Sobre o Amor dos Humanos escrita por EG


Capítulo 2
Casa


Notas iniciais do capítulo

Bom, só pra explicar algumas coisas que alguns talvez não entendam:

Reiatsu - Densidade Espiritual
Taichou - Capitão

Há uma parte em que cita a placa onde está escrito "15" na porta do Ichigo; deixe-me explicar; do japonês:
1 = Ichi
5 = Go
Se for ler "15" separando os algarismos, ("um, cinco") se leria "Ichigo". Portanto: "1,5" = "Ichigo"
(Porém, se lesse "15" como "quinze", (e não "um, cinco") seria "Juugo". Só para explicar melhor)



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         O céu escuro beirava o breu. Só o que iluminava o chão era a Lua e as estrelas incontáveis. Decerto passava da hora em que a garota devia voltar para casa. Preocupei-me.

            - Ei, Kurosaki.

            - Hmmm? - balançou a cabeça. Parecia absorta. Estava corada.

            - Seu pai não vai brigar com você? Quer dizer... Deve estar tard--

            - AH, NÃO! - levantou-se num rompante - Aquele cara vai me matar! Tenho que ir! Desculpe, Toushirou!

            - Não, tud--

            Como se fosse completamente automático - algum tipo de comprimento ou despedida dos humanos. É certo que e outro lugar desse mundo seja, mas eu sou inteligente o bastante para saber que aqui, no Japão, não é - ela me beijou nos lábios. Pulou a cerca e só foi se tocar do que havia feito quando estava no tercero degrau da escada para a rua. Tropeçou e se espatifou contra os degraus.

            Decerto eu estava atordoado, mas não podia deixar um vegetal com hemorragia nasal - espero que por ter batido o nariz na escada - ocupando espaço em um lugar público.

            - K-Kurosaki! - levantei-me e corri até ela.

            - E... Estou bem... - ela já estava se levantando - D-D-Desculpe, e-eu não q-queria...

            - Pare de gaguejar, está sangrando - bufei.

            Rasguei a barra da minha camiseta e dobrei-a. Ela estava sentada no segundo degrau da escada, então bastava eu me abaixar para limpar o sangue em seu nariz. E o fiz - com o tecido na mão, limpei o líquido vermelho que escorria até o queixo. Até a roupa da menina estava manchada, Deus, o que faço?

            - É bom pensar no que eu sou dizer ao seu pai - murmurei.

            Um sorriso se abriu por um segundo, mas ela o desfez.

            - Quer dizer que...

            - Acha mesmo que eu vou deixar uma retardada desastrada ir para casa sozinha?

            Imendou um sorriso singelo com um dar de ombros. A visao mais meiga que eu já havia visto na vida - exceto pelo sangue. Não havia jeito, estava sangrando demais - e, raios, aquela menina é o que? Uma mutante? Sequer chorou. Será que está doendo tanto que ela sequer está sentindo? -, tirei minha camiseta e dei para que pudesse secar o sangue.

            - Tome - desviei o olhar da face corada - Tente esconder um pouco só; seu pai não vai gostar de te ver com um garoto da “mesma idade” com o cabelo branco junto com você.

            Ela pegou a camiset e a fitou por um tempo, depois, o olhar se virou para mim.

            - Whoa! - corou novamente - Que vovô bombado.

            - Limpe lodo essa merda de nariz, Diabos!

            - Esdou limbando, esdou limbando.

            - Vamos logo.

            Subi as escadas enquanto ela vinha ao meu lado. Minhas mãos ensanguentadas enfiadas nos bolsos. O caminho foi silencioso, às vezes eu só perguntava se ainda estava sangrando, a resposta era sempre a mesma.

            - Eu estou bem. Você está?

            Eu, bem, não respondia. Só dizia um que bom, para a primeira frase dita.

            Mas eu não estava realmente bem. Estava péssimo, traumatizado.

            Não porque uma garota me beijou... Mas, porque... Uma garota me beijou... Tudo bem, não sei explicar melhor que isso: se qualquer outra garota tivesse me beijado, eu não estaria sequer ligando para isso ou refletindo sobre o que aocntecera, diferente do que estou a fazer agora. Porque, se eu pensar bem, eu sabia que ela faria isso e eu poseria pará-la um segundo antes de fazê-lo, mas não o fiz - eu deixei que acontecesse. Como se...

            Como se eu quisesse.

            Balancei a cabeça e espantei os pensamentos infames que me atordoavam.

            - Tudo bem? - ela perguntou.

            - Ah, sim... Bem... Tudo bem... - tentei ser omais convincente possível, mas me pareceu que ela não caiu.

            - Minha casa é logo ali, posso ir sozinha daqui - falou, a esperança de não ir sozinha estava escrita na testa.

            Suspirei.

            Como sou fraco.

            - Não, devo arcar com minhas responsabilidades. Vou pedir desculpas ao seu pai - falei, hesitante - Mas, antes, diga-me o nome dele, por favor.

            - Ah, claro... Kurosaki Isshin. Mas, você não precisa realmente ir até lá, foi por minha culpa.

            - Indiretamente a culpa é minha. Se eu não tivesse existido, você não estaria com o nariz sangrando agora.

            - Nossa, que radical - riu.

            - Estou sendo responsável.

            - E bobo... - sussurrou - Ihih...

            - Ora, sua fedelha!

            - Não sou fedelha! Você é mais novo do que eu...! Pelo menos visualmente. E de mesma altura, céus!

            - Já disse que tenho idade para ser seu pai!

            - Então vamos logo, velhote, antes que você comece a reclamar de dor nas costas!

            - Maldita...

            Andei em passos largos e estalados. Aquela garota me dava nos nervos.

            - É aqui? - perguntei, parado a uma pequena, porém confortável, casinha de madeira amarelada.

            - É sim.

            Ela foi até a porta e a abriu, gritando pelo pai.

            - Heey! Pai! - acenou para eu entrar. E fui.

            - Seu pai é médico? - perguntei, enquanto tirava os sapatos - Vi escrito “Clínica Kurosaki” ali na frente...

            - É sim, por que?

            - Então ensanguentei minha camisa à toa?

            Deu-se de desentendida e pasosu a chamar pelo pai novamente.

            - HEY! VELHO!

            - Ei.. - chamei por atenção, mas desisti num suspiro.

            Passos eram ouvidos na escada ao lado, um homem - não muito bem vestido - tropeçou no último degrau e se espatifou contra a parede.

            - Kainxan... - murmurou.

            - Ei, Karin... - murmurei - Tem certeza que é aqui mesmo?

            Afinal, que tipo de pai tropeça no último degrau da escada com o intuito de chamar atenção?

            - Infelizmente, - respondeu ela - sim.

            - Ah... - suspirei.

            - KARI~N! - gritou Isshin, abraçando-a.

            - Ei, me solte seu velho pervertido! - gritou.

            Por Deus, eu não moraria nessa casa jamais.

            - Você chegou ta~rde!

            - Dane-se!

            Ele parou por um segundo - ótimo, finalmente notara que a filha estava sangrando aos jarros pelo nariz -, seus olhos - agora, ferozes... Deus, não entendo mais nada! - se viraram para mim. Ele se pôs à minha frente. Alto demais para o meu gosto.

            - Foi você, não foi? - ameaçou.

            Claro, uma reação inteligente. A filha chega em casa sangrando baldes pelo nariz acompanhada de um garoto - aparentemente de mesma idade - de cabelos acinzentados, sem camisa, o bolso transbordando do sangue do nariz da garota - eu coloquei as mãos nos bolsos, lembra-se? - e mal encarado. Quem mais seria? O mendigo na esquina? Não, tinha de ser eu, que tive o trabalho de trazer o lixo pra casa e ainda rasguei e sujei minha camisa inteira daquele sangue que fedia rios. Claro, eu sou o culpado. É sempre culpa minha. Alguém me dê uma folha, preciso escrever meu testamento - as bombas atrás do armário vão para a Matsumoto, claro. E tomara que explodam.

            - Senhor Isshin - comecei - Sinto muito por ter trago sua filha nesse estado para casa. Ela tropeçou numa pedra e caiu de cara no concreto, mas apenas o nariz está ferido, verdade. E, claro, se não se importa eu tirei minhas vestes para que ela pudesse limpar o sangue, ainda assim sua roupa se sujou um pouco, sinto muito por isso - falei, na maior sinceridade possível.

            Claro que funcionou. Eu sou um gênio.

            - Muito bem... - disse Isshin - Quero seu nome inteiro, endereço, CPF, data de nascimento, RG, carteira escolar, quanto dinheiro ganha por mês e--

            - Pai! - interrompeu Kurosaki. Graças a Deus - Ele não é meu namorado!

            Falei cedo demais.

            - Que outro homem traria você sangrando para casa?!

            - Um psicopata, eu suponho - falei. Ele me olhou enraivecido - O que não é o caso. Bom, primeiramente, sinto muito por não me apresentar, sou Hitsugaya Toushirou, fundamental do Colégio Karakura. Atualmente não tenho moradia, mas receio que ganho muito bem - ao menos para os humanos - mensalmente.

            - Idade.

            - Trin... Treze anos, senhor.

            - Você é baixinho demais para o meu gosto.

            - Meço 1,33m e acho que estou de bom tamanho - bufei.

            - Um centímetro a mais que a minha filha, hã...?

            - Que tipo de interrogatório é esse? Se me permite a pegunta.

            - Um interrogatório para ver se você é bom o bastante para minha Karincchan!

            - E QUEM PEDIU ISSO? - bufou Karin, chutando-o.

            - Está tudo bem chutar o próprio pai? - murmurei, um tanto aterrorizado. Não é uma coisa que se vê todo dia.

            - Faço isso todo dia. Mais importante... - apontou para Isshin - Cuide do meu nariz, merda!

            - Qual o seu aniversário, garoto? - Isshin ignorou a filha. Agora estava mais sério.

            - 20 de Dezembro...

            - De que Gotei... - surpreendeu-me - Você é?

            Eu parei e o fitei.

            Como ele sabia sobre a Soul Society? Mais: sobre os 13 Goteis? É certo que ele tinha um filho Shinigami, mas... Ichigo teria contado? Não, pela sua personalidade ele sequer desejaria envolver os membros da família em algo tão perigoso. Como ele saberia? Decidi apenas por responder, após isso, pergunto a esse homem.

            - Taichou do... 10º Gotei...

            - Que bom, heim? Minha filha vai namorar um taichou!

            Olhei para o lado. Karin não estava lá. Até que ponto da conversa ela teria ouvido e depois fugido?

            - Kurosaki Karin e Kurosaki Yuzu... Sabem...? - perguntei.

            - Não - a palavra eoou em minha mente. Whoa, essa família realmente é estranha.

            - Hmmm - murmurei, fingindo estar desentendido.

            Senti a reiatsu de Karin se aproximando e me calei.

            - Ei, - falou ela - já parou de interrogar o Toushirou?

            Hitsugaya Taichou. Pensei.

            - Já sim - sorriu Isshin, a personalidade boba de pai o encheu a face novamente.

            - Ótimo - respondeu, fria. Ela segurou minha mão e me puxou escada acima.

            - E-Ei! - protestei - Pra onde vamos?

            Como se eu não soubesse.

            - Pra cima, oras.

            Não a culpo por ter vergonha de dizer, seria muito subjetivo, de qualquer forma. Mas a face corada da garota era realmente impagável.

            - Ok - respondi, e dei um sorriso curto.

            Passamos pelo corredor e eu parei em frente a alguma porta. Atrás dela, uma reiatsu - na verdade, um rastro de reiatsu - me chamou a atenção. Ela caiu sentada no chão com a parada repentina. Estiquei o braço e ofereci apoio para levantar.

            - Não - falou - Posso sozinha.

            E se levantou sem problemas - que mulher irritante.

            - Você sabe desde quando que Kurosaki é um Shinigami? - perguntei.

            A pergunta inesperada e repentina a pegou de mãos atadas.

            - N-Não sei bem... Comecei a perceber--

            - Algo diferente? - completei, impaciente com a forma devagar e monótona que ela falava sobre isso.

            Assentiu devagar. Eu fitei a porta e depois me virei pra ela novamente. Aproximei meus lábios da orelha dela.

            - Feche os olhos - murmurei, baixo o bastante para que Yuzu e Isshin não pudessem ouvir (Deus, estavam se escondendo atrás da parede).

            Mas, claro, como o gostinho da confusão é ótimo, previ que ela protestaria.

            - O-o que...?

            - Feche os olhos - repeti, agora baixo, mas alto o bastante para que os dois atrás da parede pudessem ouvir. Eu sei, sou um garoto mau.

            - T-Ta... Bem... - e fechou.

            Ah, não.

            Ela não estava pensando que eu ia b... Quer dizer... Beijá-lá... Estava? Deus, que faço com essa menina?

            Fiquei atrás dela e segurei suas mãos - minha mão direita segurava a direita dela, e vice-versa -. Empurrei-a até a porta do quarto de Ichigo - ao menos na teoria era o quarto dele. Havia um “15” pendurado na porta -  com o meu corpo. Fiz ela encostar as mãos na porta e recostei o queixo em seu ombro direito. Sussurrei novamente, baixo, porém alto o bastante para que os dois pudessem ouvir:

            - Consegue sentir algo de diferente? Algo grande?

            Ela balançou a cabeça negativamente.

            - Isso mesmo, não fale nada - oredenei, sussurrando - Apenas se concentre em suas mãos. Agora, libere sua mente por completo, tente sentir algo lá dentro.

            Ela passou alguns segundos se concentrando, então assentiu com a cabeça.

            - Conseguiu? - perguntei, mais uma resposta positiva - Então, descreva.

            - É... Parece imponente, grande, forte... Mas, não tem só uma, são duas... Uma é forte também, mas mais fraca do que a outra e... - mais alguns segundos em silêncio. As mãos embaixo das minhas tremiam - Há algum tipo de resquício da mais fraca na mais forte.

            Me afastei dela.

            - Pode abrir os olhos - ordenei.

            Ela abriu e se virou pra mim.

            - Whoa... - disse - De quem eram aquelas duas... Ahm...

            - Ondas ou densidades espirituais. Reiatsu.

            - É... Aquelas duas reiatsu.

            Dizer que Kuchiki Rukia havia ficado por tempo o bastante no quarto de Ichigo para deixar grandes rastros de reiatsu seria um belo choque. Isshin ouviria e entraria em pânico. Não quero saber o que Yuzu acharia disso.

            - Kurosaki Ichigo - respondi -, a mais forte era de seu irmão.

            - Ichi-nii...?

            Assenti.

            - A mais fraca não consigo saber - menti - Não tinha rastros o suficiente para eu poder distinguir. As reiatsu dos Shinigamis são muito parecidas - menti de novo. Estava achando que ia estragar essa menina com tantas mentiras sobre as reiatsu. Mas me calei.

            - Hmmm... - ela não me parecia muito convencida. Mas não me forçou - Então eu já consigo sentir reiatsu? - falou, me parecia feliz até demais.

            - Não exatamente. Você tem que se concentrar demais para sentir, mas mesmo assim está bom para a sua idade - brinquei.

            - Por que? Heim? - reclamou - Não sou muito mais nova do que você!

            - Okey, okey... - apalpei a cabeça dela.

            - Saco - murmurou.

            - KARI~N! - gritou Yuzu, lá de baixo - O jantar está pronto! Pode trazer seu amigo do cabelo branco!

            Nossa. De “Hitsugaya Taichou” dexaí para “amigo do cabelo branco”... Isso dá uma pontada de decepção, admito.

            - Estou indo! - repondeu Karin. Dpeoi, se virou pra mim - Shinigamis comem?

            Eu ri. Não tinha como não rir.

            - Só comemos comida de alta classe, mas posso comer sua comida de classe-média, se me implorar.

            - Yuzu! - gritou ela - Ele não quer comer, não, okey?

            - Hey! - estava realmente com fome - Vou comer sim!

            - A casa é minha! - protestou - Eu não quero que você coma!

            Fiz um bico de teimosia. Na primeira oportunidade, corri escada abaixo.

            - HE~Y! - protestou ela.

            - Não é você quem decide, perdedora! - eu ri novamente; mas, de uma forma ou de outra, parei no meio do lance de escadas.

            Fitei ela parando atrás de mim, minha face meio emburrada.

            - Onde é a cozinha? - perguntei.

            Caiu em gargalhada. Afinal, um idiota qualquer vem na casa dela e decide que vai comer a janta por si só, sem sequer saber onde é a cozinha. Não tenho culpa, nunc pus o pé dentro dessa casa, a não ser logo que vim para o mundo dos humanos e pousei na janela do Ichigo - Matsumoto, Yasuchika e Ikkaku tinham entrado pelo telhado, então pupei-me desse vechame ridículo.

            - Tudo bem, tudo bem... - disse, logo que parou de rir - Pode comer, eu deixo... - e riu mais um pouco.

            Seguiu para a cozinha e eu fui atrás, fitando as paredes.

            - Até que é uma casa grande pra 4 pessoas - murmurei.

            - É que... - ela respondeu - Mamãe também morava aqui. Mas ela morreu quando eu e Yuzu ainda éramos pequenas.

            Eu sabia o tamanho da ferida que eu estava cutucando, então fitei o chão, arrependido por qualquer coisa que tenha falado.

            - Desculpe - falei.

            - Ah, tudo bem! - ela se virou para mim, um sorriso cheio de rachaduras - Isso já faz muito tempo, estou bem agora.

            Claro que não estava. Amaldiçoei-me eternamente por deixá-la triste por um minuto sequer.


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