CAPÍTULO XVI

What's wrong with me?

Rose Weasley

Pessoas idiotas existem, Rose Weasley sempre soube disso, mas alguém tão filho da puta como Brian Wood, ela duvidava muito. Quer dizer, em menos de cinco minutos ela foi obrigada a admitir duas coisas que nunca, nunca iria admitir para si mesma — nem se fosse paga para isso.

1 - Ela estava errada.

Rose nunca errava, mas errou e feio. Ela sabia que não gostava do garoto, sabia que o seu comportamento era bem estranho e sabia quantos motivos o idiota do Malfoy tinha para não gostar dele, mas não imaginou que ele seria (quase) capaz de fazer uma tragédia desse tipo.

2 - Scorpius Malfoy estava certo.

Era tortura aceitar o fato de que o seu arqui-inimigo desde o maternal ganhou uma batalha de bandeja. Tirando o setor social, Scorpius não ganhava com frequência. Rose tinha acabado de descobrir o porquê: Ela se sentia muito, muito mal.

O sentimento da Weasley, naquele momento, era de náuseas. Náuseas porque ela beijou um cara que estava armando transar com ela e filmar, para mais tarde colocar na internet. E o pior de tudo era que Britney estava trocando saliva com a mesma pessoa que ela, como se não fosse o suficiente ela dividir o oxigênio com Scorpius.

No entanto, ela também se sentia triste. Pelo próprio namorado tentar estragar a vida dela. Ou melhor dizendo, Rose Weasley foi passada para trás como um patinho vermelho sem importância na lagoa dos cisnes de silicone.

— Weasley? — Scorpius chamou sua atenção. — Terra chamando Weasley.

— Para de ser idiota, Malfoy. — pediu ela empurrando-o de volta par ao banheiro. — Fique aí e em silêncio, até eu o fazer ir embora.

Raiva, ódio, vontade de pegar uma agulha e furar os silicones de Britney Parkinson eram os sentimentos de Rose naquele exato momento. Quando ouviu o som de passos, apenas tentou mascarar sua fúria e sorriu amarelo quando o Wood, pateticamente, apareceu na porta segurando um carregador de computador.

Ele se sentou ao seu lado e a garota fez um esforço para achar uma estrela idiota para ele ver.

— Rose, tá tudo bem? — perguntou colocando uma mecha do cabelo dela para trás. — Você está vermelha, está suando — pegou a mão da Weasley. — sua mão está gelada. O que foi?

— Acho que… Acho… Eu acho que… — Rose desviou a reação do seu corpo à raiva para uma encenação que lhe renderia horas de sossego. — Estou passando mal.

Rose levantou-se, foi em direção a sua cama e deitou, pegando um remedinho de gotas para tomar. O Wood apenas a observou.

— Não se preocupe. — pediu suspirando fundo. — Mas acho que vamos ter que deixar as estrelas para outro dia.

— Ah, não tem problema, o importante é você melhorar.

Depois de uma meia hora que Rose Weasley ficou em cima da cama encenando um trágico mal estar que infelizmente não a deixaria bem para mostrar todas as estrelas do céu para Brian Wood, ele disse que seria melhor ela descansar e até não ir amanhã para a escola se esses sintomas persistissem.

Muito sábio e sensato, a garota pensou com ironia.

Após dar um beijo — muito fraco na concepção de Rose —, Brian Wood foi embora. Scorpius incumbiu-se de descer e trancar a porta para evitar futuros conflitos.

Ódio, raiva, ódio, raiva, ódio e raiva era o que aquela garota de um metro e sessenta estava sentindo naquele exato momento. Por que, raios, tudo isso tinha que acontecer com ela? Por quê?

Rose Weasley era uma garota de família, educada, inteligente, engraçada, delicada, estudiosa, pé no chão, bondosa, carinhosa e bonita. Se era um carma ter que aturar pessoas como o Wood, a Parkinson e o Malfoy em sua vida, ela iria à Igreja para rezar um terço e pedir perdão pelos seus pecados da vida anterior.

— Prontinho. — Scorpius fechava a porta com um sorriso vencedor naquela cara de idiota dele. Rose sequer abriu os olhos para saber isso. — O seu lindo namorado já foi embora.

— Será que você não pode me deixar em paz nem em uma situação como essa, Malfoy? — perguntou ficando mais vermelha ainda. O rapaz arregalou os olhos, aquilo não poderia mesmo estar acontecendo.

— Ah, não me diga que vai chorar. — ele se sentou na beirada da cama de casal. Apesar de tudo, Scorpius poderia ser considerado um coração de manteiga, um bundão, porque se alguém chorasse perto dele seria o fim de toda a sua ira e de sua personalidade irritante. Rose pressionou os olhos e se sentou para encarar o arqui-inimigo.

— O que tem de errado comigo?

Seus olhos verdes estavam escuros por causa das lágrimas presas e a vermelhidão ardente que elas lhe causavam.

Scorpius engoliu a seco.

Rose nunca havia lhe perguntado uma coisa desse tipo e mesmo se tivesse, seria uma pergunta retórica que se ele insistisse em responder acabaria levando uma surra. E o silêncio que ele decidiu manter seria a sua resposta.

Não havia absolutamente nada de errado com ela, tudo era certinho e perfeito. O Malfoy apenas se preocupou em observar todos os detalhes nela para uma futura ação. Quando a primeira lágrima caiu, Scorpius não hesitou em abrir os braços e confortá-la.

Ela era uma gatinha manhosa, que precisava de carinho e atenção. Ele a abraçou e depositou um beijo em sua testa enquanto secava lágrimas que continuavam a cair.

Nunca que eles esperavam se encontrar em um momento como aquele.

— Não tem nada de errado com você. — respondeu colocando seus cabelos ruivos atrás da orelha. — O Wood é um canalha manipulado por uma vadia sociopata.

— Eu nunca fiz nada pra ele, nada. Se fosse você tentando fazer uma coisa desse tipo eu não me surpreenderia, mas o que eu fiz para Brian Wood?

— Você mexeu com a Britney e ela usou ele para se vingar de você. — a ruiva se desvencilhou do abraço que a envolvia.

— Não foi justo o que ela e você, fizeram com a Karen. — o garoto suspirou e abaixou a cabeça. — E agora quem quer se vingar sou eu.

Rose fez Scorpius se deitar e se aconchegou em um abraço.

Ela estava brava demais, zangada demais, furiosa demais para pensar no que ela estava fazendo. E ele não estava se importando nem um pouco, porque até que estava gostando.

Depois de um certo tempo tentando recuperar o fôlego, a calma e a razão, foi como se uma lâmpada aparecesse em cima da cabeça de Rose. É óbvio. Se ela não pudesse vencer o inimigo, deveria se juntar a ele.

Olhou para cima e encontrou os olhos azuis curiosos de Scorpius Malfoy, que estava mexendo em algumas mechas de seu longo cabelo ruivo.

— Você vai me ajudar, não vai? — ele sorriu de canto e assentiu com a cabeça. Recebendo o primeiro abraço de verdade desde o dia em que conheceu Rose Weasley no maternal.

Roxanne Johnson

O dia que se passou foi completamente entediante e Roxanne estava começando a entender porque as pessoas preferiam ficar em casa mexendo no celular do que em um treino de líderes de torcida.

Além de ser obrigada a ver a cara da piranha da Parkinson, ter que aguentar comentários estúpidos e umas borboletas no seu estômago, ela também tinha que fingir ser a Mulher Elástica e se esticar ao máximo para não deixar a líder cair.

Mas como infelizmente ela não era do filme “Os Incríveis”, não teve pena em deixar a baleia piranha sacana e ridícula cair no chão.

O dia em que teria de estudar com Dominique para álgebra e depois conversar com sua mãe para pedir para conversar com a Delacour-Mãe ainda estava longe. Roxanne suspirou cansada.

Sua vida estava realmente um tédio.

— E ai, o que vai fazer agora? — perguntou Dominique se olhando no espelho do vestiário. Ela tinha tomado banho e estava se arrumando para tentar parecer que não se arrumou.

— Ir embora, jantar e quem sabe dormir. — Roxanne bateu a porta de seu armário. — Deixe-me adivinhar o que você vai fazer. — a loira sorriu animada. — Será que você vai sair com o Capitão?

— Sim! — bateu palminhas e abraçou a amiga. — Fantástico, eu sei. Agora finalmente vamos conversar e resolver toda essa situação.

Dominique contou brevemente o que estava planejando dizer a James e Roxanne concordou com a maior parte e fez algumas pequenas observações, como não dispensar a oportunidade de beijar ele.

Quando saíram do vestiário, Dominique foi em direção ao Capitão e Roxanne até a sua carona, conhecida como o seu falso-namorado até o show do Paramore.

Lorcan Scamander estava lá, mexendo no celular e balançando a cabeça com o ritmo de alguma música. Assim que viu a garota morena se aproximando, guardou o celular no bolso e abriu a porta de seu carro como um bom cavalheiro faz.

— Hoje vamos dar uma voltinha muito legal. — fechou a porta e foi até o lugar do motorista. — Você querendo ou não.

— Eu poderia até brigar com você, mas estou com muita preguiça.

Lorcan colocou a banda favorita da Johnson e percorreu toda Londres, aproveitando o finzinho de tarde que ela considerava inspirador. Apesar de estar um pouco confusa, já que ele não era de fazer essas coisas repentinamente, começou a se animar um pouco.

Franziu o cenho quando ele pegou um caminho que os levaria para um lado afastado da cidade.

— Para onde estamos indo? — perguntou pela primeira vez desde a hora que entrou.

— Surpresa, darling.