Tetra escrita por Mari Darko


Capítulo 18
Capítulo 18 – Júlia


Notas iniciais do capítulo

“A força sem inteligência é como o movimento sem direção. ”

Marquês de Maricá



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Eles ficaram enrolando com a parte do blá blá blá de como funcionaria o simulador, e o pequeno detalhe de como nosso teste funcionaria ficou esquecido.

Começou com o simulador se adequando à nossa avaliação, e de repente nós estávamos numa sala acinzentada praticamente vazia, exceto pelo que parecia uma porta que estava bloqueada por um grande bloco de pedra. Rapidamente Rodrigo começou a tentativa de empurrar a pedra, o que não funcionou. Percebi então que havia um vão considerável entre a porta e o teto.

—Rodrigo, me ajuda a subir.

—Subir? Tem certeza? Você passa ali?

—Vamos descobrir.

Rodrigo fez um “pezinho” para mim, e eu subi me segurando no vão e apoiando meus pés no bloco, o espaço era menor do que parecia, acabei me arranhando um pouco, mas com esforço consegui passar e sentei na pedra no outro lado da sala, era muito alta para eu descer, então observei melhor a sala. Acabei descobrindo um botão na parede ao meu lado e sem hesitar o apertei. O bloco começou a se mover para frente, o que me fez perder um pouco o equilíbrio, deve ter sido uma imagem engraçada. Rodrigo conseguiu então passar para o outro lado e me ajudou a descer, era um pouco constrangedor precisar de ajuda para essas coisas, mas ele não parecia se importar.

A sala em que fomos parar era um pouco estranha. No centro dela havia quatro bonecos, estilo manequim, um de frente para o outro, com certa distância, distribuídos em cada canto de um quadrado. Eram sustentados por um pequeno suporte encaixado numa parte mais funda do chão que tinha o formato do quadrado e com espaços que saiam dele formando caminhos para os bonecos que pareciam poder se movimentar. Dois deles tinham espadas na mão, e uma plaquinha no pescoço. Aproximei-me das placas para ler o que estava escrito nelas. No primeiro estava redigido: Este vem do leste, e combate aquele que vem do sul. E no segundo: Ele vem do oeste e derrota o que vive no norte.

—Acho que vamos ter que os deixar nas posições corretas... Basta saber qual é o norte e qual é o sul – Eu disse.

—Será que basta empurrar?- Rodrigo perguntou, já tentando empurrar um dos bonecos, ele se moveu um pouco, e Rodrigo continuou - Acho que é isso, agora, como fica o negócio de norte e sul?

—Humm – murmurei, pensando – Ah é claro! Muito fácil. Temos que deixar os componentes de cada duelo um de frente para o outro. O que vem do leste está no leste, e o que vem do oeste está no oeste. Como o leste é o lado da direita segundo a rosa dos ventos, então o boneco que está no lado da sala por onde entramos é o norte, e o que está de frente para ele é o sul! Deu para entender ou falei muito rápido? – Eu ri, acho que tinha me empolgado um pouco.

—Entendi sim. Agora é só mover eles, para ficarem nos pares certos.

Ao falara isso Rodrigo já começou a parte do trabalho de empurrar os pesados bonecos, o que era uma tarefa mais difícil do que parecia. Pela expressão no rosto dele, ele parecia estar fazendo mais força do que podia, eu queria ajudar, até tentei, mas foi ridiculamente em vão. Deixei escapar:

—Me sinto inútil, deixando você se ferrar aí e não podendo fazer nada.

Para minha surpresa ele riu.

—É sério, do que você tá rindo?

—Pensei a mesma coisa, há alguns instantes atrás. Tipo: “Nossa, ela até perguntou se eu consegui entender, sou tão inútil assim?” Mas nós dois estamos errados, Não conseguiríamos fazer este teste sem ajuda mútua. Completamos um ao outro.

Ele disse isso me olhando diretamente nos olhos, o que não sei por que, me fez corar e abaixar a cabeça, ele pareceu sorrir e depois continuou empurrando, o que parecia ser um trabalho sem fim. Quando finalmente conseguimos, ouvimos um grande barulho, e para nossa desesperada surpresa, os bonecos que possuíam as espadas, até então imóveis, empunharam as armas e destruíram os bonecos da frente em questão de segundos. Tivemos que nos esquivar muito rápido para não sermos atingidos. Mas não saímos ilesos, ambos saímos com pequenas feridas no rosto. Achei incrivelmente inconsequente da parte dos organizadores uma coisa dessas. Estava indignada. E aí Rodrigo lembrou:

—As coisas podem ficar perigosas, hein? Estou vendo! Você está bem?

—Sim.

Nesse meio tempo, nem percebemos que outra porta havia se aberto. O problema é que ela estava se fechando de volta, em direção ao chão. Rodrigo segurou a minha mão, e exclamou:

—Corre!

Corremos, e só conseguimos passar pela porta escorregando por baixo no pequeno espaço que tinha sobrado. A simulação havia acabado, tínhamos voltado à sala branca, e agora estávamos “caídos aos pés” de Caleb e Cínthia. “Revoltante,” pensei.

—Olha só, até que eles se saíram bem, não é Caleb?

Nos levantamos, e eu fui logo dizendo:

— Mas que loucura foi essa! Vocês disseram que a dor era irreal, isto aqui é bem real pra mim! Olha só como nós esta...

Fui interrompida, pelo sarcasmo de Caleb:

—Ah, que pena, você se machucou é? – Disse ele, se aproximando, e limpando meu sangue do rosto com o próprio dedo, depois ele começou apertar forte o meu corte, e olhando nos meus olhos continuou – Não aguenta nem isso?

É claro que estava doendo “pra caramba”, e é claro também que eu não iria dar meu braço a torcer. Fiz minha pior cara de raiva e respondi:

—Isso não foi nada.

—Assim é que se fala. – Caleb respondeu, até parecia orgulhoso de ter feito eu responder isso, que raiva que ele me dava! E continuou – Mas você está certa, deve ter acontecido algum erro, nada que pudesse ter sido previsto, claro. Vamos providenciar melhorias.

Rodrigo o encarava com cara de reprovação. Não acreditamos nenhum um pouco na parte do “nada que pudesse ter sido previsto, claro”.

—Podemos ir agora? – Ele perguntou.

—Já tá mais do que na hora de saírem.

—Tchau garotos – Falou Cínthia – Podem ir para casa, o próximo teste será no próximo sábado, neste mesmo local. Até mais.

Nos reunimos com a Carol e o Gabriel, enquanto o último grupo começava os seus testes. Ele ficaram um pouco preocupados com nossos machucados, mas não tinha muito o que fazer sobre o assunto.

—Então – comecei – Carol você vem comigo para minha casa né? Tchau meninos!

—Hey, espera - falou Rodrigo – Que tal um abraço de despedida Júlia? Fomos uma grande dupla hoje, não?

Eu ri e o abracei.

—Ih, sendo assim vamos nos abraçar também Gabriel, pois brilhamos como dupla também – Disse Carol, abraçando Gabriel de forma inesperada. E continuou - Agora chega de abraços por que isso aqui já está virando frescura.

Todos rimos, eu e Carol viramos as costas e fomos pelo nosso caminho. Pude ouvir Gabriel falar para Rodrigo em um tom risonho:

—Que tal um abraço de despedida? Mas que merda foi essa?

—Cala a boca. –Rodrigo respondeu rindo também.

Nós duas, só começamos a sorrir continuando nossa caminhada. Carol quebrou o clima de risadas perguntando:

—Amiga, eu não ia falar nada, mas não achou estranho a existência desse simulador, e ainda mais num prédio comercial?

Não tinha tido tempo de pensar nisso, não soube o que responder, realmente aquilo não era normal.


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Notas finais do capítulo

Voltei! haha E aí?



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