Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 15
Eu vou cuidar de você.




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(narrado por Hermione)

Eu me sentia eufórica. Sentia como se fogos de artificio explodissem dentro do meu peito. Naquela noite, quando Ron me disse estar se apaixonando, eu senti como se eu fosse uma garota. Não que eu não seja uma garota. Digo que me senti realmente uma garotinha, no auge da minha adolescência, descobrindo o sabor doce do primeiro amor. Ele estava se apaixonando por mim. Aquilo me fazia sorrir a todo segundo, deitada na cama no quarto escuro, sem conseguir pregar os olhos, pensando se ele estava acordado também. Ele não me deixou dizer nada em resposta ao que ele dissera. Disse que preferia que eu pensasse bem antes de qualquer coisa. Eu realmente não saberia o que dizer naquele momento. Ele fazia isso comigo, me deixava sem saber o que dizer.

Eu nunca fui de muitas amizades. Nos tempos de colégio o meu passatempo era ficar horas dentro da biblioteca lendo o máximo de livros que eu poderia no menor espaço de tempo, isso afugentava as pessoas. Não fui do tipo de garota que fazia melhores amigas e festas do pijama. Vitor foi uma das únicas pessoas a se aproximarem de mim na escola e ele gostou verdadeiramente de mim. Mas eu nunca me senti com Vitor como me sinto com Ron.

Na manhã seguinte eu acordo mais cedo do que de costume para preparar o café. Panquecas com geleia de frutas vermelhas, suco de laranja e bolo de chocolate. Fico com medo e ansiosa ao pensar em como encarar Ron quando ouço o barulho no andar de cima. Sei que está acordado e quando ouço o ranger dos degraus da escada, meu estomago se contorce e procuro algo para me ocupar.

— Há alguma hora do dia que você descansa? – Ele se aproxima de mim e olha para os lados como se procurasse algo. Quando tem certeza que somos os únicos ali ele se inclina para aproximar o rosto do meu e me beija rápido, mas docemente, e sorri. – Bom dia, Mione.

Mione. Registro mentalmente o apelido que, apesar de não ser nada extraordinário, é exclusivo dele.

— Não faça isso, Ron. Hugo pode nos ver. – repreendo. Agora sei que ele procurava Hugo antes de me beijar.

— Relaxa um pouco, Mione.

Ron era diferente de todos que eu conheci. Não conheci muitos homens ao longo da vida, mas dos poucos que conheci, Ron é o tipo favorito e não digo isso só pelo que está acontecendo. Ele é engraçado, é divertido. Ele arranca sorrisos nos momentos impróprios, quando estou tentado repreende-lo por algo ou quando estou tentando me manter séria sobre algum assunto. Ele é do tipo que faz você desejar estar na companhia dele e sentir sua falta quando não está por perto.

— Onde está o Hugo? – perguntei. Ron já estava sentado à mesa beliscando as pontas das panquecas que eu colocava no prato à medida que ficavam prontas. – Espere até que fiquem prontas. Vai perder a fome assim.

— Ele ainda está dormindo. E o que é perder a fome? Nunca tive isso. – Ele tentou beliscar mais uma vez e eu dei um tapa de leve em sua mão, mas ele tem movimentos rápidos. Ele segura a mesma mão que dei o tapa e da um beijo carinhoso nela antes de solta-la – Não seja durona.

— Não seja esfomeado. – eu tento repreender, mas já estou sorrindo. – Melhor acordar o Hugo, ele vai se atrasar.

— Sim senhora. – ele diz já se levantando e quando acho que irá sair da cozinha, sinto os braços dele envolver minha cintura por trás de mim. Meu corpo congela e solto a espátula que uso para virar as panquecas na frigideira. Sinto o riso de Ron sair pelo nariz quando sinto o ventinho na minha orelha esquerda. Sei que ele está caçoando do meu nervosismo, mas ele não diz nada sobre isso. – Você está muito bonita hoje, Granger.

— Eu estou igual a todos os dias Ron. – digo tentando voltar a fazer as panquecas que já começavam a queimar nas bordas.

— E está bonita como todos os dias. – ele beija no ombro antes de sair e eu me permito sorrir quando sei que estou sozinha.

 

 

(Narrado por Ron)

Eu estou vivendo algo novo. Fiquei receoso de tudo aquilo só estar acontecendo porque estávamos próximos demais, mas não era. Ela poderia morar aqui ou em qualquer lugar, eu ia me sentir da mesma forma. Mas isso também era assustador. Eu queria mostrar para ela que eu a queria por perto de um jeito diferente, mas não queria que isso a pressionasse a me querer por perto também.  Eu sei que Hermione não é assim, ela não é do tipo que diz coisas só pra me agradar e eu sei que não diria que gosta de mim só porque eu disse isso primeiro. Eu queria que gostasse.

Eu estava mais próximo nos dias que se seguiram. Eu almoçava em casa com ela e Hugo quando podia e o tempo permitia, só para estar com eles. Tínhamos os hábitos de uma família e alguns vizinhos e conhecidos que nos viam até acreditava que éramos. Eu acreditava nisso também e quando alguém me questionava sobre isso quando Hermione não estava por perto, eu não negava e torcia para que a mesma pessoa não a abordasse depois. Ela me mataria.

No final de semana, como combinamos, era a folga dela que ela usava quase toda para estudar. Isso quando eu não dava um jeito de fazê-la parar.

— Ron, eu preciso mesmo estudar. Estou acumulando matérias a várias semanas.

— Eu posso ajudar então. – eu ofereci. Ela me olhou com um sorriso incrédulo.

— Você?

— Eu. O que você precisa ler?

Eu puxei uma cadeira e sentei ao lado dela na mesa da cozinha. Hugo assistia desenhos na Discovery kids e Hermione tinha espalhado seus livros na mesa depois do almoço. Ela estudaria em seu quarto, mas a mesinha não tinha muito espaço para os livros. Eu prometi deixa-la em paz no dia anterior, mas já tinha me entediado sem ela.

— Sistema Cardiovascular e Respiratório. – ela respondeu.

— Coisas do coração você deve entender. Olha... – eu peguei a mão esquerda dela e coloquei sobre o meu peito. – Não estou com você nem a cinco minutos e o meu coração já está agitado.

— Essa foi a pior cantada que eu já recebi Weasley. – ela disse em meio ao riso.

— Tudo bem, eu vou te deixar em paz. Vou tentar obrigar o Hugo a assistir a liga da justiça, esses desenhos de criança de hoje em dia não ensina a eles como defender o mundo. – eu dei um beijo na testa dela e sai, desejando que ela se entediasse com a minha ausência tão rápido como eu me entediava com a dela, sabendo que isso era difícil. Ela era a pessoa mais focada que eu já conhecia a ponto de me deixar com ciúmes de livros e querer que ela desse a mesma atenção a mim que dava para eles.

As noites dos finais de semana eram praticamente proibidas de estudar, embora eu saiba que ela desobedece e vire algumas noites com as caras nos livros. Eu escuto quando, no meio da madrugada, ela desce até a cozinha para tomar um café para tentar se manter acordada.

— Uma futura doutora deveria saber que tanto café assim pode lhe causar uma gastrite. – disse em uma noite surpreendendo-a.

— Você me assustou. – ela disse limpando o café que caíra sobre o queixo quando ela se assustou. – O que faz de pé essa hora?

— Eu te faço a mesma pergunta. Vai acabar adoecendo assim.

— São tantas coisas para ler que eu tenho até medo de piscar e perder alguma coisa importante. Me desculpe se te acordei.

Ela parece cansada e preocupada e eu acho injusto que ela esteja assim. Ela é esforçada, em casa e nos estudos. Mas nunca tira tempo para ela.

Eu tiro o copo de café da mão dela, coloco sobre a pia e a puxo pela mão.

— Ron, não. Pra onde está indo? Eu preciso estudar...

— Shhhh. Seja uma boa menina e me acompanhe.

Eu a levo até a sala e ela reluta a se sentar no sofá, mas eu sou teimoso. Eu a puxo para se sentar comigo e ligo a TV.

— Ron, eu não posso ficar assistindo TV. Eu vou me ferrar...

— Não diga palavrão, Granger. Vem aqui. – Eu a puxo para perto de mim coloco o braço em volta de seu corpo e afago seus cabelos. O cabelo dela cheira a coco e jasmim. – Me deixa cuidar um pouco de você.

E ela deixa, sem questionar.

As coisas entre ela e eu estavam assim, suaves. Eu não invadia a privacidade dela ou a agarrava pelos cantos da casa. Vontades não me faltavam, eu não posso mentir. Mas eu queria que ela se sentisse cuidada, não só desejada. Queria que ela se sentisse tão parte da minha família como eu sentia que ela era. E tinha Hugo e o resto da minha família. Não que eu quisesse esconder qualquer coisa da minha família porque eu sei que ficariam felizes com isso, mas queria que, por enquanto, aquilo tudo fosse só nosso.


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