JULIE

Não, não, não, não, não, não, não! Aquilo não podia ser verdade! Como... Como... ? Julie não tinha palavras. Ela tinha a garganta seca e os olhos pedindo para serem fechados, mas se forçou a ficar de pé. Ela havia acordado com o maldito barulho agudo e acabara de descobrir que... Bem, Julie ainda estava processando tudo o que a voz robótica havia dito.

Talvez isso fosse uma alucinação e... Não, ela sabia que não era.

– Fille, êtes-vous d'accord? – uma garota de cabelos castanhos perguntou, se dirigindo à Julie.

– O que?

– Você está bem? – a garota perguntou balançando a cabeça – Estava com uma cara estranha.

– E-estou. – Julie disse, se recompondo. Ela realmente devia estar fazendo uma cara estranha. Aquilo foi um deslize. Não faria isso de novo, ela não se mostraria assustada na frente de alguém.

A garota já estava saindo de perto quando Julie respirou fundo e perguntou:

– Qual o seu nome?

– Gabrielly Arryn. E o seu?

– Julie Peterson.

Então Gabrielly saiu de perto. Julie deu uma olhada e volta e trincou os dentes com raiva. Quem diabos havia feito aquilo? E com que direito? Ela jurou para si mesma que se vingaria. Aquilo não ficaria desse jeito. Ela iria encontrar quem havia feito aquilo e ia fazê-lo sofrer. Ah, como ia...

Ela ficou alguns minutos encarando com raiva o nada, mas ninguém a incomodou. Estava o maior silêncio possível, nada o atrapalhava, quando uma garota loira soluçou.

– Isso... Não pode ser verdade, não é? – A garota soluçou novamente. Ela estava chorando. Um menino ao lado dela a abraçou e ela voltou a chorar. Eles eram muito parecidos... Provavelmente irmãos...

– Amélia... – o garoto disse – Lia...

Alguma coisa se acendeu na memória de Julie. Amélia... Irmãos... Sim! Aqueles eram Amélia e George, certo? Julie se lembrava deles, uma vaga de memória de muito tempo atrás, de quando o pai a levava naqueles eventos políticos... Antes de sua mãe morrer, antes de seu pai se casar com uma megera, antes de ser mandada para um internato, antes de fugir daquele internato com Jack... Jack!

Jack não estava ali! Jack... Jack estava em casa! “E ele não deve ter a mínima ideia de onde você está” aquela vozinha irritante do fundo da cabeça de Julie falou. Bom, pelo menos... Ele estava seguro, certo?

Amélia agora estava soluçando muito alto e estava abraçando o irmão como se fosse uma garotinha pequena que acabara de ter um pesadelo. Bem, era quase isso, tirando o fato de que ela não era uma garotinha pequena, pelo que Julie se lembrava, Amélia era um pouco mais nova do que ela.

– Ficar chorando não vai adiantar nada. – Era Gabrielly falando isso? Sim, era ela. A garota revirou os olhos antes de continuar – Nós deveríamos estar pensando em alguma coisa ao invés de ficar olhando para essa garota chorando, Dieu! Está quase escurecendo!

– Concordo com a francesa ali. – Uma ruiva disse – Samantha Hellthorne. Você é...?

– Gabrielly Arryn.

– Então, ao invés de ficarem se apresentando, deveriam procurar as mochilas que aquela voz falou. – uma mulher loira falou, de uma maneira tão irônica que seria impossível não notar – Pollyanna Broone, se querem saber.

– Então, nós deveríamos estar fazendo isso agora, não é? – uma garota loira falou, sorrindo ironicamente de lado. Aquela Julie conhecia, mas todos ali também deviam. Era a filha do primeiro ministro! – Calliope Robins.

– Então vamos logo. – Gabrielly bufou e começou a andar. Em pouco tempo, a maioria ali começou a procurar as benditas mochilas que a voz falava.

Julie também estava procurando quando alguém falou que devia ter achado e todos foram em sua direção. Enquanto seguia aquelas outras pessoas, que em sua maioria eram totais desconhecidos, Julie fez outra promessa a si mesma. Ela daria um jeito de sair daquele maldito lugar. Ela voltaria para casa e para Jack. Ela sobreviveria.