Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 2
A má sorte vira sorte.




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Acordei bem cedo no dia seguinte para fazer o que Gina havia me aconselhado. Tanto porque estava desesperada por um emprego, quanto porque quanto mais tempo passo fora desse quarto melhor. Dessa vez tomei um café reforçado antes de sair e apertei o cartão com o endereço que Gina me dera nas mãos para não correr risco de esquecer ou perde-lo.

R. B. Weasley. Diretor. Weasley’s Wheezes. – disse para mim mesma, lendo o conteúdo escrito no cartão. Weasley’s Wheezes. Negocio de família. De pai e filho, com certeza. Por isso Gina me disse com tanta convicção que me daria o emprego.

A empresa tinha um fácil acesso, o que me permitiu acha-la com muita facilidade. O prédio era espelhado com aproximadamente cinco andares. Sua fachada era simples, com o grande “Weasley’s Wheezes’’ escrito em letras prateadas em frente. Era o típico prédio empresarial que qualquer pessoa gostaria de trabalhar por ser tão vistoso. Até mudei minha postura ao caminhar para dentro do lugar. A recepção do local estava à altura. Típica de hotel cinco estrela e tão silenciosa que comecei a suspeitar se havia mesmo vida naquele lugar. Me aproximei um pouco mais do balcão e pude ver uma cabeleira loura quase escondida ali atrás. Então pigarreei para ganhar atenção.

— Com licença. – disse tentando ser a mais delicada e menos abusada o possível. A moça loura levantou os olhos azuis para me encarar e eu já esperava por uma expressão de mau humor por ter interrompido sua leitura, quando ela na verdade me deu um largo sorriso.

— Eu me distraí, desculpe. O que deseja? – perguntou ela. Ela tinha um tom de voz um tanto suave que te fazia sair de orbita e viajar para outra galáxia sempre que ela falava.

— Ah, eu gostaria de falar com... – com quem? Gina não me dissera o nome de quem procurar. Eu olhei novamente para o cartão, agora consideravelmente amassado. – Hum... Com o senhor Weasley. Isso.

A garota loura começou a rir como se eu acabasse de lhe contar uma piada. Minha expressão confusa foi o que a fez retomar sua postura.

— Qual deles? – perguntou ela. Certo, eram pai e filho. Eu tinha me esquecido.

— O filho. – especifiquei. Ela pareceu querer rir outra vez, mas não o fez.

— Qual deles? – Ela repetiu. Deve estar se divertindo as minhas custas. – Vou tentar te ajudar. Tem Arthur, o pai. Fred, George, Percy e Ronald, os filhos. Ainda tem Bill, Charles e Gina, mas estes não trabalham aqui. É uma família volumosa. Então preciso saber qual deles exatamente você procura?

Eu ainda estava tentando memorizar todos os nomes, mas Gina foi o único que minha mente conseguiu capturar. Santo Deus, quanto Weasley. Meus olhos desceram uma ultima vez ao cartão em busca de ajuda quando li “R. B. Weasley” em letra caprichada. Já havia me esquecido a lista de nomes então apenas estiquei o cartão para que a moça loura pudesse me ajudar.

— Ah, Ronald. Sabe, eu já disse a ele mil vezes para que colocasse seu primeiro nome no cartão. – ela discou quatro dígitos do teclado de seu telefone e aguardou em silencio por um tempo. – Ron, há uma moça... Qual é mesmo seu nome? – sussurrou ela para mim.

— Hermione... Granger.

— Hermione Granger gostaria de vê-lo. Tudo bem. Até logo. – ela colocou novamente o telefone no gancho e me olhou sorrindo. Não disse nada pro alguns instantes como se já tivesse se esquecido de quem eu era. – Ah, ele pediu para que aguardasse alguns instantes, se não se importar.

— Tudo bem, sem problemas.

(narrado por Ron)

Gina havia me dito algo sobre a tal garota que encontrara no parque na tarde do dia anterior, mas confesso entre tantos afazeres eu tinha me esquecido por completo. Era certo que há tempos estou à procura de alguém que pudesse me ajudar, mas com tantos problemas a serem resolvidos na empresa mal conseguia me lembrar de voltar para casa.

Hermione era o tipo de garota atraente, mas de um modo genérico. Era do tipo que agradaria qualquer cara, independente do tipo físico que mais o atraísse. Porem ela também fazia o tipo que os intimidava devido ao temperamento e inteligência. Confesso que preferi admira-la ao ter que fazer-lhe milhares de perguntas sobre sua vida, quando a pedi que entrasse em minha sala.

— Sente-se. – pedi quando notei que ela não tinha nenhuma intenção de faze-lo por livre e espontânea vontade.

— Obrigada. – ela respondeu em baixo tom, quase inaudível.

Ficamos nos encarando por um tempo até eu perceber que era eu quem deveria começar a falar.

— Gina me contou sobre você. Na verdade apenas comentou. Eu sou Ronald, o pai do Hugo. Creio que já o conhece um pouco.

— Oh sim, é um garoto encantador.

— Perdão a indiscrição, mas eu achei que você fosse um pouco mais... Velha. – confessei. Em geral eu estava acostumado com mulheres de meia idade para o cargo. Hermione era muito mais jovem do que minhas expectativas. Não que isso me incomodasse. – Mulheres jovens como você não procuram muito esse tipo de emprego.

Ela ficou quieta por um bom tempo. Ela me olhava de maneira curiosa. Eu não sabia dizer se ela se sentira ofendida com o que eu acabara de dizer, ou simplesmente não entendia nada. Descobri ser a ultima opção.

— Na verdade eu não sei de que emprego se trata. – ela disse parecendo sem graça e abaixou o olhar para as próprias mãos postas sobre a mesa. – Gina apenas me disse para procurá-lo.

Fiquei desanimado. Por meses estive a procura de alguém que pudesse me ajudar. Tudo bem, não exatamente eu e sim Gina e minha mãe, mas das poucas que conheci, Hermione fora de longe a mais normal que apareceu. Agora estava explicado o porquê, ela não fazia ideia do que estava fazendo ali.

— Eu deveria esperar isso vindo de Gina. – disse dando um riso abafado a fim de deixa-la mais confortável. Respirei fundo antes de contar-lhe o real motivo. – Eu preciso de alguém que me ajude a cuidar de Hugo.

Hermione ficou calada por um bom tempo e sua expressão era a de uma pessoa que prendia a respiração para saber quanto tempo sobreviveria sem ar. Logo que o corpo começou a exigir oxigênio, ela pareceu voltar a si.

— É tão ruim assim? Achei que meu filho tinha agradado. – disse com um pouco de humor.

— Desculpe. É que eu achei que fosse algo relacionado à empresa e...

— Gina e minha mãe tem me ajudado esse tempo todo a cuidar dele. – interrompi. – Mas Gina está gravida, como pode ver e tem suas próprias preocupações. Mamãe seria uma ótima opção se não morasse longe.

— Preciso ser sincera quando digo que realmente não era o tipo de emprego que eu buscaria por pura inexperiência. Mas... – ela parou para pensar um instante e logo prosseguiu. – Hugo é um ótimo garoto e eu preciso mesmo de um emprego...

— Façamos um trato. Te ofereço o salario, a comida e a casa. – incrementei para tentar convence-la.

— Casa? – perguntou surpresa.

— Eu sou sozinho. Tento ser o mais presente que posso, mas nem sempre é possível. Eu preciso de alguém que esteja por perto quando eu não posso estar com ele... Gina me disse que você está em busca de uma estalagem melhor, uniremos o útil ao agradável. – disse com segurança. Ela parecia estar quase aceitando embora eu ainda pudesse ver resquício de relutância em seu olhar. – Fique conosco por uma semana, esse é o trato. Se você se adaptar ao Hugo e ele a você, fechamos um acordo. O que acha?

Dessa vez ela pareceu não querer refletir sobre o assunto e apenas disse num sorriso tímido.

— Por mim tudo bem. Bom, apenas haverá o problema com a universidade, mas sendo no período noturno eu...

— Chego por volta das 18hrs. A partir daí, você terá a noite toda livre.

Ela sorriu e apertou a mão que eu lhe oferecia para selarmos o trato.

 

(narrado por Hermione)

Eu não sabia dizer se estava contente ou decepcionada. Não poderia negar que eu esperava muito mais do meu novo emprego. Uma pessoa como eu que sai de uma cidade pequena para se aventurar a uma vida nova na capital, sempre sonha em ter um daqueles empregos e vida perfeita que mostra na TV. Ao invés disso eu me tornei uma babá. Mas ao mesmo tempo estou feliz. Hugo me parece um garotinho fácil de lidar e Ronald... bom, ele me parece um ótimo pai. É bem mais jovem do que imaginei também. E atraente isso é inegável. Deve ter por volta da minha idade e eu poderia facilmente achar que ele era irmão gêmeo da Gina exceto pelos olhos... Incrivelmente azuis. Um azul tão claro que manter o contato visual me deixava incomodada.

Ele foi extremamente simpático comigo, não sei se isso se deve ao desespero para que eu aceitasse lhe ajudar. Conversamos sobre o acordo e ele me deu seu telefone pessoal, já que eu ainda não tinha o meu próprio. Como ainda era quinta-feira, combinamos de nos encontrar no dia seguinte para que ele me mostrasse onde mora sem pressa.

Ao chegar ao quarto alugado da senhora Figg, eu comecei a organizar as poucas coisas que eu havia retirado da mala, colocando-as de volta. Eu queria sair dali o mais depressa possível.


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