Então era isso. Aquele cara não me convenceu muito, mas fazer o quê né. Precisava chegar até o final e ganhar a grana. De algum jeito eu ia fazer isso. Quero dizer, nós. Não podia me esquecer de que estava em grupo, isso era uma coisa que eu não estava acostumado.

Tive que acordar cedo numa quinta-feira de feriado para ir à escola. Não que eu me importasse muito, gostava de acordar cedo, fazia bem para mim. Eu não fazia ideia do que me esperava lá, pelo o quê teria que passar? Na verdade nem esperava muita coisa, apesar dele falar que podiam ser “testes desgastantes’’, eu duvidava disso.

No caminho, senti alguém tocando meu ombro. Virei rapidamente pensando ser uma ameaça, mas era só a Caroline. Acho que eu era meio paranóico.

–Ah é você Caroline!

–Sou sim – ela disse sorrindo, e depois com uma cara debochada – Quem você achou que fosse?

–Deixa pra lá.

–Ah, e não me chame de Caroline, só Carol por favor.

–Se você insiste.

–Ei você tem que ser mais simpático agora que somos um grupo.

Ela disse isso séria, porém gentil. Eu comecei a sorrir.

–Olha, ele sabe sorrir. Fica bem assim.

–Ei. Pare de falar coisas sem sentido e se concentre, a gente tá chegando.

–Esse é o máximo de simpatia que você consegue esbanjar? Impressionante.

Eu comecei a rir de novo. Eu percebi que ela estava sendo engraçada para disfarçar a apreensão dela, eu estava do mesmo jeito então nem comentei nada.

Nos reunimos com a Júlia e o Rodrigo na frente do colégio, e entramos. Havia outros grupos lá, uns oito mais ou menos. Encontramos de novo o Caleb e a Cínthia. E Caleb nos recebeu.

–Bom dia. Estamos felizes por terem vindo. As provas hoje vão ser individuais, vamos chamar duas pessoas de grupos distintos de cada vez, uma virá comigo e a outra irá com Cínthia. Gostaria de avisar que as próximas provas serão efetuadas em lugares diferentes, vocês serão informados de tudo. Bom, sem mais demoras. Vamos começar.

Eu só não queria ser o primeiro.

–E os primeiros: Sabrina Saldanha vai com a Cínthia e Gabriel Nunes vem comigo.

Droga. E logo com aquele cara. Fui fingindo que estava tranquilo. Pude ouvir Carol dizendo:

–Boa sorte.

Agradeci, mas não podia depender de sorte. Acompanhei Caleb até outra sala onde havia uma mesa apenas.

–Então Gabriel, quer dizer que você é bom em estratégia. Que tal uma partida de xadrez? Um ótimo jogo para pessoas como você .

Ele tirou um tabuleiro que estava debaixo da mesa. Eu não podia acreditar. Não podia ser melhor! Mas resolvi não manifestar meu alívio.

–Pode ser.

Iniciamos o jogo. Ele conversava comigo para tirar minha atenção, felizmente não funcionou. Ele era bom. Pela primeira vez estava em desvantagem. Estava um pouco nervoso, mas não me deixo levar facilmente pelo lado emocional. Ficamos um bom tempo jogando, talvez por uma hora.

–Você joga bem Gabriel.

–Você também.

–Xeque-Mate.

Eu estava atônito. Tinha perdido pela primeira vez. Por um momento pensei: Já era. Estou fora. Mas esse pensamento mudou quando ele disse:

–Nunca alguém foi tão longe jogando contra mim. Você é bom com lógica também?

–Obrigado, sim, me arrisco com lógica também.

–Nos encontramos na próxima fase então, se todos do seu grupo passarem.

–Onde acontecerá?

–Depois serão avisados. Pode ir agora.

Eu fui. Estava me sentindo muito bem, apesar de não ter ganhado. Encontrei com meus colegas com uma falsa cara de decepção. Rodrigo falou:

–Como foi?

Eu comecei a rir e falei:

–Passei!

Os rostos das meninas se encheram de alegria, e pude ver Rodrigo sorrindo com o canto da boca. Estavam todos felizes por mim, isso era bem legal. Cínthia nos interrompeu:

–Agora os próximos: Rodrigo Costa com Caleb, e Fernando Sobrado comigo.

Virei para Rodrigo e falei:

–Agora é contigo cara.

–Pode deixar. – Ele respondeu.

Agora, mais espera.