habilidades, foi pouco antes da guerra que seu pai lhe disse palavras de encorajamento.

– Meu pai, eu achava que o senhor me odiava por ser uma filha fraca, por isso me fazia sofrer tanto – continuou ela com um rosto sereno – mas agora eu entendo que o senhor se preocupava comigo, que seu empenho em me tornar forte era para me proteger do destino que eu teria como herdeira do clã.

– E você ficará bem minha filha? – perguntou ele com uma serenidade igual mas um olhar mais sério.

– Vou ficar, por que eu tive o senhor para me ensinar, o Neji nii-san para me proteger e o Naruto-kun para me inspirar – respondeu ela com um belo sorriso.

O seu pai sorriu e como os outros se desfez em nevoa, junto com ele todo o clã Hyuuga desaparecia lentamente como se tudo fosse uma miragem que ia se apagando com o tempo, deixando aquele lugar para trás Hinata saiu para seu encontro com o último grilhão que a prendia a esse mundo ilusório.

*******************************

Acelerei meus passos para chegar logo ao local de encontro para vê-lo, meu coração palpitava mais forte só de pensar nele e ainda nem sabia como deveria agir.

Mesmo sabendo que esse Naruto-kun era uma ilusão, mesmo sabendo que ele não era igual ao real ainda assim eu sentia medo de perdê-lo, ele era a âncora que me prendia a este mundo e não seria fácil me livrar dessa corrente.

Cheguei à praça e lá estava ele sentado num dos bancos me esperando, ao me ver ele deu um belo sorriso que me derretia toda, acenei pra ele e fui até o seu lado quando ele abriu espaço para que eu sentasse, fiquei mais nervosa ainda como se fosse nosso primeiro encontro e precisava manter firme na mente o pensamento de que isso era uma ilusão, se eu não me mantivesse firme seria enganada novamente.

– Oi Hinata, você demorou hoje – disse ele encarando-a – estava ficando preocupado, você nunca se atrasa.

– Desculpe, eu lembrei de algumas coisas que precisava fazer hoje e não podia mais adiar – respondeu ela sinceramente.

Não foi só o assunto com sua família que a atrasou, Hinata procurou seus companheiros de time e explicou que não estava pronta para lidera-los, lhe faltava a experiência necessária que entre eles só Shino tinha, pediu desculpas para sua sensei e prometeu que quando chegasse a hora ela estaria pronta para isso.

Hinata também procurou a Hokage para renunciar ao titulo de jounin, explicou que só o aceitaria quando fosse digna de tal responsabilidade, até lá ela ainda precisava ficar muito mais forte e aprender varias coisas, agora só restava um assunto pendente.

– Você está mais linda do que nunca hoje – disse Naruto cariciando seu rosto.

– Então nos outros dias eu não estava linda? – perguntou ela provocando.

– Você entendeu o que eu quis dizer! – disse Naruto constrangido.

Hinata começou a rir e Naruto percebeu que ela estava só brincando, ele fez um biquinho e a segurando pelo queixo roubou-lhe um beijo.

Quando nossos lábios se tocaram eu me assustei por um momento, era como se eu estivesse traindo o verdadeiro Naruto com essa ilusão, mas minha mente ficou confusa demais com esse pensamento, como eu poderia estar traindo-o se ainda não temos nada entre nós? Além disso não conseguia entender como essa ilusão podia despertar em mim sensações que até então desconhecia, quanto mais ele me beijava mais eu desejava me entregar a ele, não conseguia resistir ao seu toque, ao sabor da sua boca, do calor que ele transmitia para mim... meus pensamentos começavam a ficar obscuros e quase não lembrava mais o proposito de ter vindo aqui, quando ele passou as mãos pelas minhas costas precisei de muita força de vontade para para-lo afastando-o um pouco de mim.

– Eu me empolguei de novo não foi? – perguntou ele sentido.

– Apenas... mais tarde – respondeu ela – não tínhamos planos para hoje?

– Então vamos indo? O Treino de hoje me deixou com muita fome – disse ele a segurando pela mão – que ir comigo ao ichiraku?

– Isso nunca vai mudar não é? – perguntou ela rindo.

– Não quer? Podemos ir a outro lugar se você quiser – sugeriu ele.

– Não, o ichiraku está ótimo para mim – respondeu ela sorrindo – vamos?

Caminhamos juntos de mãos dadas pela vila, enquanto andávamos eu percebi que a mão dele não emanava aquela sensação gostosa da ultima vez, não tinha o calor e a força que me fazia sentir-se segura e confiante, me dei conta que por mais perfeita que essa ilusão fosse, por mais fundo que ela fosse em nosso íntimo e reproduzisse nossos desejos, ela jamais poderia me dar o que eu realmente quero.

Chegamos no ichiraku e o Naruto-kun pediu uma porção enorme do seu favorito, me decidi que faria uma extravagância e pedi por um igual pra mim surpreendendo o Naruto-kun que olhava como se aceitasse o desafio, quando o meu prato chegou comemos juntos e no final ele ganhou de mim enquanto eu me sentia estufada mas satisfeita.

– Tome cuidado pra não engordar sua comilona – brincou ele fazendo cocegas na barriga dela.

– Uma vez ou outra não vai me afetar – disse ela rindo com as cocegas que sentia.

– Então onde você quer ir agora? – perguntou ele após pagar a conta.

– Como eu me atrasei você escolhe o lugar – sugeriu ela – mas tem um lugar que eu quero ir no final.

Como o Naruto não tinha planejado nada eles caminharam juntos por toda a vila visitando vários lugares que os dois tinham em comum, passaram na casa dele onde ele mostrou a nova coleção de mangâ que ele tinha começado, depois foram ao centro da vila comprar algumas lembrancinhas, enquanto passeavam passaram em frente a academia onde viram varias crianças brincando no pátio central, a sensação de nostalgia tomou conta dos dois que entraram pra falar com as crianças e visitar o parquinho no fundo da academia, lá Hinata viu o balanço que sempre lhe chamou a atenção.

– Você se lembra disso Naruto-kun? – perguntou ela.

– Claro, nós sempre brincávamos aqui – disse ele com um sorriso – fazíamos competição de quem chegava mais alto, o Neji pirava quando via você se balançando com força.

Ela sorriu por lembrar disso, ela realmente tinha essas lembranças mas eram as lembranças falsas que teimosamente tentavam encobrir as verdadeiras memorias, as memorias de ver Naruto sozinho com a cabeça baixa sentado nesse balanço, a memoria de sentir vontade de ir falar com ele mas sem ter coragem de se aproximar, a memoria de querer conhecer aquele menino que todos faziam questão de evitar.

É claro que ele não poderia lembrar da triste infância que teve aqui, esse mundo tratou de apagar tudo aquilo que um dia me trouxe dor ou tristeza e uma dessas coisas era o passado solitário do Naruto-kun.

Um mundo que apaga tudo de ruim e nos dá tudo de bom que desejamos, apagando os momentos tristes da minha vida apagou também as lembranças que eu tinha de quando me sentia deprimida mas me inspirava no menino que nunca desistia independente das dificuldades, sem essas dificuldades não havia nada que me motivasse a melhorar, a crescer, por isso me sentia vazia por dentro sempre que obtinha algo que eu desejava e por isso que eu não via qualquer esperança pro futuro aqui.

Depois de visitarem a academia o casal seguiu por Konoha até que repararam que estava quase anoitecendo, Hinata então pediu para ir ao lugar que ela desejava e Naruto concordou, usando um pouco de suas habilidades ninjas os dois foram até o topo do monte Hokage e lá sentaram no topo da figura do yondaime. De lá podiam ver o por do sol com um brilho alaranjado por toda Konoha.

– A vista aqui é incrível! Eu vou me lembrar de vir aqui mais vezes! – disse Naruto encantado.

– Da próxima vez que viermos aqui será sobre sua face que ficaremos – disse ela com uma certa confiança.

– Quando eu for Hokage não é? – perguntou ele rindo – muito bem, vai ser uma promessa!

– Mas não será aqui nesse mundo onde não há futuro – continuou ela – será no mundo onde você realmente almeja se tornar Hokage, o mundo onde você busca reconhecimento.

Naruto olhou para ela como se não entendesse do que ela estava falando, Hinata sabia disso pois seria impossível uma ilusão criada por esse mundo ter essa consciência, aos poucos ela tremia por saber que isso estava chegando ao fim, mas precisava continuar.

– Eu sempre quis que as pessoas da vila te reconhecessem como eu fazia, queria que lhe dessem o devido valor – disse ela – porque quando eu o via triste e sozinho sentia que você era igual a mim.

– Mas Hinata, eu...

– Depois eu quis que você me notasse, que me reconhecesse também – continuou ela – eu queria ser forte para que você sentisse orgulho de mim, para que eu pudesse estar sempre ao seu lado ajudando-o a realizar seu sonho.

E era isso o que essa realidade estava fazendo, nesse mundo ilusório ela era forte, reconhecida e respeitada, tinha tudo o que sempre desejou, desde o amor de toda a sua família como o amor de sua vida, essa realidade encarregou-se de dar a ela e ao Naruto um mundo perfeito onde todos os seus sonhos se realizaram, mas era uma ilusão vazia porque Hinata queria fazer tudo isso com suas próprias mãos, tornar esse desejo em realidade, não mudar a própria realidade.

– Eu não quero esquecer tudo o que passei, eu não quero ganhar tudo que sempre desejei, eu quero conquistar tudo isso com minhas próprias mãos – continuou ela – eu quero que o verdadeiro Naruto-kun se orgulhe de mim por ter me mantido firme no meu caminho.

– Eu sou o verdadeiro Naruto! – gritou ele nervoso.

Hinata balançou a cabeça negando, o Naruto que estava diante dela foi criado pela fraqueza em seu coração, e como tal não se comparava ao verdadeiro, este Naruto só existia para agrada-la e ama-la enquanto que o verdadeiro sempre estava olhando pra frente.

– O Naruto-kun que eu amo é aquele que luta com todas as suas forças para conseguir o que deseja – continuou ela – é aquele que cai e se levanta todas as vezes, que não se deixa abater por nada, aquele que torceu por mim enquanto eu lutava até quase morrer.

– Eu estou aqui Hinata! Do seu lado! – disse ele segurando-a pelos ombros – o que mais você pode querer!?

– Eu quero me levantar junto com o verdadeiro Naruto, quero estar ao lado dele quando ele mais precisar – respondeu ela chorando – eu quero que esses momentos maravilhosos que passei aqui se transformem em realidade com minhas próprias forças!

– Você pode ter o que quiser aqui, basta desejar! – insistia ele já perdendo a consistência.

– eu não preciso de uma ilusão para conseguir isso, eu vou conseguir por mim mesma – respondeu ela confiante – sempre em frente sem jamais desistir, esse é o meu jeito ninja!

Quando ela disse essas palavras o mundo inteiro ao seu redor se desfez como um cenário caindo em pedaços, tudo ficou vazio e o Naruto que a segurava desapareceu em fumaça também, por um instante vendo-se cercada de trevas ela sentiu um fio de arrependimento, queria voltar para aquele mundo perfeito, mas quando um brilho quente e dourado apareceu numa direção ela teve a certeza de ter feito a coisa certa, seguindo aquela luz ela deixava para trás aquele mundo escuro.

**********************************

– Hinata, Hinata, você está acordando Hinata? – perguntava uma voz ao seu lado.

Hinata abriu os olhos aos poucos sentindo o corpo pesado e fraco, na verdade ela estava parcialmente dentro de uma espécie de casulo que limitava seus movimentos, enquanto sua consciência retornava aos poucos ela recordava do que tinha acontecido, sua ultima memoria mais recente era de que a lua tinha se transformado num grande olho assustador e depois disso veio uma luz, agora ela sentia alguém lhe segurando.

– Que bom! Você conseguiu Hinata! – disse uma voz familiar.

– Naruto-kun? – ela perguntou ainda tonta.

Hinata percebeu que ele segurava o casulo onde ela estava, com o susto ela começou a se debater e ele terminou de liberta-la rasgando o casulo, após se recompor ela olhou ao redor e viu centenas de kage bunshins ajudando outras pessoas presas em seus casulos, era uma cena muito estranha.

– O que está acontecendo? – perguntou ela confusa – não me lembro de nada depois daquela luz.

– O Madara conseguiu completar o Tsuki no Me e pegou a todos no tsukiyomi infinito – explicou ele – mas depois que o derrotamos o Sasuke quebrou o jutsu, vocês estão livres agora.

Ela agora lembrava do mundo ilusório criado pelo genjutsu, dentro deste mundo o tempo correu de forma completamente diferente passando até meses, mas a julgar pela situação ao redor talvez poucas horas tenham se passado, ainda assim era assustador imaginar que ela passaria o resto da vida dentro de um casulo.

Hinata tentou ficar de pé mas uma tontura a afetou e ela caiu de joelhos, Naruto imediatamente a aparou ajudando-a a ficar de pé e deixando-a toda vermelha de vergonha enquanto ele tinha uma mão em volta da sua cintura e ela com um braço segurando-o pelo ombro, talvez fosse sua imaginação mas ela notou que o Naruto também estava meio corado.

– Vai com calma, a árvore estava sugando o chakra de vocês – avisou ele com um sorriso sem jeito – eu estou emprestando um pouco do meu para todo mundo.

– Então foi você que me acordou Naruto-kun? – perguntou ela – muito obrigado.

– Eu só dei uma ajudinha, o resto você fez sozinha – respondeu ele.

Ela entendeu que foi o chakra que Naruto lhe deu que permitiu a ela recobrar parte da consciência, sem isso ela jamais teria lembrando da realidade e ficaria pra sempre presa na ilusão daquele mundo, o Naruto foi como um raio de sol iluminando a saída daquele mundo.

Ela também notou que o Naruto estava diferente desde a ultima vez que o viu, a forma como o chakra se manifestava mudou e agora algumas esferas flutuavam ao redor dele, quando conseguiu ativar seu byakugan ela viu uma rede de chakra que jamais tinha visto na vida, era como se o Naruto não fosse mais o mesmo.

Depois que Hinata recuperou forças suficientes pra ficar de pé sozinha ela seguiu Naruto pelo campo de batalha, centenas de pessoas já estavam acordadas e outras estavam sendo libertadas dos casulosmas outras ainda estavam dormindo mesmo que fora dos seus casulos, era estranho pois todos estavam sendo ajudados pelos clones do Naruto.

– O Sasuke disse que mesmo quebrando o jutsu se a pessoa não quiser acordar não vai acordar – explicou Naruto – alguns não querem acordar pra realidade, preferiram o mundo da ilusão.

– Eu não posso culpa-los por isso, o mundo que o tsukiyomi me mostrou era o que eu sempre desejei – disse Hinata ao seu lado – eu acho que só acordei por que minha vontade de transformar o sonho em realidade era mais forte.

– Você é forte Hinata, quando eu liguei o meu chakra ao seu eu senti sua vontade em escapar daquele mundo – disse Naruto olhando diretamente pra ela – eu tive uma boa noção dos seus sentimentos, eu compreendi o seu desejo.

– Naruto-kun... – ela ficou corada imaginando o que mais o Naruto sabia sobre os sentimentos dela.

Naruto segurou a mão de Hinata surpreendendo-a e agora ela sentiu o calor que ele emanava através do toque, era um calor acolhedor e confortável como os raios de sol num dia frio, uma sensação completamente diferente daquela que sentia no mundo ilusório e isso lhe dava a certeza de que estava acordada dessa vez.

– Eu senti você me chamando Hinata, quando Madara completou seu jutsu eu senti você me chamando e quis correr direto para salva-la – disse ele com um certo tom de preocupação – eu senti o medo que você estava sentindo e a sua preocupação para comigo e não consegui protege-la.

– Você salvou a todos nós, você cumpriu sua promessa de que protegeria seus amigos – respondeu ela apertando levemente a mão dele – eu é que me sinto envergonhada por não conseguir ajuda-lo.

– Você já me ajudou muito Hinata, você sempre esteve por perto quando eu mais precisava – respondeu ele com um sorriso – antes das finais do exame chuunin, quando eu fui capturado pelo Pain e quando eu estava prestes a desistir quando o Neji morreu.

Aos poucos os sentimentos de Hinata por Naruto chegaram até ele e agora ele a compreendia muito bem, e eram tão fortes que uma vez correspondidos por ele criaram uma conexão muito especial, Naruto compreendia o que ela pensava só de olhar em seus olhos.

E foi graças a essa conexão especial entre eles que Naruto pôde ouvir a voz de Hinata mesmo estando a quilômetros de distância, e agora que estavam tão próximos ele conseguia ouvir claramente o coração dela acelerando, através do contato físico eles compartilhavam as emoções e agora os dois podiam sentir o que o outro sentia, nenhuma palavra foi necessária para que lentamente os dois aproximassem os lábios e assim o primeiro beijo real entre os dois acontecessem, foi um beijo simples mas que significava muito para eles.

– desculpe ter demorado tanto para lhe corresponder – disse ele após separarem os lábios.

– isso é mais do que eu sonhei a minha vida inteira – respondeu ela com lagrimas nos olhos.

– Hinata eu... – Naruto parou de falar subitamente e olhou em volta.

O que nenhum dos dois esperava é que dezenas de ninjas estivessem assistindo de camarote ao beijo deles, todos estavam em silêncio e quando Naruto olhou pra ele com os olhos quase saltando da cara todo mundo começou a gritar e assobiar, Kiba dava risadas da forma como Hinata ficou completamente branca, Sakura batia palmas e tanto Gai como Lee faziam o sinal de ok aprovando o amor da juventude, Hinata ao ver o seu pai lhe encarando não conseguiu se segurar e acabou desmaiando e Naruto a segurou nos braços.

– Hinata!?Hey Hinata!! – Naruto estava apavorado – e vocês o que diabos estão fazendo nos espiando!!??

– Não ligue pra gente, continue o que estava fazendo – disse Gaara num tom fingindo seriedade.

– Quando for o casamento me convidem – pediu Mei com lagrimas nos olhos.

Muita gente dava risada e precisou que a Hokage dispensasse o pessoal para finalmente dar um pouco de liberdade para Naruto, quando o pessoal se foi Naruto colocou Hinata no chão devagar e Tsunade foi examina-la, não precisou fazer nada já que ela acordava aos poucos.

– Está tudo bem, foi só a emoção – disse Tsunade com a mão na testa dela – da próxima vez vai mais devagar.

Ela dizia isso com um sorriso malicioso e os dois ficaram vermelhos, mas depois da vergonha veio o olhar de cumplicidade entre eles, Tsunade achou a coisa mais linda do mundo ver um amor tão puro nascendo bem ali na sua frente.

– Bem, é uma pena dizer isso mas seus planos vão ter que esperar – disse ela pigarreando pra chamar atenção – o Naruto vai estar bem ocupado acordando todas as pessoas do mundo.

– TODAS AS PESSOAS!? – perguntou ele assustado.

– Claro! Achou que seria só aqui? O Tsuki no Me teve efeito global – explicou ela – ainda estamos planejando isso mas você terá que ir em todos os países, ilhas e outros lugares pra acordar todo mundo.

– Quanto tempo será que isso vai levar? – Naruto perguntava com desgosto na voz.

– Considerando a sua velocidade e os milhares de clones que você pode fazer... – Tsunade começou a calcular – eu diria que talvez um ano, dois no máximo.

– UM ANO OU DOIS?? – dessa vez os dois perguntaram ao mesmo tempo.

– hahahahaha não se preocupe, já que você salvou o mundo inteiro vamos deixa-lo descansar por hoje – respondeu Tsunade batendo no ombro dele – mas amanhã pode fazer as malas que você tem muito chão pra percorrer!!

Tsunade piscou para Hinata e saiu para atender os feridos que ainda não tinham se recuperado, Naruto concentrou-se para sentir ao seu redor e percebeu que finalmente estavam sozinhos.

– Desculpe, acho que vou fazê-la esperar mais um pouco – disse ele sem graça.

– Tudo bem, eu esperarei o tempo que for necessário – respondeu ela satisfeita.

O Naruto-kun me tocou o rosto gentilmente e novamente me deu aquele beijo, dessa vez nos abraçamos e ficamos juntos o máximo de tempo possível até que precisaram dele novamente, o Naruto-kun saiu para acordar as pessoas das cidades próximas enquanto cada um dos 5 kages reuniam os ninjas de suas vilas que já acordaram e apesar de estamos exaustos pela falta de chakra tínhamos muito o que fazer.

A primeira coisa que fiz foi procurar o corpo do meu primo, considerando o tamanho da destruição foi um milagre ele ter ficado inteiro mas agradeci por isso pois assim poderíamos lhe dar um enterro digno no nosso clã, depois disso o papai reuniu todos os Hyuuga sobreviventes, ao me ver ele me encarou um pouco mas depois mudou seu olhar.

– Depois conversaremos sobre aquilo – foi tudo o que ele disse.

– Sim papai – respondeu Hinata um pouco corada por seu pai ter visto aquele beijo.

Quando o sol nasceu todos seguiram seu caminho de volta para casa, carregávamos mortos e feridos para que pudessem descansar em Konoha e durante todo o trajeto o Naruto-kun ia longe acompanhado pela Hokage e seus companheiros de time discutindo o futuro do Sasuke e tudo o que precisaria ser feito dali em diante.

O enterro do Neji nii-san foi a noite e o Naruto-kun pediu formalmente ao meu pai para assistir ao enterro e foi prontamente atendido, mas além disso ele quis explicar o que tinha acontecido lá no campo de batalha e pareceu que ele preferia enfrentar o Madara novamente a ter que enfrentar meu pai.

No dia seguinte como foi decidido o Naruto-kun estava no portão da vila com mochila nas costas e pronto para partir, todos em Konoha que já tinham sido acordados por ele vieram para vê-lo e por isso não tivemos uma despedida mais pessoal, ainda assim eu respondi acenando quando ele me deu um olhar de despedida.

– cuidem bem dele – pediu Tsunade.

– não se preocupe Hokage-sama, vamos cuidar pra que ele faça seu trabalho direitinho – avisou Kakashi.

– e dessa vez vamos voltar todos juntos – disse Sakura olhando pra Sasuke que fingia indiferença.

– até breve vovó Tsunade, cuide da vila até eu voltar! – gritou Naruto.

O Naruto-kun saiu para cumprir sua missão e todas as pessoas gritavam e acenavam para ele, eu também gritei seu nome mas ele já estava longe demais para me ouvir no meio daquela multidão, ainda assim ele ergueu o punho fechado e por algum motivo eu soube que aquele gesto era pra mim, chorei emocionada e jurei que aguardaria o tempo que fosse preciso até ele voltar, e até lá eu continuaria em frente realizando todos os meus sonhos.

Fim... Ou Um Novo Começo?


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Notas finais do capítulo

na capa temos o vestido que ela usou no encontro com Naruto.
Enfim chegamos a conclusão desta shot-fic, uma ideia que originalmente era pra ficar numa one-shot se desenvolveu mais do que o esperado, mas foi graças aos comentários de todos vocês que ela pôde ir tão longe!!
Talvez o final não tenha ficado bom o bastante, talvez tenha faltado alguma coisa mas isso é algo que podemos corrigir futuramente, afinal quando conclui a história senti uma enorme inspiração.
Por isso se alguém tiver vontade de formar parceria comigo por favor me contate no facebook [zariesksama@hotmail.com] e quem sabe juntos podemos dar uma continuidade a essa história, eu realmente gostaria de trabalhar com alguém numa continuação ^_^

P.S: no face eu uso meu nome real (lenielson)

Muito obrigado e até a próxima história!!