Escolha Feita escrita por kah_aluada


Capítulo 4
Capítulo 4- Libertando-se


Notas iniciais do capítulo

N/A: Espero que curtam o cap. É fofura pura. E como sempre, desculpe a demora. Parece que as escritoras de fics sempre se enrolam né? Não, não parece, a gente se enrola mesmo. Espero que continuem nos amando.

Sem betagem, mas feito com carinho. Erros acontecem. Mals aê se houver algum.



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Escolha feita inconsciente. De coração não mais roubado. Homem feliz, mulher carente. A linda rosa perdeu pro cravo

Suspirei ao apertar o botão do elevador. Minha vizinha, Astride, me olhou curiosa ao ver aquela mala enorme e uma coruja na gaiola

–Esses animais não são proibidos de ter?

–É um projeto da escola.- Murmurei com um sorriso cansado

–Não era suposto estar na escola?- Corei. Se fosse Marlene teria cortado a conversa com uma grosseria, mas eu era Dorcas, a menina que corava e se encolhia

–Não era suposto cuidar da sua vida?- Lily respondeu por mim e segurou minha mão. Olhei-a agradecida e entramos na caixa de metal- Eu não gosto desses trecos.

–Nem eu.- Sussurrei- Sem ma... Tecnologia de ponta.- Lily assentiu e Astride nos olhou feio. Ela era uma velha chata no fim das contas. O elevador subiu lentamente, à medida que a luz vermelha iluminava os números do painel meu coração apertava mais. Finalmente a luz indicando o 12º andar ascendeu e Lily me ajudou a sair com as malas. Astride foi para o seu apartamento. Eu olhei para a porta do meu. Eram oito da noite, minha mãe com certeza já estaria em casa esse horário. Peguei a chave no bolso e abri a porta

–Mãe.- Chamei com a voz tremula. Sentia um cheiro bom de comidinha caseira e logo ela apareceu, completamente confusa e surpresa

–Doe? Lily? O que fazem aqui tão cedo? As esperava para o natal. A escola liberou mais cedo?- Lily me lançou um olhar

–Como vai April? Tudo bem?

–Oh sim. Lily. Acabei de chegar do trabalho. Quem bom, terei companhia para o jantar. Estou fazendo aquele risoto... Espere... O que foi Doe? Está quase chorando. A escola foi atacada?

–Dorcas.- Minha amiga me encarou dando apoio

–É melhor você sentar tia.- Lily murmurou. Eu quase sorri. Elas se tratavam assim. Engoli em seco.

–É ele? Você-sabe-quem?- Neguei com a cabeça e ela suspirou aliviada ao sentar no sofá- Porque estão aqui tão cedo então?

–Mãe.- Ela me olhou ansiosa- Mãe eu vou sair de Hogwarts.

–O que? Como assim? Faltam seis meses para se formar, está maluca? Como... Você enlouqueceu? Se veio da Escócia até aqui apenas para me dizer que vai sair da escola mocinha eu...

–Mãe! Me escuta por favor.- Engoli em seco e deixei algumas lágrimas escaparem- Eu estou grávida.- Ela paralisou, ficou mais de um minuto parada, com a boca aberta, sem dar sinal de que estava viva. Olhei para Lily e depois para ela. Engoli em seco- Mãe?

–Eu vou matar aquele Remus Lupin!- Lily pareceu surpresa por ela adivinhar tão rápido- Eu vou...- O rosto da minha mãe, tão parecido com o meu, estava vermelho de raiva- Como ele ousa brincar assim com meu bebê? Como ele... Oh Doe.- Olhou-me com pena e tristeza- Por que fez algo assim?- Eu não aguentei quando ela me abraçou e comecei a chorar. De um jeito que ainda não tinha chorado em toda minha vida- Ah querida. Eu te avisei sobre isso.

–Aparentemente todo mundo me avisou.- Falei entre o choro- Mas eu o amo mãe.

–Eu sei querida. Sei exatamente como é.

–Você está me odiando não é?

–Claro que não. Somos uma família aqui. Nós três, lembra? Ficaremos juntas. – Lily morava comigo desde que os pais morreram. Não dava pra ela ficar com a irmã horrível e nós erámos melhores amigas. Sempre. – Oh céus. Minha querida. Não se preocupe, eu prometo que te ajudarei para fazer faculdade, ok? Não vai passar pelo o que passei. Não vai.- Assenti e ela limpou minhas lágrimas- Meu neto ou neta será amado.- Solucei e voltei a chorar. Lily sentou conosco e fez um carinho em meu cabelo- Como ele reagiu? Ele sempre foi seu amigo não é? Eu acho que as coisas foram melhores.

–Ela não...

–Eu não quero saber dele. Ele... Ele quer ficar com Alice, ele...Eu não...

–Dorcas!- Lily me repreendeu- Como ousa falar... Como? April, ela não contou! Não contou a ele e faz um mês e meio que não se falam e agora veio pra casa, para fugir dele.

–LILY!- Gritei inconformada- Remus não tem onde cair morto, tem licantropia e não tem futuro certo no mundo bruxo. Além do mais ele gosta da Alice!

–Para de ser burra! Ele não gosta mais dela, faz quase seis meses que ele não ficava mais com ela e... Céus! Ele precisa saber!

–Lily tem razão Doe. Ele precisa saber.

–Eu disse.

–Mas essa decisão cabe apenas a você.- Beijou minha testa e levantou- De querer que ele saiba ou não. Agora a escola, isso você vai voltar. Não vou permitir que jogue uma possibilidade pela janela. Quero que tenha oportunidades no mundo trouxa e no bruxo.- Eu sabia que era verdade, eu tinha aulas particulares todo o verão, desde que as coisas melhoraram. Para aprender matérias do colégio trouxa e ir para uma faculdade

–Se eu voltar, uma hora ele vai ficar sabendo. E eu não quero que ele saiba.

–Bom. Você vai se formar daqui seis meses, não vou deixar que jogue fora 7 anos de estudos. Eu vou cuidar da comida.

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Eu passei o natal com mamãe e Lily. Foi agradável levando em conta as circunstancias. Recebi presentes dos Marotos. Junto com os presentinhos veio uma carta de Remus que me deixou insone pelo resto da semana. Ele queria conversar comigo e se eu o ignorasse novamente ele viria na minha casa. Meu prazo era 28 de dezembro. Aquilo me enfureceu. Ele queria se explicar, eu tinha certeza. Não conseguiria olhá-lo sem dizer a verdade e então ouviria o que minha mãe ouviu. Que ele não queria saber do filho e que ficaria com Alice. Chorei novamente e dormi com esses pensamentos. Acordei cedo, ouvindo vozes alteradas vindo da sala. Lily levou o dedo indicador ao lábio pedindo silêncio. Nós duas nos levantamos com varinhas em punho e nos esgueiramos pelo pequeno corredor

–Eu não quis!- Minha mãe gritou com alguém- Agora fará o favor se for embora.- Franzi o cenho confusa. Consegui ter visão da sala e vi um homem de cabelos loiros e olhos do mesmo formato que os meus. Meu coração acelerou. Ele usava um uniforme dos Aurores como minha mãe tinha dito, mas não sorria. Parecia bem nervoso.

–April! Eu tinha o direito de saber! Eu tinha! Você não podia ter me escondido isso.- Olhei para Lily e depois para os dois

–Eu devia! Você se casou com ela.

–Sim! Mas eu jamais te esqueci e eu jamais pensei que... Se eu soubesse.

–Vai embora!

–Eu não vou enquanto não ver minha filha! Você já a escondeu todos esses anos de mim. Eu tinha o direito de saber!- Gritou com desespero. Então o homem começou a chorar e meu peito apertou, olhei novamente para Lily. Ela tinha os olhos arregalados. Engoli em seco, mas a lágrima escorreu, mesmo com meu esforço para não chorar- Você me roubou!- Acusou- Você me roubou o nascimento, as primeiras palavras, me roubou a paternidade. Me roubou o amor que eu tinha o direito de ter por ela e dela ter por mim. – Eu o vi chorar e vi minha mãe chorar também- Então não me roube mais esse tempo com ela.- Aquela cena fez meu coração quebrar em mil pedaços e mais fez minha cabeça finalmente pensar com clareza.- Eu queria ser um pai. E apenas eu teria o direito de escolher se queria isso ou não. Não você!

–Eu tinha 17 anos Chase! Eu era uma menina! Uma menina de coração partido. Carente e desesperadamente perdida! O que eu deveria ter feito? Te procurado na véspera do seu casamento e dizer que esperava um filho seu?

–SIM! Era isso o que você deveria ter feito porque esse era o direito da menina! De ter um pai!

–Você se casaria mesmo assim.

–Não! Eu não me casaria, porque eu me casei com Alecta porque ELA me disse que você estava com Alphard! Ela me disse que você iria viajar com ele e que você se casaria com ele como sua família pediu! Ela me disse tudo isso e eu acreditei! Porque você nunca mais falou comigo depois daquela noite. E em nenhum minuto nessa maldita vida eu jamais parei de pensar em você e no que teria acontecido se eu tivesse tirado essa história a limpo. E agora eu descubro que tenho uma filha de 17 anos! April! Por que você me negou isso?- Eu não aguentei mais e resolvi sair do meu esconderijo. Eles pararam de falar e eu encarei minha mãe. Estava em choque. Todos esses anos minha mãe enfiou na cabeça dela e na minha que fomos rejeitadas, tudo por um mal entendido? Encarei o homem a minha frente, ele abriu a boca, me olhou com dor. Era uma dor intensa, de 17 anos roubados da vida dele. Eu estava fazendo uma grande besteira escondendo aquilo de Remus. Saber que meu pai não me rejeitou foi... Libertador.

–P-pai?- Ele sorriu, com lágrimas nos olhos e correu até mim. Passou a mão por meu rosto e finalmente me abraçou. Eu o abracei de volta. Fechei os olhos e sorri.

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Eu nunca tinha notado como algumas situações de nossa infância influenciam nossa personalidade adulta, ou quase adulta no meu caso. Naquela quinta-feira de manhã eu tinha abraçado meu pai pela primeira vez e ao fazer isso foi como se a maldição do medo tivesse sido quebrada. Eu estou indo encontrar Remus com uma única coisa em mente, contar a verdade, contar exatamente como me senti durante todos esses anos. Porque eu não preciso mais ter medo da rejeição. E nunca deveria ter tido porque as pessoas que não querem estar ao meu lado por eu ser exatamente quem sou, elas não merecem o esforço. Suspiro nervosa e desço as escadas para a estação de trem. Peguei o metrô com a cabeça rodando a mil por hora. Embora seja algo difícil o que eu tenho a dizer e mesmo que Remus, empregos bruxos ou a faculdade trouxa me rejeitem eu não me rejeitarei. Eu tenho fé naquilo que quero ser. E em tudo que posso conquistar. Minha vida está só começando.

Mesmo com todas essas certezas o meu coração não ficou calmo ao desembarcar, menos ainda quando andei até o Hyde Park para encontra-lo. Eu gostava daquele lugar, era cheio de grama e árvores. Mesmo com todo o frio que fazia naquela segunda-feira pra mim era confortável. Amassei o papel dentro do bolso do meu casaco. Era o exame que Madame Pomfrey tinha feito em mim. Mordi o lábio inferior quando o vento frio bateu no meu rosto. Ele estava sentado no banquinho. Empurrando as pedrinhas do chão com o pé. Como se tivesse sentido que cheguei ele levantou a cabeça. Eu sei que ele sentiu meu cheiro, ele tinha aquelas coisas por causa da licantropia que o tornavam só mais interessante aos meus olhos. Meu estomago parecia cheio de coisas estranhas que faziam ventos congelantes. Sorri ansiosa ao me aproximar e ele levantou. Estava com um casaco preto de algodão e o cachecol da escola

–Oi.- Ele murmurou com um sorriso inseguro. Eu sorri de volta

–Oi.- Sussurrei me aproximando. Ele abriu a boca para dizer algo, mas eu não deixei. O abracei, porque eu estou morrendo de saudades de sentir os braços dele me confortando- Estou com saudades.- Falei baixinho e ele suspirou

–Eu também raiozinho de sol.- Nós dois rimos

–Sirius e seu péssimo gosto para apelidos.- Me afastei do peito dele e o encarei. Ele sorriu carinhoso e passou a mão por meu rosto

–Eu preciso te dizer algo.

–Não. Eu preciso te falar. É algo urgente.

–Não! Eu tentei falar da última vez e você não deixou e aí eu fui covarde suficiente para te deixar ir. Só me escuta. Sabe que assim como você eu não sei lidar muito com esse tipo de coisa.

–Desculpe.- Sussurrei olhando em expectativa

–Dorcas, eu... Não dormi com você porque queria esquecer a Alice. Eu dormi com você porque eu esqueci a Alice. E foi por sua causa. Sabe, eu olhei para o lado e...-Ele engoliu em seco, completamente sem jeito- Meu coração viu você. – Eu senti meus olhos marejarem.- Me desculpe por não ir atrás de você depois... Depois do Halloween.- Suspirou obviamente com dificuldade de falar.

–Como a gente conseguiu sair da zona de conforto?- Perguntei rindo. Afinal, dois tímidos como nós

–Pra você ver a vontade.- Murmurou com um sorriso travesso. Eu torci o lábio tentando não rir e finalmente tomei coragem. – Dorcas eu queria saber se...

–Antes de me fazer qualquer proposta ou qualquer pedido indecente.- Sorri e corei muito ao dizer isso. Ele também corou e senti vontade de abraçá-lo. – Preciso te contar duas coisas.- Ele assentiu. Andei até o banco e sentei. Ele sentou ao meu lado- Primeiro, o meu pai me achou.

–Como assim seu pai te achou?- Tomei folego e contei a história dos meus pais toda de uma vez. Ele ficou surpreso e me abraçou feliz

–Isso é muito bom. Nossa isso é muito, muito bom Doe. Estou muito feliz.

–Sim. Eu também. Ele parece ser uma ótima pessoa e ficou viúvo sem um filho. Imagina a dor dele quando soube sobre mim?

–E a felicidade.

–Sim, mas eu falo da dor porque...-Suspirei- Foi a dor dele que abriu meus olhos para a besteira que eu iria fazer.

–Tem algo com o fato de você e Lily saírem de recesso uma semana mais cedo?

–Sim. Remus eu quase fiz com você a mesma coisa que minha mãe fez com meu pai.- O sorriso dele morreu no mesmo segundo e seus olhos arregalaram. Remus é uma pessoa inteligente. Ele ficou pálido e levou a mão à boca, depois meneou a cabeça negativamente e seu olhar ficou completamente perdido, exatamente igual ao quinto ano, quando soube que eu gostava dele.

–Isso... E-eu você... Nós... O-o que... Eu... Isso é o que estou pensando?- Peguei o exame de dentro do bolso e entreguei na mão dele. Ele leu atentamente. A mão ainda segurava a boca e a expressão de choque começava a me preocupar

–Então foi por isso que recebi uma proposta de emprego da sua mãe?

–O que?

–Sua mãe. Ela perguntou se eu queria ser auxiliar dela na empresa já que até nossa formatura ela subiu de cargo.

–O que? Como... Ela... Ela é incrível. Maluca, mas incrível.- Sorri

–Eu não posso... Eu não sei o que fazer. Não sei os tramites de uma empresa e agora eu vou precisar... Eu. Céus, você está mesmo grávida?- E me olhou. Eu assenti. Ele segurou meu rosto com as mãos e me beijou. Eu suspirei e logo ele se afastou- Eu sinto muito, sinto muito por te deixar com essa responsabilidade durante todo esse tempo e sozinha. Você é só uma menina.

–E você é só um menino.- Murmurei- E isso não deveria... Não deveria ter acontecido assim de primeira. Mas... A poção estava vencida e... Eu sinto muito.

–Nós dois erramos Doe. Mas...Oh! E agora, como vamos nos sustentar?- Eu sorri preocupada- Sua mãe não sabe da minha doença ela... E o bebê, o que vai acontecer? Vai ter licantropia? Você não pode morar lá em casa, aquilo é horrível. Como vou dar de comer pra essa criança? Nós nem nos formamos, eu preciso de um emprego eu...

–Remus.- Sussurrei olhando-o nos olhos- Fique calmo.- Os olhos dele estavam marejados

–Doe, eu te amo, muito, mas eu tenho que dizer, já foi novo o suficiente tudo isso que sinto e agora, mais essa... Eu estou apavorado.

–Eu sei Remus. Eu também estou. E preciso dizer. Estava bem mais apavorada antes de... Antes de conhecer meu pai. Eu estava com medo de você nos rejeitar.- E levei a mão dele ao meu ventre. Remus suspirou- Porque eu ainda tinha medo de não me olhar do mesmo jeito que olhava pra ela. Mas agora eu sei...- Olhou-o com um sorriso- Ainda bem que não me olha do mesmo jeito que olhava pra ela.- Ele sorriu, ainda meio aturdido com a noticia. Eu sorri de volta e o beijei. Diferente daquele beijo cheio de volúpia compartilhado em frente à fogueira esse foi com ternura e carinho. Ainda cheio de incertezas, afinal tínhamos feito uma burrada e tanto, mas não menos feliz.

–Então, acha que tenho futuro em meio aos trouxas?

–Você tem futuro onde acreditar e quiser ter.

–Então farei o meu melhor por nós.- Sussurrou antes de me beijar novamente.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então, o que acharam? Está fofo? Está meloso? Está uma bosta? HAHAHA. Se gostou comenta. Me faça feliz.



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