Primeiro ano escrita por Lyttaly


Capítulo 11
Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pessoas. Eu sei que fiquei uma eternidade sem postar. Três semanas é muito tempo. Algumas pessoas já estavam a ponto de me esganar, neh Laiinchan? Mas aí está mais um capítulo.
Amei escrever essa capítulo e espero que gostem. Pra compensar meu tempo sem postar esse é o maior capítulo que postei até agora o/
Aproveitem a leitura (^-^)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/511933/chapter/11

Estava acordada há uns 5 minutos olhando para onde Diego estava sentado. Ele lia meu caderno de rascunhos com um interesse incrível. Ele estava totalmente alheio à sua volta. Não percebeu que eu estava acordada. Me lembrava dele sentado no mesmo lugar ontem.

– Ontem você estava lendo, sentado nesse mesmo lugar e com esses mesmos olhos de quando está concentrado em algo.

– V-você... você se lembra?

– É, parece que sim – respondi sorrindo, feliz de ter minha memória de volta – Acordei no meio da noite me lembrando de tudo o que tinha acontecido durante o dia. Não lembro nada desde o dia do que cai até ontem. Mas lembro de você sentado folheando meu caderno.

– M-me desculpa por não ter pedido permissão. Estou feliz que está lembrando.

– Não precisa pedir desculpa.

– Você escreve muito bem. Devia publicar essa história.

– Você está exagerando. Eu só leio muito e, como consequência, consigo reproduzir o que leio, mas com minhas palavras.

– Eu também leio muito, senhorita, e nem por isso consigo escrever tão bem quanto você. Tenho certeza que faria sucesso se publicasse um livro. Você tem um dom, sabia? – corei e baixei os olhos. Ninguém nunca tinha lido nada meu. Receber elogios por algo que escrevi era totalmente novo.

– J-já disse que está exagerando. É só um romance clichê como muitos por aí.

– Não acho. Acho que você não sabe o valor que você... o valor que seu dom tem. Você escreve de forma envolvente. A história... os personagens... é tudo tão... palpável quando leio. É incrível – seus olhos brilhavam – Só é... triste. Por que você escreve algo tão triste?

– Eu... É só que... não sei.

– Quem escreve, assim como quem desenha, costuma por no papel seus próprios sentimentos. Desde que te conheci eu sinto que algo aconteceu em sua vida que resultou em um olhar triste.

– Olhar triste?

– Você... tem um olhar triste. Por quê? – não respondi – Não precisa dizer. Não é da minha conta.

– Não é isso. Eu só... não tenho forças suficientes para contar. Ainda não.

– Deve ter sido algo terrível – ele falou mais para si que para mim – Por que Kali?

– O quê?

– A personagem do seu livro. Por que ela se chama Kali? É diferente.

– Esse era um apelido que um amigo me deu há alguns anos.

– Amigo? – ele levantou uma sobrancelha – Você tinha um amigo então?

– Faz muito tempo isso – “nem sei se ele era real”, pensei.

– Kali é legal. Um apelido incomum pra Karolina. Gostei – ele disse sorrindo – Acho que temos que começar as atividades da escola, senhorita, entes que fique tarde. Então que tal você ir tomar um banho enquanto eu esquento seu almoço? – comecei a rir da situação – O que é tão engraçado?

– Tem um garoto na minha casa, no meu quarto, me mandando tomar banho enquanto esquenta minha comida. Você tem que concordar que isso é tão estranho que chega a ser cômico – foi a vez de ele baixar os olhos, corado, o que me fez rir ainda mais.

Tomei banho, vesti uma vesti uma calça de moletom, uma camiseta e uma blusa de lã por cima (estava frio esse dia) e desci. Diego tinha esquentado minha comida e preparado a mesa para uma pessoa.

– Já almoçou? – perguntei. Ele apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo. Me sentei e comecei a comer. Ele me olhava de longe com as mãos dentro dos bolsos da jaqueta preta que vestia. É ruim comer com alguém te observando desse jeito – Que foi?

– N-nada – ele olhou para os pés – Eu acho que agora não vou mais precisar vir aqui já que você recuperou a memória.

– Acho que você tem razão. Por falar nisso, por que você vem? Quer dizer, você mal me conhece e não tem obrigação nenhuma de estar aqui. Então por quê?

– Eu... só acho que ainda me sinto culpado.

– Você não tem culpa.

– É eu sei. Você disse isso um milhão de vezes esse tempo todo.

– Porque é verdade.

– Mas não faz com que eu deixe de me sentir culpado. Quando você caiu eu fiquei desesperado. Não tive nem reação. Você foi para o hospital, dormiu... por cinco dias. Todo esse tempo eu fiquei me culpando, pensando por que eu tinha feito aquilo.

– Você não fez nada.

– Você disse isso quando acordou. Disse também que seu pé doía quando caiu. Eu me senti aliviado quando disse isso, mas... depois você perdeu a memória. Comecei a pensar que, talvez, se eu não tivesse segurado sua mão você não teria se desequilibrado.

– Como você disse, meu pé doía. Você não precisa ficar...

– Ok, seu pé doía – ele me interrompeu e me olhou, sua voz estava embargada – mas as pessoas tropeçam, machucam o pé, mas continuam descendo escadas tranquilamente – ele começou a chorar – Você não teria caído se eu...

– Diego! – o interrompi, com a voz num tom mais alto do que pretendia e levantando da cadeira. Vê-lo chorando estava me deixando... nervosa, perturbada, deprimida. Não sei. Ele não parecia ser o tipo de cara que chora – Aquilo foi um acidente, Diego! Acidentes acontecem! Pessoas caem de escadas, independente do que acontece ou não antes! Para de se culpar por algo que você não tinha como evitar! – cruzei os braços, desviei o olhar e disse mais calmamente – Olha, você está certo em pensar que eu me assustei com o seu contato, mas isso porque não estou acostumada com essas coisas – o olhei de novo – Mas daí a se culpar dessa forma, chagando a chorar, o que, eu acredito você não costuma fazer, já é demais!

Ele me olhava, surpreso. Eu me surpreendi também. Eu não sou o tipo de pessoa que sai por aí corrigindo os outros ou falando alto com alguém que me irrita. Sempre fui na minha, não me importando com o que as pessoas faziam, falavam ou pensavam de mim. Geralmente eu só ignorava. Mas, por algum motivo, não conseguia ignorar o que ele sentia. Ele estava ali, chorando, se culpando por algo que não tinha culpa. Eu não sabia o que fazer.

Um silêncio perturbador surgiu. Ele me olhava com as mãos ainda nos bolsos, os olhos vermelhos e uma expressão indecifrável. Tentei sustentar seu olhar, para que ele tivesse certeza que eu estava falando sério, mas não consegui encarar muito tempo.

– Me desculpe – eu falei finalmente, olhando para a parede.

– Pelo que?

– Por gritar com você. Eu não costumo fazer isso.

– Tenho certeza que não.

– É que... eu não sabia o que fazer com você aí chorando, desesperado.

– Eu não costumo fazer isso – ele sorriu secando o rosto molhado com a manga da blusa.

– Tenho certeza que não – voltei a olhá-lo e sorri também.

– Você me assustou.

– Desculpa.

– Você precisa parar de se desculpar por tudo. Por que faz isso?

– Eu... não sei. Você me deixou preocupada.

– Não vai acontecer de novo, prometo.

– Que bom. Vamos fazer as atividades?

– Você não terminou seu almoço – ele apontou meu prato.

– Nem percebi que não tinha terminado – sentei e terminei de almoçar.

Fiz as atividades que os professores tinham passado. Diego me explicou a matéria calmamente, mais uma vez. Notei que ele já tinha me explicado devido aos exercícios parecidos que estavam no caderno. Terminamos e eu subi para guardar meus cadernos no quarto. Quando voltei ele estava na sala, sentado no sofá, olhando para a parede, pensativo.

– Que foi?

– N-nada. Só estava pensando.

– Em que? – sentei do seu lado deixando um considerável espaço entre nós.

– Nada de mais.

– Você estava completamente distraído – disse, levantando uma sobrancelha.

– Só estava me lembrando de uma coisa que meu irmão me falou no dia... – ele se interrompeu.

– Que dia?

– No dia... em que nos conhecemos – ele não me olhava. Achei estranho.

– O que seu irmão disse? – ele começou a ficar inquieto.

– Ele disse que... eu estava com um brilho diferente no olhar – lembrei do Príncipe falando a mesma coisa – Um brilho de quem está... apaixonado.

Meu coração acelerou e sei que corei de novo. Eu não sabia o que dizer. Não sabia como reagir àquilo. Mais uma vez silêncio. Finalmente ele me olhou e disse:

– Eu acho melhor eu ir embora. Acho que você já está bem e sua mãe deve chegar logo. Ela vai ficar feliz em saber que você está se recuperando – ele sorriu, levantou do sofá e sumiu por um momento. Eu continuei sentada, sem reação. Quando ele voltou estava com a mochila em um dos ombros e caminhou em direção à porta. Então me levantei para me despedir – Até mais – ele disse sorrindo.

– Até mais – eu disse ainda em choque.

Ele abriu a porta e saiu. Começou a caminhar em direção à rua lentamente. De repente parou. Ficou alguns segundos lá, parado. Vi suas mãos se fecharam, como se quisesse socar alguém. Ele se virou, seus olhos verdes me encarando. Andou com passos largos e rápidos em minha direção. Eu quis dar um passou para trás, mas só consegui ficar parada. Ele se aproximou, ficando somente alguns centímetros de mim. Senti sua respiração contra a minha.

– Você me perguntou por que eu venho aqui e, eu estava pensando, que talvez meu irmão tenha razão.

Assim que falou isso, ele me segurou pela cintura, me beijou, se virou e foi embora, tão rápido quanto à velocidade em que meu coração batia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer agora?
Depois dessa eu prometo tentar postar logo, se não vocês me matam neh ;)
Comentem o que estão achando
Se você leu até aqui #obrigada^^