Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 23
Grangers




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(narrado por Ron)

Chegamos à estação 15 minutos antes do previsto para a chegada dos pais de Hermione e eu ensaiava mentalmente os melhores e mais formais cumprimentos na minha cabeça. Ela estava aliviada agora que Hugo sabia sobre nós e quem começava a se sentir apreensivo era eu. Pedimos para que Hugo guardasse segredo sobre a conversa de mais cedo e Hermione tentava me acalmar dizendo que seus pais iriam gostar de mim, mas e se não gostassem?

— Eles não vão devorar você. – ela disse fazendo uma imitação precária do que deveria ser minha voz. – Foi o que você me disse a primeira vez que fui A Toca. Lembra?

— Mas é diferente. Eu tenho sentimentos por você, agora. Seu pai vai querer me matar se souber que nós...

— Shhh! – ela apenas indica Hugo com a cabeça. – Ele não vai te matar, Ron.

A ansiedade já até começava a me deixar faminto conforme o tempo ia passando. Eu sempre sentia fome quando me sentia ansioso, era uma forma que encontrava para tentar me distrair do real motivo da minha ansiedade. Eu já procurava algum lugar para comer quando ouvi Hermione chamar pela mãe enquanto corria para abraça-la, deixando Hugo e eu para trás.

— Mãe! Eu senti tanta falta de vocês. Ah, papai. – Hermione soltou-se dos braços da mãe para abraçar o homem cheio de malas que vinha logo atrás.

Eu me aproximei para ajudar o pai de Hermione a carregar as malas.

— Ah! Mãe, pai estes são Ron e Hugo.

A mãe de Hermione abriu um largo sorriso para mim e me abraçou em cumprimento.

— Então você é o famoso Ronald. – disse ela ao me soltar, sorrindo e me avaliando com o olhar, mas ainda sorrindo.

— Só Ron, por favor. Prazer, Sra. Granger.

— Que isso, querido. Mônica, apenas. – a mãe de Hermione era uma versão mais velha da filha e eu pensei comigo mesmo que, se Hermione continuasse como a mãe quando mais velha, continuaria bonita.

— Deixe-me ajuda-lo com as malas, senhor Granger. – me ofereci de imediato.

— Obrigado, filho. Obrigado.

Eu ajudei a colocar as malas no carro junto com o pai de Hermione e assim voltamos para casa. A viagem teria sido silenciosa se dependesse de mim e do Sr. Granger, mas Hermione e sua mãe tagarelavam novidades uma para outra e a Sra. Granger até já parecia familiarizada com Hugo. Eu percebi o quanto a presença de Hermione tinha mudado meu filho quando o vi corresponder os paparicos da mulher com risos. Hugo não costumava ser tão sociável com alguém que não fosse um Weasley ou Potter. O Sr. Granger cochilava no banco do passageiro e, algumas vezes, eu não evitava olhar para Hermione no banco de trás através do retrovisor e a via sorrir para mim de volta. O sorriso dela me confortava.

O caminho de volta foi mais rápido do que era de agrado para o cochilo do Sr. Granger que se sobressaltou quando a esposa colocou a mão em seu ombro para avisa-lo que chegamos.

— É um ótimo lugar para se morar. – disse o pai de Hermione, pegando as malas no carro enquanto olhava para todos os cantos da rua com o sorriso de quem acabara de chegar a outro país. – Até parece os Estados Unidos.

— O senhor já esteve na América? – perguntei para descontrair.

— Ah não, nunca. – ele pareceu desapontado. – Mas parece um daqueles bairros que vemos na TV.

Nós entramos em casa seguindo Hermione, Hugo e a Sra. Granger que parecia tão encantada como o marido.

— É uma casa pequena. – eu disse. – Éramos só Hugo e eu, não costumávamos receber muitas visitas.

— É tão confortável. – dizia a Sra. Granger quando entramos.

Eu lhes apresentava a casa da mesma forma como fiz quando Hermione se mudou para cá. Sala, cozinha, quartos. O pai de Hermione olhava tudo com muito fascínio e me lembrava de meu pai. Sempre que estava em um lugar novo ele parecia encantado e curioso por tudo.

— Você é um rapaz muito cuidadoso para um homem solteiro. É uma ótima casa.

— Hermione me obriga a manter tudo organizado, ela é rédea curta. – brinquei.

— Igualzinho a Mônica. – disse o pai de Hermione logo atrás de nós. – pode imaginar como eu vivia com essas duas, não é filho?

— Que belo amor fraternal, Doutor Wendell. – disse Hermione.

— Ainda é minha garotinha, mas vocês duas conseguem enlouquecer qualquer um com essa mania de organização. – o pai de Hermione deu um beijo na testa da filha e repetiu o ato com a esposa.

— Bom. Vocês podem ficar aqui até irmos para A Toca. – eu apontei para o quarto onde Hermione dormia. – Eu posso dormir com Hugo e você pode ficar com meu quarto, Mione... Hermione.

Eu corrigi antes que pudessem notar algo com aquela intimidade.

— Não queremos incomodar, querido.

— Eu durmo no quarto do Hugo, Ron. É melhor para vocês dois que durmam no seu quarto.

— E por que não faz igual ontem que... – Eu tampei a boca de Hugo com a mão para que ele não prosseguisse.

— Vocês devem estar famintos. – disse Hermione mudando o assunto rapidamente. – Vou preparar algo para comermos.

— Eu ajudo querida.

— Você deve estar exausta, mamãe.

— Não se preocupe, a viagem foi rápida. Wendell, querido, coloque as coisas no quarto. Não deixe que o rapaz faça tudo. – Assim como o pai de Hermione lembrava meu pai, a Sra. Granger era igualzinha a minha mãe. Eu soube agora que eles vão se dar muito bem quando se conhecerem.

 

 

Os pais de Hermione eram realmente calmos e os ânimos de Ron foram se acalmando conforme o dia passava e ele notava que Wendell Granger era um homem tão fácil de lidar quanto seu pai. Eles conversaram sobre documentários do National Geographic, sobre a Weasley’s Wheezes e até mesmo sobre os dentes de Ron, os pais de Hermione eram dentistas. A Sra. Granger, mesmo sob protesto da filha, a ajudou com almoço e afazeres de casa e Ron já se acostumara tanto a ajudar Hermione que começara a se sentir incomodado de inicio, mas conversa com Sr. Granger e a amizade que ele e Hugo começavam a firmar, distraia os pensamentos de Ron.

— Eu confesso que queria ter um garoto antes da minha Hermione nascer. – dizia ele enquanto ajudava Hugo a montar um quebra cabeça. – Mas sabe, uma garota consegue mudar nossa vida de pernas para o ar antes mesmo de nascer. São uma coisa louca as mulheres. Que poder elas consegue ter sobre nos mesmo tão pequenas.

Ron sorriu ao pensar em Hermione pequena. Gostaria de tê-la conhecido a mais tempo, de ter mais tempo com ela. Será que se conhecesse ela a mais tempo, estariam juntos? Hugo não teria nascido ou Hugo seria dela?

— Hein, filho? – perguntou o homem fazendo Ron se sobressaltar.

— Desculpe Sr. Granger, eu me distraí. O que dizia?

— Se pensa em ter mais filhos? Me arrependo de não ter dado irmãos a minha menina.

— A sim. Sim. Minha família é bem grande. Eu gostaria que ele tivesse irmãos como os meus.

— Seus pais devem ficar muito felizes. Eu chego a pensar que não terei netos. Hermione é muito... Independente.

— Acha que ela não quer filhos? – perguntou Ron tentando disfarçar a curiosidade.

— Ela é uma garota focada nos estudos, mas quem sabe não é? Quem sabe....

— Quem sabe... – repetiu Ron.

O resto da tarde não foi menos tranquila. Ron e Hermione levaram os pais dela para conhecer alguns pontos turísticos por ali e o sr. Granger parecia uma criança em um parque de diversões enquanto tirava fotos em frente ao Palácio de Buckingham.

— Que lugar magnifico. – ele dizia.

Também andaram em shoppings e foram a sorveteria favorita de Ron que, mesmo com o frio do inverno, estava sempre cheia. Ron algumas vezes lutava contra os próprios instintos para não ficar perto de Hermione. Era tão comum, automático e certo segurar a mão dela ou beija-la que ele que tinha que se lembrar de que não estavam a sós e que aquilo, ainda, era algo que só eles três compartilhavam.

Eles passaram em uma pizzaria antes de voltarem para casa para comprarem algo para jantar. Ron e Hermione foram juntos enquanto o sr. e sra. Granger ficaram no carro cuidando de Hugo. Enquanto esperavam para pegar seu pedido, Ron olhou atento para os dois lados e quando se certificou de que a barra estava limpa, puxou Hermione para perto pela cintura e lhe beijou. Ela parecia querer protestar, mas já estava com os braços no pescoço dele e deixava escapar um riso abafado e surpreso entre o beijo.

— Me desculpe. – ele pediu ao se afastar. – Eu precisava disso. Estava com abstinência.

— Me desculpe por isso, Ron...

— Seus pais são ótimos. – disse cortando o que ela ia dizer. Ela sorriu.

Ron deu mais um beijo nela antes de pegarem a pizza e voltarem para sua realidade temporária.

A noite foi mais curta. Hugo acordara cedo e já até tirava um cochilo com o senhor Granger  na poltrona da sala depois de comerem a pizza.

— Bom, é melhor eu ir me deitar. Acho que alguém está bem cansado. – disse Ron se referindo a Hugo. – Vou leva-lo para cama.

— Quer que eu o ajude? – se ofereceu Hermione.

— Ah. Não. Tudo bem, Mione. Bom, conversem o quanto quiserem. Me desculpe ter que ir tão cedo, sra. Granger.

— Não se preocupe querido. Tenha uma ótima noite. – disse a mulher com um sorriso.

— Boa noite, sra. Granger. – ele desejou. Já começava a se aproximar de Hermione para lhe dar boa noite quando parou a meio caminho, mas já estava próximo demais pra disfarçar então apenas lhe deu um beijo na testa, o que não passou despercebido pela mãe de Hermione mesmo assim e ele pode jurar que a viu segurar um riso.

Mais, tarde quando seus pais foram dormir, Hermione arrumou o quarto de Hugo para que ela pudesse dormir, mas estava sem sono. Já se passava da meia noite quando desistiu de revirar na cama e foi até a cozinha prepara um chocolate quente para tomar. Ela mal esquentara o leite e ouviu um barulho a suas costas enquanto passava geleia em algumas torradas. Ela sorriu. Ron sempre aparecia quando sentia cheiro de comida.

— Sabia que você não demoraria muito a...

Hermione virou-se e para sua surpresa, não era Ron quem estava parado no batente da porta.

— Desculpe não ser quem você estava esperando. – disse a sra. Granger. – Você parece bem aqui.

— Eu não estava esperando ninguém, mãe. – ela disse, mas havia um certo desapontamento em seus olhos.

— Ah! Desculpe. Achei que estivesse esperando algum belo rapaz.

— Eu só... É que. Sempre que Ron sente cheiro de comida, ele aparece. – disse Hermione sorrindo.

— Você me parece bem familiarizada aqui. Você se apegou a eles. – Hermione não soube dizer se a mãe estava lhe perguntando ou se estava de fato afirmando. Ela a olhou confusa e constatou que aquilo era uma afirmação. – Tanto tempo de convivência fez você se apegar a eles.

— Só se passaram seis meses, mãe.  Não se passou tanto tempo.

— Muita coisa pode acontecer quando se convive com alguém, ainda que por pouco tempo.

Hermione respirou fundo e tentou disfarçar qualquer nervosismo.

— Mãe...

— Ah tudo bem. Não engane sua mãe. Vocês sorriem o tempo todo. Eu nunca a vi com esse sorriso, nem com Vitor.

Hermione sentiu o estomago dar voltas com o nome do ex-namorado e olhou para a porta com medo de que Ron estivesse por perto. Ela serviu um pouco de chocolate quente e torradas para que a mãe lanchasse junto a ela.

— Não foi algo que eu pudesse controlar. – disse Hermione se sentando a mesa com um olhar distraído.

— Você não precisa ter o controle de tudo sempre.

— Mas isso me... assusta.

— Ele me parece um ótimo pai. – disse sua mãe sorrindo. Hermione sorriu de volta. – Além de muito bonito, é claro.

— É. Ele é sim.

 A senhora Granger sentou-se ao lado da filha e colocou o braço em volta dos ombros de Hermione que deitou a cabeça em seu ombro enquanto a mãe lhe fazia cafuné.

— Estou feliz por vê-la feliz. Posso notar que ele gosta muito de você.

— Eu também gosto muito dele.

— Gosta?

Hermione deu um suspiro e sem encarar a mãe, disse:

— Eu o amo, mãe.


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