CAPÍTULO XXII

Bffs

Ding dong.

Foi exatamente o som que Rose Weasley escutou lá de seu quarto e que a fez descer as escadas correndo em direção à porta de sua casa, abrindo-a e dando uma risada dissimulada ao ver que ele, realmente, tinha ido ao seu encontro apenas para saber detalhe por detalhe do que havia acontecido.

— Sempre soube que você metia esse seu nariz grande onde não era chamado, mas não pensei que pudesse realmente se superar, Malfoy. — disse pondo as mãos na cintura enquanto apoiava-se na porta. Scorpius rolou os olhos e sorriu.

— A ocasião faz e o ladrão. E não vamos esquecer da parte em que você implorou para que eu viesse.

— Não nego, é mais divertido ouvir seus comentários pessoalmente. — Rose olhou para trás, checando onde sua família estava. — Vamos conversar na calçada, não quero que eles tenham a possibilidade de escutar sobre você-sabe-o-que.

Talvez há algumas semanas eles se matariam caso soubessem que às sete horas da noite de uma terça-feira qualquer estariam sentados na sarjeta, lado a lado, pondo as fofocas em dia como verdadeiros best friends forever ou algo do tipo.

— Tudo começou quando ele me ligou, o que já é péssimo, porque a voz dele me dá ânsia de vômito, e disse que precisávamos conversar. Aí ele começou a falar que não estava aguentando mais os meus comportamentos e-

— Até esse ponto ele está certo, quem é que consegue te aguentar, Weasley? — perguntou falsamente crédulo, causando um olhar brincalhão.

— E que eu estava muito grossa, distante.

— Você é grossa.

— Sim, mas eu admito que sou mais grossa com ele pelo simples motivo de ele ser um babaca sem noção. — defendeu-se respirando fundo. Estava tão feliz. — Aí eu, muito madura, falei assim: e daí? E ele disse que não gostava, aí eu perguntei o que ele estava fazendo para mudar a situação e adivinha!

— Hm.

— Adivinha!

— Adivinha o quê?

— O que ele disse. Céus! — Scorpius arqueou a sobrancelha. Quando decidiu fazer a vontade dela, pensou que encontraria uma Rose deprimida, chorosa e meio na bad, não uma Rose agitada, animada e feliz da vida. — Você não dá nem chance, só quer saber de falar com o Malfoy. — imitou a voz do ex, fazendo Scorpius gargalhar. — Foi péssimo, me senti ofendida por isso.

— O Wood é um imbecil mesmo. Quer dizer, a culpa não é minha se uma pedra é mais interessante do que ele.

— Ele faz uma campanha ótima contra você, sabia? — Scorpius apoiou as mãos na calçada e jogou a cabeça para trás, sorrindo de olhos fechados. — Ele tentou me convencer de que você é um imbecil, idiota, mau-caráter, sem noção e um egocêntrico insuportável. Parece que a conversa era exatamente para isso, sabe? Para eu me distanciar de você.

— Claro! Maravilhoso do jeito que eu sou, seria impossível você não resistir ao meu charme encantador e dar um pé na bunda dele. Cá estamos, aliás.

— Cá estamos porque temos um plano, não que você não seja tudo isso e um pouco pior. — Scorpius empurrou o ombro dela devagar, descansando os braços sobre os joelhos. — Só achei estranho. Talvez ele saiba de algo.

— Defina algo.

— Sobre o plano.

— Nahhh, claro que não. É que comigo longe de você, seria mais fácil ser maravilhoso e ele teria êxito no planinho de merda dele.

— Você é muito convencido, sabia?

— E você ingênua. Fazer o que! É a vida. Continue a história.

— Então, aí eu me irritei e disse que não daríamos certo.

— Você o quê? — o tom dele era claro: você estragou tudo, eles vão perceber algo, quem vai pegar as mensagens, Weasley o que tem dentro dessa cabeça além de extrato de tomate? — Não creio.

— Ah, olha… Eu sei que a gente precisava ficar de olho nele, mas ele é muito chato e me estressa. Nem gosto dele para ficar fingindo um relacionamento, muito menos fingindo que estou me subordinando às vontades dele. — sua voz exalava justificação, e aparentava estar cansada do teatrinho sem noção em que havia se metido por ser, assim como Scorpius tinha dito, ingênua. Scorpius franziu os lábios e olhou para ela. Rose pensou que ele daria um sermão, falando o quão burra ela tinha sido e etc, sentiu-se levemente culpada ao fitar aqueles olhos cinzas tenebrosos lhe encarando.

— Você está bem?

— Estou. Ele não significa nada para mim, apenas mais um namorado que não deu certo. — deu ombros, fingindo indiferença.

Porém, Scorpius se lembrava do dia em que descobriram o que o Wood estava tramando e do quão triste ela havia ficado, perguntando o que havia de errado com ela. Assim como naquele dia, Scorpius moveu-se para mais perto e abraçou-lhe pelos ombros. Não queria saber se ela estava ou não se importando, porque talvez ela estivesse com vergonha de demonstrar seus sentimentos por um imbecil de quinta categoria.

Ele apenas fez o que achou certo no momento.

Rose Weasley ficou abalada sim quando descobriu, e sua verdadeira dúvida era em relação a si mesma. Por que ela não se sentia loucamente apaixonada por alguém? Ou alguém por ela? Por que tinha que ser por interesse ou motivos fúteis? Ela ainda sonhava com um príncipe encantado, e ainda estava a procura dele.

Eles ficaram sentados na calçada por mais um tempo, decidindo como tudo procederia a partir dali e determinando que a missão de pegar as mensagens estava realmente nas mãos hidratadas de Dominique Delacour. Scorpius não desgrudou de Rose um segundo sequer, o que era fofo e estranho. Estranho porque eles não eram de fazer essas coisas, fofos porque Scorpius aparentava estar cansado, provavelmente com sono, mas prestava atenção em todas as asneiras que acabaram saindo da boca de Rose e dava risada quando lhe era conveniente. Só que seu braço estava apoiado por trás dela, sua calça jeans raspava na perna de Rose e seus olhos não saiam um instante sequer daquele rosto desenhado pelos deuses.

Quando Rose parava de falar, ficava um silêncio estranho e os dois se encaravam. Rose pensava se não havia algo no ar que ela não estava conseguindo pegar, porque desde o maternal nunca havia visto Scorpius daquele jeito. Nunca.

— Posso te perguntar uma coisa? — ele prontamente assentiu. — Por que você está tão estranho?

— Eu? — pôs a mão no peito e franziu o cenho. — Não estou estranho.

— Ah, eu acho. Estamos sentados conversando há um tempo, tranquilamente, sem nenhuma farpa e... — você está perto demais. — Isso é estranho.

— Rose, estamos conversando há dias, já deveria ter se acostumado com a ideia de que alguém pode conseguir suportar você. — sorriu brincalhão, fazendo um movimento com os lábios para umidecê-los, não que Rose estivesse prestando atenção nisso. — Sem contar que você deu um fora, mas meio que levou um fora também, não sei bem como definir esse acontecimento. E, bom, até onde eu sei você é um ser humano, tem sentimentos, e pode estar bem triste com tudo isso. Por isso que eu estou aqui. Não sirvo só para arquitetar planos perfeitos.

— Planos perfeitos. — gargalhou dando um tapinha no ombro de Scorpius. — Não estou triste por ter terminado com o Wood, sério. Até mesmo porque o problema sou eu.

— Você é o problema? Rose Weasley é o problema? — o rapaz ajeitou-se ao lado dela, descansando os braços em seus joelhos e lançando um olhar de quem encarnaria um livro de auto ajuda. — Brian Wood é um idiota, Rose, me desculpe. E eu nem falo isso só por você, mas por outras garotas que falam as mesmas coisas dele. O problema não é você ser do jeito que é, o problema é que ele simplesmente não gosta de você. Tem gente que ou manda ou é mandado. Brian Wood quer mandar nas namoradas, mas está sendo mandado pela Britney. Eu nem acho que ela é tão ruim quanto parece, sabe, ela só tem um senso distorcido da realidade e está acostumada a ter tudo o que quer. Por isso manipula as amigas, os caras com quem ela sai, babacas como o Wood. Posso estar errado, mas provavelmente ele está super apaixonado enquanto ela só quer usar ele para essa vingança sem pé nem cabeça.

— Com certeza.

— E quanto a você, bom, se fosse para vocês terem dado certo teria acontecido tudo de forma mais natural, mais de boa. Não digo que ele não sentiu algo por você, mas… Foi um sentimento muito pequeno que acabou se tornando objeto de manipulação. Se você aceitasse as reclamações dele, talvez ele até voltaria atrás com o plano, entende? Porque na cabeça dele deve processar que amor é fazer o que ele manda. Já que você não fez isso, ele está fazendo com a Britney. Está amando enquanto obedece.

— Nunca pensei que diria isso, mas essa sua teoria tem muito fundamento. — Rose pôs o cabelo atrás da orelha e sorriu fracamente. Não abatia em nada o sentimento de impotência que às vezes a consumia.

— Pode não ter dado certo com o Wood, em vários sentidos, mas não fica com isso na cabeça. Você é maravilhosa do seu jeito, e em algum momento vai aparecer o alguém ideal. É uma questão de tempo.

Rose arregalou os olhos e pensou que teria uma parada cardíaca. Precisava ouvir aquelas palavras de novo para ter certeza. Scorpius Malfoy havia lhe elogiado de verdade? Parecia surreal. Scorpius continuou olhando para a garota como se fosse comum dizer o que havia acabado de falar, como se fossem habituados a isso, como se… Rose soltou todo o ar de seus pulmões.

Eles ficaram conversando por mais algum tempo, até que Rose percebeu que Scorpius estava realmente cansado e só estava ali porque… Porque… Ahn, porque… Scorpius se despediu de Rose com um abraço compreensivo. Embora não fossem tão amigos, estavam ficando cada vez mais próximos e ele tinha certeza que não queria ver — nem ouvir — ela toda chateada por causa do término.

Ele foi para a esquerda e Rose em direção à porta de entrada. Antes de entrar, sentiu algo bater muito forte dentro do seu corpo, por isso engoliu a seco, sorriu e fechou a porta. Quando percebeu que o seu coração realmente batia em uma frequência de 3% a mais, encostou-se onde segurava a maçaneta e foi escorregando até estar sentada no chão.

Rose Weasley não sabia que merda tudo o que estava sentindo significava.

Estava feliz por ter terminado com o Wood, mais feliz ainda por ter contado tudo para o Scorpius e super mais feliz por saber que o plano ainda daria certo. Para completar sua felicidade, alguém, pela primeira vez, pareceu sincero ao falar que ela era maravilhosa.

O problema era que esse alguém era Scorpius Malfoy, a pessoa mais irritante que ela conhecia, a que ele mais sentia vontade de bater, a que ela contava sobre o seu dia, a que ela confabulava planos junto, a que ela se sentia melhor depois de um abraço, a que ela sentia seu coração acelerar ao ouvir uma frase.

— Socorro, Deus. — deu risada ao ouvir sua própria voz. Por sorte, ou azar, sua mãe também ouviu e apareceu em sua frente com os braços cruzados e uma expressão curiosa.

— Com quem você estava conversando?

— Scorpius.

— Hm. — Rose revirou os olhos ao vê-la dando um sorrisinho besta de canto. — E sobre o que conversavam?

— Provas, mãe. Estamos em semana de provas e o maravilhoso Scorpius Malfoy é péssimo em história e está quase enlouquecendo de preocupação.

— Mas não foi a nota dele em história que te deixou histérica por dois dias depois por ser meio ponto superior a sua? — merda. Rose se levantou, respirando bem fundo e encarando os olhos de Hermione Granger que berravam: assuma, querida, porque eu já sei tudo que está passando nessa sua cabecinha.

— Não, mãe, não foi.

Subiu as escadas enquanto a sonora risada de Hermione preenchia todo o ambiente.

Rose demorou bastante para dormir, o rosto de Scorpius não saía da sua cabeça por nada e sempre mexia no celular para ver se havia alguma mensagem no whatsapp, contribuindo para que o sono realmente não chegasse. Para melhorar, o protagonista do sonho que teve era Scorpius, e acordou pensando em… Sim! Scorpius.

Há algum tempo sentiria-se completamente irritada, mas na quarta-feira de manhã estava mais plena do que nunca. Não viu Brian Wood no colégio, Dominique estava tranquila e Roxanne um pouco alheia por causa de seus conflitos com Lorcan. Mas como toda a estabilidade dura pouco, enquanto estava indo checar o painel de notas, ouviu a dona da voz mais nojenta do planeta.

— Fiquei sabendo que a nossa Weasleyzinha está solteira novamente. Quanto tempo durou mesmo o seu namoro? Cinco dias?

Hahahahahahahhaha. Muito engraçado.

Rose poupou-se em responder a idiota siliconada da Britney Parkinson, e apenas foi checar se havia saído alguma nota.

— Eu tirei nove e meio em álgebra, Rose! NOVE E MEIO! — exclamou Dominique, pulando em seu pescoço automaticamente. — Não acredito que você conseguiu me ajudar e eu consegui entender! AAAAAAAAAH!

— Oito. — Roxanne suspirou cerrando os olhos para procurar a nota da ruiva. Sorriu maldosamente ao perceber que ela provavelmente teria um ataque de pelancas. — Rosita, o que aconteceu com você? Oito e setenta e cinco?

— Oito e setenta e cinco? — pronto, o mundo poderia acabar naquele momento, nada mais fazia sentido. — Impossível. — riu de nervosa. — Impossível mesmo.

— Ah, Rosinha, você anda tão distraída nas aulas de álgebra. Principalmente depois que alguém começou a frequentar a cadeira ao seu lado.

Ela iria matar Scorpius Malfoy, matar.

Rose odiava a cara que Roxanne estava fazendo, odiava ver um oito e setenta e cinco no seu boletim, odiava ter que admitir que havia sido super passada para trás em uma prova de álgebra. E não podia nem negar. Era tudo culpa dele, tudo.

Culpa da sua conversa fiada, da sua mania irritante de ficar mexendo naquele cabelo irritante e olhando com aqueles olhos cinzas irritantes para todo o lado. Sem contar a sua risada ridícula e o seu constante empenho em puxar papo com ela através de anotações. Era um fato e não havia argumentos: Rose Weasley havia se deixado levar por Scorpius Malfoy.

E pelo jeito havia dado uma merda maior do que um oito e setenta e cinco no boletim.

Dominique Delacour

O seu nove e meio em álgebra era uma notícia tão boa quanto a de que havia, finalmente, beijado James, e ela não conseguia se aguentar de felicidade.

Desde o grande dia eles se encontravam no vestiário após as aulas para ficarem um pouco juntos, e James estava sendo tudo, tudo o que Dominique sempre havia sonhado. Ver aquele sorriso de perto, sentir seu cheiro embriagante e finalmente poder tocar aqueles lábios ultrapassava qualquer paraíso em que ela pensou um dia estar. E como a notícia era das boas, não pensou duas vezes antes de contar para Roxanne, Rose e… É, Roxanne e Rose.

Embora soubesse que a vida das amigas não estavam lá muito excitantes, não conseguia esconder tudo o que estava sentindo. Sorria à toa, seus olhos brilhavam e uma vírgula mais para a esquerda era motivo de risada. Tudo estava, enfim, ótimo! E Dominique queria que continuasse desse modo, principalmente porque em alguns dias seria o show da sua banda favorita e ela queria aproveitar ao máximo, principalmente por ter quase total certeza de que a sua mãe deixaria que ela fosse. Afinal, um nove e meio em álgebra não era para qualquer um.

Quinta-feira à tarde, quando chegou em casa, duas grandes coisas lhe esperavam. Na tela de seu celular estava uma notificação no grupo das Angels, e as primeiras palavras eram “Dominique, preste MUITA ATENÇÃO nas seguintes instruções”; em sua frente, sentada em uma poltrona da sala de estar mexendo no notebook estava Fleur.

— Querrida, que bom que chegou. — Dominique sentiu seu estômago gelar ao fechar a porta e ouvir o sotaque francês de sua mãe. — Esta tarde recebi uma ligação muito important, da Angeline, sais tu?

— Sei. — a garota sentou-se no sofá e pôs os pés em cima da mesinha de centro, não conseguindo conter seu sorriso. — Sobre o que era?

— Sobre como você está se empenhando nos estudos e de como você e Roxanne estão animadas para ir ao show du group, ahn, Parramor? — olhou para a filha, que assentiu. — Donc, eu pensei que por você ter ido tão bem em álgebra, você merece ir a esse show.

— Sério? — ela não pensou que a sensação seria tão boa. Por isso, antes mesmo da mãe lhe responder, jogou-se em seus braços e beijou todas as partes possíveis de seu rosto e a apertou como se tivesse acabado de ganhar o melhor presente de natal do mundo.

Sim, uma parte do plano tinha dado certo, certíssimo! Dominique estava com os sentimentos de realização a todo vapor dentro de si, e de orgulho também. Embora não gostasse nem um pouco de estudar, sabia que era necessário e que Fleur valorizava muito suas notas, então era meio que sua obrigação ir tão bem quanto Victoire, e ela nunca havia conseguido uma nota tão alta em álgebra. Na vida há pessoas boas com números, outras com palavras, e outras com sentimentos. Dominique era boa nesse último.

A loira subiu saltitante para seu quarto, quase tropeçando em seus próprios pés, e entrou no seu quarto para ver as mensagens que lhe aguardavam.

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Angels

Domi, Rose, Rox

Rose

Dominique, preste MUITA ATENÇÃO nas seguintes instruções (16:49)

Com os recentes acontecimentos, (16:49)

Você que vai ter que pegar, a todo custo (16:49)

As mensagens da Parkinson com o Wood (16:49)

Sexta-feira, sem falta, é a ÚNICA chance de dar tudo certo (16:50)

ÚNICAAAAAAAAA (16:50)

Domi

Sim senhora (17:21)

Mas se eu não pegar ainda tem como Lorcan pegar (17:21)

com a Lysander, não tem? (17:21)

Ou o Scorpius pegar com a Lysander (17:21)

Ou a Karen tentar nos ajudar (17:21)

Rose

Nop (17:22)

Não podemos contar com o Lorcan (17:22)

Nem com o Malfoy (17:22)

É com vc, Domilinda (17:22)

Domi

Não tenho escolha, né? (17:24)

Rose

Não :P (17:26)

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Para ela estava tudo bem, no final das contas. Bom, pelo menos estaria se ela obtivesse êxito em sua missão. Rose e Roxanne costumavam a ser mais do que ela, em alguns sentidos, nessa história toda foram elas quem descobriram, que pensaram em um plano para ajudar Karen, para ajudar Dominique, para resolver o problema do papel higiênico, no plano de vingança… Dominique havia sido uma co-adjuvante bonitinha que conseguiu ficar com o crush. Nada de uau.

Mas nada que uma captura de prints não resolvessem a situação.

Por isso Dominique esperou pacientemente sexta-feira chegar enquanto pensava detalhadamente como deveria agir, as coisas que deveria prestar atenção e tudo que não poderia dar errado.

E lá estava ela, no vestiário, bem em frente ao seu armário observando a movimentação enquanto Roxanne falava destrambelhadamente.

— Eu não sei mesmo o que pensar sobre isso, Domi, porque… Ah, uma hora toda essa minha raiva vai passar e eu vou me arrepender de não ter resolvido as coisas antes. Não que eu queira pagar de retardada, mas a nossa amizade sempre foi bonita e sempre valorizamos muito. Por causa dela, aliás, que talvez tenhamos demorado tanto para dar mais um passo, entende?

— Aham. — Dominique observava Britney e Lysander conversando em frente ao armário, enquanto a vaca siliconada mostrava alguma coisa do instagram.

— E eu sei como é estar com medo de um passo importante, eu mesma senti isso em relação a nós, só que depois que o Fred falou do negócio lá que eu nem sei se era verdade, parece que tudo se potencializou. Eu sei que, claro, gosto muito dele.

— Merda. — resmungou ao ver que Britney usava o dedo indicador para desbloquear o celular. A não ser que ela cortasse o dedo da garota fora, seria quase impossível descobrir o código. Suspirou desanimada ao perceber que a sua hipótese que Britney era tão burra a ponto de não usar códigos caiu por terra. Roxanne fechou o armário e entrou em sua frente, prendendo o cabelo.

— Eu sei. E é uma merda das grandes. A pior parte é que uma hora ou outra vamos ter que conversar de novo. Não queria que fossemos ao show estranhos…

— Complicado. — respondeu falsamente compreensiva. Adorava conversar sobre relacionamentos, mas se não conseguisse pensar em uma maneira estratégica de pegar os prints, Rose iria no mínimo matá-la.

Antes do treino não houve uma chancezinha sequer de Dominique tentar se aproximar do precioso celular de Britney Parkinson. Estava tão focada em sua missão que não deu nem bola para a coisa linda, mais conhecida pelo nome James Sirius Potter, que lhe assistia lá da arquibancada. Quando ouviu o último apito do dia, foi uma das primeiras a entrar no vestiário, porque teria que ficar de olho nos passos da Parkinson.

Dominique se sentou no banco e fingiu que estava arrumando alguma coisa em sua bolsa. Britney chegou, abriu o armário, desbloqueou o celular e deu algumas deslizadas antes de deixá-lo lá dentro, fechar a porta e ir para os chuveiros com uma toalha. Dominique tinha exatos 15 segundos para conseguir relar seu dedo no celular. Assim que viu Britney um pouco distante, levantou-se e olhou para os lados para ver se tinha alguém lhe observando. Por sorte, não.

Se o armário estivesse fechado… O grande plano seria, para sempre, apenas um plano. Sentiu um frio na barriga ao tocar a borda da porta com os dedos, e quase gritou de alegria quando viu que estava aberto e que a tela do celular estava opaca, mas não apagada. Tocou nele para que o brilho voltasse e foi sentar-se novamente em seu lugar.

Abriu o whatsapp, foi nas conversas com o Wood e tirou prints deliberadamente, olhando sempre para os lados, já que Lysander Idiota Scamander poderia estar por ali. Procurou Scorpius na barra de pesquisa, mas não achou nada.

Hã?

Merda.

Clicou em nova conversa e procurou em todos os contatos, até achar um chamado Loiro Gostoso M cuja foto era um rapaz com um sorriso, como diria Rose, irritantemente branco. Enviou todos os prints, e esperou carregar.

Ouviu as risadas do chuveiro, e engoliu a seco. Precisaria apagar a conversa de Scorpius e todos os prints na biblioteca de fotos. Foi o que fez. Assim que completou sua missão com sucesso, levantou discretamente do banco e colocou o celular dentro do armário fechando-o de verdade enquanto andava em direção ao chuveiro com um sorriso triunfante, feliz da vida.

A partir daquele momento, só teria espaço para uma coisa na sua cabeça: Paramore.