Sobre o Amor dos Humanos escrita por EG


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Esclarecimentos nas notas finais. LEIAM :B



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         Os raios de sol invadiam meus olhos, tornando minhas pálpebras vermelhas. Lentamente, meus olhos se abriram, fechando rapidamente com a claridade. Não era exatamente um sol de meio-dia (não devia passar das 8h da manhã, aliás), mas eu estava começando a me acostumar demais com a noite e ficando meio noturno.

            Lentamente me levantei, esfregando os olhos com as mãos amassadas. Na evrdade, eu estava completamente amassado, dormira pessimamente, mas não queria mais dormir - por simples frescura, sim, não queria. Ao meu lado, Abarai ainda dormia, os roncos abafados e os pés para fora do lençol. Realmente... Era até hilário ver Abarai dormindo, lembrava Kurosaki, extremamente parecido com Kurosaki.

            Kurosaki... O nome fez meu coração descompassar uma batida. Afinal, não existia apenas Kurosaki Ichigo.

            Existia Kurosaki Karin.

            E, para mim, naquele momento, existia apenas Kurosaki Karin.

            O coração acelerou novamente. Praguejei-o mentalmente, enquanto me esgueirava pela janela. O milagre é que Urahara não me impedira nem visse se despedir - o que eu acho balela, tenho certeza que ele sabia que eu estava indo embora nesse momento. Ignorei o possível olhar de Urahara e saltei para fora da casa, saltando por telhados e mais telhados até chegar ao campo de futebol onde eu salvara a vida de Karin. E onde ela descobrira que eu sou um shinigami. Sentei-me num telhado de uma casa próxima e olheias obras que se seguiam. O estrago foi imenso, o Hollow havia destruído tudo. A pobre Karakura realmente estava, digamos, amaldiçoada, por Aizen.

            Aizen Sousuke... O nome me fez arder os punhos. Cerrei o punho direito e o enfiei contra uma tenha da casa, quebrando-a violentamente.

            - Hey, seu imbecil, - chamou uma voz - quem é que estava dizendo pra eu ser cuidadosa com as casas dos outros?

            Era Matsumoto, claro. Ela estava na rua à frente da casa onde eu me sentava ao telhado e sorria pra mim.

            - Não é muito cedo? - indagou, subindo no telhado e sentando-se ao meu lado.

            - Nunca é cedo demais... - murmurei, mais pra mim mesmo.

            - Hm?

            - Nada... A propósito, Rangiku, limpou a casa de Orihime?

            - Sim, como meu amado Taichou mandou! - brincou, apertando meu rosto contra os seios.

            Senti o ar fugindo dos pulmões.

            - ME SOLTE! - ordenei, e ela o fez.

            Aspirei o máximo de ar que consegui, suspirando, aliviado, em seguida. Ela riu com a minha situação - que, sinceramente, eu não achava nada engraçada -. Então, seus olhos fitaram o sol, calculistas.

            - Sabe, Toushirou-kun...

            - Hitsugaya-taichou.

            - ... Você não acha que está na hora de falar algo para ela?

            Eu sinceramente (de todo o meu coração e meu corpo) odiava o lado calculista e adivinho de Matsumoto. Abracei os joelhos, irritado.

            - Do que está falando, idiota? - murmurei.

            - Tsundere... - riu ela.

            - Yandere... - retruquei.

            - Ao menos eu admito - e riu novamente, acariciando minha cabeça com a mão pequena e macia.

            Imediatamente desviei de sua mão e me arrastei até a ponta do telhado, jogando-me de pé do asfalto. Virei-me pra ela e ignorei sua expressão de vencedora.

            - Não me espere hoje à noite – falei, cruzando os braços – Vou dormir fora... de novo.

            - Por que? – indagou ela, apoiando os seios nos joelhos e os braços cruzados nos seios.

            - Porque sim – e saí andando com as mãos nos bolsos.

            Não olhei pra trás ou fui interceptado pela fukutaichou, então andei calmamente para qualquer lugar, sem olhar para frente.

            Não sei por quanto tempo eu andei ou  como fui parar ali, mas de repente me vi em frente à casa dos Kurosaki, e também o Sol já estava se pondo atrás de mim. Olhei vagarosamente para a janela do quarto de Ichigo, com a luz apagada e a janela levemente aberta. Me deparei com a porta no canto da casa, fechada. Daria pra ouvir as conversas e risos de fora da casa... se houvesse algum, pois o silêncio, apesar da luz acesa, era notável.

            Imediatamente ouvi um barulho alto de algo enorme caindo da escada de dentro (e fiquei meio pasmo). Então ouvi também um grito – feminino, histérico – e, quando realizei de quem era a voz, corei quase que de imediato. A porta foi aberta de repente, e uma pessoa saiu dela correndo, virou-se para a porta e apontou para dentro da casa.

            - Quando decidir virar homem, venha falar comigo de novo, seu velho nojento!! – gritou.

            Meu coração descompassou uma batida, antes de começar a bater tão rápido que mal pude contá-las sem perder a conta. Quando a menina virou-se novamente para mim e me notou, logo deu um passo para trás, defensiva.

            - Ah, você... – disse, ao finalmente descobrir “quem eu era”. Me senti bem invisível.

            - Kurosaki Karin – cumprimentei, sem olhar muito para ela.

            Ficamos alguns segundos sem falar mais nada, até que ela se aproximou um pouco mais e eu senti um aperto estranho no peito. Merda de sentimentos, merda de garota, merda de situação...

            Merda de amor.

            - Você foi embora – reclamou – e nem sequer me acordou ou se despediu – e cruzou os braços. Parecia meio brava realmente.

            - Desculpe... – murmurei. De repente me lembrei de algo que eu deveria dizer a ela, então respirei fundo – Eu... tenho de ir embora provavelmente amanhã. Nossa missão já acabou, não temos motivo para continuar aqui no mundo dos humanos.

            Sua expressão se despedaçou imediatamente. Ela virou o rosto, pestanejou, com os olhos meio amoados. Então se aproximou de mim e segurou meus braços com as mãos. Me senti mais vermelho do que um pimentão, só com o toque dela.

            - Eu... – começou, sem nem olhar pra mim, corada e fitando o chão – quero tentar uma coisa.

            A situação não era nada agradável. Ambos ridiculamente corados e com algo para dizer que não saía de forma alguma. Ela respirou fundo e disse de novo:

            - Feche os olhos – “ordenou”.

            - EEEHH?! – histeriei, sem entender muita coisa.

            - Feche os olhos, idiota – cuspiu.

            Respirei muito, muito fundo, e fiz o que ela mandou. Me senti bem obediente. Estupidamente obediente. Em poucos segundos de uma tensão desnecessária, senti uma pressão macia em meus lábios. Imediatamente abri os olhos e me deparei com seus olhos perto demais dos meus.

            Ela havia me beijado.

            Ela estava me beijando. E eu estava desesperado.

            Ainda assim, aquela sensação de calor e ardor era tão intensa, tão afável, que mesmo que eu negasse isso mentalmente, era óbvio que cada célula do meu corpo abraçasse isso tão intensamente, tão fortemente, tão... amavelmente que eu não conseguia mover minhas mãos para afastá-la, no fim, movi-as até sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Ela tinha um corpo incrivelmente morno e, apesar de todas as suas atitudes, feminino e delicado como uma flor. Era apaixonante. E o silêncio era tal que as batidas do meu coração podiam ser ouvidas; e nossos corpos eram tão próximos que eu conseguia sentir o seu coração. Tão rápido e descompassado quanto o meu. E isso era tão, tão mal.

            Ela não podia se apaixonar por mim. E eu não podia me apaixonar por ela. Éramos de mundos diferentes, de lugares diferentes. Éramos “espécimes” diferentes. A evolução era diferente entre nós, a vida e a idade... a diferença era ridiculamente enorme.

            Não podíamos ficar juntos.

            Leve e carinhosamente, afastei seu rosto do meu com uma mão. Fitei pela última vez a expressão de Karin – apaixonada, corada, amável – que eu e apenas eu veria por anos e anos. Ninguém mais veria, pois eu não permitiria – porque o egoísmo, além de ser o pior sentimento de todos, é o mais sano –. Respirei fundo e segurei delicadamente suas faces com as mãos, encostando minha testa na dela.

            - Karin, - disse, baixo e carinhosamente – eu tenho de ir.

            Seus olhos imediatamente marejaram e eu quase me arrependi de ter dito o que eu disse. Olhei fundo em seus olhos, firme e forte, pronto para deixá-la – ou parcialmente pronto.

            - Eu não posso ficar aqui, ok? – disse – Tenho que voltar para a Soul Society, proteger as almas de lá... desculpe.

            Ela assentiu, deixando que uma lágrima caísse de seus olhos e rolasse até meu polegar, que estava em sua bochecha. Suspirei, beijei sua testa e deixei que ela visse um último sorriso meu. Ela também deixou que eu visse um último sorriso seu.

            Sumi de sua frente sem deixar ratros e, com o shunpo, corri o mais rápido possível para qualquer lugar.

            A alguns quilômetros dali, sentei-me num galho de uma árvore alta. Olhei meu polegar, ainda levemente úmido pela lágrima de Karin. Curioso, lambi-o.

            O gosto era levemente doce.

 

 

FIM

 


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Notas finais do capítulo

Sim, demorei. E, SIM, finalizei do NADA. DSHMFDHAIUMSHIOSH Mas eu não gosto de finais felizes, porém, pelo menos, coloquei um beijinho no meio, certo? lol
Enfim, desculpem a demora e o final WTF, mas eu não ia deixar os dois juntos, até porque há a diferença de mundo, dimensão, idade e... bom, Deus quis assim, como diz minha amiga bahiana MHUHSDAFUIUP -QQ
Reviews. u-u