Fractais escrita por Prih


Capítulo 28
Trevas do Limbo


Notas iniciais do capítulo

Ola aqui é a Prih!( Feliz ano Novo!!!... bem atrasado hehehe)
Bem esse cap. deu muito trabalho para Twinkle e eu.
Principalmente para a twinkle, que bolou toda a ideia do limbo de Lâmia. Nesse capítulo da para notar que há 3 histórias embutidas( Elsa, Limbo e Lâmia).

~*~~*~Para que a fic não morra, comentem o que acharam desse cap. ~*~~*~~*~~*

OBs. Bem esse é o ultimo cap do 3ª arco dessa fic. o próximo cap será o primeiro capítulo do arco final...
Muitas coisas vão acontecer e ser reveladas daqui para frente.
Por isso não esqueça, de comentar e favoritas...



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— Feliz natal. —  Uma figura saltou aos olhos cerúleos e cheio de pavor da rainha. A primeira parte que se destacou foi o par de olhos vermelho escarlate, com pupila fendida, depois a pele cinza e os cabelos negros que oscilavam como se possuíssem vida própria e por fim as escamas de sua metade serpente, escamas em um cinza mais escuro quase negro. Ao se aproximar, Elsa pôde notar que a mulher cobra parecia ter o dobro de seu tamanho, mas isso não a acuou.

— Quem é você? — Ela posicionou pronta para se defender com sua magia, porém deteve-se esperando que ela falasse antes de iniciar uma luta.

— Oh! Não me reconhece? Estou tão desapontada. - A criatura forçou um tom de decepção, mas ficou evidente a mentira quando ela sorriu. — Como não reconhece uma velha amiga.

— Velha amiga? — Indagou com repulsa, enquanto aos poucos sua visão se adaptava a claridade do lugar.

— Claro! —  A serpente se aproximou de Elsa, a adrenalina em seu corpo disparou, enviando sinais de alerta até os seus poderes de gelo.

— Já recebi muitos nomes durante a minha vida na terra. — Ela serpenteava seu corpo livremente, rodeando a moça. — Deusa Éris, Boitatá, mulher cobra... Sem dúvida, esse último é o mais estúpido. — A criatura contorceu sua expressão, enojada pelos nomes dados pelos humanos. —  Mas prefiro que me chamem por outro nome... E você sabe qual.

— Lâmia. — Elsa cerrou as pálpebras e apertou os pulsos.

— Isso! — Demonstrou uma falsa animação.

— O que você quer comigo?

— Bem meu plano inicial não envolvia você, isso foi um resultado indesejado.

— Eu sei quem você queria… — Elsa arqueou suas sobrancelhas — Queria a minha irmã. Mas você não a terá. — A rainha afirmou com convicção, estreitando o seu olhar. A segurança de sua irmã era um assunto o qual tratava com mais seriedade que qualquer outro.

— Você tem razão — Disse apoiando suas mão sobre as escamas do quadril. —  Olha que horas são, está na hora de fazer um tour em meu limbo. —  De súbito a figura desapareceu no ar tal qual a fumaça.

A sala ao seu redor começou a girar. Elsa, tomada por uma forte vertigem, caiu ao chão tentando inutilmente manter o equilíbrio. Um tornado de cores e luzes girava ao seu redor até lentamente começar a parar. As cores e padrões fixaram-se em um único ponto. Lentamente, Elsa foi recuperando o seu controle. Fechou as pálpebras e contou até dezesseis, a idade de Anna no último aniversário que comemoraram. Lembrou-se de sua doce irmã, e de seu verdadeiro propósito. Protegê-la. A rainha tinha a obrigação de proteger Anna, não só por ela ser a chave. Elsa deveria protegê-la pois Anna era sua irmã mais nova e a sua esperança. Porque era a sua irmã a pessoa quem estava disposta a olhar para além de seus poderes e ficar entre ela e o mundo, se fosse preciso. E ela não poderia mais mantê-la do lado de fora das portas de seu coração.

Elsa erguia-se lentamente apoiando em uma mesinha de mogno. Menos atordoada, tentava focar sua visão as imagens ao seu redor, reconhecendo o que estava a sua volta. Ela percebeu que se encontrava em um quarto de teto alto de cor branca, paredes forradas com papel detalhados com os monótonos mosaicos de cor lavanda, uma única janela triangular de grosso vidro. O quarto era mobiliado com peças de mogno e marfim, todas as enfadonhas peças que forravam seu quarto de tédio. Mas Elsa recuou sobressaltada ao ver a porta, uma grande e pesada porta, entalhada com flores, as desagradáveis flores lilás, que limitaram o espaço de Elsa por anos. Aquele lugar foi reconhecido pela rainha. Seu quarto exílio. Ela foi tomada por um desespero repentino. O anseio pela liberdade retumbava em seu coração, ela precisava sair daquele lugar, precisava respirar ar fresco, decididamente ela levou a mão para a porta, entretanto não girou a maçaneta nem mesmo tocou a haste de metal. Sua mão estava forrada com uma grossa luva de couro branca.  Não se lembrava de como aquele par de luva calçou sua mão e nem teria tempo para pensar, pois cinco ritmadas batidas foram executadas na porta, essa melancólica melodia rompeu sua linha de raciocínio.  

Elsa esperou até ouvir uma súplica lânguida vir de fora de sua clausura. A inconfundível voz de sua irmã implorando por sua atenção e brincadeiras na neve, como faziam quando eram crianças, Elsa quis abrir a porta, mas seu corpo estava paralisado, quis gritar, mas não tinha voz de sua garganta. Um silêncio que durou o que parecia uma eternidade até finalmente ser rompido pela mesma vozinha em um timbre ríspido.

— Eu te odeio, Elsa.

As palavras que Elsa tinha pavor, soaram com tanta veracidade, como se seus pesadelos ganhassem vida. Sua irmã odiando-a, com razão. Por culpa da magia de gelo, Anna teve que ser educada longe de tudo e de todos, trancafiada em uma prisão de pedras e móveis refinados, intocada e sedenta por amor.

Elsa sentiu a culpa pesar seu ombro, suas mãos finalmente se moveram com o peso, caindo sobre as pernas, encarou o chão, cheio de ladrilhos entalhados. A superfície de madeira  iniciou um movimento sinuoso, ondeando abaixo dos seus  pés, mas isso não tirou o equilíbrio da rainha. Nem mesmo a assustou quando a superfície áspera da madeira deu lugar a um piso liso de mármore negro como abismo. A loira podia ver seu rosto refletido na pedra perfeitamente polida. A imagem refletida era dela, vestida de gelo e os olhos vermelhos como de alguém que chorava, porém não havia lágrimas. Elsa se via como um monstro, uma bruxa de gelo.  

O mármore escuro liquefez e a engoliu em um breu sufocante. Elsa afundava como chumbo e em uma tentativa inútil de voltar a superfície, debatia seus braços e pernas. Elsa tentou segurar sua respiração até seus pulmões implorarem por ar, o diafragma da moça contraiu tentando atender o pedido, mas o peito foi tomado pelo líquido negro. As extremidades do corpo formigaram e adormeceram com a falta de oxigênio. O corpo não respondia mais e o convite para sepultar seu corpo no sono profundo tornava-se cada vez mais tentador. Os rostos de desprezo de todos que a chamaram de monstro apareceram um após o outro, enquanto Elsa perdia a consciência, a presenteando com os últimos olhares de desdém. Finalmente os pés da moça tocaram fundo arenoso e, todo o líquido negro que a afogava, esvaiu-se do lugar e em segundos. Tudo ficou tão seco quanto um deserto.  Elsa expulsou a água de seus pulmões, tossindo curvada sobre areia cinza. Seu nariz queimava e sua garganta parecia esfolada em carne viva. Seu cabelo e vestido de pedras de gelos estavam completamente secos, como se nunca tivessem entrado em água turva.

— Bem—vinda de volta, majestade. — A figura feminina híbrida serpenteou até o seu lado.

— Q-Que tipo-po de lugar é es-esse? — Ela expulsava o resto do líquido em uma crise de tosses.

—  Já ouviu falar no limbo? — A víbora a encarou por debaixo dos longos cílios negros e continuou em seu rotineiro tom sínico. — É claro que sim, você é uma mulher muito esperta. Digamos então que esse lugar é o ‘meu limbo’ — Ela parou para refletir as próprias palavras e em seguida corrigiu a última.  — Ou melhor ‘nosso limbo’. Esse é um lugar que eu criei para me comunicar com outras criaturas. É um lugar de destruição e caos, como já deve ter notado.

— C-como eu… — Elsa não teve fôlego suficiente para terminar a pergunta.

— Como você veio parar aqui? — Lâmia falou com um certo ânimo, sabia que tudo era obra de suas magias e vangloriar de sua criação era satisfatório. — O brinco de pérolas que está usando, ele é o responsável por te trazer aqui. — Os dedos da loira tocaram o brinco instintivamente. — Nem adianta tirá-los, ele só sairá quando o tempo da magia acabar… Como dizia, antes era para a chave estar aqui, o brinco era um presente para ela, mas seu sangue de bruxa te guiou a minha magia como um cão que volta ao dono pelo faro. — Lâmia girou o corpo para deliciar-se com a expressão enojada da loira. — Sanguine meo sanguine. —  A Rainha estagnou com as últimas palavras. Apoiando-se sobre o joelho encarava a híbrida, que se aproximou e estendeu a mão oferecendo ajuda para se levantar. Elsa ignorou a ajuda e ergueu-se sozinha ainda com dificuldade para respirar.

— O que quer dizer com… sangue do meu sangue?

— Oh! Os guardiões não te contaram, não é? — Lâmia a esperou falar, mas ela nada disse. — Claro, eles esconderam de você a verdade.  Que você é a minha criação.

— Está mentindo. — No mesmo instante Elsa negou, gesticulando com ambas as mãos.

— Ah é? Estou? — Ergueu a sobrancelha persuasiva.

Elsa nada respondeu, manteve o silêncio. O calar do consentimento.

— Você sabe muito bem, que lá no fundo eu não menti para você. — Demonstrou um falso sentimento materno. — Olhe, vou te contar sua história.

A Lâmia  apontou os indicadores para cima e o girou duas vezes. Obedecendo ao chamado, o limbo girou duas vezes então cores e formas apareceram ao redor das duas corroborando para a narrativa da víbora. Elsa assistia em transe.

Há anos a feiticeira serpente foi tomada por um desejo. A ganância de dominar a lua. Uma batalha sangrenta foi travada contra o Homem na Lua, Czar Lunar, um homem redondo de terno branco e gravata borboleta.

Centenas de robôs autômatos se alinharam para enfrentar a bruxa. As Gigantes mariposas lunares erguiam vôo empunhando suas espadas e escudos. Raios e faíscas mágicas rasgavam a escuridão do espaço. A Bruxa possuía uma agilidade e força que sobressaltavam-no em meio a luta corporal com os autómatos de bronze. Com magia de ofensiva, ela partia as asas das mariposa e com um golpe de espada as decapitava, assim em pouco tempo pilhas de metal se aglomeravam em volta da feiticeira. O homem de terno branco, que sempre carregava seu sorriso estampando em seu rosto, não possuía outra expressão que não fosse tristeza e determinação. Apoiando seu roliço corpo em seu cajado lunar, o grande guerreiro parecia sucumbir às investidas asquerosas, peças de robôs ficaram espalhadas em várias direções, mesmos os patéticos ratos guerreiros falharam em sua investida.

A víbora, precipitadamente, cantava sua vitória com um riso zombador. Quando em um único segundo uma forte claridade cegou a bruxa. Um feixe de luz prata cruzou o céu estrelado e dentro dele um garoto espectral empunhando sua adaga brilhante. Desviando das magias e movimentos da híbrida, cravou no peito dela seu punhal reluzente da própria luz lunar. Lâmia gritou agonizando de ira e dor, seu grito causou abalos nas montanhas próximas, fazendos pedras rolarem. O golpe abriu uma fenda, o garoto esticou a mão e arrancou da ferida uma grande esfera brilhante em um tom amarelo solar. A grande mulher perdeu a metade de sua estatura e poder, e em uma tentativa se livrar do espectro lunar atacou o pequeno, mas as habilidades de esquiva do garoto luz eram impecáveis.

O garoto Luz voou em direção ao homem de terno e entregou o poder em sua mão. Metade da magia de Lâmia, magia que ela roubou do povo de Atlântida, quando ela os sepultou no mar. O homenzinho da lua tratou logo de bater seu cajado e os raios lunares atenderam prontamente a ordem. Em um ato de altruísmo, as luzes lunares se tornariam as correntes de metal que prenderiam a bruxa em uma prisão. Uma vez que a pequena luz tenha se transmutado em metal, nunca mais poderia bruxulear livremente e estaria fadado a uma eterna prisão. Entretanto, os valentes raios lunares não temiam tal sacrifício. Entrelaçando as mãos e unindo-se um após o outro, os raios juntaram-se transformando-se irreversivelmente em uma corrente. Antes disso, toda a lua cintilava constantemente, mesmo a parte em que não era banhada pelo sol, e para prender lâmia foi necessário a metade de todas as luzes lunares para aprisioná-la. E assim ela ficou presa na parte escura da lua no lugar onde ficaria eternamente longe da terra e intocada pela luz do sol.

O garoto luz, de cabelos brancos e vestes reluzentes, agarrou-se em seu punhal de cristal e voou de retorno para terra, no momento em que percebeu que seu trabalho havia terminado. Man in Moon precisou encontrar uma maneira de esconder o único poder que poderia soltar Lâmia de sua prisão, foi o mesmo poder que ela havia roubado de Atlântida — a Luz da Fénix —, a magia que o garoto espectral recuperou com um único golpe. Não titubeou em dar o poder quando encontrou a melhor maneira de esconder a magia. Por milênios MIM observava as pessoas na terra e naquele século, uma garota lhe saltava aos olhos. Uma jovem menina de pouco mais de 13 anos, que acreditava vividamente nas histórias sobre as criaturas fantásticas, uma garota com a pele queimada do sol, cabelos castanhos como a terra seca de seu pequeno vilarejo no território norueguês. Sua alma era a mais pura e a mais vivaz que todos os humanos que viveram na terra. Decidido a esconder o poder das mãos dos que desejavam destruição, o homem na lua concedeu o poder da chave a essa mortal, que poderia suportar as cargas de responsabilidade desse dom sem se abalar. A menina tornou-se uma guardiã nomeada pelo próprio homem na lua, Czar Lunnar.

Lâmia estava eternamente aprisionada no lado obscuro da lua, em um lugar que jamais veria a face da terra novamente. Ela não desistiria tão facilmente, duas coisas a impulsionavam, sua ira gananciosa e seu desejo por vingança. Em uma última desesperada tentativa, ela usou um trunfo, regurgitou um fragmento de um espelho amaldiçoado e pelo reflexo do espelho passou a procurar na terra, um sucessor. Seus olhos percorreram toda a terra em busca de um receptáculo perfeito, até finalmente encontrar o homem cruel e sem remorso, exatamente o que precisava para dar início a sua vingança. O homem era um jovem rei das terras nórdicas e em seu coração transbordava ira e ganância. Nem ponderou sobre a suas opções ou riscos, aceitou o contrato da víbora de imediato. O homem bebeu do sangue corrompido, a cada gole seu coração era banhado com a maldição, deixando de ser humano para se tornar um monstro corrompido. em troca de sua humanidade ele recebeu o poder de amaldiçoar e transmutar objetos e pessoas. desde aquele momento o homem passou a atender os desejos da serpente.

O rei recebeu a fama de coração congelado, pois suas mãos pesavam sobre as nações um tormento cruel e devorava os fracos com sua iniquidade. Quando finalmente encontrou a vila em que ocultava o poder da chave, o jovem rei elevou sua fúria sobre o vilarejo. Com seu poder rogou uma maldição aos moradores, os transformando em pedra e os aprisionando a um círculo mágico onde deveriam permanecer até a libertação de Lâmia. A menina conseguiu fugir da fúria do rei. Ela encobriu sua existência tornando-se uma mera faxineira no castelo. Ela conseguiu se esconder por algum tempo da maldade do rei, porém em um dia ele a encontrou, olhando pela janela ele a vislumbrou ao longe estendendo os lençóis brancos sobre o sol de verão. E ao ver a beleza ingênua e carisma, simplesmente não pode machucá-la. Ela conseguiu deixar uma marca muito maior que a maldade e, pouco a pouco, gota a gota, ela preencheu todo o vazio que anos de arrogância drenou do coração. O amor derreteu o coração congelado do Rei, mas a maldição nunca se foi, a maldição jamais o deixaria.   

Elsa assistia e assimilava cada uma das informações apresentada com total atenção. Toda a história parecia um conto distante e quase inacreditável,  se não fosse uma imagem revelar o primogênito do rei. Uma criança de pele branca como neve cabelos loiros quase brancos e um par azul cerúleo em seus olhinhos.

— O pecado do pai, se reflete na filha. — Lâmia estampava um sorriso sinistro, um sorriso devorador de alma. — Você é o preço pela magia de seu pai, você é minha criação, meu sangue.

    Elsa sentia sua alma ser sugada, sua esperança sendo arremessada para fora de seu coração. Apertando suas mão contra o rosto segurava suas lágrimas. Ela assimilava tudo que estava acontecendo; seu cheiro repulsivo aos monstros era por ela ser o pior deles; sua capacidade de entender a linguagem dos dragões e kappas, era reflexo de seu sangue; o poder que se ampliava com sentimentos maus e desfazia com o amor, ocorria por ter origem nefasta; transformar corações, pessoas e memória em gelo sólido era a sombra de sua maldição.

O limbo a presenteava com uma última ilusão. Notou que suas mãos não estavam revestidas com as luvas, porém em seus dedos trêmulos, retinham mechas de cabelos brancos que deslizaram entre eles. Os brancos cabelos de um coração congelado. A rainha amaldiçoava-se inconscientemente por carregar um poder tão nefasto, um poder que devorava vidas. Ela nunca foi uma guardiã,  era um monstro, seu sangue era de monstro, sua existência não era para proteção da sua irmã, contudo era para destruição dela. Sua vida se resumia a isso, destruir a vida dos outros. Como quando congelou sua irmã, ou no momento em que enterrou seu país em uma nevasca ou quando quebrou as asas de Toothiana. Um demônio mais poderoso que um dragão.

— Pobre Elsa, deixe que eu retire essa dor de você. — Mansamente Lâmia se aproximou da rainha prostrada ao chão. — Já ouviu falar no espelho de Lúcifer? — Elsa ergueu a cabeça, lágrimas forravam suas bochechas de culpas, deveria se afastar da repentina aproximação mas não possuía nenhuma força em seus músculos.

Lâmia aproveitou desse momento e a aprendeu em um abraço de serpente, enronlado sua cauda no corpo de Elsa, a deixando imóvel.

— Tudo bem não vai doer... Muito. — Num movimento de bote a víbora enfiou todo o fractal do espelho ao meio do peito de Elsa. perfurando a ferida até chegar ao coração.

Elsa soltou um grunhido de dor, tentou em vão, afastar as garras da ferida.

O espelho de Lúcifer tinha a capacidade de trazer a tona os piores momentos e emoções da pessoa que tivesse  imagem refletida por ele, mas se fosse tocado ele tornaria todos os pesadelos mais profundo reais, apagando todas as boa memórias e todo sentimento de amor e luz. O espelho dentro do coração de Elsa fez com que as mágoas que soterradas no fundo do coração de Elsa agitaram-se e  ricocheteiam em todas as direções. Todas as emoções reprimidas foram agitadas, memórias, palavras, sentimentos, solidão, prisão. Emergiam. As doces memória que Elsa sustentava alegremente em seu coração, uma após a outra, desbotaram e desmanchavam em um branco gélido. A menina tentou se agarrar a última chama de alegria e o peso dos resquícios dessa emoção desabrocharam em uma última e solitária lágrima, que correu em sua face até dissipar-se ao chão. Todo amor e alegria, todos os sorrisos reluzentes de Anna, o sabor do toque gélido e aconchegante de Jack Frost. Contidos naquela única lágrima.

— Esse espelho, vai revelar “o que” você é de verdade. — Lâmia sussurrou no ouvido e afastou-se em seguida para que pudesse contemplar sua obra.

Não havia mais emoções, cor ou alegria, em seu coração. Tudo tudo a sua volta e em seu interior, foi tingido de branco. As cores que ofuscavam a sua vista, foram soterradas com um pesado cobertor branco e gélido. A rainha agora não passava de uma morta viva. Seu olhar apagado refletia a obscuridade que reteve por anos em seu coração. Ela experimentava o gosto amargo da morte em goles lentos, que corroiam sua garganta e dernavam sua vida. A rainha ergueu-se imponente, nada mais a perturbava nem dor nem o medo. sua face não havia mais esboço de emoções, porque nela não havia mais a boas recordações somente o branco.

Lâmia aplaudia a cena contente com a sua mais nova criação, uma serva obediente, sem resquícios dos indesejáveis sentimentos que atrapalharia seu plano de conquista e vingança.

O brinco de pérola na orelha de Elsa derreteu como metal rendido ao calor do fogo. Ambas as criaturas se despediram do limbo de pesadelos. Lâmia voltou à sua prisão lunar, envolta em suas correntes pratas que a impedia de mover-se mas não continham sua gargalhada estrondosa. A rainha das Neves regressou a fábrica de brinquedos. O lugar não demonstrava mais a beleza de antes, era tudo um amontoado de bagunça e criaturas sonolentas. No canto, nas sombras da fábrica um vulto negro aproximou-se de Elsa. Que encarava sem emoção no rosto. Ela o identificou de imediato. A escuridão a saudou e tagarelou algo qualquer que ela ignorou. Ele então abriu os braços estendendo seu manto de meia noite, ela permaneceu imóvel enquanto a areias negras a encobria. Seu corpo começou a ser tomado pelo o medo, mas ela não demonstrava emoções, nem mesmo parecia ter algo. Nem mesmo quando o grito estridente de um garoto com cabelos brancos, igual a de um coração amaldiçoado pelo gelo, implorou para que ela saísse das trevas de pitch. Ela o encarou, até seu corpo desaparecer em meio a nuvem de areia.


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Notas finais do capítulo

* O pai de Elsa, não tem poder de gelo, se é o que estão achando, ele tem o poder de jogar pragas nas pessoas e transmuta-las.

Curiosidade de hoje( finalmente)
[curiosidade - Lenda - Limbo]
Limbo vem do latim"limbus" e significa: margem, beira, borda, orla. Pode ter diferentes significados dependendo do contexto usado( botânica, astronomia, religião, etc...) o limbo foi um termo usado na idade média por alguns membros da igreja católica. era considerado um lugar em que as crianças, não batizadas, ficavam depois da morte. Já que não tinham graça batismal para ir ao céu, nem pecado para ir ao inferno. Esse termo nunca foi considerado dogma de fé(verdade) pela igreja e em 2007 esse conceito foi abolido...
o termo limbo em tradução literal pode ser "depósito de coisas inúteis." ou "estado de indecisão"
mas nessa fic o Limbo de Lâmia é um das bordas da realidade que ela moldou segundo seus próprios anseios.



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