CAPÍTULO VI

Casal maléfico

Rose Weasley

Todos saíram do carro e acabaram por tomar rumo diferentes. James avisou novamente que estava de olho em Rose — com certeza Ronald havia mandado ele fazer isso. Só é que ambos sabiam que ele acabaria esquecendo-se de sua tarefa.

E Rose era uma santa. Não faria nada de errado.

— Hoje essa casa vai pegar fogo. — comentou Rose entrando na imensa casa dos Scamander. Ela já conhecia lá dentro, assim como Dominique, que se surpreendeu por ter bebidas na cozinha e ter um barman. Pena que não era gatinho. Não, ela não estava ali pra isso… Talvez.

— Me sinto tão… — Dominique tentou achar uma palavra que expressasse bem o que estava sentindo, mas ao invés de achar algum conjunto de letras ela viu sua amiga. — Tão Roxanne.

— Rebelde e maligna? — perguntou a ruiva logo tendo a amiga em seu campo de visão. A Johnson estava realmente muito bonita. Por um milésimo de segundos, Rose achou que talvez não estivesse tão bonita quanto ela e Dominique.

Estava errada.

A Delacour sabia das coisas. Os pais dela achariam — no mínimo — estranho se ela saísse de lá com uma blusa de decote imenso ou coisa do gênero. O bege transmite um tipo de maturidade quando está em Rose, mas realça bem o seu cabelo e seus olhos. Sem contar que era de seda, e que tipo de humano não gosta de seda?

Suspirou em alívio.

Ela deveria ser confiante.

— Ouvi rebelde e maligna? — Roxanne sorriu para as duas e depois olhou sério. — Olha aqui, idiotas, eu fiquei hiper preocupada com vocês. Pensei até que a mãe da Domdom tinha pego vocês e feito como refém das suas palestras em francês.

— Deu tudo certo, Rox, pode ficar tranquila agora que suas bests estão aqui. — respondeu Rose e a Johnson deu um tapa no braço dela. — O que mais ocorreu de errado foi à visão da calcinha preta de Dominique.

— AI MEU DEUS, ELE VIU? — gritou causando risos. — Ai meu Deus, que vergonha.

— Aposto que colocou preta só pra combinar com o look. — provocou Roxanne, fazendo a ruiva rir.

— James curtiu, ficou olhando e tal. Parou quando ela agachou e levantou. — contou a Weasley fazendo Roxanne abrir a boca com um ar de quem estava surpreendida.

— Uh, James e Dominique, hmmm, temos que criar um nome para isso… — pensou a morena por alguns instantes. — Jaynique.

— O capitão do time de futebol e a líder de torcida. — concluiu Rose. — Existe algo mais clichê?

— Talvez a nerd que se apaixona pelo garoto popular. — provocou Roxanne.

— E que quer acabar com a diversão dele. — Dominique sorriu vencedora.

— Ou até mesmo os best friends que tem um caso. — a Johnson revirou os olhos. — Já li diversas histórias. E fique sabendo — apontou para o meio do nariz da amiga — que sempre dá certo.

— Eu e Lorcan? Sério isso? — por mais que Roxanne olhasse Rose com aquela cara de quem não se importa, ela se importava sim.

— Loxanne. — disse Dominique soltando um “awwwwn’’. — Adorei. Jaynique e Loxanne.

— Só falta um para Rose. — Roxanne começou a pensar.

— Brose. — sugeriu a ruiva fazendo suas amigas franzirem o cenho. — Brian e Rose.

— Ah, fala sério, aquele cara? Se eu fosse você tomaria cuidado. — avisou Roxanne. — Há uma maldição nas namoradas dele.

— Uma maldição. — repetiu a ruiva querendo, realmente, acreditar.

— Todas são roubadas pelo Rei. — sorriu cruelmente. — A não ser que a pequena Weasley queira ser roubada por ele.

— Que está olhando para a sua bunda nesse exato momento. — constatou Dominique.

— Pensei que ele achava que eu não tinha bunda. — soltou Rose antes de se virar e ir em direção a ele.

Ela deixou uma pulga atrás da orelha de Dominique e Roxanne, que olharam-se duvidosas.

Não sabiam que Rose queria provar para Scorpius que ela tinha vários atributos. Só é que a mente ingênua e inocente da Weasley não sabia que a coisa não é bem assim. Quando isso começa a acontecer… Nunca tem um bom final.

Claro que depende do ponto de vista.

Do dela, seria algo horrivelmente terrível.

Para ele, também.

— Os inimigos que se amam. — sussurrou Roxanne. — Brian que se cuide se começar a namorar ela.

— Ainda bem que eu não estou entrando em um triângulo amoroso. — disse Dominique puxando Roxanne para longe deles.

Rose caminhou até Scorpius, passo na frente de passo, encarando ora o chão e ora erguendo a cabeça e encarando aqueles olhos que ela odiava. Quer dizer, que parte de Scorpius ela não odiava?

— Scorpius Malfoy. — saudou sentando-se no banquinho do barzinho que haviam colocado ali.

— Rose Weasley. — devolveu na mesma moeda. — Não imaginei que viria para essa festa.

— Por quê?

— Você sabe, nerds não gostam de festas. Preferem ficar em casa lendo livros e fazendo tarefas para o próximo mês. — respondeu sorrindo cruelmente. — Se bem que estamos nos encontrando em várias ocasiões parecidas com esta, não é?

— Infelizmente algumas pessoas não tem sorte. — sorriu e ele arqueou a sobrancelha. — Sou uma dessas.

— Várias queriam estar aqui conversando comigo, Weasley, não entendo seu desprezo. — observou. Poderia até ser verdade, mas Rose não ligava. Ela viu quando Scorpius olhou por trás dela e franziu o cenho. Não que ela ficasse prestando atenção, mas viu os olhos dele saírem de um cinza cristal e virarem um cinza tempestade.

Rose seguiu o olhar dele e viu que chegava até Brian, que estava caminhando até eles e passaria reto se ela não fizesse algo.

Seria melhor se ela não fizesse.

Mas Rose ainda não sabia disso.

— Brian! — chamou ele e Scorpius revirou os olhos, deixando-os e se perdendo no meio das pessoas.

— Rose. — sentou-se no banco que o Malfoy antes se encontrava. — Que bom te ver por aqui, você está… Linda.

— Ah, obrigada. — disse sorrindo. — Quando eu deixo Dominique escolher minhas roupas, digamos que sempre se torna um dia de sorte.

— Supersticiosa então. — concluiu olhando para o barman e fazendo um sinal. — Aceita um whisky?

— Claro.

Dominique Delacour

Dominique e Roxanne observavam Rose de longe. Aconteceria como da última vez. Acabariam por tirá-la dos beijos de Brian para irem embora. Bom, pelo menos era dos beijos, apenas beijos. Rose nunca faria aquilo, nunca.

— Tomara que essa não seja uma sina do pobre Wood. — disse Dominique assim que viu os dois bebendo. — Não entendo se é ele que é chato e o Scorpius se torna legal ou se é uma competição entre os dois.

— O namoro de Brian com Karen durou seis meses, o dela com Scorpius um e agora ele encontrou a Britney. — observou Roxanne tomando um… Whisky. Teria que perguntar como Lorcan conseguia tanta bebida. Dominique bebia um suco. — Scorpius é mulherengo, isso todos sabem, então não é importante focar nele.

— E aquelas líderes de torcida são umas cobras. — constatou Dominique. — Me encontro em uma situação que acabo por nos criticar também.

— Somos cobrinhas. — riu Roxanne. — Você tinha que ver! Lysander ficou paralisada quando viu Karen comigo. E depois saiu andando rápido. Deve ter ligado para Britney atrasar um pouco. Devem ter combinado as falas e tal, porque quando chegou a Parkinson não teve nenhuma reação de surpresa. Apenas de uma falsa surpresa.

— Temos que ficar de olho na Karen, Lysander, Britney e Scorpius. — disse Dominique. — Eu fico responsável por Karen, você e Lorcan por Scorpius e Britney, Rose por Lysander.

— Em que a imprestável da minha falsa cunhadinha serve nisso tudo? — indagou pensativa.

— Ela pode armar com alguém para desviar atenção caso perceba que estamos por dentro. — Roxanne olhou surpresa para Dominique. — O que foi?

— A cada dia me surpreende mais, loira. — ambas riram e a Delacour revirou os olhos.

— Loiros não são burros, honey. — comentou Lorcan passando a mão por seus ombros. — Se importaria se eu roubasse ela de você, Domi? Devolvo amanhã.

— Eu dou a permissão. — disse Dominque fingindo ser alguém importante, Lorcan fez uma reverência. — Mas só vai devolvê-la na próxima estação, oh nobre. — os três riram e os dois sumiram por aí.

Dominique riu do que acabara de dizer e deu meia volta, quase derrubando suco em quem ela trombou. Claro que não seria uma festa se alguém não viesse perto dela para conversar e coisa do tipo.

Mas por sorte — ou azar — era James.

— Tanta bebida e você prefere suco, Delacour? — perguntou James tirando o copo de suas mãos.

— Estou com a leve impressão que vou ter que me manter sóbria para carregar Roxanne e Rose. — riu encostando-se na pequena parede que tinha entre a sala de jantar e a cozinha.

— Não devo estar sóbrio faz dias. — disse e Dominique respirou fundo sorrindo. — Mas hoje, bêbado ou não, terminei com a Mia.

— Sério? — fingiu-se de surpresa.

— Sério. — afirmou olhando para o chão.

— Por quê?

— Não estávamos mais dando certo. — Dominique fez cara de quem estava com dó. — Ela já estava afim de outro, eu já estava afim de outra. Estava não, estou.

— Isso, sempre temos que seguir em frente. — afirmou e ambos assentiram. — É o que eu falo para Karen. — olhou por trás do capitão e viu a morena dançando. Ainda estava sobre suas vistas. — Levou um fora do Scorpius.

— Fiquei sabendo. — James a olhou também. — Ela está gatinha com esse vestido preto. Logo algum cara chega e deixa ela felizinha de novo.

— E esse cara vai ser você? — perguntou erguendo as sobrancelhas.

— Depende. — a Delacour sorriu tão cafajestemente quanto ele. — Se uma certa líder de torcida me der corda eu continuo, mas se me dispensar eu posso beber um pouco e quem sabe.

— Como você é…

— Esperto, lindo e perfeito? Ah, eu sei. — disse fazendo a líder rir. — Por que não pegamos um drink e vamos para a sala?

— Porque eu tenho que me manter sóbria. — sorriu e ele a imitou. — Posso fazer loucuras caso fique bêbada.

— E eu posso fazer loucuras quando estou sóbrio. — piscou para ela e foi até a mesinha, onde tinha garrafinhas de cerveja em um recipiente cheio de gelo. — Uma só não faz mal a ninguém. — disse estendendo-lhe uma lata.

— Acho bom. — respondeu abrindo-a e batendo na dele. — Então, como está o time?

Essa era a pergunta chave para começar a conversar com alguém do time de futebol americano do colégio. Dominique queria conversar com ele a festa inteira, contanto que ficasse de olho na Nott.

Mas ela não seria um problema.

O maior de Dominique, nessa altura do campeonato, era manter o cara na sua. Não que fosse um grande desafio. James já estava de quatro por ela.

Quem não estava?

Roxanne Johnson

Ela estava sentada no sofá da sala esperando Lorcan com a garrafa de vodka. Estava olhando Scorpius e Alvo conversando alguma coisa que, em sua opinião, era a respeito da Rainha V. Não muito longe deles, no barzinho, estavam Brian e Rose conversando enquanto bebiam. Conseguia ver também os saltos de Dominique apoiados na parede que dividia a cozinha e a sala de jantar.

Só não conseguia ver Lorcan com a maldita bebida.

Karen estava dançando.

Britney estava na porta com Lysander e outras líderes vadias.

Estava tudo sobre controle, afinal, ela tinha a visão de tudo.

— Você foi fabricar? — perguntou assim que o Scamander chegou e sentou-se ao seu lado.

— Tive que ir lá no fundo, ingrata. — respondeu entregando para Roxanne um copo, que logo fora preenchido. — Seu irmão e Molly estão se pegando no canto da escada, podem vir pra cá a qualquer momento.

— James está com certeza distraindo Dominique para ela não me avisar quando Fred aparecer. — constatou vendo os dois sentarem-se no sofá da outra sala. O Potter estava unindo o útil ao agradável e de quebra estava deixando Dominique animada. — Que ótimo.

— Como vamos fazer isso? — perguntou o loiro e Roxanne deixou o copo em cima da mesinha de centro e pegou a garrafa virando-a e bebendo o máximo que conseguiu. — Bêbados. Só não se esqueça do plano das garotas.

— Eu sou quase de ferro. — respondeu fechando os olhos com o gosto da vodka e em seguida abrindo-os. — Vamos dançar.

— Não tenho escolha. — respondeu levantando-se e também deixando o copo em cima da mesa. Em questão de “sobriedade’’, Lorcan ficaria estável até o final. Já Roxanne… Estava com a garrafa.

Eles foram para onde as pessoas que dançavam estavam, entraram no meio delas e ficaram dançando normalmente.

Só que não.

Roxanne viu de relance seu irmão. De onde ele estava dava para ver bem eles. E seria óbvio demais se ela beijasse seu melhor amigo agora. Então, ela armou um plano. Dançaria normalmente, depois ficaria mais próxima de Lorcan e na hora H ela o beijaria. Fred ou Molly veriam ao menos a sombra deles.

E assim ela fez.

Algumas vezes bebia da garrafa e fazia o Scamander beber também. Ela não queria estar sóbria para ver acontecer. Da última vez, ela se apaixonou por ele.

A história deles não é algo para se contar em uma festa, no meio de bebidas, música alta e pessoas. Por que apenas os dois sabiam e fingiam ter esquecido.

Eles cresceram juntos, viveram todas as experiências de amigos de infância juntos. Brincavam juntos, dormiam na casa um do outro já que até Lysander era amiguinha dela. No entanto, quando entraram na pré-adolescência Roxanne estava com um instinto de gostar de alguém. Esse alguém fora Lorcan.

Tiveram aquela paixonite aguda e até se beijaram pela primeira vez.

Passou um tempo e ambos arrumaram namorados, talvez porque a ideia de “não querer estragar a amizade’’ tenha entrado na cabeça daquelas pequenas crianças. Só é que, depois que os namoros terminaram, eles se encontraram em uma situação de solidão.

Naquela época, ainda não se dizia ‘”ficar’’, mas foi isso o que fizeram.

O namoro deles com outras pessoas não deu certo porque eles davam certo.

Tinham a mesma personalidade, os mesmos hábitos, os mesmos pensamentos. Eram apaixonados e apaixonantes. Só é que, sem querer, eles se tornaram melhores amigos e essa coisa de infância serviu apenas de recordação.

Roxanne achava isso.

Lorcan sabia que não era bem assim.

A Johnson estava rindo de alguma coisa que Lorcan havia falado, que com certeza fora bem idiota. Como já havia se passado um tempinho, ela se aproximou mais dele, fazendo agora os corpos colidirem e dançarem juntos.

Para tentar manter a calma, imaginava que o seu amigo era gay e não tinha nenhum interesse nisso tudo e ao mesmo tempo lembrava que estavam fazendo aquilo por três preciosos ingressos que sua mãe não deixaria seu pai lhe dar.

— Lorcan. — disse em seu ouvido. Ele fez um “hm’’ como resposta. — Você vai ter que colocar a mão na minha cintura e vai ter que pegar na minha bunda.

— Como você é discreta, Roxanne. — ele riu ao ver a cara de duas pessoas que escutaram. — Ela está bêbada, gente.

— É sério! — exclamou e ele fez o que ela mandou.

O Scamander colocou a mão na cintura da Johnson, que mexia conforme seus passos de dança. Ela bebeu o resto da bebida e colocou a garrafa em um canto no chão. Após levantar-se, Lorcan colocou sua mão em sua cintura e seus braços foram parar no pescoço dele.

Não que ela fosse uma santa e que nenhum nunca havia feito aquilo com ela, mas quando ele abaixou a mão ela sentiu um grande frio na barriga. Sentiu também um fogo que ainda estava no fósforo, mas que quando se juntasse com o álcool, causaria um incêndio.

E a chama e o álcool se juntaram quando ele apertou ela para mais perto dele. Claro que já estavam colados, mas Roxanne sabia — saberia, se estivesse sóbria — o que significava. Em sua cabeça já zonza era apenas uma parte do plano.

Roxanne segurou o rosto do loiro com as mãos e fechou os olhos, puxando-o para um beijo que não foi técnico e sem graça — como deveria ser.

Haviam se passado muitos anos afinal, Lorcan já sabia beijar direito e ela não ficava para trás.

Eles realmente estavam se agarrando no meio das pessoas, que tinham que dar espaço para eles irem até onde queriam. Roxanne, na verdade, estava guiando ele até o sofá puxando-o pela gola da camisa social enquanto ele tinha a permissão de passar a mão por onde bem entendesse.

A Johnson o fez sentar no braço do sofá, que era suficientemente alto para deixar ela maior do que ele e ainda permitir que se beijassem e aproveitou para ver se Scorpius estava por ali ainda. Viu seu cabelo loiro andando e sossegou.

Lorcan, por sua vez, deveria falar que foi brilhante, era mais fácil pegar suas pernas e sua bunda daquele jeito. Omitiria a última parte, é claro.

Ela mordeu seu pescoço e soltou, talvez, um tipo de gemido. Lorcan ouviu, mas não soube distinguir se era um suspiro, uma palavra ou que raio era aquilo. Só sabia que era bom.

Estavam se divertindo o suficiente até que…

— Hmhm. — pigarrearam atrás deles. Ambos pararam e olharam Dominique. — Desculpe interromper, mas a Karen...

— CADÊ O MALFOY? — gritou Rose chegando perto deles. — Eu estava conversando com o Brian, e ele estava não muito longe conversando com o Alvo.

— E Britney na porta. — disse Roxanne.

— A Karen sumiu também. — concluiu a loira. — Talvez Lysander puxou ela para algum lugar.

— O que vamos fazer agora? — perguntou a ruiva olhando para o teto e em seguida para os dois. — Tem batom vermelho na sua boca, Lorcan.

— Nova moda. — riu ele se levantando. — Dominique e Rose, vão atrás da Karen. Se minha irmã estiver por perto uma das duas distrai ela. Eu e Roxanne vamos ver se encontrarmos Scorpius e Britney juntos, se isso acontecer a Rox manda uma mensagem e quem estiver com a Karen leva ela até onde falarmos.

— Ok. — suspirou Dominique. — Não se distraiam no meio do caminho, danadinhos.

— Isso é puramente profissional. — argumentou Roxanne fazendo as duas rirem antes de saírem correndo atrás das líderes. — Pra onde vamos?

— Onde daqui seria um lugar quase deserto para se agarrar? — Lorcan se perguntou, tentando achar um lugar em sua casa.

— No meio das pessoas não é. — respondeu Molly passando por eles. Roxanne deu pulinhos de animação. Ela contaria para Fred e tudo daria certo.

— JÁ SEI! — exclamou ele puxando-a pela mão até o lugar em que pensou.

Passaram pela sala, pela sala de jantar e chegaram a um hall que tinha uma escada. Fred encontrava-se do lado oposto, mas eles nem o viram. Subiram as escadas e Roxanne, sem eira nem beira foi andando, mas quando viu o casal no final do corredor — que tinha uma janela do teto ao chão — foi puxada para trás por Lorcan.

— Shhh. — sussurrou ele. — Vamos passar por eles, porque tem uma saída se entrarem na segunda porta do lado direito. Temos que passar fingindo que não os vimos e se eles também não nos verem está beleza. — explicou e ela assentiu. — Entramos na primeira porta e você manda a mensagem pras garotas. — o Scamander pareceu pensar. — Mas como vamos passar?

Roxanne revirou os olhos, o encostou na parede, pegou suas mãos e colocou uma em sua cintura e uma em sua perna, em seguida pegou seu colarinho e o puxou para mais um beijo. Lorcan riu, entendeu o que ela quis dizer.

Entrariam em seu quarto, como era o plano. A diferença é que atuariam para o casal maléfico e não para Fred. Ok, talvez eles fossem o casal maléfico.

Roxanne foi guiando-o até a porta de seu quarto, como se estivessem vindo assim desde lá debaixo. Lorcan colocou suas mãos nas coxas da garota e deu um impulso para ela agarrar suas pernas em torno da cintura dele.

Ela o fez e foi mais fácil.

Sequer olharam para o casal traíra, abriram a porta, entraram e Lorcan a fechou com o pé fazendo um grande barulho. Trancou a porta e guiou a Johnson até a cama, onde ela ficou por baixo e ele por cima, com a esbelta líder dependurada em seu corpo ainda.

— A mensagem, Rox. — lembrou ele e Roxanne arregalou os olhos se soltando e caindo na cama macia do seu amigo.

— Será que ainda estão ai? — perguntou e Lorcan foi até a fechadura, tirou a chave antiga e olhou, logo fazendo sinal de positivo.

—--------

Angels

Domi, Rose, Rox

Hoje

Rox

Estão no final do corredor dos quartos (00:38)

Rose

Tem como saírem daí? (00:39)

Rox

Lorcan disse que tem (00:39)

então quem achou a Karen (00:39)

trás ela e a outra atraí mais gente para ver (00:39)

Domi

Já estou indo com Karen (00:40)

Rose

E eu com Brian (00:40)

Até eu chegar aí (00:40)

a Nott já vai ter gritado com a surpresinha (00:40)

—--------

Roxanne olhou aliviada para o amigo que admirava-se no espelho. Ela riu, pensando no que talvez ele estivesse pensando.

— Acho que estou com mais batom do que você. — sussurrou ele esticando o pescoço. — Olha isso, vai ficar roxo.

— Sua pele é bem branca. — disse apenas, logo tendo uma lâmpada acesa em cima de sua cabeça. — Tira a camisa.

— Hã? — indignado, falou alto demais.

— Tira a camisa. — repetiu baixinho. — Quando sairmos você acha que eles vão pensar que estávamos fazendo, ou quase fazendo, o quê? — o Scamander deu ombros e desabotoou sua camisa, jogando-a em cima da cama.

— Não fique cega com tanta beleza. — ela revirou os olhos. — Mas e você? Tira essa regata de dentro da saia e sobe um pouco.

— Se subir mais dá pra ver a minha bunda, seu tarado. — respondeu fazendo o que o rapaz falou.

— Isso é verdade, mas todo mundo vê sua bunda no treino com aquela saia, você sabe disso. — Lorcan deu ombros sorrindo safadamente. Claro que não faria nada com a amiga.

— É diferen… — ela parou de falar e de desarrumar seu cabelo quando ouviu um grito. — É agora!

Dominique Delacour

A loira achou Karen lá fora, olhando as estrelas. Já estava bem bêbada, sua justificativa fora que ouviu uma voz lhe chamando lá pra fora. Rose se ocupou de distrair Lysander, que estava em um ângulo que dava para monitorar a Nott.

Foi até lá e começou a falar sobre a festa e de como estava legal e tal, quando recebeu a mensagem continuou falando mais ainda.

— Karen, eu descobri onde tem mais bebida! — exclamou Dominique, logo tendo um sorriso da parte de sua colega. — Os Scamander nunca vão deixar faltar, basta achar onde está.

— E onde tem? — perguntou animada.

— Vem comigo.

A Delacour guiou a Nott entre as pessoas. Quando passou pela porta, Rose passou a segui-la e a chamar quem ela sabia que se interessaria. Chamou Brian para acompanhar ela e Dominique e se caso alguém tentasse fugir, era para ele segurar.

No começo não entendeu, mas foi mesmo assim.

Dominique fez um sinal para James, que a olhava junto com Fred e Molly, segui-la. Roxanne a agradeceria depois.

Subiram as escadas.

— Mas aqui é o corredor dos quartos. — comentou ela.

— Roxanne que me disse. — e assim a loira deixou que Karen visse o casal enjoativo se amassando na parede.

Scorpius prensado por Britney, que estava sendo bem ousada. Mais do que deveria ser.

Karen os observou por um minuto, eles nem notaram que ela estava ali.

— AH! — gritou a Nott e várias pessoas começaram a subir. Seria fácil Scorpius escapar dessa, mas Britney nem tanto. Ficou um silêncio que foi quebrado por uma porta que se abriu.

— O que foi esse grito? — perguntou Lorcan tendo Roxanne apoiada em seu ombro.

— EU NÃO ACREDITO. — Karen estava com seus grandes olhos castanhos arregalados.

— Não é nada disso que você está pensando, Ka! — Britney disse olhando para Scorpius e para ela, depois dando um empurrão no loiro. — ELE QUE ME AGARROU, EU NÃO FIZ NADA. — e deu um tapa na cara do Malfoy, que apenas ergueu os braços em forma de rendição.

— Sem essa, Parkinson, todo mundo aqui viu. Sua brincadeirinha acabou. — disse uma ruiva sorridente, mais conhecida como Rose Weasley.