Escolha Feita escrita por kah_aluada


Capítulo 5
Capítulo 5- O amor imperfeito


Notas iniciais do capítulo

N/A: Cap final. Espero que gostem. Sinceramente? Meloso até o último fio de cabelo, mas não menos fofo. Espero que gostem.
Sem betagem, mas feito com carinho.



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Nós brigamos, sorrimos, nos decepcionamos. Nós nos machucamos, nos levantamos e tentamos novamente. Porque somos seres humanos e é isso que fazemos. Somos grandiosos em tentar viver

–Hey.- Senti a mão de Remus deslizando por minhas costas nuas. Sorri contra o travesseiro e resmunguei

–Me dê mais cinco minutos.- Senti os lábios dele beijarem a pele do meu ombro. Suspirei e joguei o travesseiro no rosto. Os arrepios que os beijos dele me causavam eram deliciosos

–Doe.- Ele murmurou- É manhã de natal. Não quer que aconteça como ano passado, certo?

–Hum.-Resmunguei de novo- Você tem razão.- Estava fazendo manha, ele sabia. Joguei o travesseiro longe e me levantei. Ele ficou com a boca levemente aberta me olhando. Sorri para ele e comecei a vestir o pijama- Não quero dar explicações novamente e Marceli está grande o suficiente para engolir uma história mal contada.- Joguei a cueca para ele que vestiu rapidamente. Só tive tempo de colocar a camisa do pijama e a porta se abriu

–Feliz natal!- Marceli e Harry gritaram entrando no quarto e pulando com tanta animação que eu não pude evitar sorrir.

–Hum. O que será que teremos de presente hoje?

–Papai noel me deixou um dragão. Tenho certeza!- Marceli se jogou em cima de Remus agarrando seu pescoço. Ele sorriu e passou a mão pelo rosto dela. Eram muito parecidos, Remus e Marceli. A não ser pelos cabelos dela que eram tão claros quanto os meus.

–Mamãe Doe.- Harry se aproximou de mim e me abraçou- Feliz natal.- Peguei o pequeno no colo e o olhei nos olhos

–Oh Harry.- Sorri emocionada- Se parece tanto com eles.- Sussurrei

–Não chore.- Ele pediu delicadamente e passou as mãos pequenas no meu rosto- Minha mamãe vai ficar triste se você chorar. – O menino era sempre carinhoso

–Harry tem razão.- Remus se levantou com Marceli no colo. Vestia um roupão azul e felpudo- Vamos descer e abrir os presentes.

–E fazer biscoitos.- Minha filha gritou entusiasmada. Quando chegamos na sala os dois correram para a árvore. Sentei no sofá vendo Remus ajuda-los com os pacotes. Dumbledore tinha mandado um a Harry. Hagrid tinha enviado um jogo para ele e Marceli. O pequeno arrumou os óculos que escorregavam pelo nariz, um gesto muito idêntico ao de James. A porta da frente fez barulho e os olhos de Harry brilharam em alegria pura

–É meu Almofadinhas, é meu Almofadinhas!- Ele correu para a porta e saiu da minha vista. Marceli saiu pulando atrás dele e ambos voltaram gritando de empolgação. Sirius vinha correndo atrás dos dois com uma sacola grande

–Feliz natal seu duendes desobedientes.- Fingiu uma voz grossa e correu atrás de Harry abraçando-o e fazendo cócegas - Feliz natal Pontinhas!- Harry gargalhou. Sirius o soltou e veio até mim

–Feliz natal Doe.

–Feliz natal Almofadinhas.- Então meu velho amigo foi até Remus e eles se abraçaram com cumplicidade de quem perdeu alguém.

A vida não foi realmente muito fácil ao descobrir que estava grávida de Marceli. A guerra logo se alastrou de uma maneira tenebrosa e difícil. Perdemos pessoas importantes em prol de uma causa justa. Minha mãe, Marlene, Alice e Frank, pessoas muito importantes, mas o que mais doeu, o golpe mais difícil, foi perder James e Lily. Aquilo mexeu com nossas estruturas e foi um longo caminho até Remus e eu percebermos que Sirius não tinha absolutamente culpa nenhuma naquilo. Até conseguirmos convencer os outros de que ele era inocente. A dor assolou nossos corações por anos seguidos, mas Harry e Marceli tinham luz e aquilo nos trazia de volta a vida. Perdi mamãe na guerra. Ela era minha base e meu mundo, mas ainda tinha meu pai e Remus. Papai foi de grande importância, nos ajudando financeiramente antes das coisas se estabilizarem. Gastamos com advogados, processos. Gastamos nossas almas, mas conseguimos a liberdade de um inocente. Sirius voltou para nós e Peter, embora ainda foragido, será encontrado. Eu tenho esperanças e eu não tenho mais medo. Não como eu tinha antigamente. A vida está dando certo.

Harry é um menino de cinco anos e Marceli uma garota de seis. Eles fazem um par incomum de irmãos, ela tão loira e ele de cabelos tão pretos. Mas são os melhores amigos um do outro. São realmente muito próximos. Sirius é o padrinho de Harry e tem por direito ficar com ele, mas quando tudo aconteceu, quando a magia que salvou o pequeno Potter fez seus efeitos ele só poderia ficar comigo, no último lugar em que Lily pode chamar de lar e onde Harry estaria seguro de ameaças até completar 17 anos. Como numa benção dos céus esse lugar foi o apartamento que morei com mamãe. E mesmo o ministério fazendo de tudo para interferir, principalmente por Remus e eu sermos as párias da sociedade, nada pode nos tirar o direito de ficar com o menino. O feitiço de proteção dizia por si só onde ele deveria crescer.

Embora assustador, incerto e muito desafiante, criar duas crianças era mágico, não o tipo de magia que estávamos acostumados, mas algo que só se constrói com amor. Quando Sirius voltou para nós não pensamos duas vezes. Ele moraria conosco. E ele aceitou, com toda felicidade do mundo. Ele e Harry eram tão próximos quanto James foi dele e aquilo embalava nossos corações de esperança. James e Lily faziam muita falta. Harry sabe que Lily e James são seus pais e às vezes fica chateado por não tê-los juntos. Me chama de mamãe Dorcas, porque a mamãe dele é Lily, mas me adora e eu fico extremamente feliz por deixa-lo tão bem. Por cuidar do menino da minha melhor amiga. De uns tempos para cá ele tem chamado Sirius e Remus de pai. É sempre sem querer, numa conversa empolgada ou para chamar a atenção deles. Mas os dois ficam extremamente felizes. Sirius só falta flutuar quando houve o menino chama-lo assim e ao mesmo tempo fica chateado por James não estar ali. Harry é extremamente amado, por todos nós.

Olhei novamente para a sala. Sirius e Remus encenavam uma história fantástica para os dois pequenos que gritavam empolgados. Fizemos reformas mágicas aqui e ali e o pequeno apartamento de antes tinham se tornado uma casa muito maior por dentro. Ainda erámos considerados as párias da sociedade. O mestiço licantropo, a filha bastarda que engravidou ainda solteira, o traidor do próprio sangue e antigo prisioneiro de Azkaban com jaquetas de couro trouxa e tatuagens, ah e mulherengo é claro, aquele ainda era Sirius apesar de tudo. Também éramos vistos como os bruxos que escolheram viver no mundo trouxa e o casal idiota e sem juízo que acreditou no braço direito de Voldemort colocando um garoto em risco. Não erámos um exemplo na sociedade onde nascemos, mas isso jamais nos incomodaria porque finalmente erámos uma família, cheia de segurança alegria e amor. E não há nada no mundo que me faça sentir inferior. Aquilo sim é amor, e além deles, naquela sala. Nada mais importa.

–Hey.- Remus sentou ao meu lado. Meu pensamento foi tão longe que só tinha notado que ele saiu da sala quando voltou- Tem um presente de natal para você.- Me estendeu um envelope branco. Engoli em seco ao ver o endereço

–É de Oxford.- Sussurrei- É da universidade. Como... Como você?

–Fui eu.- Sirius sorriu largamente- Mandamos suas notas do professor trouxa que estudava. E colocamos quase todas as matérias de Hogwarts como atividades extras.- Piscou para mim, de um jeito maroto. Minhas mãos tremiam

–Vamos. Abra.

–E se eu... E se eu não e se...-Suspirei sentido minha alma afundar num rio de incertezas. Harry e Marceli estavam curiosos- Eu já sou velha para a universidade.- Remus me olhou cético e eu bufei- Ok. Lá vamos nós.- Abri o envelope. Mal acreditando que eles me mandaram uma carta de volta. Ao ver o resultado meus olhos encheram de lágrimas

–Então?- Remus e Sirius perguntaram juntos

–Eu fui aceita.- Murmurei num fio de voz- Para história!- Remus me abraçou e Sirius começou a bater palmas incentivando as crianças a fazer o mesmo. Meu coração estava cheio de ansiedade. A vida tinha começado a andar, mas não quando resolvi morar com Remus, ou quando a guerra terminou. Muito menos porque eu fui aceita na universidade trouxa como minha mãe sempre sonhou. A vida começou a andar muito antes, no corredor daquele apartamento ao ouvir meu pai vomitando verdades em cima da minha mãe. A vida andou quando finalmente acreditei em mim. E agora eu sei, quando eu não puder andar, eu irei voando.

Fim


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Notas finais do capítulo

N/A: E aí, mereço comentários? Foi bom pra vocês? Hehehe. Pra mim foi ótimo.



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