Quatro anos depois

Uzumaki Naruto,

– Naruto, já tenho eu dito que, para obter o perfeito domínio sobre o Sage Mode, tu precisas serdes mais paciente. – disse Ashura, suspirando.

– Já são a porra de dois meses e eu ainda não consigo dominar essa merda! – gritou o loiro.

– Mesmo a Hashirama, seis meses passaram antes que foi ele capaz de acessar tal magia pela primeira vez. A ti Naruto, menos de um. Tu és poderoso, Naruto, mas precisas de mais paciência. A harmonia é a chave que permite ao equilíbrio fluir livremente. – declarou o dragão.

Naruto suspirou e voltou a fechar os olhos. Ele estava sentado em posição de meditação, o que teria sido normal se não fosse pelo local onde ele estava fazendo isso; no topo de um pilar de madeira de dez metros de altura, com uma plataforma de madeira sobre ela, onde o loiro estava sentado e com as pernas cruzadas.

A plataforma não estava presa ao pilar, o que faria com que um único movimento descuidado desequilibrasse o peso e a fizesse cair.

Haruno Sakura,

Sakura ficou parada sobre uma coluna de vinhas e flores, com a mão estendida. Suas mãos estavam cobertas com uma quantidade imensa de poder mágico bruto.

– Lá vai. – disse a voz doce, mas firme de Afrodite.

Sem nenhum outro aviso, grandes pedras saltaram do solo – se você prestasse atenção, poderia ver finíssimos fios de grama as segurando – e dispararam na direção da garota, que girou e desferiu um soco contra um dos projéteis.

A pedra rachou e despedaçou, mas a garota não perdeu tempo e continuou a se defender. Num instante, ela saltou da coluna de vinhas e ergueu o punho, que brilhou brevemente antes de ser impactado contra o chão.

– Life Dragon’s Iron Fist! – gritou ela, batendo o punho no solo.

No mesmo instante, uma cratera se formou ao redor dela. A terra se ergueu numa parede ao redor dela, bloqueando o avanço das pedras.

– Muito bem Sakura, você dominou a técnica que eu te ensinei. Isso vai ser muito útil, se você combiná-la com ataques da Dragon Slayer Magic, como você acabou de fazer. – disse o dragão da vida, aproximando-se da garota.

– Obrigada. – respondeu ela.

– Certo, agora vamos começar o treino. – declarou o dragão, fazendo-a gemer de cansaço.

Uchiha Sasuke,

– Vamos lá filhote de Uchiha, isso é o melhor que pode fazer? – provocou Indra.

Sasuke grunhiu de frustração e atacou outra vez seu mentor. Os punhos do Uchiha estavam cobertos de eletricidade – um raio que, diferente da magia de eletricidade comum, era azul – e pulsando. Num piscar de olhos, ele sumiu e apareceu sobre Indra.

– Chaos Dragon’s Roar! – berrou, cuspindo uma imensa quantidade de magia sobre o dragão.

O ataque era um turbilhão de eletricidade azul, e estava rodeado por uma névoa vermelho-sangue, que ressaltava a natureza caótica do ataque. As coisas simplesmente pareciam distorcer ao redor do turbilhão.

Indra abriu a boca e, num instante, todo o ataque sumiu.

– Isso foi mesmo um ataque? Ergh. Era horrível. – disse.

– Ugh... ! – gemeu Sasuke, ofegando.

– Se esse é o seu melhor, desista. Você jamais matará o seu irmão.

Três anos depois

Uzumaki Naruto,

– Pai?! – gritou Naruto, mas não recebeu resposta. – Pai?! – repetiu, mais alto.

– Ele já deve ter partido... – murmurou o loiro para si mesmo. – Então é hora de eu entrar nessa guerra.

Nos últimos anos, uma imensa e incessante guerra entre os dragões continuava. Eram os dragões que queriam manter as coisas como antes, e os dragões que queriam dar a liberdade para a raça humana. E foi essa a verdadeira ideia sobre os Dragon Slayers. Ajudar a raça humana a derrotar os dragões que a queriam como subordinada.

Com um olhar determinado no rosto, Naruto – agora, com dezesseis anos – apanhou um protetor de testa sobre um tronco de madeira. Ao invés de pano, era feito de escamas marrons, mas extremamente flexíveis – eram quase como se fossem seda. Anexada estava uma placa de metal com uma libra (uma balança) esculpida no centro, representando o equilíbrio.

O loiro amarrou-a ao redor de seu testa e olhou uma última vez para a área florestal onde havia vivido os últimos sete anos. Ele usava uma capa longa vermelho-escuro com chamas negras nas bordas inferiores. O manto tinha mangas curtas. Sob ele, usava uma camiseta de malha com uma camisa de manga comprida preta por baixo e calças negras, com sandálias shinobi pretas nos pés.

Haruno Sakura,

– Papai? – ela chamou, mas sabia que não iria obter resposta. Ela tinha agora treze anos. Já não usava mais a fita vermelha que tinha ganho de Ino, mas no lugar mantinha uma outra, de cor branca – feita a partir de uma das rosas de Afrodite.

Ao contrário do que usava quando era criança, Sakura agora estava vestindo uma camiseta de manga curta branca e um shorts bege. Nos pés, sandálias pretas shinobi e, nas mãos, luvas sem dedos pretas. Seu cabelo era comprido, atingindo até o meio das costas.

– Entendi... você já saiu... – ela murmurou. – Então eu vou partir agora. – falou para ninguém em particular, suspirando.

E, com uma última olhada para o campo florido, ela partiu.

Uchiha Sasuke,

– Ei velho! – gritou Sasuke, mas não recebeu resposta. Imediatamente, o Uchiha sabia que seu mentor dragão já havia partido.

– Então você já foi... – ele murmurou. – Obrigado. Por tudo.

Suas roupas eram uma camiseta cinza-escuro por baixo de uma grande capa negra com nuvens vermelhas estampando-a. Calças pretas e chinelos de madeira, com uma espada presa à cintura. Essa espada era feita com uma das garras de Indra e, segundo o próprio dragão, podia cortar qualquer coisa desde que fosse colocada magia suficiente na lâmina.

Ele partiu logo em seguida, sem dizer mais nada. E, por horas e horas, viajou pela floresta até encontrar a saída do aparentemente interminável labirinto de árvores e folhas que era a floresta ao redor de Konohagakure.

Na extensão, ainda existiam muitas árvores por vários quilômetros, mas não era nem de longe uma floresta tão densa quanto a criada por Hashirama. Ele parou de correr e, repentinamente, um perfume penetrou seu nariz.

Seus olhos se arregalaram quando ele percebeu que a fonte estava logo atrás dele, mas antes que ele pudesse se virar, algo o atingiu. No instante seguinte, o Uchiha estava inconsciente.

Local desconhecido,

– Três jovens Dragon Slayers. Perfeito. – declarou uma voz. Era carregada de malícia e de uma energia oculta, obscura.

Lentamente, Sasuke reabriu os olhos. Sua visão estava turva, mas lentamente começava a se acostumar novamente.

– E um deles é um Uchiha, além de tudo. – continuou de forma alegre.

A figura em questão era um homem extremamente pálido, de olhos amarelos e cabelos longos negros. Usava uma túnica bege com calças pretas e sandálias pretas.

– Orochimaru-sama, temo que eles já estejam acordados. – disse outra voz. Era um jovem adulto, usando óculos e com cabelo cinza.

– É claro Kabuto, é claro que estão. – declarou Orochimaru. – E então? – perguntou ele, olhando diretamente para Sasuke, e então para algo dos lados do Uchiha.

Sasuke estava preso numa espécie de tanque cheio de água. Uma máscara o permitia respirar. Ele olhou para os lados, vendo duas outras pessoas presas em tanques separados; eram um loiro e uma garota de cabelos cor de rosa.

Apesar fazer sete anos, ele imediatamente reconheceu-os. “Sakura? Naruto?” Pensou. Ele nunca tinha tido contato próximo com nenhum dos dois. Naruto era três anos mais velho, e estava três salas na frente durante o tempo da academia. Sakura e Sasuke estudavam na mesma sala, mas ele nunca prestou atenção nela.

– O que acham das melhorias que fiz em vocês? Gostaram? Huh? – perguntou Orochimaru, parecendo se divertir com a visão deles.

– Oh, claro. Onde estão os meus modos? Eu sou Orochimaru. Vocês já devem ter ouvido falar de mim, do Densetsu no Sannin de Konoha. – disse ele. Sasuke arregalou os olhos. – Então, “que melhorias?” vocês devem estar se perguntando. Sintam por si mesmos!

Com um movimento do pulso, o homem liberou uma onda mágica. Instantaneamente, Sasuke sentiu uma imensa dor em seu pescoço. Manchas negras começaram a se espalhar por todo seu corpo.

Sakura se debateu dentro de outro tanque. Um pequeno diamante surgiu em sua testa, de onde saíram vários desenhos e símbolos estranhos, linhas negras e brilhantes com energia mágica.

Naruto foi rodeado por energia mágica. A Kyuubi dentro dele reagiu ao implante realizado dentro do corpo do loiro – um cristal de lacrima de Dragon Slayer.

– Oh sim, você é o Dragon Slayer que pode usar madeira. Muito raro, muito raro. Deveria me agradecer pela ajuda que lhe dei. – disse o sannin. – Com as células de Hashirama que consegui, eu reproduzi sua magia num lacrima e implantei-o no seu corpo. Sua magia, se meus cálculos estiverem certos, deve ser muito mais potente e fácil de controlar agora.

– Na menina, eu implantei uma réplica do cristal usado por minha antiga colega de equipe, Tsunade. Assim, espero replicar sua técnica lendária, o Souzou Saisei. – ele fez uma pausa. – Mas acredito que tenha sido um fracasso... hm...

– E por fim, meu jovem Sasuke. Sim, eu sei quem você é. A maior parte do mundo mágico sabe sobre o massacre do seu clã. Lamentável, tantas técnicas perdidas. – comentou. – Em você, eu implantei algo especial. É o selo amaldiçoado... é bem parecido com o menino demônio ali. Quem iria imaginar o que ele continha?

No instante seguinte, o tubo em que Naruto estava preso estourou. Água explodiu para fora. Nem dois segundos depois, os tanques prendendo Sasuke e Sakura estouraram também. Os três caíram no chão, já com as “melhorias” feitas por Orochimaru cessando.

– Ugh... seu bastardo, você vai me pagar! – gritou Naruto. – Vocês dois. Se forem mesmo Dragon Slayers, nós três trabalhando juntos podemos ser capazes de distrai-lo por tempo o suficiente para fugir.

Imediatamente, Sasuke e Sakura concordaram com a cabeça. Eles se posicionaram diante de Orochimaru, que tinha caído pelas explosões súbitas. Levantando-se depressa, o sannin olhou-os com um sorriso.

– Ooooh, eu vou adorar testar o poder de vocês três em primeira mão. Isso vai ser divertido, minhas cobaias.

Sasuke foi o primeiro a atacar. Num piscar de olhos, ele surgiu ao lado de Orochimaru e tentou socar o sannin, que facilmente se esquivou para o lado. Num instante, Sakura surgiu sobre o homem e canalizou energia para seu pé, descendo um chute machado sobre ele.

Orochimaru sabia que esse ataque poderia ser perigoso. Ele deu um passo para trás. Ou tentou. Olhando para baixo, raízes seguravam suas pernas, impedindo-o de escapar. No instante seguinte, ele estava sendo afundado no solo pelo chute de Sakura.

– Uou. Isso foi incrível. – disse Naruto, rapidamente se recompondo após uma ligeira perda de equilíbrio. – Rápido! Vamos fugir daqui, podemos não ter a chance de pegá-lo de surpresa outra vez!

Eles assentiram. Enquanto saiam, Naruto criava paredes e raízes grossas por toda a base, com o objetivo de atrasar qualquer perseguidor em potencial.

Felizmente, por muitas horas eles continuaram correndo antes de parar. Não havia ninguém por perto em uma área de quilômetros.

– O-Obrigado... pela ajuda... – ofegou o loiro, limpando o suou da testa. Suas roupas haviam secado um pouco, mas ainda estavam úmidas.

– I-Isso... era... necessário... – disse Sasuke, tentando manter a respiração sob controle.

– É-É. – Concordou Sakura.

Naruto suspirou e tocou o solo. Raízes imensas brotaram ao redor dos três, criando uma árvore envolta.

– O-O que é isso? – perguntou Sakura.

– Eu criei uma árvore ao redor, só pro caso de alguém estar nos seguindo. – disse o loiro. – Olha, nós só nos vimos algumas vezes tantos anos atrás, mas... se quisermos sobreviver, seria melhor viajarmos juntos, pelo menos por enquanto.

– Três Dragon Slayers viajando num só grupo? – perguntou Sasuke. – Isso não chamaria muita atenção?

– Sim, mas quem se importa? Além do mais, é mais chance de nos defendermos. – respondeu Naruto.

– Certo... acho que pode funcionar... – disse o Uchiha.

– E quanto a você, Sakura? – perguntou o loiro.

A garota levantou o olhar e assentiu com a cabeça, mas parecia mais focada na árvore criada por Naruto.

– Isso é tão cheio de vida. Qual a sua Dragon Slayer? – perguntou ela.

– É difícil de explicar. – respondeu Naruto, sentando-se sobre o chão macio. – Meu pai, Ashura, dizia-se o dragão do equilíbrio, então eu sou o Dragon Slayer do equilíbrio.

– Oh... – ela murmurou. – Eu não consigo fazer isso. Eu sou a Dragon Slayer da vida.

– Vida? – perguntou Sasuke, entrando na conversa.

– É... plantas, flores, coisas do tipo. – explicou a garota. – Eu posso usar a vida de seres como humanos e animais apenas para curar ou pra aumentar minha força.

– Hm... – ele murmurou.

– E quanto a você? – perguntou Naruto a Sasuke.

– Eu o quê?

Naruto suspirou.

– Qual a sua Dragon Slayer?

– E por que eu deveria te dizer? – respondeu o Uchiha.

– Ei, o que quer dizer com isso?! – respondeu o loiro, irritado.

– Que seja. Eu sou o Dragon Slayer do caos. Mas eu uso eletricidade como forma principal de ataque, porque é a representação mais básica do poder caótico. – disse o Uchiha.

Sakura ergueu a mão, criando flores de diversas cores por todo o interior da casca da árvore criada por Naruto.

– Assim deve ficar melhor. – ela comentou.

– Ei, isso pode ser útil. – disse Naruto. – Sakura, essas suas flores fazem algo?

– Er... como o quê? – ela perguntou. – Elas conseguem expelir veneno e coisas do tipo, se é o que você perguntou.

– Hm... se eu usar madeira, você poderia fazer essas flores brotarem e nocautear rapidamente vários inimigos. – concluiu o loiro.

– Uou, isso é inteligente. – disse Sakura.

Sasuke acenou com a mão, criando uma pequena fogueira entre eles. Ele se escorou contra uma parede e apenas observou os dois conversarem. Por que tudo isso parecia tão familiar? Um único nome lhe veio à cabeça.

– Equipe 7... – ele murmurou.

– Hã? – ambos Sakura e Naruto viraram-se para o Uchiha. – O que você disse?

– Equipe 7... isso apareceu na minha cabeça de repente. – respondeu ele.

– Esse nome parece familiar... – murmurou Naruto. Sakura assentiu em concordância.

– Talvez seja um sinal. Então, a partir de hoje, nós somos a Equipe 7!