Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 6
Busca pela alma, part II




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Castiel havia juntado um monte de (porcarias) coisas, sumindo e aparecendo em diversas partes da casa, o que era extremamente irritante. Ele colocou tudo em cima da mesa e depois colocou fogo. Sam falou que era um feitiço pra localizar Crowley.
Não está dando certo, Crowley se escondeu de mim disse enfadonho, me olhando de cara feia pelo canto do olho. Ele estava irado com a minha presença, embora tentasse não demonstrar.
Então precisamos de outra fonte de pesquisa falou Dean.
A biblioteca de Samuel sugeriu Sam, estalando os dedos. E quem era Samuel na fila do inferno mesmo? Não me lembro de ter ouvido esse nome antes. Castiel se aproximou de nós e colocou uma mão no ombro de Sam e outra no de Dean, que me deu a mão.
Mas que... eu ia perguntar o que era aquilo, mas meu estômago se retorceu violentamente e eu me senti como se pairasse no ar, em meio ao nada por alguns segundos. De repente nós estávamos num lugar totalmente diferente, cheio de livros em estantes de madeira.
Vamos ser rápidos disse Dean, começando a procurar nos livros.
E exatamente o que devemos procurar? perguntei, tentando ser útil. Embora meu estômago estivesse querendo botar pra fora o almoço do ano passado.
Um feitiço pra localizar o rei do inferno falou Sam, tirando um livro pesado da estante e assoprando o pó da capa.
E quem escreveria sobre isso? perguntei retoricamente, quando ouvi a porta ser escancarada. Era um homem velho e careca, ele nos fitava, mas não parecia surpreso.
Samuel falou Dean. Então esse era o tal Samuel, pensei.
Vejo que vocês têm mais um membro na equipe falou o homem, assentindo com a cabeça levemente pra mim O que estão fazendo aqui?
Pode nos dar um minutinho? Dean se virou pra mim. Castiel suspirou e colocou a mão em meu ombro, quando eu ia protestar, meu estômago foi tragado para outra viagem que o faria se retorcer igual máquina de lavar roupas.

Assim que senti estar com os pés novamente no chão, eu corri em direção a qualquer lugar que pudesse vomitar. Inclinei-me na beirada de alguma coisa e deixei tudo sair, senti que Castiel estava me segurando com uma mão pela cintura e a outra ele colocava os meus cabelos pra trás.

Quando eu não tinha mais nada pra pôr pra fora, fiquei surpresa ao perceber que estava inclinada na beirada de um prédio, surpresa e assustada. Joguei-me pra trás, caindo sentada no chão, Castiel sentou ao meu lado.

Respirei fundo várias vezes, limpando o suor ocasionado pelo enjoo que saia pelos poros da minha testa.
Você saiu correndo, achei que fosse pular do prédio falou me encarando.
Sai correndo pra procurar um lugar pra vomitar corrigi - Eu nunca ia imaginar que eu ia vir parar em cima de um prédio olhei ao redor. O céu estava repleto de estrelas que pairavam harmonicamente ao redor da lua cheia. A brisa noturna era seca e fria, arrepiava a pele. Mais abaixo, inúmeros outros prédios iluminados, um festival de cores. Observei deslumbrada por alguns minutos, eu nunca havia visto algo parecido.
É o prédio mais alto de Nova Iorque, achei que você ia gostar de ver. É bonito disse Castiel, me tirando dos meus pensamentos. Notei que ele ainda estava com o braço em volta da minha cintura, a sensação me causou certo rubor e imediata irritação, me afastei imediatamente. Ele pareceu perceber meu desconforto e levantou, ficando de pé na beirada do prédio.
As pessoas vão achar que você vai se matar adverti. Se joga logo desse prédio, meu lado cínico gritou pra mim.
Por que elas achariam isso?
Porque você está na beirada de um prédio. Uma pessoa teria medo, porque uma pessoa pode morrer se cair daí Ele observou mais um pouco e depois recuou, me encarando.

Seus olhos azuis pareciam penetrar fundo nos meus, era uma sensação de estar totalmente à mostra, sem barreiras, como se eles pudessem ver dentro de mim. Algo totalmente nostálgico, como se eu já tivesse visto aqueles olhos inúmeras vezes antes. Desviei o olhar.
Porque você não olha nos olhos? perguntou, virando a cabeça de lado como um gatinho, a expressão curiosa.
Ah... eu dei uma risada nervosa com a pergunta repentina Eu não sei. Talvez porque eu fique desconfortável com alguém me olhando nos olhos por tanto tempo? Todo mundo fica. Exceto você que é anormal.
Os olhos são o espelho da alma disse suavemente, ignorando o insulto, ou simplesmente não entendendo-o.

Castiel se aproximou de mim, a ponto de seu braço encostar-se ao meu. Ele era um tanto mais alto, minha cabeça ficava um pouco acima do seu ombro. Por um momento senti um aroma amadeirado e fresco como árvores de eucalipto; e uma frágil fragrância de chocolate amargo, talvez estivesse vindo dele, mas eu não pretendia confirmar essa teoria.
Mais um motivo, eu não quero que fiquem olhando minha alma murmurei, encarando o chão.
Mas sua alma é bonita de se ver ele procurou meus olhos novamente, tentei desviar o olhar, mas o anjo segurou meu queixo suavemente com a ponta dos dedos.
Não desvie o olhar pediu.

Nos encaramos por um momento. Seus olhos pareciam ter algo que me hipnotizava, eram como duas janelas que davam direto pro céu. Tão próximas e tão... Bonitas.

Pisquei várias vezes pra sair do transe. Qual era a dele? Primeiro ele é rude, idiota, grosso, mandão e depois chega todo fofo? E o mais importante, qual era a minha? Em dezessete anos eu nunca fiquei tanto tempo encarando um garoto desse jeito e não ia começar agora. Com certeza não com Castiel.

A parte que mais me irritava era que eu estava ficando vermelha e constrangida com essa situação. E eu não deveria estar; ele fez uma coisa horrível, ele matou Daniel, e não mostrava qualquer sinal de arrependimento. Ele ao menos era humano, ao menos tinha sentimentos humanos. Não deveríamos estar aqui conversando pacificamente e olhando as estrelas, devíamos estar gritando e nos ameaçando. Entre nós as coisas eram assim. O que estava havendo afinal?
Soltei um pigarro e me esquivei de sua mão, caminhando em direção a beirada do prédio.
O que foi isso? perguntei depois de um momento.
Isso? seu tom era confuso.
Você. Sendo gentil. Por quê?
Não entendo o que você está falando disse se aproximando novamente de mim.
Vamos esclarecer uma coisa ok? comecei, recuando ao notar ele próximo demais Não somos amigos, e nunca vamos ser. Você matou Daniel, e eu nunca vou te perdoar por isso, Castiel. Não precisa gastar seu tempo tentando ser gentil comigo, assim que resolvermos isso, eu nunca mais quero ver sua cara novamente. Entendeu bem? disse asperamente. Sua expressão que era calma ficou indecifrável. Seu maxilar endureceu.
Eu realmente não deveria perder meu tempo murmurou ele, o tom seco e ríspido. Senti minha garganta inflar, dificultando a passagem de ar. Era um estranho sentimento de remorso por ter sido tão inflexível e má com aquele anjo. Mordi a boca, tentando pensar em outras coisas, quaisquer outras coisas.

Ficamos vários minutos em um silêncio constrangedor. Quando por fim, Castiel colocou a mão sobre o meu ombro, com força, senti um frio na barriga e nós estávamos de volta à cabana.
Dean e Sam estavam sentados na mesa com alguns livros, o notebook e muitos papéis, à luz de uma lamparina.
Foram passear? perguntou Dean, divertido.
Cala a boca, Dean. Eu vomitei de cima de um prédio se você quer saber falei com o tom de uma velha rabugenta.
Nossa. Quem estava lá embaixo deve ter tido uma surpresa nada agradável ele riu, eu o encarei, séria. Mas que diabos aconteceu nesse prédio, vocês dois estão com uma cara de quem comeu e não gostou.
Nada respondi juntamente com Castiel. Nos encaramos e depois ele foi pro lado oposto da cabana.
Eu hein murmurou o loiro, voltando a ler um papel amassado.
Posso ajudar em alguma coisa? perguntei.
Pode. Leia isso aqui e veja se você acha alguma coisa sobre a localização do rei do inferno, Satã, Diabo explicou Sam me estendendo alguns livros Se achar algo, me diga.
Peguei os livros e sentei a mesa. Capítulo um: Como evocar um demônio.

Acho que fiquei umas duas horas lendo sobre os diversos tipos de demônios, cavaleiros do apocalipse e cavaleiros do inferno. Tomei vários copos de café e comi um pacote de marshmallows que encontrei na despensa. Castiel sentou no pequeno sofá, de frente pra TV e ficava passando os canais obsessivamente, o que era irritante, e que não era novidade. Pois ele era irritante e tudo que ele fazia logo era irritante também.
Olha isso falei, apontando a página amarelada Tem um demônio que se chama Prostituta?
Já matei uma Dean se vangloriou. - Matei a prostituta ele riu e eu também. Achando mais graça na expressão dele do que no trocadilho em si.
É muito complexo disse Castiel, sem desgrudar os olhos da TV. Se o cara da pizza gosta mesmo da babá, porque ele fica batendo nela?
Olhei pra TV, percebendo o filme impróprio que estava passando, eu quase caí da cadeira. Sabe aqueles desenhos em que o personagem tem um sangramento nasal quando vê algo indecente? Pois é, eu poderia ter tido um agora. Ou dez.
Vai ver que ela fez algo errado continuou ele. Dean e Sam se olharam e em seguida me olharam, todos nos olhamos, perplexos.
Tá vendo filme pornô? perguntou o loiro depois de uma pausa dramática Por quê?
Só tem isso respondeu o anjo, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Você não vê pornô numa sala cheia de caras, e uma garota! E você não comenta o filme.
Desliga isso! disparamos Dean e eu ao mesmo tempo. Castiel continuou olhando pra tela da TV e em seguida olhou pra baixo, eu demorei pra entender o que ele estava fitando apreensivo.
É. Agora ele ficou excitado disse o loiro. Todos nos olhamos. Que situação constrangedora. Muito constrangedora.

Ouvi alguém bater na porta. Dean atendeu, era Samuel. Ele entrou observando a TV.
É isso que vocês fazem? Sentam pra assistir pornô com anjos? Pouca vergonha... Segurei-me pra não rir. Sam levantou da mesa e desligou a TV, graças a Deus.
Porque veio aqui, Samuel? perguntou o mais velho, com cara de poucos amigos.
É o que Mary ia querer falou ele. Mary, a mãe de Dean e Sam. Mas qual seria a relação dela com Samuel? Talvez fosse sua filha? Fiz nota mental de perguntar pra Dean sobre isso depois.
O homem tirou um pedaço de papel da jaqueta É tudo que eu sei. Tudo que a gente leva acaba lá. É lá que ele os tortura e os interroga. Eu não sei bem, eu só estive do lado de fora, mas é uma armadilha. Ninguém entra se Crowley não quiser, e ninguém sai. Ponto final.
Ora, valeu Dean pegou o papel.
Eu queria que vocês não fizessem isso Samuel se virou pra porta. Senti uma pontada de verdade em suas palavras, mas tinha algo mais.
Venha conosco falou Sam. O homem se virou novamente pra nós.
Eu posso ser mole, mas não sou suicida disse e saiu, fechando a mesma de leve.
E agora é a hora da ação falou Dean Eu não consegui entrar em contato com Bobby, e é importante que o Castiel vá junto com a gente, então a Esther vai ir também. Não podemos deixá-la sozinha.
Será que é seguro? perguntou Sam, indeciso. O que você acha, Cass?
Suicida respondeu o anjo, rabugento, me olhando de cara feia. Eu apertei os olhos, e ele fez o mesmo.
E as faíscas estão no ar comentou Dean, tossindo.
Mas não temos escolha. Vou chamar a Meg disse Sam, ignorando a situação e preparando um feitiço de evocação.

Alguns minutos depois, uma pedra foi jogada contra a janela. Dean xingou alguma coisa que eu não pude ouvir e saiu pela porta, seguido por Castiel, Sam e eu. Nós estávamos indo ao encontro do rei do inferno. Eu e minha maldita mania de curiosidade, se tivesse ficado em Sioux Falls, agora eu não estaria com as estatísticas de amanhecer viva tão baixas. Meg estava perto de uma árvore, com as mãos na cintura; seus três guarda-costas estavam mais atrás. Ela deu um sorriso felino quando nos aproximamos; me analisando dos pés a cabeça, depois se voltou pra Castiel.
Lembra de mim? perguntou, encarando-o Eu lembro bem de você, Clarence.
Ele continuou com a expressão séria. Clarence? Eles se conheciam? Bem intimamente talvez, ao julgar pelo sorriso da garota. Quantas surpresas pra uma noite só.
Porque estamos trabalhando com estas ele fitou cada demônio particularmente aberrações, afinal?
Continue falando assim. Minha casca está toda molhadinha provocou Meg. Senti uma náusea repentina. Certo, ela se acha a engraçadona, só que não né.
Tudo bem interrompeu Dean, levantando as mãos entre ambos Fiquem frios.
Nós sabemos onde Crowley está expôs Sam.
Ótimo, diga Meg cruzou os braços em frente ao corpo. Sam deu uma risada cética.
Eu digo e você nos deixa aqui pra morrer.
Vocês têm sérios problemas de rejeição, não é? ela cerrou os olhos, me encarando novamente. Desviei o olhar, optando por não encará-la mais, vai que ela surtasse, nunca se sabe.

Senti meu corpo arrepiar, aquela típica sensação de quando você sente que tem alguém com os olhos grudados em você. Procurei cuidadosamente e era o demônio que estava logo atrás de Meg, o mais alto e careca. Ele me encarava e apertava os punhos, os nós dos dedos esbranquiçados. Isso não era nada bom. Imaginei Sam e Dean distraídos com Crowley, e de repente esse cara tenta me matar, um calafrio me fez estremecer. Apesar de que Castiel devia, supostamente, me proteger, então eu deveria estar segura. Mas eu não confiava nisso cem por cento, se o traseiro dele não estivesse na reta, talvez ele até me empurrasse pro colo de qualquer demônio. Ou Raphael.
Nós mostramos a você, está bem? disse Sam Mas nós vamos todos juntos.
E eu vou ter que confiar em vocês? Meg virou a cabeça de lado, encarando Sam com uma expressão enigmática. Dei alguns passos, me colocando indiretamente atrás do Winchester caçula, o demônio me seguiu com os olhos. Será que só eu estava percebendo que esse cara ia tentar me ferrar na primeira oportunidade que tivesse?
Não. Você não é tão estúpida rebateu ele. Em seguida se aproximou dela, estendendo a mão Me empresta a faca, só por um minuto?
Não ela recuou um passo Eu não sou tão estúpida.
Você quer que a gente te leve até o Crowley ou não? disparou. Meg fez cara feia e estendeu a faca pra Sam, relutante. Ele encarou o objeto cintilante e em duas piscadas ele havia cravado a faca na barriga do demônio logo atrás de Meg. O mesmo se iluminou de dentro pra fora num tom de laranja avermelhado e em seguida seu corpo caiu no chão. Arregalei os olhos, notando que os outros dois partiram pra cima de Sam, que apontou a faca em sua direção.
Você viu. Ele estava mais interessado em nos matar do que terminar o trabalho. Eu só nos fiz um favor exclamou. Tive uma sensação de alívio, um a menos pra eu me preocupar. Meg estendeu a mão, parando os dois demônios e eles recuaram. Sam virou as costas.
Ei chamou ela Você vai ficar com isto? perguntou, sibilando pra faca.
Você tirou isso de nós. Eu vou levar de volta disse ele Vamos sair em uma hora.

Sam seguiu em direção aos fundos da cabana, onde o Impala estava estacionado. Dean continuou parado encarando os demônios que o encaravam de volta. Dava pra perceber que ele não estava nada confortável com esse trabalho. Meg me fitava curiosamente.
E quem é essa afinal? perguntou ela.
Senhorita Não é da sua conta respondeu Dean, sarcástico. Meg levantou as mãos.
Foi só uma pergunta. Da última vez que vocês levaram uma garota ela acabou rasgada por um cão do inferno.
Não toque no nome da Jô ameaçou Dean.
Só estou dizendo ela riu e encarou Castiel com um sorriso. Ela estava flertando com ele desde que chegou, pode isso? Eu hein. Dean me puxou levemente pelo braço e nós seguimos em direção a cabana novamente.

Eu tinha um péssimo pressentimento sobre o que íamos fazer, pode chamar de sexto sentido feminino ou o que quiser, mas algo me arrepiava os pêlos do braço. O vento gelado começava a assoviar no telhado, estava ficando cada vez mais frio. Eu estava apenas com uma blusa fina de algodão e uma calça jeans. Encostei-me ao lado do fogão improvisado, onde a corrente de ar não pegava muito bem. Dean estava arrumando a mala de armas, quando percebeu que eu estava quase batendo queixo.
Aqui ele tirou um casaco verde musgo que estava usando e estendeu pra mim.
Eu estou bem menti, não sendo nada convincente.
Você vai congelar se não vestir isso falou ele.
Obrigado agradeci pegando o casaco que estava quentinho.
Eu tenho dúvidas sobre o que nós vamos tentar disse Castiel, que se prostrou imóvel em frente à janela desde que entramos. Ele era tão silencioso que às vezes eu esquecia que ele estava aqui.
Estar no covil do monstro não é um encontro agradável na sala VIP falou Dean. Destravando e recarregando uma pistola.
Eu não sei se pegar à alma do Sam é sensato disse o anjo, depois de um momento. Dean parou o que estava fazendo pra olhar em direção à Castiel. Eu fiz o mesmo.
Espera, o quê? Por quê? perguntou ele.
Eu espero que ele sobreviva.
Do que você está falando?
Castiel se virou para encarar Dean, alternando o olhar entre nós dois.
A alma do Sam ele começou lentamente, como se estivesse explicando algo muito difícil a uma criança está trancada numa jaula com Miguel e Lúcifer há mais de um ano. E eles não têm nada a fazer se não descontar as frustrações nele. Você entende isso? Se tentarmos forçar aquela coisa mutilada pela garganta do Sam, não temos ideia do que pode acontecer. Pode ser catastrófico.
Quer dizer que ele morre. disse Dean, o tom amargo. Eu não fazia ideia do quão grave era a situação até agora. Senti uma preocupação crescer dentro do meu peito, embora Sam não fosse meu fã número um, eu não queria que nada acontecesse com ele.
E se não morrer, pode ter paralisia, insanidade, ou dor psíquica tão profunda que o faria trancar-se em si mesmo o resto da vida.
Mas você já disse que não tem certeza de nada. Ele pode ficar bem - me meti, tentando ser um pouco otimista.
É. Ele pode - Castiel me fitou, desviando o olhar para fitar meus braços que estavam agarrados no corpo por causa do frio.
Tudo bem então. Assunto encerrado - falou Dean, gesticulando com as mãos.
Mas sinceramente, eu duvido. continuou o anjo, com um suspiro pesado.
E se ele não ficar bem, você pode curá-lo.
Dean, eu nem saberia por onde começar...
Então você descobre Cass, qual é? O cara parece um Replicante. Ele precisa da alma. Ouça, se nós a pegarmos de volta e houver complicações, nós vamos dar um jeito de resolver isso também.
É claro. Ou nós falhamos e Sam sofre terrivelmente.

Dean pegou a mala e entrou no outro cômodo, contrariado. Ouvi a porta atrás de mim bater levemente, e sai atrás da silhueta apressada. Sam estava com os braços apoiados no Impala e a cabeça abaixada. Eu tinha certeza que ele havia ouvido a conversa, e as notícias não eram nada boas.
Ei, Sam falei, me aproximando.
Me deixa sozinho, Esther disse ele, o tom seco.
Você ouviu o que Castiel disse, não ouviu?
Ele não respondeu.
Sam. chamei novamente.
Ouvi. E eu não sei se eu quero essa coisa de volta agora. falou sério. Pisquei duas vezes. Então o que diabos estávamos indo fazer no covil do Crowley?
Mas essa coisa é você. argumentei, me aproximando para tocar seu braço. Ele esquivou.
Eu não vejo assim. Você não entende... Dean está obcecado. Sam se virou pra mim, se recostando no Impala - Ele vai passar por cima de tudo, ele vai me matar pra trazer o irmãozinho dele de volta.
Porque ele sabe que você precisa da sua alma. Ninguém pode viver sem uma, digo, isso não é viver. eu tentava argumentar em vão. Ele deu uma risada cética. Imaginei que talvez o fato de Sam achar que não precisa da alma, seja exatamente porque ele está sem ela.
Por que não? Por que eu sou incapaz de me importar? Por que eu me preocupo apenas comigo mesmo? Eu me lembro de como era a minha vida antes de eu pular no buraco, e eu acho que agora eu estou melhor.
Como você pode achar isso? perguntei, tentando fazê-lo mudar de opinião. É difícil entender como alguém pode viver sem sentir nada, sem se importar. Ele tinha razão, eu não entendia.
É difícil entender porque você não está na minha pele. Dean me disse que ter alma é igual a sofrer, eu não quero sofrer. Isso não é necessário. Se você pudesse escolher não sofrer mais, você escolheria?

A pergunta me pegou desprevenida, mas mesmo assim a resposta que eu normalmente daria era Não, eu preferia ter uma alma e sofrer a ser alguém sem sentimentos, ao invés disso eu me peguei pensando em como seria minha vida se eu não me importasse.
Eu não sei disse Eu...
Sam, Esther! chamou Dean Vocês podem vir aqui?

Sam me olhou e em seguida foi em direção a cabana. Eu fiquei mais algum tempo ali, olhando pro nada e pensando no que ele havia dito. Ter alma é igual a sofrer. E se você pudesse escolher não sofrer mais?

Algo no fundo do meu peito perguntou se Sam estava assim tão errado. E uma voz distinta na minha mente dizia que minha resposta seria sim. Balancei a cabeça afastando o pensamento assustador.

São horríveis as coisas que você pode cogitar quando seu coração e mente estão surrados e sangrando por causa do destino.


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