Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 30
Primeiro Ato


Notas iniciais do capítulo

Olha eu postando no prazo -q. Olá, leitoras divas! Agradecendo mais uma vez aos favoritos e aos comentários, vocês são demais.
Capítulo grandinho e com surpresinhas, espero que gostem.



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Meu corpo inteiro estava dolorido, devido à posição que eu estava há tanto tempo. Meus pulsos e tornozelos ardiam, esfolados, por causa do contato com as cordas, e eu tinha plena noção de que havia um corte não cicatrizado na minha testa. Duas vezes por dia, algum demônio vinha até a minha cela úmida e fechada para me dar comida e água, e também me levar ao banheiro. Eu não tinha ideia de quanto tempo estava presa nesse lugar, pois não conseguia ver a luz do sol diante das paredes de pedra, mas eu já havia dormido umas cinco vezes.

Os Winchester deviam estar no meu rastro, juntamente com Castiel, mas ao que parece, esse local era muito bem escondido até mesmo do radar dos anjos, e isso me deixava apreensiva. Já havia tentado bolar inúmeros planos de fuga, mas todos eram inúteis, eu estava muito bem vigiada, e até agora não sabia nada sobre meu sequestrador.

Scott não aparecia na minha frente, eu apenas conseguia ouvir sua voz através das portas, distribuindo ordens aos demônios que cuidavam de mim, e eu ficava me perguntando o que ele queria comigo. E por vezes as palavras de Anastácia, passavam pela minha mente me deixando confusa. Ela havia dito que eu era importante para eles, mas por quê?

— Vejo que está mais calma hoje. — comentou o garoto magricela, enquanto abria a porta e caminhava até a minha frente com um sorriso sádico no rosto. O mesmo usava uma camiseta branca colada no corpo, as mangas compridas puxadas até os cotovelos revelavam uma tatuagem anti possessão no pulso.

— Quando eu me soltar dessa cadeira, vou chutar o seu traseiro até você não conseguir mais sentar, seu pirralho metido a satanista! — chiei com raiva, me mexendo contra as cordas. — Qual é a sua? Se aliar com demônios? Que idade você tem?

— Tenho a mesma idade do seu irmão, que já cortou mais cabeças do que eu posso contar, mas isso não vem ao caso. — ele deu de ombros, gesticulando com autoridade — E sim, eu me aliei com demônios, pois são eles que vão ganhar essa guerra no final.

— Se os anjos deixarem. — acrescentei.

— Os anjos vão sumir do planeta no momento em que perceberem que tudo ficou perdido, eles não estão nem aí para os humanos. — devolveu Scott.

— Ah, e os demônios estão? — questionei irônica.

— Eu não disse isso. — o garoto deu um sorriso de lado, se agachando logo a minha frente e colocando os cotovelos apoiados nas minhas coxas — Esther, isso tudo tem um propósito tão maior que você é incapaz de compreender ainda, eu levei algum tempo para isso. Você não percebe que o mundo já acabou? Quantas vezes você liga a televisão, pega o jornal e vê uma atrocidade? Nós nos tornamos animais, matando por prazer, por loucura, precisamos de ordem.

— E onde eu entro nessa sua ladainha toda? Onde entram os demônios? — perguntei trincando os dentes — Você acha que se eles dominarem o planeta isso vai mudar? Essas criaturas vão acabar com todas as pessoas das piores formas possíveis!

— Mais do que já estão se acabando? — retrucou seriamente.

— Scott, ouça: Anastácia está morta, não tem porquê você continuar com isso. — observei, fitando o garoto que estreitava os olhos verdes para mim. — Se você me soltar, Dean e Sam podem proteger você, vai ficar tudo bem, ok?

— Está tentando me convencer a mudar de lado? — indagou com incredulidade.

— Estou tentando te mostrar qual o lado correto. — salientei calmamente.

— Eu sei muito bem tomar minhas próprias decisões. — falou Scott, dando uma risada anasalada.

— Pois eu aposto que não sabe. — retruquei, decidida a mostrar para aquele garoto a verdadeira situação aqui. Ele era apenas uma criança, não tinha total culpa das suas ações — Deve ter acontecido algo muito grave para você ter decidido seguir Anastácia. Scott, me diga, onde está sua família nisso tudo? Aposto que estão mortos. — arrisquei, e ao julgar pela expressão debochada que logo ficou séria, eu devo ter cutucado a ferida.

— Você não entende! — gritou, ficando de pé e se inclinando para me encarar a centímetros do rosto — Isso não tem a ver com demônios e ordens, isso tem a ver com algo muito maior. — exclamava com admiração e fervor — Foi-me confiada a tarefa de abrir a porta para tornar esse mundo um lugar melhor, um lugar onde haja apenas pessoas dignas de conviverem entre si! E eu posso fazer isso, nós, Esther, nós podemos fazer isso!

— Nós? — enfatizei arqueando uma sobrancelha — Você espera que eu me alie a você?

— Quando compreender tudo, tenho certeza que vai. — disse colocando as mãos no meu rosto para me fitar — Você faz mais parte disso do que qualquer um aqui, sem você, nada seria possível.

— Eu não sei do que você está falando! — exclamei tentando me afastar, mas o mesmo apertou os dedos com mais força, aproximando-se mais ainda.

— Você e aqueles palhaços que se intitulam seus protetores acham que nós queremos matá-la, mas é muito pelo contrário. — dizia enquanto passava o polegar pela minha bochecha — Desde o começo nós só queríamos te proteger dos anjos e suas mentiras. Eu estava lá quando Anastácia mandou aqueles demônios te buscarem na funerária.

— Eles mataram a minha família! — rosnei furiosa com o modo como ele falava, como se aquilo tivesse sido algo bom para mim.

— Por que eles estavam no caminho! — devolveu o garoto, alterando a voz por um instante — Desde o início, nós queríamos te contar tudo, mostrar como as coisas realmente são.

— E como as coisas realmente são? — indaguei com raiva.

— Nada do que tem sido para você desde aquele dia. Ver todos a sua volta serem mortos, se afastar de tudo, se privar da sua vida, e tudo isso para no final ser morta por aquele anjo estúpido? — falou com escárnio, fazendo uma careta de desgosto — Por favor, Esther, não precisa ser assim.

— E para ser diferente, você me propõe que eu me alie a demônios? — questionei sarcástica, desviando o olhar para a porta com uma risada irônica — Fora de questão.

— Você não vai se aliar a demônios. — retrucou o garoto, puxando meu queixo para frente de novo — Vai nos liderar. — acrescentou, os olhos faiscando.

— Como é? — perguntei incrédula, eu não devia estar ouvindo direito. Ele havia falado que eu ia liderar os demônios?

— Quando a hora chegar, você saberá de tudo. — disse Scott, esboçando um sorriso triunfante no rosto. E então deslizou a mão para o meu octeto, que pendia escondido entre o tecido da camiseta, e para meu alarde, ele o puxou com força, arrancando-o de mim.

— Não! — protestei, me mexendo na cadeira novamente e sentindo as cordas ásperas machucarem meus pulsos.

— Fique calma, nada vai acontecer. — tranquilizou, desamarrando as mesmas rapidamente e segurando meus braços. — E nem pense em fazer alguma coisa, tem demônios espalhados por todo o perímetro, se der um passo, eles bombardeiam sua cabeça que já está sem a proteção do pendante, não é mesmo?

— Para onde vai me levar? — questionei, sentindo os efeitos imediatos da falta do amuleto, e presa naquele lugar, até o ar parecia mais pesado de se respirar.

— Você não quer saber a verdade? — perguntou calmamente — Quero te mostrar uma coisa, então finalmente vai entender.

— Scott, por favor — pedi olhando-o nos olhos, e assim como eu havia sentido com a bruxa e a garota no sanatório, a dor que ele escondia emanava para fora do corpo e parecia me sufocar. — Deve ter sido difícil passar por tudo aquilo, eu posso sentir o quão cruel foi. Mas o caminho não é esse, acredite, por favor.

— Esther... — começou com a expressão séria, em seguida dando um suspiro triste — Apenas coopere.

— Só que ela não vai — a voz de Castiel soou como sinos nos meus ouvidos, e se eu não estivesse presa pelas mãos de Scott, podia abraçá-lo de tanto alegria.

— Como você... — começou o garoto surpreso, mas ao ver o anjo avançar contra ele, me puxou para sua frente num único movimento, passando o braço em volta do meu pescoço e apontando uma faca na minha direção. — Parado, ou ela morre, e nós dois sabemos que isso não é nada bom para você.

— Solta ela agora. — ordenou Castiel, imóvel e a menos de meio metro de nós.

— Você sabe que isso não vai acontecer, por que não tenta outra coisa? — perguntou retórico, no momento em que a porta se abriu e cerca de seis demônios entraram por ela — Onde vocês estavam, bando de inúteis? — chiou furioso, se voltando para uma garota loira de cabelos curtos que abria passagem entre os homens de terno — Quer saber? Não importa. O carro está pronto?

— Sim, senhor. Esperando nos fundos. — assentiu a mesma, os braços cruzados em frente ao corpo pequeno se estenderam para pegar o octeto da mão de Scott.

— Ok, agora eu vou dizer o que vai acontecer — dizia o garoto, andando em direção a saída e me puxando consigo. Castiel acompanhava nossos movimentos com os olhos apreensivos — Eu vou sair por aquela porta e você vai ficar calminho, e quando eu estiver fora daqui, vocês podem todos se matar, eu não ligo. — ele deu uma risada esganiçada, afrouxando o aperto no meu pescoço por um breve instante.

— Mas eu ligo! — falei me aproveitando da distração e dando uma pisada forte no seu pé, escapando das suas mãos e esquivando-me de qualquer jeito para o lado. E no mesmo segundo Castiel sacou a lâmina angelical, acertando um dos demônios no caminho e partindo para cima do garoto.

— Não! — exclamei, dando algumas passadas de perna para me colocar perto do anjo — Ele é só uma criança!

— Detenham-no! — Scott gritou junto comigo, fazendo os demônios se agitarem, e no exato momento, eu caí de joelhos no chão. Uma dor aguda me atingiu de repente, como se estivessem enfiando agulhas dentro do meu cérebro, o que me fazia rolar de dor no piso de pedra áspera. — Um movimento e ela estoura a cabeça da sua protegida, eu estou avisando.

Olhei para cima e vi que Castiel estava parado me fitando com pânico, enquanto quatro dos cinco demônios restantes o rodeavam, jogando algo a sua volta, que eu logo deduzi ser óleo sagrado. Um pouco mais atrás dele, a garota loira mantinha os olhos negros fixos em mim, e seu rosto pequeno de bochechas rosadas se alternava com a face de um monstro com chifres e presas. Era ela quem estava mexendo com a minha cabeça.

E no instante que o fogo queimou, eu senti como se estivesse no próprio inferno, a temperatura era insuportável e isso me fazia gritar cada vez mais alto.

— Pare o que estiver fazendo! — exclamou o anjo, caminhando até o limite do círculo e cerrando os punhos.

— Desde quando você se importa? — questionou o garoto, acariciando o queixo com demasiada calma.

— Está machucando ela! — gritou novamente, soando mais como um rosnado.

— Alexis? — chamou a voz de Scott para a garota de olhos negros que tinha a mão apontada para mim — Pare. — ordenou. Foram exatos três segundos até a mesma desviar o olhar e a visão cessar imediatamente. Respirei aliviada por um momento, e logo senti uma mão me puxando pelo cotovelo para que ficasse de pé.

— Espero que não tenhamos ressentimentos por isso — comentou o garoto com diversão.

— Vai se ferrar — cuspi com raiva, as mãos formigando para socá-lo.

Que amor — comentou Scott com sarcasmo, gesticulando para mim e em seguida para Castiel — Agora você vem comigo, e anjo, não tente gracinhas se não quiser morrer mais rapidamente.

Scott me puxava em direção à porta, enquanto eu olhava para o anjo sem saber o que fazer. Eu não podia deixar que me levassem, e ele estava incapacitado de qualquer coisa preso dentro do círculo sagrado. E foi aí que eu ouvi sua voz na minha mente.

Você precisa me deixar entrar. Disse sem quebrar o contato visual. Graças à marca do guardião, eu posso possuir o seu corpo por alguns minutos, mas só alguns minutos, e assim te tirar daqui.

— O que eu faço? — murmurei sem voz, apenas mexendo os lábios. Castiel tinha a expressão urgente nos olhos azuis, aquela era a última cartada na manga.

— Disse alguma coisa? — questionou Scott, me empurrando para fora.

Diga sim! Falou novamente, e num único movimento eu me virei de encontro ao garoto, restabelecendo o contato visual.

— Sim! — exclamei, e na mesma hora os olhos do anjo se iluminaram, juntamente com o cômodo inteiro.

Senti a luz morna me envolver e começar a pulsar sob a minha pele, e como se penetrasse pelos meus poros, ela já estava dentro de mim. Eu conseguia ouvir as batidas do meu coração absurdamente altas, tampando qualquer som do local, e a sensação que eu tinha, era como se a parte interna do meu corpo estivesse exposta a luz do sol quente, como se eu estivesse dividindo um espaço incrivelmente apertado com alguém.

Então me peguei focando minhas mãos com confusão momentânea, e caminhando em direção ao círculo de fogo, apagando-o com um estalar de dos. Mas aqueles movimentos não eram meus, meu corpo não estava mais sendo controlado por mim, e sim por Castiel.

Peguei a lâmina angelical da mão do anjo, que estava caído e inerte no chão, e comecei a acertar os demônios que vinham de encontro a mim com golpes certeiros. Senti algo dentro de mim começar a se retorcer, tal qual o estômago quando quer botar algo para fora, porém aos socos. Vi gotas grossas de sangue começarem a escorrer do meu nariz e pingarem pelo meu queixo, e minha pele queimava com um brilho prateado e quente, quase insuportável.

Seu corpo está tentando me expulsar, sua graça está entrando em combustão com a minha. Preciso te tirar daqui antes que seu corpo exploda! Falou a voz de Castiel, tão alto quanto as batidas do meu coração que tampavam meus ouvidos.

Andei rapidamente para o corredor, vendo as janelas enormes explodirem em cacos logo a minha frente, e um vento intenso jogava meus cabelos para trás enquanto raios iluminavam o céu escuro com uma frequência absurda, fazendo sombras de asas gigantescas as minhas costas se formarem na parede.

— Você não vai a lugar nenhum! — gritou a voz de Scott, me agarrando pelos ombros e me derrubando no chão, o rosto retorcido de raiva. Senti sangue na garganta me sufocar e o calor na pele aumentava a cada segundo, minhas mãos tentavam tirar o garoto de cima de mim, mas o mesmo parecia decidido a me prender ali. E foi num movimento rápido que eu vi meus dedos agarrarem a lâmina afiada e cravarem com força na jugular de Scott, que arregalou os olhos verdes para mim com incredulidade, enquanto sangue esguichava no meu rosto.

O pavor daquele gesto foi tão intenso que eu soltei um grito alto na minha própria mente e um raio estourou contra a janela, ao mesmo tempo em que o telhado do local foi arrancado. Eu havia matado um garoto, uma criança da idade do meu irmão. Havia sangue dele em minhas mãos, na minha face.

— Não! — gritei, recuperando a minha voz. Dobrei-me no chão, sentindo o lugar se iluminar e as chamas sob a minha pele cessarem, então eu estava sozinha novamente.

Deitei no chão, o pânico me fazia chorar alto enquanto eu fitava o cadáver ao meu lado e a chuva grossa que despencava do céu. Eu havia matado uma pessoa, um humano. Logo eu, que desprezava com tanto fervor os assassinatos cometidos por Elisabeth, havia acabado de ver minhas mãos enfiarem uma lâmina na jugular de uma criança de quinze anos. E nada podia mudar o quão monstruosa eu me sentia por isso.

Em menos de um minuto, Castiel estava ao meu lado, novamente em sua casca. O cabelo escuro completamente molhado deixava pingos escorrerem por sua expressão de tristeza. Ele me puxou devagar pelos braços para que eu me sentasse, e ao sentir seu toque quente na chuva fria, era como se um choque percorresse meu corpo, fazendo com que eu me afastasse num reflexo, mas o anjo me puxou para si novamente.

— Me desculpe — ele murmurava sem parar, enquanto moldava os braços protetoramente em volta de mim, com o rosto sob o meu ombro. Castiel sabia o que aquilo significava, ele havia derramado sangue com as minhas mãos, e não importava as circunstâncias, aquilo iria corromper a graça dentro de mim, assim como estava corrompendo a mim mesma.

Eu não conseguia parar de chorar, a chuva caía e lavava o brilho escarlate em minhas mãos. Ele me abraçava mais forte, como se pudesse mudar o que havia acontecido. E aquele foi o primeiro ato, o destino estava entrando em cena.

Horas depois, eu estava novamente na oficina. Castiel havia se desmaterializado comigo minutos após a morte de Scott, e todos ficaram pasmos ao nos ver aparecer naquele estado no meio da sala, completamente ensopados e cobertos de sangue. O anjo mantinha a expressão baixa, que pareceu ficar mais triste no momento em que eu corri para os braços de Dean, que não sabia se praguejava ou tentava me acalmar. Logo depois de tomar um banho e colocar roupas limpas, eu voltei para sala, e Castiel já havia deixado Bobby e os Winchester a par de tudo que havia acontecido. Scott tinha me sequestrado, e para nos tirar de lá, o anjo havia possuído meu corpo e matado o garoto.

Mas o fato mais agravante no momento era que eu havia perdido o octeto de rubi, que sumiu no meio de toda aquela bagunça. E como era de se esperar, não demorou nada para que as visões começassem a acontecer. Depois de uma crise na sala, Castiel usou os poderes para me trazer de volta e em seguida me colocou para dormir sob encantamento. Mas ele mal sabia que até mesmo nos sonhos essas coisas eram capazes de me afetar.

Acordei no exato momento em que eu enfiava a lâmina na jugular de Scott, pela centésima vez. Arrastei as mãos pelo rosto, sentindo meu peito apertado. Olhei ao redor e percebi que estava na cama, as luzes apagadas indicavam que ainda era noite e deviam estar todos dormindo. Esperei um pouco, passando os dedos diversas vezes pelo pescoço e constatando que o octeto não estava ali. Coloquei o pé para fora das cobertas e decidi ir até a cozinha tomar um copo de água, pois minha garganta estava seca.

Desci as escadas nas pontas dos pés, e a casa escura parecia mais aterrorizante do que o normal. Fui até a pia e enchi o recipiente, bebendo avidamente até saciar a sede, suspirei aliviada, e então senti meu estômago roncar, e lembrei que não comia há quase um dia. Mas antes que pudesse estender a mão para pegar um prato, eu senti uma respiração as minhas costas.

Virei o corpo rapidamente e dei de cara com um cadáver em estado de decomposição em cima da mesa da cozinha, um homem e duas crianças estavam sentados nas cadeiras, enquanto ele servia generosas fatias de carne putrefata e repleta de vermes, olhando-os comer com satisfação. Moscas voavam ao redor dos pratos e pousavam nas mãos dos pequenos, que não hesitavam em colocá-las na boca também, e o cheiro forte fazia meu estômago tentar botar para fora aquilo que não tinha. O pai cortou mais um pouco, colocando num quarto prato e vindo até mim.

— Espero que esteja com fome, Esther — disse o homem com um sorriso convidativo, enfiando o recipiente debaixo do meu nariz.

— Esther? — falou a voz de Dean, olhei para o lado e então percebi a luz acesa. O loiro estava com a mão sob o acendedor, me fitando com preocupação. Observei a mesa novamente, e não havia nada lá. — Você está bem?

— Na verdade, tinha um corpo cheio de vermes em cima da mesa — sussurrei imóvel, sentindo minha cabeça dar voltas, era como se eu estivesse ficando louca.

— Nada agradável — comentou o Winchester mais velho com uma careta de nojo, se aproximando até ficar a minha frente.

— Eu acho que essas visões estão ficando mais focadas, antes eram coisas distorcidas, mas agora elas parecem estar mais fortes. — observei, passando a mão na testa e limpando um pequeno brilho de suor que havia brotado ali devido ao pavor daquela cena asquerosa.

— Mas você sabe o que é real, não é? — questionou o loiro.

— Sim, agora é real. — suspirei, tranquilizando a minha respiração.

— Ainda bem — disse, colocando as mãos sob os meus ombros com delicadeza e me fitando de um jeito estranho — Nós vamos proteger você, de qualquer coisa.

— Eu sei, Dean. — assenti.

— Qualquer coisa... — repetiu, dessa vez mais baixo, inclinando a cabeça na minha direção, então eu percebi que ele estava tentando me beijar e me esquivei imediatamente.

— O que você está fazendo? — indaguei arregalando os olhos.

— Que foi? Eu não sou o tipo de monstro certo para você? — perguntou com deboche, deixando seus olhos negros. Fiquei estática por um segundo e logo passei por baixo do seu braço, mas o mesmo segurou minha camiseta, puxando-a com força e rasgando a manga. Corri até a sala, enquanto o demônio me seguia dando risadas.

— Fique parado! — tirei o revólver da gaveta da mesa de Bobby e apontei na sua direção — Quem é você e o que você fez com o Dean?

— Eu sou o Dean. — o loiro apontou para o próprio peito.

— Não é! Você é um maldito demônio! — chiei com os dentes trincados, fazendo-o dar risadas divertidas.

— Esther? — ouvi a voz distinta do Winchester mais velho, e então ele apareceu descendo a escada. Havia dois deles. Então obviamente isso era uma alucinação, certo? Só poderia ser. — Por que você tá com uma arma? — apontei o objeto para o que falava, e ele logo levantou os braços — Ok, calma.

— Foi uma alucinação. — murmurei atônita.

— Não é uma alucinação, eu estou bem aqui. — se pronunciou o demônio, aparecendo logo ao meu lado e tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. Eu podia sentir sua respiração contra a minha bochecha.

— Certo, mantenha a calma, abaixa o revólver — pediu Dean com as mãos para cima, enquanto se aproximava de mim.

— Eu não faria isso se fosse você. — sugeriu o outro ao meu lado, passando os dedos pela minha pele.

— Cala a boca! — gritei cerrando os olhos e ordenando a minha mente que voltasse para a realidade.

— Calma! — falou o Winchester a minha frente.

— Não você! Ele! — exclamei apontando para o demônio que sorria e mandava beijos na minha direção.

— Ele quem, Esther? — questionou.

— O outro... Dean... — sussurrei, percebendo o quão insana eu deveria estar parecendo.

— Ok, me escuta. Só há eu e você nessa sala, abaixa a arma. — disse suavemente, vindo até mim e segurando no cano do revólver — Confie em mim. — pediu o Winchester mais velho. Respirei fundo, controlando a respiração. Ele tinha razão, eu tinha que distinguir o que era real e o que não era, e um Dean demônio definitivamente não era real. Deixei meus braços caírem devagar em frente ao corpo, colocando a arma nas mãos dele.

— Certo, eu acho que consegui. — falei ao perceber que a alucinação havia sumido e só estávamos nós dois ali.

— Ou talvez não — ironizou o loiro, puxando os lábios num sorriso sarcástico, então seus olhos ficaram pretos e ele jogou a arma para longe, vindo para cima de mim — Que tal um joguinho? Eu mato, você morre. É bem legal.

Abri os olhos em meio a um grito. Castiel estava sentado ao lado da cama, segurando meus braços contra o colchão e com a expressão preocupada. A luz se acendeu, Dean, Sam e Bobby apareceram correndo pela porta com caretas alarmadas.

— O que houve? — questionou Sam, andando até nós.

— Outra alucinação — respondeu o anjo, sem tirar os olhos de mim e diminuindo a força com que me prendia na cama — O que você viu?

— O Dean era um demônio. — contei horrorizada, regularizando a respiração.

— Isso é meio improvável de acontecer. — tranquilizou o Winchester mais velho com um sorriso sonolento, então eu percebi que os três estavam com roupas velhas de dormir e me senti culpada por tê-los acordado, devia ser tarde da noite.

— Acho que as alucinações estão ficando mais fortes e difíceis de distinguir — observou Castiel, olhando para os irmãos.

— Como eu vou saber que isso não é outra visão? — perguntei me sentando na cama e olhando ao redor, esperando pelo momento em que alguma criatura iria pular em mim.

— Vai ter que confiar na gente. — falou Sam suavemente, esfregando os olhos.

— Isso é exatamente o que uma alucinação diria — devolvi com receio.

— Acho que você deveria tentar dormir, filha, talvez se sinta melhor depois de uma noite de sono — aconselhou Bobby.

— Todos nós deveríamos. — resmungou Dean com um bocejo.

— Podem ir, eu fico aqui com ela. — disse Castiel.

— Tem certeza? — perguntou o Winchester caçula.

— Sim, de qualquer modo só eu posso trazê-la de volta. — falou o anjo.

— Tudo bem para você, Esther? — indagou o loiro, me lançando um olhar interrogativo e eu respondi assentindo brevemente. — Ok, qualquer coisa é só gritar... De novo. — acrescentou, seguindo Sam e Bobby para fora da porta e deixando-a entre aberta. Fiquei em silêncio por um momento, até que Castiel moveu a mão em direção ao acendedor, que deslizou para baixo num clique, apagando a luz.

— Você não vai me colocar para dormir, vai? — questionei recuando até a cabeceira da cama e puxando um travesseiro para o meu colo.

— Não se você não quiser, mas deveria. — falou calmamente, dando uma longa pausa de quase dois minutos. — E eu acho que te devo algumas desculpas, eu não queria ter feito aquilo com o seu corpo.

— Eu entendo, eu acho. — dei de ombros, não querendo entrar naquele assunto, pois sempre que começávamos a falar sobre ele, acabávamos quase nos matando, literalmente. — Scott falou uma coisa.

— O quê? — perguntou fitando seus próprios dedos, que mexiam distraidamente no edredom. Desviei o olhar para a janela, vendo os galhos das árvores do outro lado da rua fazerem pequenas sombras no chão do quarto.

— Que eles me queriam para liderá-los. — revelei, fazendo o anjo me encarar por segundos.

— Demônios mentem. — observou sem tirar os olhos do meu rosto.

— Não parecia mentira. — dei de ombros, notando com certo pânico que as sombras começavam a se mexer em direção a cama, formando uma mão com garras. Pisquei várias vezes, repetindo para mim mesma que aquilo não era real — Você não sabe exatamente o que eles querem comigo, não é?

— Não, mas não deve ser nada bom. — disse, enquanto eu ainda fitava a alucinação que se formava. O anjo observou o foco da minha visão e então colocou o rosto em frente ao meu, passando os dedos mornos pela minha bochecha, fazendo a imagem desaparecer. — Se você ver qualquer coisa que não pareça real, me diga.

— Eu acho que vou enlouquecer. — murmurei e enterrei a cara no travesseiro, passando as mãos pelos cabelos.

— Nós já estamos procurando o octeto, e até lá, eu fico aqui com você. — assegurou Castiel.

— Você não está lutando uma guerra? — perguntei. A última coisa que eu queria era ser um incômodo para ele, mais do que eu já era. Mas acho que eu não tinha muita escolha nessas circunstâncias.

— Isso pode esperar alguns dias, deixei a minha tenente no comando. — explicou, e então mais alguns minutos de silêncio se estabeleceram entre nós.

— Como você conseguiu fazer aquilo? — indaguei com curiosidade — Digo, o feitiço da casca não te prendia a essa sem que pudesse sair?

— Aparentemente a marca tem alguns truques bem úteis — comentou o anjo, fitando o braço onde estava a mesma e voltando os olhos para mim novamente, dando um sorriso torto — Quero te mostrar uma coisa — disse se ajeitando ao meu lado na cama, de modo que nossos ombros se tocassem, e puxando as mangas para cima, deixando a marca à mostra.

— Que tipo de coisa? — indaguei, mordendo a boca. Depois que ele havia mostrado para Meg, a demônio, o que havia aprendido com o cara da pizza, essa proposta me deixava com um pé atrás. Castiel pegou a minha mão delicadamente, encostando as pontas dos dedos nas minhas.

— Quero que você se concentre e sinta a energia que corre dentro do seu corpo, e quando isso acontecer, imagine-a saindo pelos seus dedos. — pediu, recostando o cotovelo em cima do travesseiro e fazendo com que meu braço espelhasse o seu.

— Acho que eu não consigo, mas vamos lá. — falei, olhando fixamente para o ponto em que nossas mãos se tocavam e imaginando o que ele tinha mente. Fiquei vários segundos em silêncio, e quando estava prestes a desistir, senti uma corrente elétrica percorrendo meu corpo quase imperceptivelmente. Conforme eu ia me concentrando nela, a mesma ficava cada vez maior, até o ponto em que eu comecei a moldá-la sob os dedos.

E então a coisa mais incrível aconteceu. Ondas brancas com um tom suave de azul começaram a aparecer como raios de sol. Abri a boca, incrédula quanto aquilo, e olhei para Castiel, que tinha um sorriso travesso no rosto.

— Você conseguiu — elogiou o anjo.

— Isso... Isso... — eu tentava formular as palavras sem sucesso para explicar aquilo — Como isso é possível?

— A marca nos une de várias maneiras, e se estivermos conectados, podemos fazer magia juntos. — explicou Castiel, olhei para o símbolo em seu braço e o mesmo tinha as formas delineadas com o mesmo brilho azulado.

— Como em Harry Potter? — perguntei admirada.

— O quê? — questionou confuso.

— Nada — sacudi a cabeça sorrindo com a ingenuidade dele. — Isso é incrível. — falei, moldando a luz para que tomasse alguma forma. E com algum esforço, consegui fazer quatro bolhas de sabão luminosas, que se desprendiam dos nossos dedos e subiam pelo quarto.

— No começo é cansativo, mas com o tempo... — disse o anjo, e então várias bolhas de sabão começaram a se formar e encher o cômodo, estourando quando chegavam ao teto — Você pega jeito.

Olhei deslumbrada para aquela cena, e eu tinha certeza que nem nos meus melhores sonhos, algo tão bonito já havia acontecido. De repente meu quarto havia se tornado um lugar mágico.

— Alguns dias atrás eu queria te dizer uma coisa, mas você não deixou e me mandou embora... — começou depois de uma pausa.

— Eu suponho que nas circunstâncias atuais, estamos em acordo de paz momentâneo. — o interrompi rapidamente, suspirando em seguida. Eu não queria mais ouvir sobre o que ele tinha que fazer quando chegasse a hora, aquele era um assunto que eu queria evitar o máximo possível.

— E o que eu queria dizer...

— Você realmente não precisa. — cortei-o novamente, balançando a cabeça para os lados.

— É que eu estou com você. — completou o anjo, abaixando o rosto por um instante e levantando os olhos para me encarar diretamente.

— Como é? — perguntei surpresa.

— Uma das coisas que eu aprendi com os humanos é que não há destino a seguir, nós podemos fazer nossos próprios caminhos. E o seu não é justo, nunca foi. — ele franziu a testa numa careta triste, então inclinou a cabeça levemente para o lado — E no momento em que você quiser mudar ele, eu vou estar lá com você. No momento em que você perder a fé em si mesma, eu vou estar lá com você.

— Você está tentando dizer que...

— O que eu quero dizer é que, não importa o que aconteça, eu vou te segurar se você cair. — sussurrou com ternura.

E naquele instante meu coração parecia que não sabia mais como bater direito, senti meus olhos marejarem e me senti a pessoa mais boba do mundo por isso, mas sim, eu era idiota. Idiota por ele. E estar ali, imersa no azul poderoso daquele olhar, e saber que ele estaria comigo, era tudo que eu precisava para continuar. De repente não havia mais medo ou insegurança dentro de mim, apenas uma certeza: Eu o amava. Havia me apaixonado por Castiel de uma maneira tão instantânea que era quase como cair, eu estava em plena queda livre e não me importava com isso.

E ao olhar para nossas mãos, a luz havia tomado outra forma, um coração que se iniciava nos indicadores e terminava nos dedos menores.

— Eu acho que essa coisa tá com defeito — comentei constrangida, na tentativa falha de fazer com que a imagem sumisse dali, e esperando que ele não tivesse percebido o meu momento de descobertas interiores. Mas talvez eu não estivesse conseguindo apagá-la por que a imagem não estava partindo de mim.

— Acho que sim. — concordou com o anjo com um sorriso sem graça.

Não faço ideia de quanto tempo ficamos conversando e brincando de fazer imagens no ar. Castiel me contou muitas histórias, sobre a criação, sobre a luta entre Davi e Golias, sobre a torre de Babel. Ele sabia tantas coisas que eu acho que nem se ficássemos em claro durante um ano, o anjo acabaria de falar metade de tudo que havia visto. E em algum momento da noite, eu devo ter caído no sono, pois já sentia os raios da manhã tentando me acordar.

Percebi que eu estava deitada com a cabeça no peito de Castiel, e sentia seus dedos se enrolarem suavemente pelo meu cabelo. Fiquei de olhos fechados por mais alguns segundos, no intuito de prolongar o momento. Ouvi seus batimentos cardíacos próximos ao meu rosto, o som da sua respiração juntamente com o cantar dos pássaros lá fora me dava vontade de sorrir feito uma estúpida, e se eu permanecesse assim por mais algum tempo, podia facilmente cair no sono de novo.

Abri os olhos e me apoiei nos cotovelos para me levantar, sendo bombardeada por um sorriso meigo logo de cara.

— Bom dia — disse o anjo, ainda deitado e me encarando. Os olhos azuis pareciam mais intensos em contraste com o sol da manhã.

— Bom dia — murmurei sorrindo por vários segundos, então balancei a cabeça para os lados. Esther, pelo amor de Deus, não faz cara de songa monga, tudo bem que ele é tapado, mas desse jeito vai acabar desconfiando. Falei comigo mesma, dando uma risada e levantando para ir até o banheiro.

— Todos já acordaram, e Dean está fazendo tortas — avisou Castiel, sentando na cama.

— Dean na cozinha? — franzi a testa — Vai chover canivete aberto. — joguei as mãos para cima, num gesto irônico.

— Isso é meteorologicamente impossível. — comentou o anjo seriamente, não entendendo o sarcasmo na frase. Fitei-o por alguns instantes e então comecei a rir — Que foi?

— Nada — disse indo até a porta, e ao abri-la dei um pulo para trás — Que droga, Balthazar! — chiei ao ver o mesmo parado com a mão pronta para bater.

— Bom dia, raio de sol — cumprimentou o anjo com um sorriso e então se virou para Castiel — Maninho.

— O que você quer? — questionou sem se mover do lugar onde estava.

— Aparentemente eu sou o único que não é inútil aqui, e vim avisar que achei o octeto da moça e a segunda parte da placa da revelação — falou Balthazar, e nós nos entreolhamos seriamente.

— Onde estão? — perguntou o anjo rapidamente.

— Reunião lá embaixo em cinco minutos, não gosto de ficar explicando as coisas duas vezes — resmungou o loiro com ar de tédio, então arqueou uma sobrancelha — E por que a cama tá bagunçada? O que vocês dois andaram fazendo à noite? — arregalei os olhos e fechei a porta com tudo, ainda ouvindo-o gritar algo como “safadinhos” do lado de fora.

Se Balthazar havia achado a placa e o octeto, era algo ótimo. Podia haver algum feitiço ou algo do gênero que parasse a profecia na outra metade, ao que sabemos não era impossível. Corri até o armário, puxando algumas roupas e atirando em cima da cama, e quando já estava prestes a tirar a camiseta, lembrei que não estava sozinha no quarto. Castiel ainda estava sentado no mesmo lugar, me fitando calmamente.

— Cass, dá para dar uma licencinha rápida? — indaguei gesticulando ao redor, o anjo franziu a testa por um instante e logo compreendeu que eu iria me trocar, fazendo uma careta constrangida e desaparecendo dali.

Coloquei a camiseta de mangas compridas vermelha e a calça skinny preta rapidamente, indo até o espelho e olhando o estado deplorável que eu estava. O cabelo desgrenhado como uma vassoura velha e a cara amassada. Ele realmente havia me visto assim de manhã cedo?

Ajeitei-me como pude e desci as escadas, praguejando a mim mesma internamente. Ao chegar à sala, Dean estava sentado na mesa, Sam estava recostado contra a parede, Castiel permanecia de pé ao lado de Bobby e Balthazar estava com a cara enfiada no armário, tateando os rótulos das garrafas de uísque.

— Certo, estou aqui — me pronunciei, andando até o meio da sala.

— Dormiu bem? — perguntou Dean, com um sorriso safado explícito no rosto. Senti minhas bochechas corarem imediatamente ao ver todos os olhos se virarem para mim.

— Balthazar, desembucha — pedi ao anjo, ignorando a pergunta.

— Vou ser direto — começou o mesmo, retirando uma garrafa e se voltando para nós — Alguns anjos receberam mensagens sobre uma grande movimentação de demônios em Washington, e pelo que eu pude investigar, tem um grande ponto muito bem protegido, onde eu soube de fontes seguras que estão guardando a outra metade da placa da revelação e o octeto de rubi.

— Você viu a placa? — indagou Bobby, cruzando os braços.

— Não. — respondeu o anjo.

— Então como sabe que está lá? — retrucou o velho Singer.

— Não sei, me contaram. — esclareceu calmamente.

— Quem? — perguntou Sam com curiosidade.

— Segredo. — Balthazar apontou um dedo — Mas eu vi o octeto.

— Viu, é? — duvidou Dean com uma careta.

— Com uma demônio loira, pequena, parecia um filhote de chiuaua. — gesticulou o anjo divertido.

— A garota que estava com Scott. — lembrei, olhando para Castiel.

— Depois da possessão eu não me lembro de tê-la visto, faz sentido que tenha fugido. — ponderou o mesmo.

— E minutos antes ela estava com o amuleto. — observei, lembrando o momento em que ela havia pegado o pendante das mãos de Scott.

— Vocês têm certeza? — perguntou o Winchester caçula, e eu assenti com a cabeça.

— É um motivo para irmos até lá. — falou o Winchester mais velho, apontando para os lados.

— Mas aí que entra a graça da situação. — interrompeu Balthazar. — Apenas demônios podem entrar, vão precisar de um lá dentro. — disse, fazendo nós nos entreolharmos.

— Meg. — sentenciaram Sam e Dean em uníssono.


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Notas finais do capítulo

Sobre o capítulo: "Bom dia meu bebê, te amo meu bebê" -qqqqq. Capítulo que mexeu com meus feels, Castiel finalmente deixando a marra de lado e sendo o fofo que ele é, Esther se admitindo toda. Só faltou beijo, né?
E no próximo capítulo, o primeiro clímax da estória (estou suuuuuper ansiosa pra ver o que vocês vão achar). Um beijo!



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