Masshiro escrita por Hikari


Capítulo 3
Murasaki


Notas iniciais do capítulo

○ Murasaki (紫)= Roxo ○

Eu disse que seria semanal
Mas não aguentei e já to postando mais um, porque aaaaa
Espero que gostemm
Boa leitura



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Roxo

— Hinata... Posso te fazer uma pergunta?

— Pode, sem problemas.

— Pode parecer meio desrespeitoso de minha parte... — Encabulou-se — É que sempre me disseram que os cegos têm a mesma “visão” de quando estamos dormindo, totalmente escura, preta... É verdade?

— Bom... — Ela sorriu tímida — Para mim é tudo branco...

— Branco...?

— Sim!  E ainda prefiro pensar que vejo todas as cores, já que a mistura delas é o branco... — Soltou uma risada baixinha. Ninguém havia tocado naquele assunto com ela, era a primeira vez que podia falar sobre sua visão de mundo tão diferenciada.

— É, não é totalmente errado. — Naruto permitiu-se sorrir com aquela resposta tão singela. — Mas por que nasceu assim?

— Minha mãe, durante a gravidez, contraiu rubéola e ela não era vacinada, isso eu não sei o porquê... — Pausou — Aí nasci prematura e cega...

— Entendi... Desculpe por perguntar algo assim. — Suspirou. Tinha uma mania de perguntar coisas demais para as pessoas, mesmo aquelas que tinha acabado de conhecer, era um vício de infância.

— Não faz mal. Para mim é normal, afinal vivo assim desde sempre, já aceitei essa deficiência. — Explicou.

— Mas... e sua mãe...? — Perguntou mais uma vez e depois se martirizou por ter feito novamente aquilo.

— Ah, a história dela é um pouco mais complicada. — Entristeceu-se.

— Desculpe novamente, estou fazendo muitas perguntas! — Atrapalhou-se. — Não quero parecer um chato intrometido! É uma mania de infância, sabe? Aquela criança que perguntava o porquê de tudo e sobre tudo. — Pausou. — Não é a coisa mais interessante para se conversar, mas pode perguntar sobre mim, se quiser, já perguntei demais sobre você, me desculpe... — Desculpou-se mais uma vez.  

— Hum... — Hinata pensou por uns segundos. — Como você é? Digo, a cor dos olhos, cabelo, pele...

— Sou loiro de olhos azuis e pele um pouco queimada de sol. Um sonho de consumo para muitas moças jovens por aí! — Ele respondeu rindo com a falsa vaidade e ela também riu. — Mais alguma pergunta?

— Não sei... — Pôs-se a pensar mais uma vez. — Ah! Você tem namorada? — Perguntou com inocência.

— Não... — Respondeu envergonhado — Vivia pelo trabalho, nunca tive tempo para isso, mas quem sabe mais pra frente, né. — Pausou. — E você tem?

— A-ah, eu não tenho também. — Naruto percebeu que tocara num ponto fraco com o gaguejar e a face da garota toda avermelhada. Hinata pausou para respirar. — Boa sorte para encontrar uma. — E sorriu para ele.

Conversaram por mais uma hora, e então a doutora, Inuzuka Hana, saiu da sala de cirurgia e os informou que Akamaru já estava bem, mas os tratamentos seriam longos e ele passaria um bom tempo sem conseguir andar, o que preocupou Hinata, pois não sabia se poderia dar os devidos cuidados para o animal. Vendo nervosismo da moça ao lado, Naruto tentou acalmá-la, pousando a mão sobre o ombro dela, mostrando que a ajudaria no que fosse preciso.

— Hana-san, quanto tempo mais ou menos vai demorar isso? — Hinata questionou.

— Não é nada certo, Hinata-chan... Pode demorar seis meses ou um ano, quem sabe... Tudo depende de como ele se comportar diante do tratamento. Pode deixá-lo sob nossa responsabilidade, sabemos como seu pai agiria nessa situação... O Kiba estará cuidando dele e sempre que você quiser vê-lo, pode passar aqui, tudo bem? — Hana respondeu.

— Tudo bem, acho que é melhor mesmo. Ah, Hana-san, este é Uzumaki Naruto.

— Oh, está namorando, Hinata-chan? — A veterinária sorriu divertida.

— Não, não é isso! — Hinata ruborizou. — É um amigo que acabei de fazer, ele quem atropelou o Akamaru e nos trouxe para cá... — Explicou.

— Ah, entendi. Cuide bem dela, certo, Uzumaki? Proteja-a sempre que puder. — Pausou — Especialmente de seu pai.

— Hana-san... — Baixou sua cabeça.

— Hum, entendido, Inuzuka-san! — Segurou-se para não perguntar por mais sobre aquele pedido, pois com a reação de Hinata sabia que coisa boa não era. Preferiu apenas sorrir abertamente para a mulher a sua frente.  

— Obrigada. — A veterinária suspirou aliviada

— Vamos? Eu te deixo em casa, então já aprendo como vou até lá e não corro risco de me perder amanhã. — Ele riu.

— Tudo bem. Volto assim que eu puder, Hana-san. Obrigada por tudo. — Curvou-se a frente da médica, gesto que foi repetido por Naruto.

Naruto foi ao balcão com Hana e acertou todos os valores a serem pagos até o momento. A moça tinha sido generosa ao dar um desconto, mesmo que Akamaru ficasse hospedado lá por um bom tempo; a justificativa fora que a culpa era da família pelo animal não ter sido bem treinado para não correr atrás de gatos. Assim que tudo estava acertado, guiou Hinata pelo pulso direito até seu carro, o qual abriu a porta para que ela entrasse e auxiliou no encaixe do cinto.

— Bom, eu vou seguir o caminho do GPS, aqui diz que vai demorar uns dez minutinhos. Se achar que eu estou correndo muito, é só falar! Você quer que abra o vidro?

— Sim, pode ser! — Ela estava encantada com o Uzumaki, que conseguia ser tão paciente e prestativo com ela, por mais que o tempo que se conheciam fosse de algumas horas.

— Ah é. Hinata, posso fazer outra pergunta? Eu juro que vai ser a última! — Disse enquanto abria o vidro do lado do passageiro.

— Claro.

— O que ela quis dizer sobre o seu pai? — No fim, ele não conseguia mesmo controlar sua mania inconveniente.

— Assim que chegarmos lá, você vai entender... — Respondeu triste com um suspiro pesado.

— Tudo bem.

Naruto seguiu calmamente as direções do GPS e logo já estavam nos portões do majestoso condomínio Hyuuga, onde, logo em frente, um homem mais velho esperava nervoso, com os olhos transbordando em raiva. O Uzumaki parou o carro e perguntou quem era aquele, que Hinata respondeu ser Hyuuga Hiashi, seu pai. 

— Hinata, por que demorou tanto a chegar? São quase nove da noite! — O tom de voz.

— Desculpe-me. Ela estava comigo, Hyuuga-san. — Naruto pronunciou-se, saindo do carro e ajudou a morena a sair também. A frente do mais velho, curvou-se como cumprimento.

— Fazendo o quê? — Olhou com desprezo para a moça — Cadê Akamaru?

— Este é Uzumaki Naruto. — Apresentou-o ao pai — Quando parei num semáforo, Akamaru saiu correndo e acabou sendo atropelado... Naruto o levou até a clínica dos Inuzuka, para tratá-lo. — Explicou — Por isso cheguei mais tarde, papai.

— Sou Hyuuga Hiashi, pai de Hinata. Agora entre, menina! — Gritou puxando o pulso da filha.

— Peço desculpas, senhor, mas se é pai dela, não é certo que a trate dessa forma, ainda mais ela sendo deficiente visual.

— Ela é minha filha e eu faço com ela o que eu bem querer. — Deu ênfase na palavra “minha” — E você, garoto, pode ir embora. Vamos, Hinata. — Continuou puxando-a.

— Hinata! — O loiro chamou e ficou sem resposta.

Ver a garota sendo puxada sem nenhuma dó mexeu com seu interior. Naruto fora uma daquelas crianças problemáticas, que os pais sempre eram chamados na diretoria, por sempre arrumar confusão com os bullies da escolinha. O que ele mais detestava era injustiça. E no momento antes de Hinata atravessar os enormes portões do condomínio, Naruto correu e segurou seu outro braço, impedindo que Hiashi a levasse. A herdeira dos Hyuuga, com aquele gesto de coragem do mais novo amigo, respirou fundo e deu uma cotovelada na direção do pai, acertando-o no pescoço, e conseguindo se livrar das mãos do mais velho.  

Com Hinata livre, Naruto segurou em sua mão e a puxou em direção ao seu carro, o qual a ajudou a entrar, prendeu o cinto rapidamente, entrou do lado do motorista, ligou e saiu cantando pneus. Talvez se arrependesse daquele dia? Provavelmente sim. Mas, pelo menos, teria boas histórias para contar quando fosse mais velho.

— Ah, você me paga, Hinata! — Praguejou e logo pegou seu celular — Neji! Hinata fugiu!

•••

Já bem longe dali, Naruto entrou num edifício e deixou seu carro no estacionamento. Abriu a porta para Hinata e a guiou até o elevador, e logo estavam em seu apartamento, no qual adentrou, deixou-a sentada no sofá, serviu-lhe uma água fresca e disse para ela se sentir à vontade, mesmo que ficasse totalmente perdida naquele lugar apertado. Avisou que sairia por uns minutos, para ir falar com a vizinha.

— Sakura! — Bateu na porta desesperado e em alguns segundos foi atendido por uma moça de cabelo rosa desgrenhado.

— O que foi dessa vez, Naruto? — Ela parecia mal-humorada.

— Sabe os Hyuuga?

— Aquela família riquíssima e famosíssima daqui?

— Sim, essa mesma!

— Sei e o que tem?

— A herdeira deles está aqui em minha casa e preciso que você a abrigue por um tempo! — Naruto já estava com as palmas coladas em frente ao rosto e com o corpo curvado perante a Haruno, sabia que a amiga dificilmente concordaria com o pedido.  

— Eeeeh? Como assim? — Espantou-se e saiu correndo para o apartamento dele, quase o atropelando em sua frente, abriu a porta do apartamento da frente bruscamente, assustando a moça que estava sentada no sofá.

— Naruto? — Hinata perguntou.

— Hinata, essa é Haruno Sakura! — Ele a levou até a rosada. — Você pode passar essa noite na casa dela.

— Oh, desculpe o incômodo...

— Não tem problema! Moro sozinha e você é muito bem-vinda, Hinata! — Sakura abriu um grande sorriso, sem saber que a morena não podia vê-lo.

— Ah é, precisamos te informar uma coisa, Sakura... Hinata é cega e por isso precisa de um pouco de paciência, tudo bem?

— Naruto, você está falando com uma cuidadora de idosos! Não de cegos, mas estudei o básico e poderei te ajudar dentro de minha casa! — Ela disse animada — Vamos! Empresto minhas roupas, você pode dormir no quarto do meu irmão mais velho que não mora mais aqui! Tchau, Naruto! — Saiu guiando a Hyuuga pelo braço e fechou a porta sem esperar resposta do loiro.

Hinata sorriu timidamente assim que entrou no apartamento de Sakura. Agradeceu à Haruno e lembrou que deveria agradecer a Naruto também. Ele era doido, só podia ser, afinal, quem era o audacioso de enfrentar Hyuuga Hiashi e ainda levar embora sua “preciosa” pérola sem brilho? Ainda a conhecendo por algumas horas apenas. Ele realmente era louco, Hinata pensou. Mas no fundo, ela estava feliz, muito feliz, afinal era a primeira vez que se sentia realmente acolhida e protegida, de fato, por alguém.

•••

Do outro lado da cidade, Hiashi conversava com seu sobrinho, Neji, em seu escritório. Explicou o que aconteceu e pediu ajuda do rapaz para levá-la ao condomínio novamente. Com a orelha grudada na porta, a namorada de Neji, Tenten, ouvia a conversa e ficava horrorizada da forma que o velho podia tratar a filha e entristeceu-se ao ver que seu amado ajudava nos planos do tio.  

— Neji, preciso que encontre esse tal Uzumaki e dê uma lição a ele, para que ele nunca mais mexa com algum Hyuuga.

— Certo, tio. Farei isso o mais rápido possível.

— É bom mesmo. — Pausou — Senão quem sofrerá depois com sua inutilidade, não será você, querido sobrinho... Mas sua namoradinha pobre.  


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Notas finais do capítulo

E AÍ ESTÁ A APARIÇÃO DESSE SR DETESTÁVELLL
Eu não gosto nada, nada do Hiashi sendo um desgraçado, de verdade, mas acabei cedendo a esse clichê quando escrevi a fanfic, infelizmente hahahaha Hiashi é um personagem difícil...
Mas aí está também a Sakura e Neji, que serão bem importantes pra essa história!
Deixem feedback, gente, por favor, porque é uma forma de me ajudar a escrever. Como estou repostando, tem coisas que estou mudando, então sugestões sempre são super bem-vindas! E super incentiva!
Logo mais, tem mais! hahahah

Beijos ♥