Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 16
Despedida




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O resto do mês de outubro passou tranquilamente, mas não se pode dizer o mesmo de novembro. O clima do outono já começara a ficar mais frio a medida que o inverno se aproximava e Hermione estava atolada de trabalhos para fazer e artigos para ler. O mês de novembro era o mês das provas e dessa vez Ron realmente teve que prometer e cumprir a promessa de deixá-la estudar. Ele não queria ser culpado do fracasso acadêmico de Hermione. Estava sendo um mês bem chato, mas ele preferia pensar que quanto melhor ela se saísse nas provas, mais rápido chegaria suas ferias e ele não precisaria ficar fingindo que não a via em casa.

As noites de novembro estavam ainda mais frias que o dia. Por mais que ainda não nevasse, era possível ver algumas folhas de arvores e arbustos começarem a congelar. Ron buscava e levava Hermione para as aulas todos os dias e ela até pensava em lhe dizer que não precisava, mas quando entrava no carro quente e esquentava suas mãos no aquecedor, se esquecia completamente de negar a carona. A carona também a permitia chegar mais cedo em casa, o que dava a ela mais tempo para poder estudar. Ela conseguia se manter bem focada nos estudos mesmo quando Ron estava em casa. Ela se esforçava para não comentar com Ron também, mas quando tinha tempos vagos na faculdade, Cormac a ajudava também. Ele estava a um semestre a frente do dela e isso era de muita ajuda. Cormac já não era o cara mala que ela havia conhecido, ele se tornara um cara bacana pra se conversar desde que parou de chamá-la pra sair e quando ela contou a ele que estava interessada em alguém, mas sabia que Ron não ficaria contente em saber que os dois estudavam juntos.

— O ruivo?

— Como sabe?

— Não precisa ser vidente, Hermione. Dava pra ver a cara de bocó dele quando me conheceu que ele estava afim de você. - disse Cormac. Hermione lembrou-se de quando os dois se conheceram no supermercado. Ron não reagira da melhor forma. – Você deveria contar pra ele, não estamos fazendo nada demais. 

— Eu só quero evitar uma briga desnecessária.

— Mas ele vem buscar você todos os dias, você não pode andar como uma foragida só porque não quer dizer a ele que esta estudando comigo.

— Ok, Cormac. Eu vou contar.

Ela não sabia se iria, mas Cormac lhe chamando atenção já começara a te irritar. Desde quando ele se importava com isso? Mas pensando melhor talvez ele tivesse razão, era melhor dizer antes que Ron um dia a visse com Cormac e pensasse que ela estava mentindo para ele.

— E então, como estão estudos? – perguntou Ron em um dia à noite. Ele prometera deixá-la estudar, mas depois que Hugo dormia ele ficava muito mais entediado.

— Difíceis, mas logo acaba. – disse ela sorrindo esperançosa. - Estou um pouco nervosa.

— Você vai se sair bem, Mione. 

Ela gostava de ouvi-lo chamar de Mione e gostava de quando ele aparecia para roubar sua atenção, mas ela realmente precisava ser forte e focar em seus estudos. 

— Ahn, Ron?! – chamou quando o viu se virar para sair.

— Sim.

— Se incomodaria se eu estudasse com... Cormac?

Ron olhou para ela sem expressão, como se estivesse pensando sobre o que gostaria de comer no almoço do dia seguinte.

— Se você não se importa em ser reprovada. Ele não me parece muito esperto. – Brincou ele. – Se for pra perder tempo com ele, poderia perder comigo.

— Não seja tolo, Ron – ela riu.

— Ele não é o meu amigo favorito no mundo, Hermione. Mas não é tão ruim quanto o búlgaro. Só deixe claro para ele que não vai sair como ele.

— Tudo bem, ele não faz mais esse tipo de coisa. Ele até que eu cara legal.

— É, espero que não faça.

— Ciúmes, Weasley?

— Quem sabe, Granger.

Hermione sentia como se conhecesse Ron ha anos, como se já o conhecesse de outros tempos, de outras vidas. A empatia que tinha com ele era algo incrível. Alias toda a família de Ron era incrível. Aquela família grande e barulhenta a cativara tanto que ela só queria ser parte daquilo. Sentia falta de seus pais. Queria chamá-los para passar o natal com ela, mas onde ficariam? Não podia colocá-los na casa de Ron, isso seria abusar demais apesar dela saber que ele não negaria. Nem n'A Toca, Molly ja abrigava mais do que a casa permitia em dias de festas então pensou em ir para Bath visitá-los.

Um dia, quando Ron e ela relaxavam no sofá e ela se permitira descansar um pouco que fosse dos livros, ela disse a Ron sobre seus planos de natal.

— Bath? – perguntou Ron não muito contente. Ele tinha um dos braços envolta dos ombros dela e seu polegar acariciava levemente a lateral do braço dela. Hugo já estava dormindo – Mas, quando?

— Seria só para passar o natal, Ron.

— E por que não os convida para vir aqui? Faremos uma festa n'A Toca, tem espaço para todos. – ele olhava para a TV e algumas vezes ate mudava de canal, mas nem ao menos prestava atenção no que fazia. 

— Ron eu não quero abusar da sua família. – disse Hermione tentando focar os olhos em algum canal. Ron agora passava os canais com mais rapidez e ela mal conseguia enxergar – Esta me deixando tonta desse jeito.

— Eu adoraria conhecer os seus pais. – ignorou

Ron só parou de insistir quando ela disse que pensaria no caso, mas quando comentou com a mãe sobre o que acontecia, esta de imediato se ofereceu para abrigar a todos.

— Eles podem ficar no quarto de Carlinhos, ele passará o natal na Romênia. Há muito que fazer por lá e ele não poderá vir. E você e Hermione podem ficar com seu quarto antigo.

Ron gostou da idéia de dividir o quarto com Hermione, mas sabia que ela não aceitaria. Ele contaria para ela depois, estava mais animado com a idéia dela não precisar sair da cidade. Foi difícil convencê-la, sempre era, e ela diria que falaria com os pais e juntos entrariam em um acordo. Já era alguma coisa.

 

 

As provas acabaram na segunda quinzena de Novembro e como de praxe, Hermione se sentia nervosa e ansiosa para a liberação de notas. Ela estudara todos os dias incansavelmente, em casa, na biblioteca e até mesmo no caminho de uma para outra. Ron fazia careta toda vez que ela pegava nos livros quando entrava no carro, mas não falava nada.

— Tenho certeza que você tirou nota máxima em todas. Eu ajudei você e agora você sabe bem mais do que eu. – Dizia Cormac enquanto esperavam os resultados das notas. Ela podia ver online, mas a ansiedade a perturbava. – Acho que levei bomba em Anatomia clínica. Talvez cursemos alguma matéria juntos semestre que vem.

— Não seria nada mal ter um colega de turma, mas tenho certeza de que você foi bem.

De fato Hermione realmente passara em todas as matérias tranquilamente. Levara nota máxima na maioria delas e apenas um nove em que a deixou tão deprimida que quem não a conhecesse, pensaria que ela tinha acabado de ser reprovada. Cormac também foi bem com suas notas e, como já previa apenas anatomia clínica teria que ser refeita.

Hermione voltara ansiosa para contar a Ron. Ele ainda não estava em casa, pois ela fora cedo na universidade buscar suas notas e Gina ficou com Hugo enquanto Ron se propôs a buscá-lo na volta. Ela foi o caminho de casa todo pensando no que fazer para o jantar. Ela queria que fosse especial porque ela se sentia feliz, ainda que não fosse o mais extraordinário dos motivos. Ela sabia que Ron se sentiria feliz por ela também, ou ao menos se sentiria feliz com a comida. Ela comprou no mercado algumas coisas que faltava para casa, mas não demorou. Ron chegaria em pouco tempo e ela não queria demorar.

Quando virou a esquina da casa de Ron, Hermione viu que tinha alguém sentado na guia da calçada e ela não precisou de muito raciocínio para saber quem era. Ela já conhecia aquele homem corpulento e sua moto também o denunciara.

— Vítor? – Chamou ela, sentindo um gelo na espinha por vê-lo ali. Vitor levantou a cabeça para olhá-la.

Hermioni-ni.

Hermione parecera cair em si ao ouvir seu nome e se sentiu nervosa. Algo lhe dizia que não era bom Vítor estar ali, independente do motivo por estar. Ela olhava para os dois lados da rua como se procurasse por alguém ou como quem queria se certificar de quem ninguém a vira ali com Vítor.

— Você estarr bem? – perguntou ele se levantando.

— O que faz aqui? – perguntou mais rude do que pretendia, ignorando a pergunta de Vitor.

Prrecisava falar com você.

— Agora? Aqui?

— Algum prrobleme? Parrece um pouco nervosa.

Ela balançou a cabeça tentando espantar pensamentos negativos. Vitor ainda era seu amigo, ela pensava, e não tinha o porquê trata-lo daquela maneira.

— Me desculpe Vitor. Aconteceu alguma coisa?

— Eu querria te ver mais uma vez. – ele respondeu sério.

Hermione se sentia nervosa mais uma vez. Não do tipo que sente raiva e nem do tipo de nervosismo que se sente quando está ansiosa por algo bom. Também não era o tipo de nervosismo bom que sentia quando estava com Ron. Era mais como mau pressentimento. Ela continuou a encarar Vítor sem dizer nada.

— Vim me despedir. – informou ele. Ela pareceu respirar aliviada e agradeceu por Vitor não ter notado. – Vou voltar parra Bulgária.

— Uau. Mas achei que gostava de Londres.

— Não, na verdade só gostava de você. Ainda gosto. – Ela sentiu vontade de bater nele por isso. – Eu sei, eu sei. Você gostarr de mim como amigo. Porr isso resolvi voltarr.

— Eu sinto muito. – foi o que pode responder.

— A Bulgária é meu lar. Se me casasse com você, gostarria que fossemos parra lá. – Hermione mal conseguia pensar na ideia. Vitor olhava para ela. Pareceu só agora perceber que ela andava cheia de sacolas nas mãos. – Querr ajuda com isso?

— Não, esta tudo bem.

— Tudo bem. Então... Bom, melhorr eu ir.

Ela sentiu alivio mais uma vez. Não que estivesse expulsando Vitor.

— Espero que faça uma boa viagem então. – desejou sincera. Vitor sorriu para ela e quando ele parecia começar a se virar para ir em direção a sua moto, voltou-se para ela de súbito e ficou novamente de frente para ela. Ele estava sério. 

— Eu só prreciso de mais uma coisa. 

Ela não quis perguntar o porquê e também não teve muito tempo para isso. Antes que pudesse pensar, Vitor a segurou pelo rosto com suas duas grandes mãos e, mais rápido do que Hermione estava acostumada, ele a puxou para si e a beijou de surpresa. Os olhos de Hermione se arregalaram de tal forma que quase saltaram do rosto e antes que pudesse soltar suas sacolas no chão e se afastar, seus olhos capturaram atrás do corpo enorme de Vítor a imagem de Ron com um olhar que ela não soube decifrar, mas que não a deixou contente. Ela não viu quando ele chegara. Ela só queria que ele não estivesse ali e que fosse apenas fruto da sua imaginação, mas não era.


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