Primeiro ano escrita por Lyttaly


Capítulo 16
Passeio


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas o/
Sinto informar que Primeiro ano está no fim :(
Mas quero que vocês me respondam: Vocês querem uma continuação dessa história? A resposta de vocês definirá o fim da história. Então peço sua opinião sincera, ok?
Amei escrever esse capítulo e espero que gostem de ler.



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O sábado finalmente chegou. Estava ansioso por isso. Acordei cedo, e fui preparar alguns sanduíches e suco. Coloquei tudo dentro de uma cesta, tomei banho, troquei de roupa (essa parte demorou mais que o previsto, mas decidi por uma calça jeans escura, camisa polo vinho e tênis azul escuro) e saí de casa. Às 8h estava em frente à casa dela.

Bati a campainha e esperei um pouco. Quando apareceu, ela vestia uma camisa rosa claro com flores vermelhas na barra e manga 3/4, calça jeans preta, all star preto e o cabelo estava preso na frente, deixando só a franja solta, e solto atrás. Ela estava linda.

– Bom dia – cumprimentei sorrindo.

– Bom dia – ela respondeu também sorrindo.

– Ah você chegou! – a mãe dela apareceu na porta.

– Bom dia, Sthefani, como vai?

– Estou bem. Espero que cuide bem da minha filha, tá?

– Não precisa se preocupar. Eu vou cuidar.

– Sim, eu sei. Mas como estou no papel de mãe tenho que dizer isso, certo?

– Já vou, mãe – Karolina despediu dela com um beijo no rosto.

– Trago ela de volta logo – me despedi.

Andamos por um tempo em silêncio. O sol tinha uma temperatura agradável e o dia não podia estar mais perfeito.

– Afinal, aonde vamos? – ela perguntou.

– Você vai ver.

– Por que não me diz logo?

– Não precisa ser curiosa – falei em tom de brincadeira.

– Eu não sou – ela cruzou os braços – Mas vai que você me leva pro Japão sem que minha mãe saiba. Ela vai ficar brava, sabia?

– Ela sabe aonde nós vamos.

– Que?! Como assim ela sabe e eu não?

– Se ela não soubesse não teria me dado permissão. Foi isso que ela me disse.

– Então era isso que vocês estavam conversando aquele dia que ela te convidou pra jantar lá em casa?

– Sim.

– E por que ela não me falou?

– Porque eu pedi que a ela que mantivesse segredo.

– Não é justo – ela fez cara de raiva e eu ri.

– Você fica linda com raiva, sabia?

– E você é muito clichê, sabia?

– Eu não era assim antes. Você me mudou – ela descruzou os braços e desviou o olhar.

– Minha... mãe confia tanto assim em você? – ela voltou a me olhar.

– Parece que sim – dei um passo mais longo e rápido e parei a sua frente. Ela colocou as mãos em frente ao corpo num reflexo para se proteger de bater contra mim, o que fez que suas mãos parassem em meu peito. Nossos rostos ficaram a centímetros de distância – Você... não confia? – tive medo da resposta que demorou um pouco para vir.

– E-eu confio – ela gaguejou. Sentia sua respiração contra a minha, desregular. Queria beijá-la de novo, mas sentir suas mãos tremerem em meu peito o que fez com que minha razão voltasse.

– Então vamos – voltei a andar. Ela pareceu hesitar, mas voltou a andar ao meu lado.

Andamos cerca de um quilômetro até começar a subir um morro. Algumas árvores no caminho faziam sobra e deixavam a caminhada mais agradável. Andávamos em silêncio. Uma hora depois chegamos ao pico do monte, que não era tão alto, mas possibilitava a visão de toda a cidade de um lado e um campo aberto com um rio o cortando, do outro.

– Uau! – ela disse maravilhada – É lindo!

– Sim, é – disse observando à volta.

– Como você conhece esse lugar?

– Meu pai me trousse aqui quando era pequeno. Esse lugar se tornou meu refúgio. Vinha aqui quando estava triste, o que parecia deixar meus pais irritados e com razão, pois eu era apenas uma criança que não sabia se proteger, também não tinha noção do perigo – sorri com a lembrança.

O vento soprou refrescando nosso corpo. Fechei os olhos para senti-lo melhor. Quando abri, vi lágrimas nos olhos dela.

– Você está bem? – me preocupei.

– Sinto paz aqui – ela me olhou sorrindo – Obrigada.

– Pelo que?

– Por tudo.

– Não precisa agradecer.

– Mesmo assim – ela fez uma reverência e voltou a me olhar sorrindo – arigatoo.

– Sem problemas, senhorita – sorri também fazendo uma reverência – Tem uma árvore ali. Vamos nos sentar.

Abri a cesta, peguei um lençol e coloquei no chão na sombra da árvore. Ficamos algum tempo encostados ao tronco, olhando a paisagem em silêncio.

– É realmente lindo aqui. Sempre via esse lugar lá de baixo, mas não sabia o quanto é lindo aqui em cima. Também não sabia daquela planície ali em baixo, apesar de já ter sonhado com ela, eu acho.

– Aquele dia que eu te encontrei chorando, te trouxe aqui. Você ficou algum tempo olhando essa planície. Não voltou a chorar. Você estava ali, mas parecia não estar. Sua mente estava longe. E eu me limitei a te olhar. Depois você dormiu algumas horas e quando acordou disse que não dormia havia um tempo e esse lugar te trazia paz – sorri lembrando – Daí você pediu desculpas e agradeceu. Parece que você é assim desde sempre, né?

– Você se lembra de tudo?

– Cada detalhe.

– Você mentiu – ela disse devagar, parecendo ainda analisar a conclusão a que chegou.

– Sobre o que?

– Sobre não saber quem eu era. Se você se lembra de tudo, você lembrava também quem eu era.

– No início eu não lembrava. Te achei familiar, mas não pensei ser você. Mas quando comecei a ir à sua casa, reconheci o bairro. Depois de um tempo percebi que era você aquela menina.

– Por que não disse nada.

– Porque eu poderia estar errado e, também, se realmente fosse você, eu não poderia saber se se lembrava de mim.

– Entendi.

– Está com raiva?

– Não. Eu teria feito a mesma coisa. Afinal, também não te contei quando descobri – ela piscou um olho – Estamos quase quites.

– Quase?

– Você também mentiu sobre ganhar a competição de xadrez, não é?

– Bem... isso... – gaguejei – É que... eu estava tentando te impressionar – sorri sem graça.

– Não precisa ficar todo vermelho assim por eu ter descoberto sua mentira. É só não contar outra, porque eu vou descobrir a verdade.

– Mas... como você descobriu?

– Quando você disse que morou no Japão, eu pensei que o tempo que você morou aqui não foi suficiente pra entrar numa competição. Daí, conferi a lista de ganhadores e seu nome não estava lá.

– Sua capacidade de dedução é incrível.

– Você já disse isso.

– Eu sei. Mas é que realmente me impressiona. E você não se esquece das coisas também.

– Tenho boa memória.

– Vou tomar cuidado então pra não mentir, então.

– É bom mesmo.

– Estou com fome. E você?

– Também.

– Ótimo! – abri a cesta de dei um sanduíche para ela – Sua mãe disse que você gosta de sanduíche de presunto.

– Tenho que ter uma conversa séria com minha mãe quando voltar – ela fingiu estar nervosa.

– Ela só quis ajudar.

– Aposto que também tem suco de laranja aí, né? – tirei a garrafa de suco da cesta e mostrei para ela.

– Totalmente natural, sem açúcar – sorri, peguei dois copos da cesta e servi o suco.

– O que mais minha mãe te falou sobre mim?

– Deixe-me pensar – dei uma mordida no meu sanduíche - Ela disse muita coisa sobre você.

– Parece que vocês tiveram muito tempo pra conversar.

– Sim, um pouco. Bom, ela me contou que você sempre foi uma boa filha, que sempre tentou protegê-la, apesar de não ser sua responsabilidade, mas que você vivia no seu mundo e não dizia nada a ela, por isso ela estava preocupada com você. Mas ela disse também que você estava mais feliz ultimamente. E isso tirou um pouco de sua preocupação.

– Acho que você tem culpa nisso.

– Por quê? – ela mordeu um pedaço do sanduíche, mastigou, engoliu e finalmente respondeu.

– Agora uma pequena história: Na escola nunca me envolvi com garotos, nunca tive amigos, não conversava, sempre fui a representante de turma simplesmente pelo fato de ninguém querer a responsabilidade. Sempre fui a nerd da turma, mesmo sem me esforçar para isso. É só que eu consigo entender a matéria mais rápido que a maioria das pessoas. Meu cérebro trabalha rápido. Se eu vejo algum problema meu cérebro elabora uma solução mais rápido que qualquer pessoa que conheço. Os professores gostam quando eu sou a representante de turma por isso, poupa tempo e preocupações para eles, mas me odeiam. Eu sempre lia os livros didáticos. Então eu sabia demais e os corrigia. Mas isso é automático, eu nem penso muito. Um nerd só tem amigos quando o professor passa um trabalho em grupo ou na semana de provas. Eu nunca liguei muito pra isso pelo simples motivo de não prestar atenção ao achismo alheio. Mas, eu também tenho culpa. Desde a morte do meu pai eu preferi não me apegar às pessoas. Simplesmente as ignoro e as afasto. Mas você é persistente e finalmente ter um amigo acho que me fez bem.

– Fico feliz, então – ficamos em silêncio aproveitando os sanduíches.

Quando terminamos, guardei os copos e guardanapos na cesta e continuamos em silêncio, cada um perdido nos seus próprios pensamentos. Até que ela deitou a cabeça na minha perna. Me assustei, mas vi seus olhos fechados e não me mexi. A observei por um tempo. Parecia estar num sono tranquilo. Levei a mão à sua cabeça e afaguei seus cabelos. Mas logo parei, com medo de acordá-la.

– Para não. Estava bom.

– Achei que você estava dormindo.

– Comecei a cochilar, mas seu carinho me acordou – ela continuou deitada de olhos fechados.

– Desculpa.

– Não, tudo bem. Você sabe que horas são?

– Deve ser um pouco depois de meio dia. Por quê? Quer voltar?

– Não. Só queria saber – ela disse parecendo voltar a dormir – Eu posso dormir no seu colo? Está bom aqui.

– Sem problema, senhorita.

– Gosto quando você me chama assim.

Ficamos assim o restante da tarde. Ela dormindo e eu, entre um cochilo e outro, a observando.


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Notas finais do capítulo

Respondam minha pergunta, por favor.
Se você leu até aqui, #obrigada^^