Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 26
Véspera de Natal




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O dia da véspera de natal acordou mais barulhento. Ron demorou a acordar por ficar até tarde da noite com Hermione quando todos finalmente foram para seus quartos dormirem na noite anterior. O Sr. e Sra. Granger se instalaram no antigo quarto de Carlinhos que ficava no ultimo andar da casa, abaixo do sótão e Gina e Harry ficaram no antigo quarto de Gina, como de costume.

Para o azar de Ron, sua mãe não estava cooperando com seus planos de ficar com Hermione.

— Arrumei o quarto de Gui para você, querida. – disse a senhora Weasley após acomodar os pais de Hermione. – Ficará mais a vontade.

— O que? Aquele lugar é uma zona, mãe. – retrucou Ron.

— Tem sugestão melhor, querido? Pode ceder seu quarto a ela e dormir no de Gui.

— Tudo bem. Não se preocupe, Sra. Weasley. – disse Hermione.

— Bom, crianças eu vou me deitar. Amanhã o dia será longo. – A senhora deu um beijo em Hermione e logo se dirigiu a Ron, sentado no sofá com Hugo deitado em seu colo, para lhes desejar boa noite com um beijo na testa de cada um. – Não demore, Hugo deve estar cansado.

Ron realmente não havia se encantado com a ideia, mas sua mãe arrumara tudo para Hermione que ela não teve coragem de fazer desfeita. Ele insistiu e fez careta em desaprovação, mas Hermione era mais durona do que deveria.

— Amanha Gui ira chegar e você não terá onde dormir, ai se lembrará de mim. – disse para ela, parado ao lado de fora da porta do quarto de Gui enquanto se despediam. – E quando esse dia chegar, você dormirá na sala.

Hermione soltou uma risada mais alta do que deveria e tampou a própria boca em seguida, olhando para os lados para ver se o barulho acordara alguém.

— Posso dormir com você? – disse Hugo com os olhos avermelhados de sono.

— Tudo bem, querido. – Hermione o pegou do colo de Ron antes de abrir a porta.

— Abandonado pelos dois. Estou ferrado. – Resmungou Ron.

Hermione aproximou-se de Ron para beija-lo, já não precisava se segurar na frente do Hugo e isso já era um alivio.

— Boa noite, Ron.

Ele não demorou a dormir, não tinha dificuldades para isso. Hermione estava sem sono a principio, mas enquanto ninava Hugo para que ele dormisse, seu sono chegou junto.

 

 

— Acorda pai. – pedia o menino, montado nas costas do pai, fazendo uma tentativa sem muito sucesso de tirar o corpo de Ron do lugar.

Ron pegou o braço de Hugo e o puxou para se deitar ao seu lado.

— Só mais cinco minutos, filho. – disse sem abrir os olhos.

— Vovó disse para acordar.

— Que horas são? – perguntou Ron não fazendo esforço algum para se levantar.

— Eu não sei. – respondeu Hugo como se aquilo fosse obvio. E era. Ele só tinha seis anos, não sabia ver horas.

— Já disse que me vingarei de você quando for adolescente por ficar me acordando.

Quando olhou seu relógio, já se passara das 10h. Sua mãe tinha razão em querer te acordar. Ele saltou da cama e colocou as primeiras peças de roupa que suas mãos encontraram e logo desceu acompanhado de Hugo, que fora instruído pela avó a não deixar o quarto enquanto o pai não se levantasse. Jorge, Fred, Alicia, Angelina e seus filhos já haviam chegado o que justificava a falta de silencio no ambiente. Os gêmeos, Ron e Gina eram os que iam A Toca com maior frequência.

— Estava desistindo de esperar, meu estomago esta começando a se alimentar dos outros órgãos. – disse Hermione quando Ron se sentou ao seu lado para tomar o café da manhã.

— Me esperando para o café? — Ron beijou-a na bochecha, ignorando a companhia dos irmãos e o sorriso debochado de seu pai. — Poderia ter me acordado mais cedo.

— Não queria te incomodar

— Você nunca me incomoda, Mione. – Ele sorriu e ela sorriu para ele de volta.

Às vezes, quando estava com Ron, Hermione se esquecia de tudo a sua volta. Ela o beijaria ali mesmo se pudesse. Mal completara 24h n’A Toca e ela ja pensava em quando ficariam a sós novamente.

Ela por fim tomou o café da manha. Hermione já acordava naturalmente faminta e seu pai ate mesmo estranhou o fato dela alegar estar sem fome para o café, mas tomar o café da manhã junto era uma das coisas que gostava de fazer com Ron. Uma das muitas.

Ficar juntos n’A Toca era bem mais difícil do que a Ron pensava, ainda mais na véspera de natal. Ele mal conseguia ver Hermione depois do café da manha. Sua mãe ou irmã estavam sempre alugando ela para alguns afazeres e o sr. e sra. Granger sempre arrumavam um jeito de chamar atenção da filha nos minutos que ela parecia ter uma pequena folga. Ele mesmo estava saturado de afazeres que sua mãe o obrigava a fazer como tirar gnomos de porcelana do jardim e ajudar seus irmãos e Harry a erguer a tenda no gramado. Ele estava exausto antes mesmo da noite começar.

 

 

No horário do almoço A Toca já estava lotada de adultos e crianças Weasley. Penélope, Angelina, Alicia, Gina e Fleur faziam, junto a Hermione, uma espécie de clube das garotas, o que dava menos chance ainda de Ron se aproximar dela. Ele se dera por vencido. Depois de um excelente almoço, ele conversava com os irmãos enquanto Arthur e Wendell brincavam, como duas crianças grandes, com os netos Weasley.

— Veja, é muito fácil. Você segura esta linha e a enrola em volta do peão. – dizia o senhor Granger na tentativa de ensinar Hugo a soltar peão. Não era um brinquedo atual, eles o haviam achado no quartinho de tralhas do sr. Weasley e isso despertou a curiosidade dos mais novos. – Depois você o segura assim e solta.

Hugo, Fred II, filho de Jorge, e Louis, filho de Gui, olhavam fascinados enquanto o objeto rodava velozmente sobre uma superfície de madeira. O sr. Granger tentava ensina-lo a soltar, mas a mão de Hugo era pequena demais, mas o garoto não parecia frustrado. Sr. Granger tinha toda a paciência do mundo.

— Desculpe se ele está deixando o senhor cansado. – disse Ron se aproximando depois de observa-los por um tempo. – Papai está acostumado a ser rodeado por crianças peraltas. Hugo tem uma bateria interminável.

— Ele me faz resgatar os meus tempos de jovem. – disse o senhor Granger ajeitando a coluna por ficar tempo demais agachado na altura das crianças. – Brincar é saudável, ate para os mais velhos e ele é uma criança muito educada.

— Obrigado, Sra. Granger.

— Falo sério filho. Você é um rapaz muito esforçado. – sr. Granger olhava distraído para Hugo que agora revezava o novo brinquedo com os primos. – Criou bem o menino.

— Não posso levar a gloria disso sozinho, senhor. Tenho pais e irmãos excelentes. – disse Ron. – E... não posso excluir sua filha disso também.

— Vejo que são bem próximos... você e Hermione. – Ron olhou para o pai de Hermione com receio do que deveria responder. O Sr. Granger ainda olhava para as crianças parecendo alheio a ansiedade que causara em Ron.

— Eu a respeito muito senhor.

— Você a respeita muito. – repetiu o Sr. Granger mais uma vez. Ron começava a se sentir apreensivo. Sentia suas mãos começarem a soar. – Isso é bom. Muito bom.

Ron respirou fundo. Seu pai brincava com os netos agora, e mesmo estando perto de todos, parecia que não havia nada além dele, seu pânico e o pai de Hermione ali.

— Senhor, eu ...

— Hermione é bem durona, sabe. – interrompeu sr. Granger. – É igual Monica. Mas também pode ser a criatura mais doce e dedicada que alguém pode conhecer.

— Eu sei que é, senhor. E eu...

— Eu detestaria qualquer pessoa que a ferisse

Ferir Hermione era algo que nunca passou pelos planos de Ron, mas ele se sentia cada vez mais apreensivo com o rumo daquela conversa. Suas mãos começavam a suar quente apesar do frio que fazia.

— Senhor, por favor, não...

— Eu sei das coisas, filho. Vocês mais novos pensam que não, mas os pais sabem tudo.

— Eu não quis dizer que não sabe, senhor...

— Hermione pensa que eu não gostava daquele rapaz de sotaque gozado, mas não era bem assim. – Ron pareceu confuso com a mudança de assunto. Por que Vítor agora? – O que eu não gostava era do fato dele nunca tê-la feito sorrir dessa maneira.

Wendell apontou para Hermione com a cabeça. Ron a olhava enquanto ela ria com sua família. Ele não conseguia pensar em uma Hermione que não risse como ela. O barulho da risada dela era um dos seus sons favoritos ainda mais quando ela ria com algo que ele dissera. Mas não pode evitar de ficar feliz ao saber que Vitor não tinha o prazer de faze-la sorrir.

— Estava preocupando de inicio quando ela decidiu que viria. Sozinha em uma cidade como Londres. – continuou o sr. Granger. Agora ambos olhavam para ela. – Mas fico feliz por vê-la bem. Obrigado por cuidar dela.

— Prometo que sempre vou cuidar senhor, se... – ele pausou antes de criar coragem para continuar. – Se o senhor permitir que eu a namore.

Para a surpresa de Ron, o pai de Hermione sorriu.

—  E a essa altura eu tenho alguma opção?

Ron ficou em silencio por alguns segundos enquanto olhava Hermione e deixou escapar um riso pelo nariz.

— Acho que não, senhor. Nenhuma.

— Gosto de você, filho. Mas ainda posso mata-lo se a fizer chorar. Estarei de olho, rapaz. – Embora isso pudesse soar como uma ameaça, o senhor Granger sorria para Ron dando-lhe tapinhas no ombro como consolo.

Hermione olhou na direção deles essa hora com um sorriso enorme que fez com que Ron inconscientemente sorrisse para ela. Os cantos de sua bochecha quase se encostavam às orelhas e ele ouviu o Sr. Granger dar um riso caçoado ao seu lado, mas ele não olhou para o homem porque nesse momento ela caminhava ate eles.

— O que tanto vocês falam?

— Eu estava fazendo o meu papel de pai dizendo algumas palavras ameaçadoras ao seu namorado. Mas ele me parece um rapaz disposto a correr riscos. — O Sr. Granger deu mais alguns tapinhas nos ombros de Ron. — Vou procurar Monica, comportem-se.

— Contou a ele? — perguntou Hermione ao ver o pai se afastar.

— Acho que ele já sabia.

 

 

De noite A Toca estava ainda mais cheia do que de costume. Se Hermione achava impossível decorar o nome de todos os Weasley quando ela os conheceu, agora parecia ainda mais perdida. Ela olhava pela janela do quarto de Gina enquanto ensaiava para se arrumar. Diversas novas cabeças iam avançando os gramados d’A Toca em direção à tenda armada e ela já se sentia em outro planeta. Quem eram todas aquelas pessoas?

— Ainda está assim? – perguntou Gina ao entrar no quarto e ver que Hermione estava do mesmo jeito que ela havia deixado. Gina já havia se trocado a quase uma hora. — Vai passar o natal no meu quarto? Poderia ser no quarto do Ron pelo menos...

— Gina! — exclamou Hermione sentinndo as bochechas esquentarem. – Eu me distraí. Acho que não conheço metade dessas pessoas.

— Ah tudo bem, não se preocupe. – disse Gina se aproximando da janela. — São pessoas maravilhosas, você irá ama-los. Bom, é melhor ir depressa se quiser comer alguma coisa. Ron já está lá embaixo.

Hermione sorriu para ela, se afastando da janela para começar a se arrumar.

Ron já estava faminto e entediado. Quantas pessoas deveriam ter ali? Cinquenta? Cem? Mas isso não importava. O que ele queria mesmo saber é onde diabos se meteu Hermione. Ela não era o tipo de mulher que demorava a se arrumar, nem precisava. Ele viu Gina saindo pela porta da sala d’A Toca e caminhando sozinha pelo corredor improvisado que ligava a tenda a porta de entrada d’A Toca e fez uma cara de desanimo. Esperou mais alguns minutos antes de se render a ansiedade e ir atrás dela.

Ela já estava quase pronta. Tentava arrumar o cabelo em algum penteado que não fosse o solto habitual, mas Hermione não era muito criativa com cabelos e maquiagem como Fleur, por exemplo. Seus braços já doíam na tentativa de arrumar o cabelo e a essa altura, eles já estavam armados. Ela nem reparou quando Ron entrou. O viu segundos depois através do espelho do quarto de Gina, parado na porta atrás dela. Ela deixou os braços cair em volta do corpo, desistindo de arrumar o cabelo e ele sorria para ela. Ela vestia um vestido vermelho, curto e rodado de mangas compridas. Era simples, sem estampas ou pedrinhas, e ainda estava descalça. Ron fechou a porta e caminhou ate ela, abraçando-a por tras, envolvendo seus braços na cintura dela, olhando a imagem dos dois no espelho.

— Você é a garota mais bonita que já conheci. – ele elogiou.

— Meu cabelo está horrível. – ela disse chorosa virando-se de frente para ele.

— Você está ótima, Mione. – elogiou mais uma vez ajeitando os fios de cabelo bagunçados. – Por que toda essa demora?

— Por que eu queria estar... diferente. Eu estou sempre com o mesmo cabelo e a mesma cara. Ah, Ron...

Ron segurou o rosto de Hermione com as duas mãos e lhe deu um beijo cheio de saudade que ela aceitou de bom grado. Ele ainda permaneceu abraçado a ela depois do beijo. Estava aproveitando o máximo antes de voltar para a festa.

— Alguém pode chegar. – ela disse sem se afastar dele.

— Eu sei. Mas já estou cansado de esconder isso.

Eles ficaram um bom tempo entre abraços e beijos antes de decidirem que Hermione deveria terminar de se arrumar para descer. Ela decidiu por deixar o cabelo solto do mesmo jeito. Se Ron gostava assim, assim ficaria.

— Antes de voltar, eu queria te entregar algo. – disse Ron colocando a mão por dentro do blazer preto que usava. Hermione o viu tirar algo de lá que não identificou o que era.

Ron abriu a caixinha que deveria ser um presente e tirou o que havia dentro, caminhando para mais perto de Hermione e tomando um de seus braços. Era uma pulseira.

— Chamam de pulseira da vida. – explicou ele mesmo sem ela perguntar. Eram uma pulseira simples, aparentemente. – Você deve acrescentar pingentes a ela. Veja, eu coloquei esses. Esses representam seus pais. E esses... bom São Hugo, você e eu.

Hermione aproximou o braço para olhar. Havia um pingente onde se via um homem e uma mulher segurando as mãos de um garotinho e mais dois onde se liam “mom” e “dad”.

— Você acrescenta pingentes de coisas ou pessoas que sejam importantes para você. Por isso pulseira da vida. É como se pudesse contar sua historia com ela. Espero que não se incomode por eu ter colocado esses...

Hermione agarrou-se ao pescoço de Ron prensado sua boca na dele. Ela estava feliz por Ron pensar nela, estava feliz por ele se encaixar na vida dela. Estava feliz por tudo. Ela o beijava com tanta vontade que desejou passar a noite toda ali, só Ron e ela.

— Uau. – disse Ron quando ela o soltou. – Pode fazer de novo, se quiser.

— Eu amo tanto você.

— Eu também amo você, Hermione. Muito. – ele sorriu. – Mas é melhor se apressar, tem uma festa rolando lá embaixo.


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