Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 5
Busca pela alma


Notas iniciais do capítulo

Olá suas lindas, mais um capítulo. Primeiro eu queria agradecer pelos reviews lindos e maravilhosos de vocês: Muito obrigada, isso me dá inspiração pra escrever. Segundo, nesse capítulo eu descrevi cenas, falas e fatos idênticos à sexta temporada de Supernatural, e vou fazer mais algumas vezes no decorrer da fanfic pra demarcar o tempo dela. Esse fator é bem interessante e vocês vão entender o porquê de eu ser tão fiel aos fatos no final de Réquiem (Muitas surpresas). Bom, sem mais delongas, ao capítulo!



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Eu acordei no quarto escuro, apenas a porta entre aberta deixava alguma luz entrar. Dava pra ouvir a voz contida e nervosa de Dean.

– Não faz sentido, ela matou três demônios! – Ele parecia estar falando ao telefone, talvez com Sam? - Mas a Anna era um anjo caído, ela tinha apenas memórias e contato com a rádio angelical, não poderes. – Eu tinha poderes? Ele ficou em silêncio um momento.

– Você acha que Esther pode ser um anjo? Um anjo que nasce, cresce e envelhece sem saber o que é? Provavelmente não – Dean fez um grunhido de contrariedade – Isso tá cada vez mais estranho. Pelo menos agora sabemos o porquê de os demônios e os anjos ficarem fazendo cabo de guerra por ela.

Fechei os olhos. Então realmente era verdade o sonho estranho que eu tivera. Meu irmão estava vivo. Sorri no escuro, eu mal podia esperar para encontrá-lo e abraçá-lo, pedir desculpas por todo esse tempo, pedir desculpas por tudo. Passei as mãos no rosto, quando notei meu polegar intacto, nem parecia que eu o havia quebrado pra me livrar das algemas.
– Porque quando você tem medo, e faz mesmo assim, isso é coragem – disse uma voz rouca atrás de mim. Virei e dei de cara com Castiel, sentado em uma poltrona ao lado da minha cama, os braços apoiados nos joelhos, a expressão suave. Eu não havia notado sua presença até agora.
– O que faz aqui? – perguntei surpresa.
– Não importa – respondeu rapidamente.
– Certo, pode ir embora então – me virei novamente em direção a porta. Se ele podia ser ignorante, eu podia ser duas vezes mais.
– Eu sei que você tem motivos suficientes pra me odiar – falou Castiel, depois de um minuto – e não querer nem permanecer perto de mim, mas por enquanto, isso não é opcional.
Sentei-me na cama bruscamente, me apoiando sobre os punhos.
– É sim. Sai daqui! – ladainha pro meu lado agora? Poupe-me. O que ele acha que é?
– Eu não posso me afastar de você – falou – Não é algo que eu possa controlar. Desde que eu recebi a marca de guardião, praticamente sou obrigado a proteger você. Querendo ou não eu sou um soldado do céu.
– Proteger? Onde você estava mais cedo quando eu te chamei?
– Eu não vou pousar no seu ombro sempre que você achar necessário; esteja ciente disso. Eu estava ocupado. Se eu pudesse escolher, apenas teria entregado você a Raphael.
Mordi a boca com raiva.
– Claro, porque pra me ajudar você não “está disponível”, mas para entrar e assustar o meu irmão com as suas asinhas cheias de purpurina você está. Dean e eu quase morremos lá seu guarda-costas de merda! Pelo menos faça a porcaria do seu trabalho direito! – acusei irritada. Ele fez uma careta. Eu continuei.
– O que mais irrita aqui, é que você sequer se arrepende de ter matado Daniel, seu cretino! – explodi - E fica toda hora repetindo “Se eu pudesse, apenas teria entregado você à Raphael”, você pode não ser humano, mas eu sou! Tenho sentimentos, tenho uma vida! Não sou bucha de canhão da sua patota de anjinhos! Você é um cretino sem sentimentos, você sabe disso, não sabe?
– Eu não entendo essa referência. E de fato, eu não queria ter matado meu irmão, mas foi algo que eu precisei fazer. E desculpe por ferir seus sentimentos, mocinha – seu tom adquiriu tanto sarcasmo que era quase possível tocar no ar - Você não faz ideia do caos que está lá em cima não é? – Castiel se aproximou de mim, me encarando a centímetros do rosto. Agora seu tom era seco – Anjos estão morrendo. Raphael está organizando uma guerra civil, ele quer se tornar o novo Deus e soltar Lúcifer e Miguel da jaula, isso traria o apocalipse. Eu faço o que faço por uma causa maior, não estamos falando da sua vida, e sim da vida de seis milhões de pessoas.
– Foda-se você e sua causa maior! – exclamei. Eu não sabia do que ele estava falando. Miguel? Lúcifer? Jaula? Castiel se levantou bruscamente da poltrona.
– Você devia me respeitar mais. Eu não preciso de muitos movimentos pra acabar com a sua vida. – disse, calmamente, mas eu senti uma pontada de irritação em seu tom de voz.
Tente – desafiei, cruzando os braços. Ele me lançou um olhar furioso e se virou em direção à janela. – Se você pudesse me matar, já teria feito. Você não pode encostar sequer um dedo em mim, não é? Por que você tem que me proteger. E se você falhar, o que acontece?
– Eu morro – murmurou o anjo, depois de um minuto.
– Bom saber – sorri vitoriosa.
– Jimmy é um nefilim. – falou ele de supetão. Pegando-me desprevenida.
– Como é que é o negócio?
– Um nefilim. São os descendentes de anjos com humanos. Marina, sua guardiã antes de Daniel, teve um filho com um humano, ele é Jimmy. Nefilins são imortais, possuem força extrema e são capazes de fazerem diversos truques da mente, assim como Daniel podia, só que Jimmy é muito mais forte. Poderes típicos de anjos caídos.
– Isso é... – meu irmão, um nefilim? Inacreditável. Castiel se virou para me encarar.
– Mais uma coisa: Você parece ter uma espécie de poder, parecido com o de um anjo. Eu não sei bem como é ou como funciona, mas Raphael acha que esse poder pode ser passado, por isso ele quer você. Pra ampliar o poder do exército dele, e vai fazer de tudo pra te pegar, então não saia daqui e não me dê trabalho.
– Que desaforo! Eu não te pedi nada – rosnei incrédula com o atrevimento dele “não me dê trabalho”. Apertei os olhos.
– Como eu disse, não é algo que eu tenha opção. – sua voz calma, mas ríspida. – Seja obediente.
Fiquei de pé em cima da cama.
– Não me dê ordens! Você não é meu pai! – gritei pro nada, pois ele desapareceu. Catei um travesseiro e joguei no espaço vazio a minha frente – Hipócrita!

Dean entrou no quarto, acendendo a luz.
– Se eu pudesse adivinhar diria que o Cass tava aqui – falou.
– Tenta a loteria agora. Porque é tão difícil vocês acertarem os símbolos antianjos? - Bufei, caindo sentada na cama. Ele se aproximou e caminhou até a beirada, ficamos um tempo em silêncio. Havia muitas coisas que eu queria perguntar a ele, tipo à conversa que eu ouvi logo ao acordar, e eu sabia que ele também queria me perguntar algumas coisas, mas nenhum dos dois sabia por onde começar. Talvez ele perguntasse: Oi, eu queria saber se você acha que é um monstro perigoso? E aí eu responderia: Não faço idéia. Você acha que eu mato pessoas ou dissolvo pra fazer mingau?

Comecei contanto tudo que Castiel havia me dito. Dean soltou um assovio, arqueando as sobrancelhas.
– O que eu sou? – perguntei num fio de voz. Ele me observou um instante. – E a propósito, eu ouvi sua conversa com Sam no celular.
– Não sabemos, ainda.
Eu dei uma risada sem graça. Sabe aquela sensação de que você não é mais você? Parece que está numa espécie de filme, onde nada pode ser real, definitivamente não pode.
– E como eu deveria me sentir sobre isso? – perguntei, mais retoricamente do que pra ele. Encarei minhas mãos, lembrando do momento em que eu senti uma onda de energia saindo do meu corpo, e logo depois eu estava exausta, o que me fez desmaiar. Poderes. Parece até piada. – Pelo que Castiel disse, eu tenho poderes quase iguais aos de um anjo.
– Você é aquilo que quer ser, não importa o que seja realmente – disse Dean. Fiquei refletindo sobre o real significado daquela frase um pouco confusa – Muitas pessoas já tentaram me dizer o que eu era, e sabe de uma coisa? Mandei todas pro inferno. Eu não sou uma peça de tabuleiro, eu não sou a casca de Miguel, eu sou apenas um cara comum lutando pra salvar outras pessoas de coisas terríveis.
– E quanto ao Jimmy? Ele fugiu quando o – controlei minhas palavras pra não usar um termo bem pesado, do tipo “filho da puta metido a Deus” – idiota do Castiel apareceu igual uma sirene luminosa.
– Ele achou que Jimmy pudesse ser perigoso pra você, se o Cass estava aqui ele deve ter te falado que seu irmão é um nefilim.
– É, eu estou tentando me acostumar com isso – por que tudo ao meu redor estava se transformando num filme de ficção? Não havia nada normal, nem uma estúpida coisa. O Winchester segurou minhas mãos, apertando-as gentilmente.
– Nós vamos encontrá-lo, eu prometo.

Dean sentou na beirada da cama e me contou um bocado de histórias. De como eles perderam os pais, John e Mary. De como eles foram criados nessa vida, de como Sam foi enganado por uma demônia chamada Ruby para abrir a jaula de Lúcifer, e de como ele foi corajoso ao decidir usar a si próprio para prendê-lo novamente lá. Dean me contou sobre quando ele esteve no inferno, sobre como eles impediram o apocalipse, de como Castiel apareceu e acabou se rebelando contra o céu, e de como foi difícil ver o irmão pular naquele buraco junto com Miguel e Lúcifer.

Contou sobre todos os amigos que ele viu morrer, sobre todas as pessoas que foram incapazes de salvar, sobre como ele teve que abandonar Lisa e Ben para protegê-los. Disse também que quando Sam retornou, ninguém sabe como nem por que, ele estava sem alma, e desde então eles estavam tentando recuperá-la. Um bocado de histórias, que se fosse antes eu não acreditaria.

Perguntei-me o porquê dele estar me contando tudo isso, no fundo eu sabia que Dean não era do tipo de pessoa que se abre com qualquer um, principalmente uma garota que ele acaba de conhecer, aliás, Dean não parecia ser o tipo de cara que se abre com alguém.
– E como você descobriu que Sam estava sem alma? – perguntei intrigada. Almas não eram coisas que podiam ser vistas.
– Ele está diferente. Mau, não se importa com nada, nem ninguém. Você percebeu que ele sequer dorme? Apenas caça. Não é o Sam, é um corpo vazio seguindo instintos de sobrevivência.
– Isso é aterrorizante – murmurei. Dean sorriu.
– Vamos, não precisa ficar com essa cara de quem viu o lobo mau – falou, dando um empurrãozinho no meu ombro.

Ele abriu a boca pra falar alguma coisa, mas fechou em seguida. Parecia não saber as palavras exatas então desistiu. Eu não fazia ideia de que horas eram agora, mas pela janela dava pra ver um pouco do céu escuro. Eu não estava com a mínima vontade de dormir, então resolvi descer e fazer um lanche.

Depois Dean ligou a televisão, pulando o telejornal direto pros desenhos. Assistimos vários deles, e eu devo ter cochilado, pois quando acordei já era de dia e Sam estava entrando pela porta, seguido por Bobby.
– Querida, cheguei – falou Bobby, com ar sarcástico ao cruzar a entrada. Sentei no sofá, esfregando os olhos.
– Que horas são? – perguntei, bocejando.
– Sete da manhã – respondeu Dean, saindo do banheiro. – Você dormiu na metade do episódio em que o Tom quase pega o Jerry, é hilário – disse. Afastei o cobertor, que eu não me lembro de ter trazido e me espreguicei. Observei Sam por um momento, eu nunca poderia imaginar que ele estava sem alma, digo, quem imaginaria uma coisa dessas?
– Você está bem, Esther? – perguntou Sam, largando a mala em cima da mesa.
– Sim – afirmei. Com certeza ele sabia do incidente do prédio e dos meus poderes estranhos; mas ele não parecia surpreso, parecia desconfiado.
– Com licença que eu vou pesquisar, já que a alma do Sam não vai voltar pro lugar sozinha – disse Bobby, indo em direção a sua mesa repleta de livros e papéis.
– Mal humorado assim? – Dean fez uma careta pro irmão que deu de ombros, assentindo com a cabeça.
– Seus panacas – resmungou Bobby. O celular começou a tocar em cima da mesa, Dean atendeu no terceiro toque. Alguém parecia estar histérico do outro lado da linha. Ele ouviu atentamente e em seguida desligou, encarando Sam por um segundo. Como se pudesse ler pensamentos, o mais novo pegou a mala de cima da mesa e se dirigiu para a porta.
– Nós temos um caso. Voltamos assim que der. Fique de olho nela, Bobby – disse Dean para o velho que grunhiu, sem tirar os olhos de um pedaço de papel. Novamente senti que algo não estava encaixando. Minhas mãos formigavam com um pressentimento ruim. Ele saiu pela porta e eu decidi fazer alguma coisa.
– Eu vou pro meu quarto – Subi as escadas e abri a janela a tempo de ver o Impala cruzar a esquina.
– Se você se acha mais esperto que eu, Dean Winchester, você está muito enganado – peguei o celular que ele me dera para emergências e disquei o número da operadora. – Oi, meu marido perdeu o celular hoje mais cedo. Você poderia ligar o GPS dele pra nós tentarmos achar o aparelho, por favor? – pedi assim que a encarregada atendeu. Ela pediu o nome e o número de identidade e eu senti minhas mãos começarem a suar.

Invadi o quarto de Dean, revirando as gavetas, várias identidades falsas tinham etiquetas correspondentes. Achei a do número de telefone, a garota demorou cinco minutos pra confirmar que o GPS havia sido ligado. Desliguei e rastreei o número através do meu celular, entrei no meu quarto e tranquei a porta, pro caso de Bobby vir me procurar, e abri a janela, saindo por ela.

Caminhei cuidadosamente pelo telhado e pulei em cima da carcaça de um carro que estava próximo. Escorreguei para o chão, procurando um veículo usável. Uma caminhonete verde musgo parecia ainda estar em condições de dar umas voltas por aí, entrei e puxei os fios pra fazer a ligação direta, o motor ligou e eu sai de ré. Coloquei meu celular próximo ao volante pra eu poder ver no GPS onde eu deveria ir.

Eu sabia que estaria em apuros se Sam ou Dean descobrissem que eu os estava seguindo, mas eu precisava averiguar o que não estava batendo, e se caso eu estivesse errada e eles me pegassem, seria uma tremenda pisada de bola. Não acho que Dean (já Sam, no momento, sem a alma eu não sei) faria algo pra me prejudicar, mas acho que na tentativa de me proteger ele poderia me esconder coisas. Esse era o fato que me levava a tomar essa atitude agora. Eu iria lá, daria uma de 007 e se eu estivesse sendo estúpida e tudo estivesse certo eu voltaria pra oficina, esse era o plano.

Dirigi durante várias horas, mantendo uma distância bem segura do Impala. Eles fizeram duas paradas em postos de gasolina pelo caminho, depois uma parada mais longa perto de um subúrbio e retornaram o caminho, parando em uma espécie de fábrica. Nós estávamos há umas sete ou oito cidades de Sioux Falls e estava quase anoitecendo. Agradeci mentalmente a Bobby por manter os tanques de gasolina cheios. Eu estava exausta de tanto dirigir, e morrendo de fome. Sai da caminhonete e fiz um pequeno trecho num matagal, aproveitei a caminhada pra me espreguiçar. Abaixei-me perto de um arbusto e fique observando, a cena a seguir me deixou incrédula: Sam e Dean entregando um homem com a cabeça tampada a dois demônios num carro. Um deles era negro e parecia estar discutindo com Dean, pois seus olhos ficaram pretos e ele falava gesticulando nervosamente.

Eles estavam trabalhando pra demônios? É isso mesmo produção? Eu sabia que tinha coisa bem errada aí, mas não sabia que era tão grave. A pergunta agora era: Por quê? Por que eles fariam uma coisa dessas?

Voltei para a caminhonete e os segui até uma cabana isolada. Parecia que eles iriam passar a noite ali. Eu já estava me preparando psicologicamente pra ficar de vigia durante a madrugada, quando uma garota de cabelos negros, jaqueta de couro, e ar de mal encarada apareceu. Ela se esgueirou para dentro da cabana seguida por três brutamontes do tamanho de um armário. Essa foi a minha deixa para saber que eles estavam em perigo.

Eu podia tocar umas pedras no telhado pra avisar, mas isso também atrairia atenção pra mim, o que não era bom. Eu podia entrar lá gritando “Demônios! Fujam para as colinas!”, mas isso remetia a primeira opção. Bom, eu nem sabia se eles realmente estavam em perigo, a princípio Sam e Dean estavam trabalhando com demônios, e se essa fosse mais uma? Do tipo que não gosta de usar a porta? Mordi a boca e esperei mais um pouco, nada.

Lembrei de tudo que Dean havia me ensinado sobre essas criaturinhas nada amigáveis: Eles queimavam na água benta, sal também não era a praia deles, olhos negros, enxofre, ritual de exorcismo e cilada do demônio, que infelizmente eu não havia decorado. Com certeza eles deviam ter essas coisas lá dentro, e se eu entrasse sem ser vista, talvez conseguisse jogar água benta nos demônios enquanto ajudava os Winchester, assim dava tempo pra eles se defenderem. Uma pequena distração, meu plano A, não que eu tivesse um plano B.

Sai da caminhonete, e me aproximei da cabana, contornando a janela. Dava pra ouvir vozes, encostei o ouvido na parede e prestei atenção.
– Onde está seu chefe? – era uma voz feminina, a garota de jaqueta de couro.
– Você acha que trabalhamos pra alguém? – perguntou Sam, desafiador.
– Acontece que eu sei que vocês andam aprontando com os órfãos do Crowley. Onde ele está? – perguntou calmamente.
– Eu não sei. E nem quero.
– Mas vocês trabalham pra ele – ela parecia estar perdendo a calma.
– Não quer dizer que encontramos com ele – disse Sam novamente. A janela era pregada com tábuas, mas deixava várias frestas. Olhei entre elas, a luz estava fraca, mas dava para ver bem a garota parada em meio a Sam e Dean que estavam amarrados em duas cadeiras. Junto à janela eu podia ver três silhuetas masculinas. A garota sentou no colo de Dean. Ah, vadia.
– Para onde ele leva todas as coisas que vocês roubam pra ele? Aposto um dia inteiro de transa como é lá que sua majestade se esconde – perguntou ela para o mais velho. Ele fez uma cara divertida, porém continuou calado. Ela bufou, irritada – Agora chega...

Eu não podia perder tempo aqui, precisava ajudá-los. Contornei a cabana pelos fundos, o Impala estava lá, camuflado entre alguns arbustos. Procurei a janela onde eles haviam entrado. Coloquei o pé e me apoiei, colocando o outro. Desci suavemente, sem fazer barulho. A cabana estava aos pedaços; as paredes velhas e o chão cheio de sujeira, pedaços de móveis e papel, o cômodo onde eu estava tinha duas portas: Uma dava diretamente onde estavam Sam, Dean e a patota de demônios, e a outra devia dar pra algum lugar logo atrás. Escolhi a segunda.

Abri a porta, rezando pra não fazer barulho, era um cômodo vazio, apenas uma fina parede de tábuas com algumas frestas separavam-na da sala principal. Havia uma mesa longa também e algumas cadeiras. Caminhei pelo cômodo, observando pelas frestas.
– Crowley deve estar caçando todos os leais a Lúcifer, agora que ele é o manda chuva – falava Sam. Leais a Lúcifer?
– Como você pode saber? – perguntou a garota.
– É o que eu faria – ele pausou – Meg não pode nos matar. Ela precisa de nós pra chegar até Crowley e enfiar aquela faca no pescoço dele. É ele ou ela.
– Ora, eu espero que os dois percam. Mas, boa sorte – disse Dean, sarcástico.
– Então – continuou Sam – você sabe o que tem que fazer agora?
– Deixe me ver. Você vai me contar.
– Trabalhe conosco.
– Como é? – perguntou Dean, surpreso. Eu também estava surpresa a essa altura.
– Nós lhe damos o Crowley de bandeja – falou Sam – com apenas uma condição: Nós vamos com você, e você nos ajuda a tirar uma coisinha dele antes de acabar com ele.
– E o que é? – perguntou Meg.
– Não importa – disse ele, rispidamente. – A questão é: Você pode nos dar o que queremos? – desafiou.
– Eu fui aprendiz de Alastair no inferno, assim como seu irmão. Então Dean – ela se virou para ele – eu posso?
Dean estava de costas pra mim, mas pelo seu tom de voz eu sabia que estava fazendo uma careta.
– É. Ela pode – afirmou. Meg riu.
– É um trato. Abraços e beijos por todo lado. – ela começou a caminhar em direção a porta.
– Você vai nos desamarrar? – perguntou Dean, irritado.
– Por favor, não finja que não está gostando – zombou ela ao passar por ele. Os três demônios a seguiram, o último demorando-se a encarar Dean. Era o mais alto e careca.
– Vai me beijar? – ironizou o loiro.
– Vamos – ordenou Meg para o demônio, em seguida rolou os olhos pelo cômodo – Eu acho que tem alguém que está a fim de sair das sombras – ela me encarou diretamente, por entre as frestas. Eu congelei, quando ela soube que eu estava ali?

Meg fez a pequena parede que separava os dois cômodos desmoronar, ela levantou a mão e eu voei contra a parede oposta, batendo com as costas. Gemi de dor. Isso já estava ficando chato. Os demônios não tinham outro truque não?
– Espionar é feio, garota – disse, se virando em direção a porta. Desgraçada.
– Esther! – exclamou Dean, surpreso – O que você está fazendo aqui?
– Eu estava... Não importa – caminhei até o balcão improvisado procurando uma faca ou algo cortante.
– Dentro da mochila – disse Sam, inclinando a cabeça em direção à mesa, logo atrás de Dean. Fui até lá e achei um canivete, cortei as cordas que prendiam o loiro e depois soltei o moreno. Dean mexia os braços, como se as cordas o tivessem machucado.
– Agora pode, por favor, me explicar como veio parar aqui?! E você – ele apontou pra Sam – nós vamos conversar depois.
– Eu... – eu não conseguia achar um meio fácil de dizer: Fiquei desconfiada e segui vocês. Que droga é essa? Vocês trabalham pra um demônio? E agora pretendem trabalhar com outro?
– Ela nos seguiu – falou Sam, friamente, como se pudesse ler meus pensamentos. Bom, não era tão difícil assim de adivinhar. – Ela ficou desconfiada.

Dean olhou pra ele e em seguida me encarou, como se esperasse a confirmação. Eu balancei a cabeça.
– Foi mais ou menos isso – admiti um pouco envergonhada. – Mas eu estava certa no fim; vocês trabalham pra um demônio chamado Crowley! O idiota sem educação do telefone – disparei – Por quê?
– Crowley disse que podia recuperar a alma de Sam, é por isso – falou Dean. Eu me senti mais envergonhada, era um motivo plausível, mas muito longe de ser certo.
– Agora, você – ele se virou pra Sam – O que está fazendo?
– Como assim? – perguntou o moreno, confuso.
– Eu disse: O que. Você. Esta. Fazendo? – perguntou Dean, destacando palavra por palavra irritado.
– Dean, você quer acabar com a festa do Crowley. Feliz natal.
Eles se encararam por um momento.
– O que foi? – perguntou Sam.
– Você quer trabalhar com um demônio de novo?
– Trabalhamos com demônios agora. Estou fazendo isso porque quero parar!
– Ela matou Ellen e Jô – argumentou Dean.
– Eu sei, mas você não deve ser passional. Nós precisamos dela. – falava Sam, friamente.
– Não vem com essa – exclamou o irmão – Aquela vadia vai ferrar com a gente...
– É claro. Por isso nós vamos ferrar com ela antes. Meg e a patota dela morrem no minuto que nós acabarmos com Crowley.
– É. Se eles não nos matarem – Dean riu, nervoso, e passou a mão na testa, relutante com a situação.
– Não vão. Porque nós temos seguro – falou convictamente. – Precisamos do Castiel, que a propósito não vai gostar de saber que a Esther está aqui no meio do fogo cruzado. – Sam apontou o dedo acusador pra mim. Eu encolhi os ombros, e ele lá é meu pai agora?
– Boa sorte em tentar chamá-lo, ultimamente ele só vem quando ele quer – disse Dean com o sorriso irritado e sem graça.
– Eu dou meu jeito, ou eu falo que Raphael está aqui esganando a Esther – eu senti uma sensação ruim ao imaginar a situação. Ele não podia ter escolhido outra coisa pra falar? Sam saiu pela porta. Dean estava me encarando. Me senti como uma criança que fez cagada.
– Agora me diz o que eu faço com você? – perguntou ele – Não dá tempo de te levar pra casa do Bobby, aliás, ele já deve estar aqui por perto te procurando, e eu não vou te mandar sozinha. Nós precisamos entrar no covil do Crowley, e você vai espernear se eu ousar sugerir em te deixar aqui com o Cass. E aí? Alguma ideia senhorita detetive?
– Dean... – comecei, mas eu sabia que desculpas não iriam resolver a situação.
– Você foi totalmente imprudente, Esther! Tem um alvo dos grandes nas suas costas e agora, eu me vejo obrigado a te levar pra dentro de um lugar cheio de demônios, e o rei do inferno! Sabe o peso que isso é? Se te acontecer alguma coisa vai ser por minha culpa.

Sam entrou pela porta, seguido por Castiel. Assim que o anjo me viu, seus olhos se expandiram e seu maxilar endureceu, as primeiras palavras que ele disse foram:
O que a Esther está fazendo aqui com demônios pra todo lado?! – quase berrou.
– Nos seguiu – disse Dean, fazendo uma cara divertida, mas que na verdade não tinha nada de divertida.
– Ela precisa voltar agora – Castiel veio em minha direção, por um momento eu senti um pouco de medo com a expressão de autoridade dele.
– Não dá tempo – interveio Dean, ficando na minha frente – Bobby nem deve estar mais em Sioux Falls, eu vou ligar pra ele e pedir pra ele voltar. Assim que Bobby chegar nós vamos mandar a pequena detetive de volta pra casa, até lá vamos mantê-la conosco.
– Isto está errado – disse Castiel, irritado. Eu continuava muda como criança em meio ao sermão dos pais, é, pois é. Não foi totalmente certo o que eu fiz, mas também eu não sentia que foi assim tão errado.


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