Chicago, USA ; Dezembro de 2016.

Um menino pálido balançava seu cajado em meio a várias nuvens pesada que pairavam Chicago. Ele esperava criar a uma espetacular tarde de neve para as crianças. As memórias do dia em que foi chamado para ser guardião ainda estavam fervendo em sua mente, nunca se esqueceria do dia que sua existência tomou sentido, apesar de ainda não ser visto por muitas as crianças isso não lhe incomodava o que realmente queria era ver a alegria delas enquanto divertissem na neve, que ele criava.

A neve começou a cair, vagarosamente. Não custou muito para as crianças sairem de casa e ver a primeira nevasca de inverno cair. Jack Frost desceu suavemente, até seus pés tocarem o chão, para observar as crianças de perto. algumas estava com a lingua estendida tentando pegar , pelo menos um minusculo floco branco, uma delas só conseguiu pegar com a ajuda de jack que moveu até ela. A gargalhada os sorrisos eram o melhor pagamento que ele poderia ter, nada mais o incomodava, o fato de ser invisiel transformou em diverção.

一 Guerra de Neve! – A criança então jogou uma bola na garota de gorro verde.

Logo a uma explosão de bolas voadoras começou, Jack Frost obviamente não perderia essa festa, moldava inúmeras bolas e as arremessava nos pequenos. Desde o dia em que descobriu seu “cerne”, o dia que se compreendeu quem era tudo se tornou mais leves. O que ele buscava freneticamente não era ser reconhecido, era, no entanto, se conhece e assimilou isso logo após descobrir-se. Quanto a Escuridão e o medo que o assolava sumiram, assim como Pitch, ninguém sabia onde estava.

Jack esperava que o bicho-papão não retornasse, contudo estava pronto para enfrentá-lo e, pelas crianças, estava disposto a dar sua vida por elas.

一 Estão querendo deixar Jack Frost congelar o dedos de vocês? – Uma mulher negra de meia idade, moradora do subúrbio de Chicago saiu da porta de sua casa de tijolos vermelhos, era a mãe de duas e tias das outros três. – Ande, voltem para casa já esta noite.

一 Não se preocupe. – Jack respondeu mesmo sabendo que ninguém o ouviria. – Não vou congelar ninguém hoje. – Deu um sorriso de canto e acenou para as crianças que se distanciavam.

Um casal que caminhava na calçada, atravessou o corpo do espectro guardião. O menino nevado se surpreende, focava-se tanto em divertir as crianças que não reparou no movimento da rua.

一 Ah! Que frio. – A mulher disse agarrando-se ao braço do marido.

O homem só balançou a cabeça afirmando e seus dedos deslizaram pela cintura da mulher morena e com fortes traços latinos, assim como os dele. Ele sentia o perfume dos cabelos encaracolados da moça e ela tentava se aconchegar mais em seu calor. Jack não se importava muito com romances bucólicos, ou melhor este era seu ponto cego, sentimentos de paixão jamais o inquietou e não possuía o interesse em saber. Seu par de olhos azuis correu por toda rua verificando se tinha mais alguma criança brincando até tarde, mas só havia adultos e casais andando abraçados. Deu com os ombros, já não tinha mais o que fazer com o serviço de guardião das crianças. Decidiu se divertir com os adultos, voando acima ao asfalto congelou os pneus de alguns carros parados, e se divertiu ao imaginar a dificuldade do motorista ao ter que tirar seu carro do lugar sem seguida criou uma fina camada escorregadia, gargalhava ao ver os casais fazendo de tudo para manter o equilíbrio. Continuando sua semeação de caos, usou seu o cajado e congelou o trinco de uma porta deixando a mão de um homem grudada antes que a abrisse sua esposa entrar. Jack só não gargalhava mais do que a esposa do homem ao ver as tentativas frustradas do homem de se livrar de sua prisão. Era divertido ver todos aqueles adultos, por um instante, tendo que agir como criança.

A noite começava a mostrar sua face mais escura quando Jack voou a além das nuvens para observar a lua sem que nada nublasse sua visão. Não era tão tarde da noite quando Sandman começara seu trabalho naquela região. Flutuando sobre a cidade em sua areia dourada, no formato de nuvem, criava os sonhos e as encaminhava em todas as crianças dorminhocas. O garoto alvo de cabelos branco gelo, que voava pelas nuvens ao ver se amigo aproximou.

一 Olá Sandman. - O ser de estatura baixa de um dourado reluzente, sorriu e inclinou levemente a cabeça o saudando.

Jack sentou em sua nuvem de areia agarrado em seu cajado, velho companheiro de estada, nunca ficou sem segura-lo um segundo sequer, realmente era importante o seu tesouro de onde fluía sua magia de gelo. Sentado na nuvem observava o trabalho de seu amigo, gostava de vê-lo trabalhar, as areias de sonhos correndo de encontro com as crianças. Mesmo antes de conhecê-lo Jack já admirava seu trabalho. Nunca precisou subornar nenhuma delas com presentes ou ovos coloridos ou moedas, ele somente dava-lhe o melhor sonho que podiam ter o único dos guardiões que ainda trabalhava diretamente com elas. A presença dele não era intimidadora, pelo contrário ele era afável e compreensível, sabia quando alguém precisava desabafar ou quando só a presença silenciosa bastava, e, naquele momento, era o que Jack precisava somente a companhia de seu amigo.

O silencio aconchegante envolvia os dois. O menino alvo enfiou suas mãos dentro dos bolsos de seu casaco e admirou a lua, grande e brilhante, que espantava toda a escuridão, mas sua admiração foi podada quando luzes em tons de rosa e verde bailou sobre céu noturno. O rapaz pulou da nuvem e flutuou com seu cajado, não tinha a menor ideia do que aquilo significava e alguma coisa dentro dele dizia que não podia ser um bom sinal. Ele fitou seu amigo de areia dourada:

一 O que é isso Sand? - Apertou seu cajado apreensivo.

Ele o respondeu fazendo uma imagem sobre sua cabeça de um crânio e dois ossos cruzados, consolidando sua preocupação. Afastou-se de sua nuvem dourada e movimentando suas mãozinhas e criou um avião, olhando novamente Jack indicou que o seguisse.

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Polo norte, Oficina North.

Todos os guardiões reunidos novamente, depois de pouco mais de ano afastados. Quando finalmente derrotaram Pitch e tudo tomou seu devido lugar, os guardiões voltaram as suas tarefas rotineiras para conservar a fé e esperanças das crianças do mundo. E desde então não se reuniram, exceto Jack, que sempre os visitava, mas agora todos estavam juntos por um chamado de North.

Toothiana, a linda fada com penas verdes cintilantes que cobriam todo corpo e uma charmosa pena amarela no alto de sua cabeça, seu rosto conservava traços delicados de sua vida humana. Ordenava suas fadinhas mandando-as a seguirem determinados lugares no mundo que ainda tinham dentes para ser recolhidos. O coelhão, um coelho de 1,85 metros de altura ,7 cm só de orelha, com um jeitão marrento e de pelos cinza e leves rajados em um tom mais escuro, chegara antes de todos e estava recostado em uma pilastra perto do fogo, olhando seu bumerangue, Sandman e Jack entraram pela porta lateral enquanto o caos já instalado reinava na oficina. North logo indicou o verdadeiro motivo da bagunça:

一 Mas o que o pode estar acontecendo dessa vez *MIM¹? – Berrou na sala olhando, através de uma janela no teto que dava entrada à luz da lua cheia. – Estamos a 15 dias do natal?

Abarrotado de brinquedos a fazer, North tinha plena consciência que o natal se aproximava e sua lista de malcriados e bonzinhos ainda precisava ser atualizada. Os yetis, como louco, corriam de um lado para o outro, com balde de tintas, peças estranhas e brinquedos inacabados nas mãos. Os duendes perambulavam o ambiente com seu chapeis pontudos, balançando seus guizos de um lado para outro, corriam para todo canto segurando bolachas e pedaços de gelo na mão, acreditando que isso era fundamental para o funcionamento de tudo e sempre se dirigiam para o barbudo grandalhão, de roupas e verdes e vermelhas, isso o irritava ainda mais, chegou a chutá-los centenas de vezes.

一 Calma velhinho. – O coelhão zombava. – É só o natal, nada comparado à páscoa. – North soltou um riso falso.

一 Meu caro... – Disse com seu forte sotaque russo, já alterado. – A páscoa nem deve ser comparada com natal, ovos coloridos não são nada comparados com brinquedos.

一 E quem foi que disse mesmo “páscoa é mais importante que o natal!”? – O coelhão repetiu as palavras ditas a meses anteriores.

Isso foi o estopim para começar uma discutição entre os dois guardiões, Sand tentou sinalizar a todos que parassem, fez surgir um apito em sua boca e quando assoprou saiu somente notas musicais visuais, já que ele não emite som, tentou balançar seus curtos bracinhos chamando a atenção, o que foi em vão.

一 Deixa que eu faço isso. – Jack sorriu para o amigo.

Ergueu seu cajado e bateu com força no chão, o mesmo instante uma forte rajada de vento gelada fez com que todos parassem o que estava fazendo e olhassem para a sua direção. Sandman logo se apressou em fazer uma figura de homem depois de uma lua e finalizando com um ponto de interrogação.

一 Não sabemos ainda o homem na lua ainda não entrou em contato conosco. – Tooth respondeu, e ao finalmente olhar na direção do baixinho viu o encantador rapaz alvo. – Oh! Jack você chegou!

Voou em direção ao menino ficando a alguns centímetros de seu rosto, o rapaz deu um passo para trás de sobressalto. Ela mal conteve o sorriso ao ver o rapaz.

一 Senti saudade. – Disse alegre enquanto as suas fadinhas a seguiram aproximando de Jack.

一 E-eu também... – Forçou um sorriso e ao mostrando seus dentes brancos fez as fadinhas se desmancharem em suspiros.

一 Meninas, atenção! Ainda estamos de serviço. – Afastando-se dos tentadores dentes brancos.

一 Como você sabe que o homem da lua quer se ele nem mesmo entrou em contato conosco ainda? – Jack tentou voltar a sua linha de raciocínio.

一 Amigo Jack frrosst. – O senhor grandalhão com um forte sotaque russo, assinava um documento que um yeti de pelo claro trouxe a ele. – Convoquei vocês aqui, porque algo muito ruim está acontecendo, eu posso sentir... – Com suas enormes mãos, cheias de anéis, segurou sua barriga meio flácida. – Na pança!

一 Espera! – Jack piscou frenético, processando tamanha asneira que acaba de ouvir. – Você nos chamou aqui, por que está com prisão de ventre?

一 Não é isso, minha barriga nunca falha. – O velho tatuado arregalou seus olhos cerúleos, em um tom de voz cheio de convicção.

O rapaz evitou pensar, mas, talvez, North devesse aposentar de seu serviço, quantidade de trabalho já estava afetando seus miolos.

一 Ok! – Arqueou suas sobrancelhas. – Eu estou saindo assim que tiveram algo concreto podem me chamar. – cutucou Sandman, que a essa altura já dormia. – Valeu Sand, mas estou de saída.

Seguiu em direção a mesma porta que entrou, porém, um barulho de bater de asas chamou-lhe a atenção. Não era o frenético som das asas da fada dos dentes, mas um som grave e pesado. Brecou no ar e girou a cabeça para contemplar, o que pela janela no alto do telhado, apareceu, uma enorme mariposa azul cobalto, com asa de um metro de comprimento, peluda com suas antenas longas e grossas que giravam em todos os ângulos, procurando um lugar para pousar. Surpreendeu-se à vela passar tão facilmente a janela do teto. Pousando em frente a North, soltou da boca um pergaminho e decolou novamente para o céu, pareceu seguir em direção à lua.

Jack encarava estupefato, nunca vira, em toda sua vida, nada mais bizarro. Ele um novato nos guardiões, nenhum dos outros esboçou reações tão adversas como o pequeno, já que mariposas gigantes eram o meio de locomoção do Homem na Lua.

一 O que diz ai? – Interrompendo o espanto do rapaz, Bunny deu dois pulinhos para chegar mais perto, de North e ver o que estava escrito.

De olhos esbugalhados e segurando a respiração, o grandalhão leu a última linha da carta.

一 Temos que... – Sussurrou incrédulo. – Encontrar um matador de dragão...?!