Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 37
Filler - Tudo que precisamos é de um pouco de paciência


Notas iniciais do capítulo

Hi, leitoras e leitores!

Sobre o capítulo: Um pouco do outro lado da história ao som da música "Patience" da banda Guns n' Roses, vai estar em negrito quando colocar para tocar.
Sem mais delongas, espero que gostem!



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Três dias antes.

As coisas estavam cada vez mais difíceis. Seus poderes diminuíam mais a cada dia, e o anjo podia sentir que a hora se aproximava. E para completar, seus irmãos estavam o pressionando conforme Raphael assolava os poucos rebeldes que não se curvavam diante da sua posse de poder, o culpavam na verdade. Pois Castiel passava mais tempo na terra do que no céu, com os seus, e se importava mais com os humanos do que com a guerra sangrenta que estava acontecendo. Mas não era bem assim, o anjo sabia perfeitamente conciliar as duas coisas, embora a marca do guardião o prendesse constantemente a terra. E, na verdade, era ali que ele se sentia em casa.

Algumas horas após Esther finalmente conseguir dormir, Castiel materializou-se ao seu lado na cama. Ele não fazia ideia, ou muito menos sabia do contato direto que a garota estava tendo com Lúcifer, mas podia sentir que havia algo muito errado com ela, algo em proporções catastróficas.

Ele contornou o cômodo e parou logo a sua frente, inclinando-se levemente para tocar seu rosto com os dedos, e percebendo os longos cílios molhados e as marcas de lágrimas pelas bochechas dela, sentiu seu coração se apertar. Em poucas semanas, os sentimentos que o mesmo possuía em relação à Esther haviam mudado relativamente, pareciam mais intensos e conectados. Em alguns momentos ele podia sentir claramente o que ela sentia, e naqueles instantes o anjo era bombardeado com uma onda gigantesca de sentimentos confusos, todos se misturando e causando por fim um nó na garganta, que sua mente indicava ser algo que remetia ao choro, se pudesse fazê-lo. Ele queria fazer aquela dor parar, mas não sabia como.

Quando olhava para Esther, via aquela menininha doce que escapulia do quarto de madrugada e que ele tanto sentia necessidade de proteger. E o fato dela sentir-se daquela forma o deixava transtornado, inútil e com uma terrível e estranha pontada de culpa.

— Cass... — murmurou a garota em seus mais profundos sonhos. Ele franziu o cenho por um momento, surpreso, e então um sorriso se formou em seus lábios. Não fazia ideia do porquê, mas sentiu uma alegria enorme ao saber que era com ele que ela sonhava agora. Tinha vontade até mesmo de entrar em sua mente para ver melhor, mas o bom senso vencia a curiosidade.

Castiel. Ouviu seu nome novamente, mas agora era numa oração e imediatamente reconheceu o timbre de voz de Elisabeth. Deu um suspiro, fitando Esther por mais alguns segundos e então se desmaterializou dali.

Desde que a Condessa voltara, ele sentia-se profundamente abalado. Toda vez que olhava em seu rosto, era como se todo o remorso e a dor voltassem de repente, o deixando entorpecido. Um lembrete constante do que havia feito. Mas o anjo não deveria sentir-se dessa forma, ele havia cumprido sua missão quando matara Elisabeth, assim evitando que ela causasse uma catástrofe no mundo humano, liberando Lúcifer do inferno. Ele havia feito o correto, certo? Embora tivesse sentido como se milhares de facas fossem enfiadas em seu peito no momento em que a lâmina atravessou a garota. Mas isso eram apenas sentimentos humanos que ele não deveria ter, e por isso eram constantemente e arduamente ignorados.

Castiel sabia exatamente qual o seu papel, e caso não conseguisse mudá-lo para salvar Esther (algo que estava se tornando cada vez mais frustrante, pois não havia encontrado absolutamente nada em suas buscas incessantes. A não ser um feitiço da placa da revelação que estava tentando decifrar, sua última esperança), ele o desempenharia novamente. E só de pensar nesse momento já sentia raiva de si mesmo. Porém preferia amaldiçoar-se pela eternidade a deixar que a garota virasse um monstro comandado por Lúcifer, isso era basicamente profanar a essência da alma pura que ele sabia que ela tinha.

Coisa que Elisabeth parecia ter perdido. Embora elas fossem absurdamente idênticas por fora, Esther tinha uma aura branca e brilhante em volta do corpo, algo que era facilmente percebido por seus sentidos angelicais, já a Condessa era apagada e triste, como um cadáver.

— Oi. — falou calmamente ao adentrar o quarto de Sam, que era onde a garota dormia agora. A mesma estava sentada na cama com as mãos sob o colo e uma careta sonolenta. Os cabelos negros emoldurando o rosto pálido e parte do travesseiro.

— Oi. Eu só estava... — começou com um sorriso meigo, batendo ao lado da cama para que ele fosse sentar-se junto com ela — Com saudades. E eu não conseguia dormir, então pensei que você poderia...

— Contar uma história para você dormir? — adivinhou Castiel, ocupando o lugar que Elisabeth havia indicado. Ela deu um sorriso fraco, acomodando-se junto a ele.

— Eu já ouvi todas as suas histórias. — revirou os olhos, e de fato era verdade. Desde pequena a coisa que a garota mais adorava era ouvir o anjo contar sobre tudo que havia visto durante a sua existência, que não era pouca, algo que a fazia perder o fôlego só de imaginar as tantas aventuras. Bem, isso quando ela era viva e podia sentir o ar ser tirado de seus pulmões. — Só queria que ficasse aqui comigo. — admitiu segurando sua mão e recostando a cabeça em seu ombro por longos minutos, mas o anjo estava distante dali, na verdade no outro quarto.

Embora fossem iguais, as duas eram muito diferentes, pelo menos agora. Como lidar com o passado e o presente ao mesmo tempo? Até para um celestial isso estava se tornando uma tarefa complicada de se fazer.

— No que você está pensando? — indagou Elisabeth, depois de alguns instantes.

— Esther. — falou encarando um ponto fixo a sua frente sem realmente ver. A Condessa enrijeceu-se ao seu lado, fitando-o por vários segundos.

— Olha Castiel, quando uma garota pergunta uma coisa assim e você responde que estava pensando em outra garota, tem noventa por cento de chances de levar um chute onde dói. — sibilou com um tom descontraído, mas que se mostrava um tanto ofendido.

— Desculpe. — ele franziu a testa, por fim.

— Tudo bem, eu te perdoo dessa vez. — ela deu um sorriso de lado, voltando a ajeitar-se junto dele e dessa vez colocando seu braço para repousar por cima de si — Mas já que entramos no assunto, por que estava pensando nela?

— Tem algo errado com ela. — revelou Castiel, contendo um suspiro derrotado ao lembrar-se do furacão de sentimentos e da sensação de perigo iminente que o cercava quando se sentia momentaneamente conectado a Esther.

— Talvez seja a mudança, hoje quando eu entrei no quarto ela estava conversando, mas não tinha ninguém lá. — explicou a garota, dando de ombros.

— Tem alguma ideia do que possa ser? — questionou o anjo, virando o rosto para encará-la.

— Na verdade não, todas as lembranças que eu tenho sobre isso estão meio nebulosas na minha mente. — disse Elisabeth, recostando a cabeça em seu peito.

— Mas não é só isso, eu sinto que ela está triste. — comentou com voltando a encarar o ponto fixo e imaginário a sua frente. Elisabeth deu um suspiro cansado e se moveu de repente, ficando por cima dele.

— Você está apaixonado por ela? — perguntou de supetão, o fazendo ficar atordoado por alguns instantes. Quando pensava em amor, o anjo não sabia exatamente para onde sua mente vagava. Um pouco se lembrava de alguns momentos humanos, como alguns filmes com trilhas sonoras bonitas que Balthazar assistia escondido. Lembrava-se de corações vermelhos que enfeitavam as cidades numa determinada época do ano, lembrava-se de seus amigos caçadores, seus irmãos alados. Muitas coisas desconexas e um tanto sem sentido passavam por sua cabeça, mas Castiel conseguia definir uma entre elas que sempre estava lá: Esther.

Sentia-se estranho perto dela. Algo que primeiro veio como uma extrema irritação com sua presença fora se metamorfoseando em admiração e de repente ele já se sentia nervoso ao encará-la por muito tempo, ansioso para vê-la constantemente e uma vontade incontrolável de sorrir quando a mesma o fazia. Mas aquilo não poderia ser amor, ou poderia?

— Eu não sei. — admitiu, fazendo Elisabeth suspirar novamente, dessa vez irritada.

— Ela é minha cópia perfeita, eu não o culparia se estivesse. — ela deu de ombros — Mas eu estou aqui agora. Nós já passamos por isso antes, e eu sei que a ligação de anjo guardião é forte, você quer protegê-la, mas é apenas isso. — garantiu veemente, e fazia até bastante sentido sua teoria quando a marca.

— Talvez você tenha razão.

— Ela não sou eu — continuou ou perceber certa relutância da parte do anjo, e então inclinou-se na direção dele para beijá-lo. Naquele momento ele sentiu como se sinais em neon apitassem em vermelho diante dos seus olhos, segurando os braços gélidos da garota num reflexo rápido e a afastando gentilmente.

— Não posso. — murmurou com pesar.

— O que foi agora? — questionou Elisabeth, contendo-se para não trincar os dentes.

— Eu me sinto errado. — revelou Castiel com uma careta confusa. A Condessa arrastou-se para ficar novamente sob o colchão, permanecendo longos segundos em silêncio com uma expressão contrariada.

— Você sabe que se ficar com ela só vai arrastá-la para o fundo do poço, não sabe? — indagou morbidamente depois da pausa — Você não pode amá-la.

— Por quê? — refletiu em um tom que soou um tanto triste, algo que o anjo não sabia explicar. A garota voltou-se para ele com os olhos urgentes, como se tivesse ouvido um insulto.

— Por que você é um anjo e ela é a graça de Lúcifer! — ralhou com ímpeto, batendo as mãos contra os lençóis revirados. Em seguida engatinhou até ele, segurando seu rosto — Eu estou aqui e nada mais nos impede de ficarmos juntos.

— Elisabeth, talvez você devesse considerar que você já está morta. — observou Castiel de uma maneira um tanto ríspida, algo que ele logo se arrependeu de ter feito ao ver os olhos da garota embaçando de lágrimas — Não deveria se apegar tanto a esse mundo. — acrescentou de uma forma mais suave, acariciando seu pulso.

— E eu estou morta por culpa de quem? — murmurou com o tom de voz amargurado e a expressão que demonstrava uma mágoa profunda — Se eu fui trazida de volta para ser largada por você, por favor, me mate logo. — falou novamente, esquivando-se dele e mantendo o olhar fixo e acusador. Aquilo era quase como receber uma facada dolorosa.

— Elisabeth, eu nunca, jamais, machucaria você. — garantiu o anjo, deslizando os braços para puxá-la para perto.

— Você disse isso uma vez, e isso não te impediu de enfiar aquela lâmina no meu peito. — revidou Elisabeth, o fazendo parar por um instante como se tivesse levado um choque, a verdade dos fatos doía como fogo. Castiel abaixou a cabeça, imerso em lembranças por um momento. — Desculpe. — sibilou a garota.

— Eu prometo que não vou te desapontar de novo. — murmurou passando os dedos pelo rosto da garota, que curvou os cantos dos lábios para um sorriso fraco.

— Jura? — questionou e ele assentiu com a cabeça, em seguida ela enlaçou os braços por seu pescoço dando um abraço apertado — Eu amo você.

Castiel não sabia o que dizer. O correto segundo os humanos seria retribuir com um “eu também”, mas apenas se fosse verdade, certo? E partindo do princípio que ele mal sabia o que era amor, como poderia afirmar uma coisa assim? Talvez se fosse antes, com a antiga Elisabeth, sairia mais fácil. Porém agora, essas palavras pareciam travadas na sua garganta.

De repente outra coisa invadiu sua mente, um suspiro afogado seguido do gosto salgado de lágrimas. Era Esther, de novo.

— Ela acordou, preciso falar com ela. — avisou desvencilhando-se sob o olhar surpreso da Condessa e colocando-se de pé rapidamente.

— Não, por favor, fique aqui. — pediu dando um pulo sob a cama e agarrando seu braço — Amanhã você fala com ela.

— Mas ela está chorando. — insistiu o anjo com uma careta, olhando para a porta do quarto.

— Não há nada que você possa fazer quanto a isso. — revidou Elisabeth imediatamente — Eu preciso de você agora, por favor.

De certa forma ela tinha razão, o que ele poderia fazer? A resposta era nada. Além do mais, se já estava insuportável sentir suas lágrimas do outro quarto, seria terrível vê-las cair. Castiel sentia cada uma rolar como se fossem suas, mas a confusão de sentimentos era tão grande que ele não conseguia saber o motivo. Repousou a cabeça para trás, fechando os olhos e desejando poder dormir, pelo menos uma vez.

Depois de alguns minutos, olhou para o seu braço que estava delicadamente posto sobre Elisabeth, ela parecia dormir profundamente, embora ele duvidasse disso, e apesar de não conseguir ver, o anjo podia sentir o local exato onde estava fixada a sua maior responsabilidade: A marca do Guardião.

Ele precisava protegê-la. Inclusive dele mesmo, se fosse o caso.

Um dia antes.

Respirar aparentemente devia ser algo fácil, porém naquele momento era difícil dizer para a própria mente inspirar com calma quando tudo que ele queria fazer era gritar até toda aquela raiva de si mesmo abrandar. Mas tinha que manter a calma, não podia perder o controle baseado em sentimentos que ele não conseguia entender. Sua mente dizia “Afaste-se e minta”, mas seu coração dizia “Sinta”.

Há menos de meia hora tudo havia desmoronado. O muro sólido que Castiel tentava construir para isolar aquilo que não deveria havia caído, Esther havia chutado tijolo por tijolo e feito tudo desabar com uma única frase, ou melhor, um monólogo inteiro que significava a mesma coisa aterrorizante que ele tinha medo de admitir para si mesmo há dias. E por mais que quisesse sair correndo e dizer para aquela garota o quanto a amava e que se dane o céu, o inferno e o mundo inteiro, só conseguia pensar numa coisa: Ela estava condenada.

Elisabeth (que tinha decomposto o próprio braço em barro e foi quase impossível, e exaustivo, curar e que estava desmaiada na cama, a propósito) tinha razão, um anjo não poderia amar a Graça de Lúcifer, não era a ordem natural das coisas e se tinha algo que Castiel havia aprendido era que não se perturba essa ordem e sai ileso. Mas ele não conseguia tirar o rosto de Esther da sua mente. A forma como mentiu para ela e a garota havia acreditado piamente tinha sido cruel e o queimava como ácido. Tudo teria sido mais fácil se aquilo partisse somente dele, seria fácil esconder e talvez ela nem percebesse, mas agora... Era insuportável.

Estava andando sem parar a minutos, invisível aos olhos humanos, no meio da sala. Nos seus pensamentos podia ouvir perfeitamente Esther soluçar, trancada no quarto, e aquilo o estava matando. Deu um passo em direção à escada, mas parou ao alcançar o primeiro degrau. Chegaria lá e diria o quê? Nenhuma mentira que ele contasse iria ajudá-la agora, apenas a verdade, o que o anjo não podia dizer. Isso daria jeito agora, mas só iria machucá-la ainda mais depois que descobrisse o que o anjo estava planejando.

Respire de novo, pensou consigo mesmo, inspirando fundo e ordenando para que se acalmasse. Deu certo por alguns segundos, até ouvir Esther novamente e dessa vez com todas as sensações dolorosas, um brinde da marca do Guardião que os ligava. Era mágoa, dor, raiva, rejeição.

Quer saber? Que se dane, pensou.

Num único movimento, Castiel se materializou no quarto escuro, ficando imóvel por dois segundos ao ver a garota debulhada em lágrimas num canto solitário próximo à janela. E aquilo o deixou pior do que já estava. Ele simplesmente odiava vê-la chorar e muito mais saber que era o motivo daquilo.

— Por que não pode ao menos me deixar sofrer sozinha? — questionou Esther em descrença ao notar sua presença no cômodo.

— Eu quero conversar.

— Eu tenho uma ideia melhor: Você sai e não volta — sugeriu sarcástica, marchando até a porta, e antes que pudesse alcançá-la o anjo a interceptou segurando seu braço e desmaterializando-se com ela dali.

Quando seus pés tocaram o chão novamente, estavam sob uma camada de terra arenosa. Esther olhou em volta, incrédula e surpresa por se encontrar em uma praia deserta às duas da manhã. O céu escuro e enfeitado com milhares de pontos brilhantes mais parecia uma fotografia viva, enquanto o mar brincava com suas ondas violentas próximas a eles. [Play Guns n’ Roses – Patience]

— Deve ser realmente muito importante para você me tirar do meu quarto de madrugada e me trazer para um lugar que eu não faço ideia de onde seja, deve ser tipo o fim do mundo! — exclamou a garota com raiva.

— Eu cansei de tentar fugir de você. — começou o anjo, elevando o tom grave de voz até o mesmo ecoar pela praia, havia decidido terminar de vez com aquele muro. Pelo menos por um momento. — Eu cansei de ficar me policiando todos os minutos de todos os dias para não pensar em você! Eu quero gritar porque eu não aguento mais! — abriu os braços, sentindo todo aquele peso exaustivo ser jogado de cima dos seus ombros conforme as palavras saiam.

— Do que você está falando? — perguntou ela, confusa. Castiel se aproximou da garota até encará-la a centímetros de distância, o vento noturno e úmido fazia os cabelos negros serem jogados contra o seu rosto, exalando o cheiro suave do xampu de flores do campo.

— Que eu não quero mais controlar essa vontade absurda que eu tenho de sentir você nos meus braços. — murmurou inclinando-se em direção a ela, que se deixou enfeitiçar pelo poder do contato visual, enquanto as mãos do anjo puxavam sua cintura de encontro a ele.

Assim que seus lábios se tocaram, foi como se um palito de fósforo incendiasse um rastro de pólvora, explodindo tudo pelo caminho. Não demorou para que Esther apertasse os braços em volta do pescoço dele, e quando mais perto estavam, mais perto queriam estar, como se fosse possível. Quando finalmente se afastaram em busca de ar, a garota o fitava sem palavras ou fôlego para pronunciá-las

Derramei uma lágrima porque estou sentindo sua falta
Ainda me sinto bem o suficiente para sorrir
Garota, eu penso em você todos os dias agora
Houve um tempo que eu não tinha certeza
Mas você acalmou minha mente
Não há duvida, você está em meu coração agora

— Eu amo você, Esther. — falou Castiel, segurando seu rosto próximo ao dele, de modo que sentia a respiração descompassada da garota fundir-se a sua — E eu sou um covarde, louco, masoquista e tudo que você quiser por tentar ir contra isso.

— Isso está realmente acontecendo? — indagou a mesma perplexa e com um sorriso bobo no rosto, resquícios de lágrimas de tristeza agora se fundiam a lágrimas de pura felicidade — Isso é real? Porque num minuto você diz uma coisa e no outro...

— Todas as vezes que eu disse uma verdade que não fosse essa, eu menti. — cortou o anjo — Até para mim mesmo. — acrescentou, não conseguindo conter a vontade de beijá-la novamente. E era um sentimento tão intenso que explodia e corria por suas veias que ele mal podia acreditar. O simples fato de ter aquela garota ali, tão delicada e ao mesmo tempo tão dona de si, fazia seu corpo de incendiar de um modo que ele nunca achou ser possível. Não de um jeito tão prazeroso como esse.

— Você é um idiota, sabia? — disse Esther, retórica, assim que precisou buscar ar mais uma vez — Podia ter me dito isso antes.

— Eu sei, me desculpe. — suspirou ele, acariciando as bochechas coradas dela com os polegares em movimentos suaves e circulares — Estava tentando te proteger, eu já te arrastei para o precipício uma vez e eu não quero te arrastar de novo. Que eu saiba, todas as suas outras vidas terrenas que não tiveram meu envolvimento, você viveu longos e felizes anos antes de cometer algum homicídio que fez com que...

— Shh, não fale disso agora. — pediu a garota, ficando na ponta dos pés para envolver os braços no pescoço do anjo, abraçando-o apertado — Pode ser?

— Quero que entenda que me ter na sua vida só vai encurtá-la ainda mais. — sussurrou, fechando os olhos e inspirando o aroma delicado da pele dela, deslizando a boca pela linha do seu queixo até depositar um beijo em seu ombro, o que a fez estremecer imediatamente.

— E eu só quero que você entenda que eu iria para o precipício mil vezes, por que estar com você faz tudo isso valer a pena. Você não encurta a minha vida, dá um sentido a ela. — falou Esther, a voz um tanto embargada — Não é a duração que a torna feliz e sim momentos como esse, Cass.

Eu disse: Mulher, pega leve
As coisas vão ficar bem
Você e eu só temos que ter um pouco de paciência
Eu disse: Doçura, não se apresse
Pois as luzes estão brilhando
Você e eu temos aquilo que é necessário para dar certo


Não fingiremos
Nós nunca romperemos
Pois eu não suportaria

— Você é a minha paz em meio à guerra. — murmurou o anjo, afastando-se o suficiente para encará-la, fixando os olhos azuis nos castanhos e permanecendo assim por segundos, um contato visual que falava mais do que qualquer palavra já dita.

— Eu não posso ter certeza se ainda vou respirar amanhã, mas tenho certeza que mesmo se eu não o fizer, ainda vou amar você. Até depois disso. — disse a garota, de maneira divertida e emocionada.

— Eu garanto que você ainda vai respirar amanhã de manhã — devolveu Castiel com um sorriso de lado, seu tom logo ficando mais sério — Talvez tenha um jeito de parar essa profecia definitivamente, algo que nem Maison ou Balthazar perceberam.

— Como? — questionou Esther puxando o ar de repente, pega de surpresa.

— É um feitiço específico. — o anjo desviou o assunto, se ela soubesse, com certeza nunca concordaria. Então puxou a garota para mais perto, deslizando as mãos para repousarem de maneira forte e suave em sua cintura — Esther, eu fiz uma dezena de coisas erradas, mas acho que elas vão servir para o que eu tenho em mente. Só espero que você me perdoe quando chegar a hora.

— Diga que é apenas impressão minha e que isso não está soando como um adeus. — falou encarando-o seriamente, os dedos firmemente seguros no sobretudo dele e os olhos transparecendo totalmente o medo que sentia conforme ele quebrava o contato visual para encarar o mar por um momento — Castiel! — exclamou, sacudindo-o para que se virasse para ela de novo.

— Você merece algo melhor, uma vida melhor. — retaliou de maneira dissimulada, franzindo a testa pesarosamente — Mas por hora precisa ser forte, mas isso não será problema, você é uma garota forte.

— Você diz que me ama e depois me dá adeus? — duvidou descrente.

— Também não vai se lembrar disso amanhã de manhã, desculpe. — sussurrou aproximando-se e encostando os lábios delicadamente no canto da boca da garota, que quase instintivamente procurou aprofundar o beijo — Eu só preciso que saiba que eu não posso perder você de novo e sou egoísta o bastante para fazer isso contra a sua vontade.

— Você não pode fazer isso comigo, seja lá o que for! — pediu Esther, segurando seu rosto com as mãos.

— Quando acordar, vai lembrar que foi para o quarto dormir e acabou pegando no sono. Isso não aconteceu, e na hora certa essas memórias irão voltar. — disse Castiel, ignorando-a completamente.

Estava se odiando profundamente por fazer aquilo, porém nunca foi sua intenção arriscá-la por causa disso. E definitivamente, saber de seus sentimentos agora não ajudaria nada no plano de afastá-la da morte certa. Era exatamente como Dean dissera uma vez: Não é porque você ama alguém, que precisa ferrar a vida dessa pessoa.


Eu estive caminhando nas ruas à noite
Tentando ter certeza disso
É difícil ver com tantos por perto
Você sabe que eu não gosto de ficar preso na multidão
E as ruas não mudam, apenas os nomes, baby
Não tenho tempo para joguinhos
Porque preciso de você

Sim, eu preciso de você.

— E quando essa hora chegar... Por favor, não me odeie. — sussurrou, calando qualquer protesto que iria se suceder com um beijo e deslizando uma das mãos para tocar a testa da garota, fazendo-a a cair desmaiada imediatamente.


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Notas finais do capítulo

Esthiel não morreu, gente! Só tá respirando com dificuldade u_u
Certo, já temos uma confissão com todas as palavras do anjo do senhor e sabemos que a Beth tá fazendo chantagenzinha emocional com ele. Já ameniza a situação. MAS COMO, meu Deus, ele me faz uma declaração dessas e apaga a memória da Esther? E o que será esse plano mirabolante que ele tá tramando? Sinto cheiro de coisa nada boa vindo por aí...
Próximo capítulo em breve! Um beijão, babies!

Ps: Ultimamente eu estou assistindo à série The Vampire Diaries (sim, eu só li os livros e agora que tomei vergonha na cara pra assistir a série u.u), e estava bem feliz num episódio da terceira temporada e vi o nosso lindo anjinho maravilha, Balthazar, divando de Mikael exterminador de vampiros. Foi um tanto estranho. Fiquei esperando ele soltar uma frase épica ou procurar bebida importada, maaaaas não aconteceu HAUSHAUSHUAHSUAHSU



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