Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 27
Noite de Natal




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Hermione pode avistar Ron sentado junto a Harry quando adentrou o corredor da tenda. Junto a ele também estavam Neville, Luna e algumas pessoas que Hermione nunca vira. Um homem de meia idade e cabelos acobreados que Hermione se questionou se seria mais um Weasley acompanhado de uma mulher nitidamente mais jovem que ele, mas que, a julgar pelas mãos entrelaçadas, deveria ser sua namorada. Os cabelos da mulher eram de cor Pink, mas era possível ver algumas sutis mechas lilás quando se via mais de perto e ela estava sempre sorridente. O homem que segurava sua mão a fazia feliz e, embora ele aparentasse ser mais sério que ela, era possível notar pela forma que ele carinhava com o polegar o dorso da mão dela, que ela o fazia feliz também.

Ron sorriu ao ver Hermione e chamou-a com um gesto de mão para que ela se aproximasse deles e assim ela o fez.

— Estava pensando em ir atrás de você outra vez. – disse Ron levantando-se e se postando ao lado dela, passando o braço em volta de seu ombro.  – Quero apresentar você ao pessoal. Esses são Remo Lupin, nosso antigo professor e sua esposa Dora.

Dora levantou-se na hora para cumprimentar Hermione com um abraço. Ela poderia ser mais velha que Hermione, mas seus modos e cabelos coloridos a deixava mais jovial, mas não de uma maneira ruim. Era simpática, alguém de quem se gostava em poucos minutos. O marido era seu oposto, maduro e de sorriso contido, mas igualmente cativante.

— Que bom conhece-la. – disse Tonks. – Arthur e Molly falam maravilhas de você.

— Ron também. – disse Remo logo atrás da esposa.

— É um prazer conhece-los. – disse Hermione, virando-se para cumprimentar os demais. – Olá Luna. Nev.

— Oi, Princesa. – disse a voz de Gina se aproximando da mesa, sentando-se junto a Harry com um generoso prato de comida. – Se no casamento demorar assim, pobre do Ron.

— A espera vale a pena - disse Ron, ignorando a onda de deboches que seu comentário originou. Hermione sorriu agradecida pelo elogio.

— A julgar pelo tanto que come, acho que vem mais um pequeno Potter por ai. – brincou Tonks a ver Gina comer.

— Nem brinca. – disse Harry.

— Vem, vou te apresentar ao resto do pessoal. – disse Ron para Hermione. – Vovó está louca para te conhecer.

— Com licença. – pediu Hermione antes de se afastar com Ron.

Havia realmente um mundarel de pessoas que ela não conhecia. Conheceu o pai de Luna, Xenophilius, com cabelos grisalhos e ondulados na altura dos ombros, roupas exóticas e com expressões tão sonhadoras quanto as da filha e igualmente simpático que morava próximo A Toca, e também Amos Diggory, Quim Schacklebolt, Minerva, Dumbledore e outros amigos da família. Os Weasley não tinham só uma família grande, o coração era enorme também a ponto de acolher a todos.

— Aquele jovem ali, com os hormônios aflorados para cima da minha sobrinha – disse Ron enquanto caminhava pela tenda, apontando para um jovem de cabelos claros com mais ou menos uns quinze anos que dançava com Victoire e Dominique. O garoto não desgrudava os olhos de Victoire – é Teddy, filho de Remo e Tonks.

— Por que a chamam assim?

— Tonks? É o sobrenome de família dela. — explicava Ron sem parar de andar. — O nome dela é Ninfadora. Não é um nome que ela se orgulhe, sabe. Alguns chamam ela de Dora, mas a maioria a conhece por Tonks, mesmo depois que virou Senhora Lupin. Ali está a vovó.

Ron caminhou em ziguezague para desviar das pessoas em seu caminho. Ele segurava firme a mão de Hermione que vinha logo atrás, apenas seguindo seus passos. Estava imaginando como seria a avó de Ron. Considerando que todos os Weasley eram, sem exagero algum, as melhores pessoas desse mundo, a avó de Ron não poderia ser diferente. 

E lá estava ela sentada em uma cadeira ao lado de Molly, rodeada de seus netos. Se já fora ruiva, era difícil dizer, pois seus cabelos agora eram cobertos pela cor branca. Tinha o rosto bondoso de vó e, embora Hermione não se lembrasse dos seus avós, tinha certeza que também tinha cheirinho de vó. A senhora abriu um sorriso ai ver o neto se aproximando.

— Aqui está, vovó. – disse Ron como de Hermione fosse os óculos que avó perdera e ele estava ajudando a encontrar. Hermione parou ao seu lado. – Esta é a Hermione. Hermione, essa é minha avó Noralie.

Antes que Hermione pudesse se aproximar para cumprimenta-la, a senhora já se levantara, com uma facilidade incomum aos idosos de sua idade para abraça.

— Olá, querida. – disse dando um abraço típico de Molly Weasley em Hermione. – Que bela garota. Meu menino fala muito de você.

Hermione automaticamente olhou para Ron que a olhou de volta, fazendo Noralie soltar uma risada cansada.

— Oh, não se entreguem, crianças. Eu me referia ao Hugo. Venha querida, sente-se. Vamos conversar. Deixa-a respirar filho. Eu já irei devolve-la. — Hermione sorriu para Ron para mostrar que estava tudo bem e ele se afastou. — Ronald também fala maravilhas de você, menina. Eu já estava cansada de ouvir seu nome só hoje.

Hermione que até então olhava para Ron enquanto ele se distanciava, virou-se para a senhora.

— Me desculpe, senhora.

— Ah não não, querida. Não estou cansada de verdade é apenas um modo de dizer. Ron é de todos o meu neto mais carinhoso, eu posso ouvi-lo falar da garota dele o quanto ele quiser se isso o deixa feliz.

— Ron pode ser bem falador quando ele quer.

— Como é bom um amor jovem. – Disse a vó de Ron com um olhar distante como se não tivesse ouvido Hermione. Distante da conversa, distante do ambiente. — Sinto falta do meu Bill. Ron é idêntico ao avô quando Bill tinha essa idade. Na verdade Ron se parece com o avô desde que nasceu. Por isso seu nome do meio é Bilius, sabe? Era seu neto favorito, se é que se pode escolher um. Eu amo a todos. Mas Bill e Ronald... que dupla.

— Deve ser difícil para a senhora não tê-lo por perto.

— Sem isso de senhora querida. – pediu Noralie logo parecendo voltar sua atenção para a conversa. – Não vou me fazer de forte e dizer que me acostumei. Você não perde o seu companheiro de vida e se acostuma com isso. Mas minha família é maravilhosa.

— É difícil não se apaixonar por vocês.

— Você é uma garota encantadora. – Hermione sentiu as mãos enrugadas de Noralie apertar a sua sobre a mesa e sorriu.

— Obrigada. — agradeceu Hermione com um sorriso sincero. Desejou que Noralie fosse sua avó. Ron tinha sorte pela familia que tinha.

— Estou feliz em saber que Ronald encontrou uma jovem tão bonita.

— Ele contou para a senhora? — perguntou sem jeito. — Sobre nós?

— Ah querida, vocês são péssimos em esconder um segredo. — disse a senhora fazendo Hermione corar — Conheço Ron com a palma das minhas mãos. E mesmo que não estivesse acontecendo nada ainda, seria uma questão de tempo até começar a acontecer.

— Acho que estamos nos escondendo em vão. — disse Hermione enrolando os dedos na barra do tecido da toalha de mesa.

— Não percam o tempo que podem ficar juntos se escondendo dos outros, querida. Esses momentos são preciosos. — Hermione sabia que a avó de Ron pensava no marido enquanto falava. — Não tenha medo do que vão pensar. Todos parecem gostar muito de você aquí.

— Obrigada.

— E casem-se logo. Estou velha demais para esperar.

Hermione riu mesmo sem saber se podia. O senso de humor de Ron era herança de familia. A senhora suspirou profundamente ainda parecendo perdida em seus pensamentos sobre Bilius. Ela não olhava Hermione, olhava para Ron parado na outra extremidade do salão.

— Va querida. Não perca toda festa ouvindo histórias de velho.

— Estou gostando muito de conversar com a senhora.

— Você é uma jovem muito bem educada e sei que é inteligente o bastante pra preferir a companhia daquele belo jovem, que já está me olhando torto, do que companhia de uma senhora. Ande querida. – a senhora levantou-se antes mesmo do que Hermione como se fosse ela quem quisesse fugir daquela conversa. – Vá dançar com seu garoto. Eu vou experimentar alguns docinhos.

Hermione olhou na direção de Ron que sorriu quando seus olhos se encontraram. Ela não precisou chama-lo para que ele largasse quem quer que fosse sua companhia. Ela o viu dar dois tapinhas no ombro de um homem gigantesco de cabelos e barbas grandes e acobreados como um pedido de licença para se retirar e caminhou na direção dela. Ela sentia seu estomago formigar conforme ele se aproximava. Era algo que ela não conseguia controlar.

— E então? Existe algum tempo vago do seu dia para mim? – perguntou ele deixando o copo vazio que trazia não mão sobre a mesa.

— Me desculpe. Eu juro que queria ter te dado mais tempo.

— Está mais solicitada na minha família do que eu mesmo

— Sua avó é ótima. Toda sua família é. Caramba, natais me deixam emotiva.

Ron a segurou pela mão, fazendo-a se levantar.

— Vamos sair daqui.

Ron olhou para os lados como se quisesse ver se mais alguém prestava atenção neles antes de pega-la pela mão e leva-la para o lado de fora da tenda.

A neve começara a cair forrando o gramado verde de branco, Ron colocou o braço ao redor de Hermione para aquecê-la.

— Às vezes sinto inveja de você sabe. — disse quando pararam próximo a cerca. – Sua família é tão incrivel.

— A sua também, Mione. — Ron encostou as costas na cerca e puxou Hermione para perto de si.

— Meus pais são ótimos. Mas me refiro a isso tudo. — ela apontava a tenda como se aquilo ja bastasse para explicar o que dizia. — Sempre somos só nós. Isso parecia bastar antes, mas quando conheci vocês... Sei lá.

Ron afastou-se um pouco do abraço, mas sem solta-la, apenas para lhe dar um beijo que ela recebeu feliz. Ele a segurava pelo rosto enquanto a beijava e sentia as mãos pequenas dela deslizar com leveza sobre o tecido de seu blazer e desejou não ter tecido algum que o impedisse de sentir o contato direto.

— Você e seus pais sempre serão bem vindos a se juntar a nós. — disse Ron quando se afastaram. — Mas chega de falar de família, eu quero a atenção da minha namorada.

— Gosto de te ouvir dizer isso. — disse Hermione. — "Minha namorada".

Ron ergueu uma sobrancelha, confuso.

— O que há demais nisso?

— É que... bom, você nunca disse que éramos namorados então...

— Ah! Bom, me desculpe. — pediu Ron. — Acho que, na minha cabeça, você já era minha namorada desde o primeiro dia que te beijei. Nunca quis menos do que isso.

Hermione o abraçou com as mãos por dentro do blazer que Ron usava e descansou a cabeça no peito de Ron. Mesmo com a neve, aquilo era confortável. O peito de Ron era seu lugar favorito no mundo agora.

— O que vamos fazer agora, Ron? — perguntou depois de alguns minutos em silencio. — Hugo tem razão, não é namoro se já moramos juntos...

— Está me pedindo em casamento, Hermione? — perguntou ele rindo.

— Só quero dizer que... você me paga para estar lá, era pra ser... um emprego.

— Agora não é mais. Você foi demitida, ou promovida a namorada.

Ela ficou em silencio mais uma vez, mas seu cérebro estava barulhento.

— Mas não é certo morarmos juntos se eu não trabalhar mais lá.

— Por que?

— Não somos casados, Ron. O que as pessoas vão pensar si...

— Dane-se os outros, Hermione. Minha casa, eu decido quem quero que more lá.

— Eu sei, Ron. Mas...

— Nem pense em ir embora, Hermione. – Ron a olhava sério agora. As sobrancelhas franzidas fez Hermione perceber que ele não estava gostando do rumo para onde ela guiava aquela conversa. – Não sei onde pretende chegar com essa conversa, mas pare. Para de ser sempre tão racional

— Você sabe que uma hora ou outra terei que trabalhar, não é? Não espera que eu viva la de graça como se aquela casa fosse minha.

— Você já trabalhar, Hermione.

— Você disse que eu estava demitida.

— Mas não está. Deus, eu só estava brincando. Eu preciso de você, Hugo também.

— E o que vamos fazer Ron? Vamos morar juntos e fingir que nada acontece entre nós?

Ron não teve tempo de respondê-la quando viu que já não estavam mais a sós.

— Vocês estão brigando de novo. — disse Hugo que caminhava pela grama agora cheia de neve com dificuldade.

— Oh não, não, não meu amor. — Hermione caminhou até o garoto para ajuda-lo a caminhar sem escorregar. — Não estamos brigando... Só estamos conversando.

— Vocês parecem bravos.

— Não se preocupe querido. — Hermione o pegou no colo para manter os dois aquecidos. — Está tudo bem. Não estamos bravos.

— É não estamos. — concordou Ron que chutava alguns flocos de neve no chão para se distrair como se evitasse Hermione. Sua expressão parecia contrariar sua resposta.

— Eu quero ver. — disse Hugo.

— O que? — perguntou Hermione

— Se não estão brigando, tem que se beijar.

— Você não acha que é jovem demais para ficar no meio de problemas adultos? – perguntou Ron olhando para o filho com uma seriedade que Hermione reprovou.

— Ele só esta tentando ajudar, Ronald. — repreendeu.

— Então vocês estavam mesmo brigando?

— Não filho. — Ron aproximou-se para beijar a bochecha do filho. Hermione tinha razão, Hugo sempre os ajudava a se unir. — Desculpe.

— Então por que não me deixam ver?

Ron suspirou e bagunçou o cabelo do garoto que tentou desviar do cafuné desajeitado do pai.

— Ok, Ok. Um beijo nessa chata e você irá voltar para brincar com seus primos.

— Quem é chata, Ronal... — Ron calou Hermione selando os lábios nos dela brevemente enquanto ouvia risos satisfeitos do filho que ainda estava no colo de Hermione impedindo uma maior proximidade entre eles.

— Pronto. Viu? — disse Ron pegando Hugo do colo de Hermione e o colocando no chão. — Nós estamos bem, agora anda.

— Vovó quer tirar fotos.

— Ah! As fotos de natal da mamãe.

— Fotos de natal? — perguntou Hermione;

— É. Mamãe tira foto da família de cada filho e uma com todos juntos para guardarmos de recordação. Ainda nos obriga a usar gorros vermelhos. — Hermione riu ao imaginar a cena. — Vamos antes que ela nos busque pessoalmente.

Eles caminhavam em direção ao interior da tenda. Hugo entre os dois segurando a mão do pai e de Hermione. Ron parou na passagem para o interior da tenda e se virou para Hermione antes de entrar.

— Não pense que me esqueci daquele assunto. 

E sem deixa-la responder, ele entrou.


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