Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 18
O pedido de Hugo




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(narrado por Hermione)

Eu me sentia triste. Triste por não estar perto dele, triste por tê-lo decepcionado e triste por sentir que não confiava em mim. Ele entrou em sua sala/escritório/refugio e não parecia ter intenção de sair de lá tão cedo. Eu queria esperar e insistir para que ele me desculpasse que ele entendesse que eu gosto e me importo com ele, mas fui obrigada a respeitar seu espaço. Decidi então ir ver como Hugo estava. Ficar com ele me fazia bem.

— Hey meu garotinho. — disse ao entrar no quarto. Hugo estava sentado no meio da cama com as pernas cruzadas como as de um índio, jogando em um daqueles laptops feitos para criança. Ele parecia triste. Eu me aproximei e sentei ao pé de sua cama, mas ele não levantou o olhar do jogo. —Você deve estar faminto. Que tal tomarmos um banho para podermos jantar?

— Você e o papai brigaram de novo não é? — perguntou tristonho.

Eu respirei fundo. Por mais sérias que fossem minhas brigas com Ron e por mais que elas machucassem a nós dois, quando eu via o que elas podiam causar em Hugo eu me sentia estúpida.

— Os adultos são complicados, querido.

— Eu não quero crescer nunca. — a decepção dele só me deixava ainda mais culpada

— Ah não fale assim. Ser criança é maravilhoso, mas ser adulto também tem suas vantagens. — eu fiz um carinho nos cabelos dele como se quisesse reconfortá-lo. Os cabelos dele eram idênticos aos de Ron. — Você pode ter sua própria casa, seu próprio carro. E você poderá fazer o que quiser... Claro, desde que esteja dentro das leis.

— Mas se um dia eu me casar, não vou querer brigar com ela nunca. — ele colocou o jogo de lado, cansado de fingir interesse no objeto. Ele falava como se Ron e eu fossemos casados e pensar nisso me fez sentir um friozinho na barriga.

— Isso é muito bom. Mas seu pai e eu não somos casados, Hugo

Ele parecia ter recebido uma noticia triste e agora brincava com um fiozinho de linha solto em seu edredom.

— Você não gosta mais dele?

Eu senti um carinho maior ainda por ele. O olhar dele, ainda que estivesse triste, era de quem quase implorava para que eu dissesse que sim. Eu o abracei forte, queria que ele sentisse que eu realmente os amava.

— Mas é claro que sim, meu amor. — eu afastei o abraço para olhá-lo nos olhos. — Seu pai e eu brigamos, mas vocês dois são as duas pessoas mais importantes para mim aqui.

 Hugo deu um sorriso, mas ainda tinha algo que lhe preocupava.

— Mas você vai se casar com o homem narigudo?

— O nome dele é Vitor. — eu disse soltando uma risada. — E não, eu não vou me casar com ninguém, Hugo. Quer dizer, um dia espero me casar, mas não será com Vitor.

 O sorriso dele se alargou contente com o que ouvira e depois da nossa conversa eu o convenci a tomar banho para jantar.

Eu tinha um jantar programando para fazer. Era pra ser um dia especial e Vitor estragou tudo. Ron saíra do escritório e agora estava vendo TV com o filho que insistiu pela companhia, mas mesmo perto, Ron parecia distante. Eu preparava o que deveria ter sido algo especial, mas que agora não me dava a mesma empolgação de mais cedo.

 — Obrigado pelo jantar, estava ótimo como sempre. — Ron elogiou após terminamos. — Vamos, Hugo. Você precisa arrumar seus materiais e dormir.

 Antes de aceitar a mão que o Ron estendia para ele, Hugo saltou da cadeira e me abraçou, me dando um beijo longo e apertado na bochecha. Eu o abracei forte.

Ele saltou do meu colo e segurou a mão de Ron que o levou para o quarto.

 

(narrado por Ron)

Eu arrumava a mochila de Hugo e verificava sua agenda diariamente quando chegava do trabalho para ver se havia algum recado importante da professora ou diretora. Era claro que a vida de um garotinho de seis anos não era tão badalada, mas para não precisar falar com todos os pais pessoalmente, a escola sempre mandava qualquer recado pela agenda, ainda que fosse algo banal como aviso de aulas extracurriculares ou necessidade de novos materiais. Mas ao olhar a agenda naquela noite, encontrei um envelope e o abri. Eu ja estava familiarizado com o conteúdo do envelope.

— Você fez isso? — eu caminhei ate Hugo com o envelope na mão, fazendo-lhe uma pergunta do qual eu ja sabia a resposta. Hugo apenas balançou a cabeça positivamente. — Você está triste não é? Por estarmos brigados?

Ele não respondeu minha pergunta, ao invés disso me fez uma em troca.

— Os desejos de aniversário não são de verdade não é?— eu fiquei confuso com a pergunta.

— Claro que é meu filho. Desde que seja um pedido do coração. Mas por que esta me perguntando isso?

— Por que vocês estão sempre brigando. — ele pegara o envelope da minha mão e agora olhava o conteúdo que ele mesmo fizera.

— O seu desejo era que parássemos de brigar?

Hugo hesitou antes de falar.

— Pedi que ela fosse minha mãe.

E aquilo me tirou o ar. Em partes por ver o quanto Hugo gostava de Hermione, por outra por me dar conta que aquele também era um desejo meu.

 

 ♥

 

No decorrer da semana Ron ja não parecia mais tão bravo com Hermione quanto estava, mas para Hermione isso parecia ainda pior. Ele estava indiferente. Não voltava mais para casa no horário do almoço, chegava tarde do trabalho e mal jantavam juntos, pois geralmente, quando chegava tarde, Ron ia direto para o quarto. Quando falava com ela, parecia normal... Normal até demais. Ele lhe dava bom dia ao acordar e desejava uma boa noite antes de dormir, mas não como antes.

Dezembro ja estava batendo na porta e com ele o frio do inverno, que só começaria dali vinte e dois dias, parecia vir para castigar. Hermione gostava mais do frio do que do calor, mas nunca tinha conhecido o frio de Londres, ela teve que sair com Gina uma tarde comprar mais roupas para suportar.

 — Eu não sei porque estou surpresa com isso. Por que é que vocês brigam tanto? Isso só pode ser amor mesmo. — disse Gina arrastando o carrinho de James pelo shopping. Hermione segurava a mão de Hugo. Havia contado a Gina sobre a briga dela com Ron. Ron disse que Gina sabia sobre eles, ela poderia ajuda-la.

 —Ele... Vitor foi lá para se despedir de mim e... — Hermione olhou para Hugo e sussurrou para Gina para que o garoto não a ouvisse — Ele me beijou.

— Ron?

— Vitor. E Ron resolveu aparecer bem na hora.

— Uau! Que novela. E o meu irmão?

— Ele parece estar... Normal

— O que? — Gina parecia incrédula por Hermione dizer que Ron era normal. — Ron pode ser ótimo, simpático, engraçado... Pode até ser bonito. Mas normal?

— A não sei, Gina. Ele e eu já brigamos por causa de Vitor, mas dessa vez ele parece indiferente.

— Não. Não. Ron é ciumento. Chega a irritar, sabe? Ele não é indiferente. Ele deve estar... Esperando alguma coisa. Um pedido de desculpas, talvez?

— Eu já me desculpei, Gina. Mas parece que só isso não basta para ele e... Ahhhh! — Hermione parou de falar e deu um tapa na própria testa como se não pudesse acreditar na sua burrice. — Claro que não é só isso.

Ela agora falava mais para si do que para Gina, mas Gina parece ter compreendido.

 — Eu não sei o que você sente pelo Ron, Hermione. Mas sei o que me irmão sente. Então se você gosta dele como ele gosta de você, demonstre. Não o deixe pensar que ele está nessa sozinho.

 Gina tinha razão e Hermione sabia disso. Ron não estava esperando um pedido de desculpas nem era indiferente a ela. Ele só estava esperando que ela mostrasse o que ela sentia para ele como ele já demonstrara pra ela.

 — Caramba! — Exclamou Gina mais tarde quando já saiam do shopping. — Mal começou dezembro e já esta começando a nevar. Esse tempo é maluco, que absurdo. 

Os primeiros flocos de neve do ano já começaram a cair. Gina parecia indignada pela neve ter chegado antes mesmo que o natal. Quando já estavam a caminho de casa, Gina os convidou para ir até a casa dela, mas Hermione lhe disse que expusera Hugo ao frio por tempo demais e os dois iriam para casa tomar chocolate quente e assistir desenhos no Discovery kids. Gina então decidiu que aproveitaria o fim de tarde de cochilo de James para dormir também antes de Harry chegar.


Elas não tocaram mais no assunto sobre Ron, mas Hermione estava pensativa durante todo o percurso de volta para casa. Ela queria pensar em algo que pudesse mostrar a Ron o que ela sentia porque só dizer não bastava. Ela nunca sentiu por alguém o que ela estava sentindo por Ron até por que Vitor foi seu primeiro namorado e mesmo o conhecendo ha anos, não era nem de perto igual ao que sentia com Ron.


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