Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 15
O receptáculo de um anjo


Notas iniciais do capítulo

Olá bbs!
Queria mais uma vez agradecer a todas as leitoras que acompanham a fanfic, ultimamente eu tenho lido cada comentário fofo que eu fico até emocionada, sério. Obrigada, princesas.
Nesse capítulo eu ressuscitei um personagem que aparece num único episódio da quarta temporada. Não adianta eu fazer suspense sobre quem é, por que quem já assistiu (e viu a foto de capa) sabe de quem eu estou falando. Então, partindo desse ponto, mil tretas vão rolar.
Espero que gostem.



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Acordei com os raios de sol aquecendo as partes do meu corpo que estavam descobertas, o vento soprava contra as paredes da casa fazendo um assovio ruidoso. Mexi as mãos lentamente, apertando os lençóis da cama. Inspirei fundo o ar da manhã e então me lembrei do sonho que tive.

Me levantei rapidamente tropeçando nas cobertas e sai correndo até a escada, onde vi Sam sentado com um livro velho no sofá e Dean gesticulando alguma coisa com as mãos.
– Eu sonhei com o Castiel! - anunciei nervosa, descendo dois degraus por vez.
– Bom dia luz do dia! - falou o loiro se virando para me fitar, e então fez uma careta. Olhei de relance para o espelho logo atrás dele e eu estava parecendo um espanador de pó com meus cabelos revirados. Uma visão nada bonita de se ver de manhã cedo - E foi um sonho quente? – acrescentou em seguida, com um sorriso malicioso. Balancei a cabeça em desaprovação.
– Cala a boca, Dean. Não é isso! - comecei, andando em volta do sofá - Ele entrou em contato comigo através do meu sonho. Ele está preso no céu, Raphael vai fazer algo muito ruim com ele.
Os irmãos se entreolharam preocupados.
– Droga, isso não é nada bom - constatou Sam, jogando o livro de lado - O que mais ele disse?
– Que vai fazer uma espécie de feitiço, e que eu vou precisar fazer alguma coisa pra ajudá-lo a voltar pra casca - fiz aspas com as mãos.
– Isso definitivamente não é bom - concordou o Winchester mais velho, enquanto Bobby saia da cozinha. – Nós temos que ajudar. Ele disse mais alguma coisa?
– Só que Balthazar vai me dizer quando chegar a hora, de alguma forma ele está metido nisso – esclareci.

Sam imediatamente abriu o notebook e começou a digitar freneticamente, enquanto Dean foi até a estante e começou a revirar vários livros com pressa, fazendo grunhidos de contrariedade e jogando-os de lado conforme o título.
– Mantenham a calma, rapazes – aconselhou Bobby, fazendo-os se virar para encará-lo.
– Castiel está preso no céu com Raphael, isso é quase uma sentença de morte! – destaquei abrindo os braços.
– E o que nós podemos fazer? - contestou ele - Vocês não estão pensando direito. Castiel é um anjo, e é bem mais velho que todo mundo junto aqui nessa sala, ele com certeza tem um plano. Nós vamos ter que confiar que ele sabe o que está fazendo – informou o velho com ar preocupado. Ele estava tão preocupado como nós, porém conseguia manter a cabeça no lugar. De fato Bobby tinha razão, não adiantava ficar arrancando os cabelos. Castiel tinha um plano e se nós fizéssemos alguma coisa desajeitava e desesperada, podíamos inclusive atrapalhar.
– Eu realmente espero que ele saiba o que está fazendo – murmurei para mim mesma.

Respirei fundo, regularizando a minha respiração. Passei as mãos pelo rosto, esfregando os olhos. Agora que o susto havia passado, levando toda a adrenalina do momento, a única coisa que restava era o estado de sonolência que ainda não havia me deixado totalmente.

Os irmãos se arrastaram até a mesa de Bobby e começaram a discutir sobre algo que eu não fazia ideia do que era. Observei o moletom cinza que Sam me emprestou pra dormir, e a única coisa que eu podia fazer agora era trocar de roupa, ir no banheiro e tentar ser útil ajudando os rapazes com alguma coisa. Quando eu estava colocando o pé no primeiro degrau da escada, alguém bateu na porta. Me virei, esperando que Bobby ou os irmãos tivessem ouvido, mas eles estavam focados na discussão.
– Ei, caras - chamei, não obtendo resposta - Eu vou... - gesticulei pra porta, falando com as paredes. Dane-se. Quem quer que fosse do outro lado deu outra batida, dessa vez mais impaciente. Girei a maçaneta e vi uma figura de terno, gravata azul, sobretudo jogado em cima do ombro e uma carranca no rosto. Meu queixo caiu.
– Castiel? - perguntei totalmente surpresa, meu tom subindo algumas oitavas. Pelo que eu sabia ele estava preso no céu e aí aparece na porta todo desajeitado como se tivesse passado a noite num bordel.
Ele estreitou os olhos e bufou.
– Sai da minha frente – resmungou de má vontade, enquanto me empurrava pro lado e marchava pra dentro da casa. Me virei para fitá-lo, ainda de boca aberta. Sam e Dean vieram apressados para ver o que diabos estava acontecendo ali, enquanto o anjo adentrava a cozinha e abria a geladeira como se estivesse na casa da mãe dele.
– Mas que merda... - murmurou o loiro, perdendo as palavras antes de terminar a frase.
– Vocês não têm nada decente pra comer nessa casa? - indagou Castiel irritado.
– Desde quando você come? – questionei, batendo a porta com certa força. Encarei Sam com uma expressão óbvia de "explicações, por favor?" e o mesmo então expirou devagar, se voltando para mim.
– Não é o Cass. É o Jimmy Novak, a casca dele - O Winchester caçula se virou em direção ao pseudo-anjo - Não é mesmo, Jimmy?
– Muito observador - retribuiu o mesmo com uma cara divertida, tirando uma cerveja da geladeira.
– Como isso aconteceu? - perguntou Bobby, tão surpreso quanto nós.
– Eu acordei no meio do mato, sem sinal do Castiel, e então decidi vir pro único lugar que eu posso já que se eu colocar o pé dentro da minha casa, hordas de demônios vão estripar a minha família. Que a propósito eu nunca mais vou ver – respondeu rapidamente com um sarcasmo quase tangível. Eu o fitei dos pés à cabeça, e ele era idêntico ao Castiel. E como não seria, afinal eles tem a mesma aparência já que realmente têm o mesmo corpo. Assim como demônios são uma fumaça preta nojenta, anjos são pura energia controlando carne e ossos.
– Sentimos muito por isso – murmurou Sam, abaixando a cabeça.
– É, que seja – retribuiu Jimmy inexpressivo, dando de ombros.
– Como nos achou? – questionou Dean depois de um minuto, se recostando na porta da cozinha e cruzando os braços.
– Algumas memórias permanecem – explicou ele, jogando o sobretudo em cima da mesa e se apoiando em frente a pia - Meio distorcidas, mas lembrei da placa desse lugar. Ser possuído por um anjo é como estar amarrado a um foguete – acrescentou franzindo a testa.
– Não deve ser nada legal – comentei, imaginando a sensação.
– Certo – interrompeu Bobby - Onde está o Castiel?
– No céu, no inferno, pairando por aí sem uma casca – ironizou ele, dando de ombros novamente - Ele me renunciou pra poder escapar do céu, se é que isso faz sentido.
– Você se lembra do céu? O que fizeram com ele? – perguntei rapidamente, dando alguns passos em sua direção.
– Lembro de algumas coisas – confessou Jimmy apertando os olhos, como se buscasse as memórias - grades, um tal de Raphael falando um monte de merda.
– O que ele disse? – disparamos eu e Sam ao mesmo tempo.
– Algo sobre punição, ou execução – lembrou ele. Lancei um olhar alarmado para o moreno, que também tinha uma expressão preocupada, assim como Dean. Engoli em seco, a palavra “execução” ressoando contra as paredes do meu cérebro como batidas de tambor.
– E quando ele saiu, ele estava bem? – indaguei novamente.
– Quem se importa? – trovejou Jimmy - Que se dane. Eu caí fora, e vou viver a minha vida.
– Temos uma história de amor e ódio melhor do que crepúsculo aqui... – ironizou o Winchester mais velho com um sorriso forçado.
– Agora não, Dean. – repreendeu Sam, gesticulando com a mão.
– Certo cara, eu acho que nós já passamos por isso antes – começou o moreno, andando na direção de Jimmy - Há uns dois anos atrás, lembra? E como eu disse na época, não tem como sair disso.
– Ele ferrou com a minha vida – lembrou ele, trincando os dentes.
– Nós sabemos disso, garoto. E aí está a consequência de uma escolha que você mesmo fez. Pode culpar o anjo, culpar a nós, culpar o mundo, mas quem disse “sim” foi você – argumentou Bobby calmamente. Jimmy o encarou por segundos, transformando a expressão irritada em amarga.
– Eu nunca mais vou ver a minha família. Me diga quando que eu escolhi isso – devolveu o homem, num quase sussurro.
– Sentimos muito por isso – murmurou o Winchester caçula, fitando-o com os olhos baixos.
– Você já disse isso, Sam – ele se virou para o moreno tristemente, apontando o dedo - Duas vezes.
– Você está cansado, exausto e muito confuso – interrompeu Dean, dando alguns passos na direção dele - Por que não descansa um pouco?
– Prefiro encher a cara até cair – respondeu depois de um minuto, com ar de desgosto.

Horas depois
– Tem coisa errada aí – alertei pela décima vez, enquanto caminhava de um lado para o outro. Dean suspirou, enquanto Sam fechava o notebook e se jogava para trás na cadeira.
– Esther, você quer sentar, por favor? Eu estou ficando tonto – pediu o loiro, apertando a ponte do nariz.
– Não consigo – chiei balançando os braços e apontando para a cozinha, onde eu estava fervendo a água para fazer mais café. Quando eu ficava nervosa, eu geralmente tomava café ou comia sem parar, mas já que meu estômago estava totalmente embrulhado eu não conseguia engolir nem uma bala. Então a única solução era beber vários copos de café, o que não fazia muito sentido, já que eu só ficava mais agitada ainda.
– Todos nós estamos preocupados – apresentou Sam, enquanto me empurrava devagar até o sofá. Ele colocou as mãos nos meus ombros calmamente, me fazendo sentar – Mas não adianta surtar, ok?
– Você ouviu ele falar em “execução”? – levantei bruscamente, começando a caminhar pela sala de novo – Por que eu ouvi, e isso não é bom. E se ele não conseguiu sair? E se deu algo errado? Nem sempre as coisas saem como a gente quer. E por que ele não dá algum sinal de vida? Explode uma TV, pisca as luzes, sei lá, qualquer coisa! Ah meu Deus, ele morreu! – eu falava muito rápido, que quase não conseguia me entender.
– O quê? Não entendi nada – comentou Dean com uma careta e então caminhou até mim – Escuta, ninguém morreu, ninguém vai morrer. Vamos racionar, se o Cass estivesse morto, você já teria outro guardião na sua cola. Já que isso não aconteceu, ele está bem.
– Certo, você tem razão – assenti com a cabeça, raciocinando – Mas e se...
– Se você não calar a boca e sentar o traseiro naquele sofá eu vou amarrar você na cama – prometeu o loiro com um sorriso.
– Cara, eu havia esquecido como era dormir – anunciou Jimmy enquanto descia as escadas com a cara amassada.
– Coisas simples são as melhores – disse Sam. O moreno revirou os olhos com uma expressão cansada e se jogou no sofá com um gemido preguiçoso.
– Então, Jimmy – comecei indo em direção ao móvel – como você se sente? – perguntei, fitando-o de cima.
– Agora ela achou alguém pra atormentar – comentou o Winchester mais velho, baixinho. Fiz uma careta pra ele.
– Como se tivesse sido atropelado por um caminhão – murmurou, inclinando a cabeça para trás para me olhar por vários segundos. Então eu notei algo totalmente irrelevante.
– Eu percebi uma coisa – apresentei, contornando o sofá e tirando suas pernas para que pudesse me sentar. Jimmy fez um grunhido de protesto - Que embora Jimmy seja a casca de Castiel, seus olhos não são da mesma cor. O anjo tem os olhos azuis profundos, do tipo que se destaca até no escuro. Por vezes quase um azul marinho. Já Jimmy possui o azul num tom mais claro, como a água rasa de uma lagoa.
– Isso devia ser um elogio ou algo parecido? – retrucou o moreno com uma expressão confusa. Dean e Sam se encararam com uma cara divertida, e foi aí que eu comecei a pensar em como a minha especulação foi um pouco ridícula.
– É o café – falei sem graça, mordendo a boca. E em seguida me levantei de supetão, quase levando Jimmy comigo, o mesmo me lançou um olhar mortal enquanto se ajeitava novamente – E por falar nisso, preciso de mais.
– Fique longe dessa cozinha, Esther Middtown! Eu vou te amarrar, e eu não tô brincando! – ralhou Dean, vindo atrás de mim.
Quando eu estava quase na porta, senti um baque, e então Balthazar se materializou na minha frente com um sorriso divertido e um copo de algo que parecia ser vinho nas mãos.
– Olá, meninos – disse ele.
– Olha, a moça apareceu pro baile – falou o Winchester mais velho, logo atrás de mim.
– E você é o cara feio com quem eu não vou dançar – cortou o anjo, apontando pro loiro – Mas vamos ao que interessa, achei seu irmão.
– Onde Jimmy está? - indaguei atônita.
– Eu? – se meteu o moreno sentado no sofá.
– Não, o outro Jimmy – expliquei, gesticulando com as mãos.
– Isso vai ser confuso – comentou Sam com uma careta.
– Calem a boca, idiotas – disparou Bobby, descendo as escada e se virando para Balthazar - Onde ele está?
– Peoria, Illinois - respondeu o anjo - É uma espécie de convenção nefilim, só os grandões. Segundo minhas fontes é hoje que eles vão dar o sinal verde pra guerra começar, vocês precisam agir depressa.
– Certo, e como vamos fazer isso, inteligência? - perguntou Dean, logo depois de processar a informação.
– Vocês têm a irmã dele, uma conversinha em família talvez ajude.
– E se não ajudar? - duvidou Sam.
– Façam o que sempre fazem - aconselhou o anjo. Franzi a testa, esperando que aquilo não significasse o que eu estava desconfiando.
– O que isso quer dizer? – questionei, recebendo olhares sérios. Esperei um momento, finalmente entendendo a expressão deles – Ninguém vai matar o meu irmão.
– Então é melhor convencê-lo a não começar uma guerra, e o mais importante, a largar do meu pé - alertou Balthazar, apontando um dedo pra mim.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Eu ainda estava digerindo a informação de que Sam e Dean estavam ponderando a possibilidade de matar Jimmy, e isso me causava certo pânico. Mas era só em último caso, certo? Eu estaria lá, eu poderia convencê-lo. E eu não desistiria fácil.
– Castiel disse que eu vou precisar fazer uma coisa, e você vai me dar às instruções - indaguei depois de um momento - Do que se trata?
– Tudo ao seu tempo, querida. – explicou Balthazar, e então ele se dirigiu a Jimmy – E levem o terno de um bilhão de dólares com vocês, vai ser útil.
– Por quê? - perguntou Dean com seriedade.
– Ele é a casca do Cass, faz sentido - ponderou Sam, olhando furtivamente para o irmão.
– Eu não vou a lugar nenhum, ele me renunciou - explicou o moreno, gesticulando para si mesmo com uma expressão confusa.
– E aí vão às boas novas: Ele vai te usar pra ir à formatura de novo - revelou o anjo com ar sarcástico.
Eu não quero– rosnou Jimmy, alterando o tom de voz - Eu já levei tiro, porrada, já explodi em pedaços, já matei pessoas. Chega, eu estou fora.
– Sabe que se não deixar ele vai atrás da sua filha, não é? - lembrou Balthazar, sibilando com os dedos. O moreno então arregalou os olhos, engolindo em seco. Encarei Dean e podia jurar que ele estava se controlando pra não dar umas porradas no anjo.
– Balthazar, precisamos saber de mais detalhes - pediu Sam.
– Apenas vão - falou ele - nos encontramos lá.
– Você vai? - indagou o caçula com uma expressão confusa. Pelo que eu sabia, Balthazar estava evitando Jimmy, não fazia muito sentido ele aparecer por lá. Mas antes que pudesse responder a pergunta, ele simplesmente desapareceu.
– Droga de anjos – sibilou Dean, irritado.

Estávamos em Peoria, em um apartamento no décimo andar vigiando atentamente o condomínio do outro lado da rua. Foram horas de uma viagem quase silenciosa até aqui, nós não conversamos, o único som era o das músicas tocando baixinho no Impala. Assim que Balthazar desapareceu, nós pegamos todo o necessário e viemos pra cá sob a orientação do anjo que ficava aparecendo e desaparecendo a todo instante. Bobby havia ficado em Sioux Falls dando apoio pelo telefone, Dean estava totalmente insatisfeito com a situação e Sam tentava em vão convencer o irmão que o certo era segurar Jimmy. A situação dele não havia qualquer tipo de remediação.

Afastei a cortina vermelha com estampas de flores, fitando o movimento do outro lado da rua. Crianças brincavam despreocupadamente, mulheres conversavam, homens riam e tomavam cerveja.
– Isso está lotado de gente inocente – bufou o Winchester caçula sentado no sofá, com o rosto entre as mãos – Não sabemos quem é nefilim, quem é civil ou quem é anjo caído, se tiver algum lá.
– Mas vamos ter que descobrir, e por via das dúvidas tentar não machucar ninguém – falou Dean. Recostando-se totalmente na cadeira, exausto - Sammy, você lembra quando o nosso trabalho era ajudar as pessoas a voltar para as famílias?
– Dean, não começa. Nós já falamos nisso há dois anos atrás - começou o caçula - Você sabe que não tem volta. Além do mais, não é como se nós não precisássemos do Cass, ele é nosso amigo.
– Mas ele pode encontrar outra pessoa - retrucou o loiro.
– E a outra pessoa estaria na mesma situação. Onde isso é melhor? - argumentou o moreno.
– E nós simplesmente vamos levar ele lá pra dentro? Um civil?
– Castiel pediu pra gente, ou melhor, pra Esther - o caçula sibilou pra mim - seguir à risca o que Balthazar mandasse. Então parece que nós vamos ter que levá-lo conosco.
– Caras, dá pra ouvir vocês lá do banheiro - anunciou Jimmy, entrando pela porta lateral do quarto. Os irmãos se entreolharam constrangidos - Eu sei que a minha vida tá toda ferrada, já me conformei com isso. Ouçam, eu não vou fugir nem nada. Quando o anjo vier, eu estarei aqui - murmurou ele, sentando-se na mesa e desembrulhando um hambúrguer de picanha.
– Nós... - começou Sam, mas foi cortado.
Não diga que sente muito - interrompeu o moreno com rispidez.
– Ele já entrou em contato com você? - indagou o Dean, brincando com as chaves do Impala em cima da mesa.
– Cass? Não - respondeu de boca cheia - Ele devia estar falando comigo. Explodindo TVs, quase me ensurdecendo com aquele chiado idiota, mas até agora nada. É quase como se ele estivesse impossibilitado de se comunicar.
– Mais essa agora... - retrucou o loiro.
– Que tal repassarmos o plano? – sugeriu Sam.
– Certo - concordou o irmão, num tom cansado - Vamos entrar assim que anoitecer, Esther procura Jimmy e nós damos cobertura.
– Partindo do princípio que isso será algo pacífico... – murmurei.
– Qual o problema, Esther? - indagou o Winchester caçula.
– Eu não sei, só estou achando estranho. Um condomínio aberto como esse, é fácil demais.
– Se chama instinto, e o meu está dizendo a mesma coisa – comentou Dean – Por isso estou esperando Bobby ligar, pedi que ele pesquisasse algo pra mim.
– Tipo o quê? - retruquei.
– Não sei se você vai gostar de saber – revelou com um sorriso constrangido.
– Dean...
– Precisamos estar preparados pra tudo, então eu não vou entrar lá sem ter um jeito de matá-los se for preciso, ok? - expôs o Winchester mais velho dando de ombros - Me julgue.
– Estamos falando do meu irmão, Dean - destaquei com certa rispidez.
– E eu estou falando de nos manter vivos. - rebateu ele - Você não vê o garoto desde criança, não pode prever como ele é ou como vai reagir.
– Ele não vai me machucar, nem vocês - falei com calma. Ele realmente não iria, certo? Com todas as minhas forças eu esperava que não.
– Eu realmente espero que ele não faça, mas se fizer, eu vou estar preparado - sentenciou o loiro.
– Quer saber? - falei sentindo a irritação subir pelo meu sangue - Estou precisando dar uma volta.
– E eu preciso de outro hambúrguer - falou Jimmy alheio, ainda de boca cheia.
Tudo bem – concordou Dean com um sorriso sarcástico e carregado de ceticismo.
Tudo bem – imitei seu tom. Peguei as chaves do centro da mesa com um único movimento ríspido e saí batendo a porta. Ouvi o som da mesma se abrir e fechar novamente, seguido de passos as minhas costas.

A verdade era que, no fundo, eu tinha receio de que meu irmão fosse mesmo perigoso. Pra liderar um exército você precisa ser capaz, e pra ser capaz, você precisa fazer coisas. É como uma empresa, você não começa como chefe, precisa subir de nível. E o que você precisa fazer pra se tornar o líder de um exército nefilim? Eu preferia mentir pra mim mesma do que encarar essa dúvida, pelo menos por enquanto. Primeiro eu o encontro, depois dou um jeito no que precisar ser ajeitado.

Jimmy caminhava silenciosamente atrás de mim, com o sobretudo jogado por cima do braço. Ao olhar pra ele, por um momento, eu podia jurar que era Castiel ali, com o jeito mudo de sempre. O anjo era capaz de permanecer em silêncio por vários minutos, horas, talvez dias.

Sai do prédio rumo ao estacionamento, os raios fortes do sol me faziam apertar os olhos. A cidade estava irritantemente cheia de pessoas caminhando para todos os lados, e eu só queria sair daquela zona o mais rápido possível.
– Está quieto – comentei ao fechar a porta do Impala e girar a chave no painel. Jimmy se ajeitou no banco do carona antes de responder.
– Você me pareceu bem nervosa lá. Tenho medo de abrir a boca e levar um chute – brincou curvando os lábios pra cima.
– Qual é – desdenhei – Vamos lá, eu sou adorável – brinquei também, conseguindo tirar um sorriso dele, mas o mesmo se dissipou em seguida.

Manobrei o veículo pra fora do estacionamento do hotel, dirigindo pelas ruas movimentadas do centro da cidade eu devo ter desviado de uns cinco cachorros suicidas que se atravessaram no meio da pista.
– O que foi Jimmy? – perguntei depois de alguns minutos silenciosos.
– Nada – respondeu ele, fitando a frente.
– Nunca é nada – devolvi, com uma careta – Você está mudo desde Sioux Falls – esperei um pouco, mas ele não respondeu. Então uma coisa bem óbvia me veio como resposta - É o lance da possessão.
O moreno soltou um suspiro pesado, daqueles que você dá quando não quer discutir sobre um assunto.
– Quando eu orei pra Deus, eu tinha um propósito – começou ele, depois de um minuto. Paramos num sinal vermelho, então eu virei a cabeça para encará-lo, Jimmy tinha um olhar triste e vago – Eu queria ser útil, queria fazer algo bom, algo pra ajudar as pessoas. Entende?
– Acho que consigo entender – respondi assentindo de leve.
– E então eu fui escolhido. No começo eu tive medo, mas como o fato de ser escolhido por um anjo podia ser algo ruim? - indagou retoricamente - E foi aí que tudo virou um pesadelo.
– Se não fosse por você, talvez Castiel não estivesse por aqui, e ele salvou muitas pessoas. Inclusive eu, um par ou outro de vezes - admiti, tentando fazê-lo ver o lado bom, mesmo que fosse pequeno comparado ao seu sofrimento. Jimmy apertou os olhos e se inclinou para perto de mim, seu tom adquirindo relances de remorso.
– Esther, eu, ou Castiel, que seja - ele deu de ombros - matei mais gente do que salvei. Está certo que eram demônios, anjos, criaturas... Mas eles tinha aparência humana, e eles com certeza sentiam dor e isso me faz sentir tão errado... Tão...
– Menos humano? - arrisquei, fitando-o pelo canto do olho.
– Isso - concordou com um sussurro.
– Mas você não é - discordei veemente. Cometer erros para salvar pessoas inocentes não te faz menos humano, ou alguém ruim. Matar era um ato terrível, mas ficar de braços cruzados sem fazer absolutamente nada era pior. Eu não concordava com esse tipo de coisa, jamais faria isso, mas o ponto é que: Caçar coisas não te fazia menos humano, ou alguém mau. Dean não era menos humano, assim como Sam e Bobby. Mas nem sempre é possível salvar todos, inevitavelmente muitas vidas seriam tiradas, e a única coisa que eles podiam fazer era salvar quantas pudessem. Eu entendia isso, e entendia o quão pesado era esse fardo.
– Eu estava lá, assistindo e lavando as mãos com o sangue deles - revelou Jimmy - Pra mim isso me torna menos humano.

Encarei-o com tristeza, eu não podia imaginar qual era o sentimento que passava por ele agora, mas eu sabia que era difícil de suportar. O sinal abriu e eu acelerei o Impala, dirigindo por mais algumas ruas movimentadas.
– Sabe, tem vezes que eu preferiria estar morto - murmurou ele, depois de vários minutos em silêncio.
– Ouça, isso tudo é uma droga, eu sei. - desviei os olhos da estrada para encará-lo por um segundo - Mas talvez um dia nós consigamos que tudo se ajeite.
– Você está falando de “paz na terra”? - o moreno franziu a testa, mas pude ver um brilho de esperança no seu olhar.
– Não, acho que isso seria meio impossível, mesmo nas melhores possibilidades - sorri sem graça - Mas talvez possamos ter alguma instabilidade. Sem tantos demônios, logo sem tantos anjos. E talvez você possa voltar pra sua família - falei calmamente. Sinceramente eu não acreditada que existia uma fórmula mágica para isso acontecer, mas havia esperança de um mundo melhor. Todos nós, bem lá no fundo, preenchemos nossos corações com esperança de que no final tudo vai dar certo. E era só nisso que nós podíamos nos apegar. Enquanto esse sentimento predominasse, haveria algo pelo qual lutar.
– Você acredita tanto nisso quanto eu acredito no coelhinho da páscoa - resmungou Jimmy, também dando um sorriso sem graça.
– É, você tem razão - concordei - Mas no final isso é tudo que nós temos, crer que tudo vai ficar bem no final.
– Esther? - chamou o moreno depois de alguns segundos.
– Sim?
– Posso te pedir uma coisa?

Dirigi por algumas horas até chegar em Pontiac, Illinois. Estacionei o Impala em frente a uma casa branca com detalhes em marrom. Arbustos com flores lilás e laranja enfeitavam o caminho até a varanda. Pela janela aberta dava pra ver uma mulher loira ajudando uma garota com o dever de casa. Elas conversavam e riam.
– Eu tinha uma esposa linda e gentil, uma filha maravilhosa, uma família. – balbuciou Jimmy, sem tirar os olhos do vidro do carro - Eu queria me sentir importante, mas o ponto é que: Eu era importante pra elas.
– Eu sei que você deve estar cansado de ouvir isso, mas eu sinto muito – murmurei – Qual o nome delas?
– Amelia, mas eu sempre a chamei de Ames desde a faculdade. E Claire, em homenagem a minha mãe - revelou ele com um sorriso - Eu queria poder abraçá-las.
– Jimmy, se você quiser entrar lá, eu não vou te impedir – falei fazendo-o se virar para mim, lágrimas escorriam pelo seu rosto. Eu senti meu coração se apertar – Mas você sabe que só vai magoá-las, por que você vai ter que ir embora.
– Eu só queria...
– Dizer que as ama? Que sente muito? - completei com tristeza - Elas sabem disso, com certeza.
– Quando eu acordei ontem, eu cheguei a pensar que finalmente havia escapado. Que eu voltaria pra casa, continuaria vendendo meus comerciais de rádio, veria minha filha crescer, envelheceria com a minha esposa e ficaria sentado na cadeira de balanço vendo meus netos correrem pela casa. Só que isso está fora de questão – o moreno olhou para baixo, fungando e dando um sorriso fraco - Ninguém realmente escapa disso, não é?
– Eu queria muito poder dizer que você está errado, mas eu não posso – sussurrei num fio de voz, sentindo que as lágrimas enfim haviam dado um jeito de escaparem pelos meus olhos. Que vida o esperava? Viver por séculos aprisionado, nunca envelhecer, ver todos a sua volta morrerem. Não é algo que alguém possa desejar, é triste.
– Você está sofrendo por um estranho? – Jimmy indagou um pouco surpreso, me pegando desprevenida com a pergunta. Eu não sabia dizer exatamente o por que o fato de vê-lo assim mexia tanto comigo. Eu imaginava sua dor, e sabia o quanto aquele homem estava se sacrificando por um motivo maior, mas havia algo a mais. Algo que me fazia querer sumir quando eu fitava aqueles olhos azuis afogados em lágrimas - Por quê?

Desviei o olhar, encarando a minha frente. Não pude deixar de dar um sorriso sem graça quando uma teoria me veio a mente.
– Estranho ou não, bem, você e o Castiel meio que são iguais – expirei pela boca, enquanto falava - Fisicamente falando. E ver você chorar...
– É como se fosse ele – completou Jimmy.
– É mais ou menos isso – confirmei, assentindo com a cabeça.
– Como ele vai fazer? - desconversou o moreno - É estranho que ainda não tenha entrado em contato comigo.
– É algum tipo de feitiço, eu não sei direito, mas tenho parte nisso - revelei, limpando as lágrimas no meu rosto.
– Você não tem medo?
– Tenho – admiti sinceramente - Mas eu tenho mais ainda de perder as pessoas importantes pra mim, e com tudo que vem acontecendo, eu aprendi que você tem que fazer cada segundo valer, entende? Como se fosse o último. E se eu morrer tentando salvar quem eu amo, não importa - balancei a cabeça, sentindo que aquelas palavras ficavam mais verdadeiras conforme eu ia falando - Cada um tem um lema pra sua própria vida, e eu acho que o meu é “Eu só quero fazer valer a pena”.
– Ele te admira por isso, sabe. Castiel. – murmurou Jimmy depois de um momento, dando um sorriso fraco.
– Como você pode saber? - questionei.
– O cara ficou dentro de mim todo esse tempo e você acha que eu não o conheço? - rebateu o moreno divertido.
– Isso soou um pouco assustador saindo da sua boca - arregalei os olhos, dando uma risada anasalada.
– Droga, eu sei. Soou bem gay – ele riu também.
– Vai anoitecer logo - murmurei, fitando o sol que estava quase se pondo.
– Hora de ir - acrescentou Jimmy, dando uma última olhada para a casa. Uma última despedida, quem sabe se ele voltaria a vê-las algum dia? Girei a chave no painel do Impala, fazendo o motor roncar. Por um breve instante, antes do carro se movimentar, Amelia olhou pela janela diretamente para o carro. Não acho que ela tenha nos visto, mas algo em seus olhos me fez ter a certeza de que ela sabia que seu marido estava por perto. De alguma forma seu coração sabia.

Chegamos em Peoria em mais ou menos uma hora. Estacionei o Impala, e corri em direção à rua de trás do condomínio, Jimmy vinha logo atrás de mim enquanto vestia o sobretudo. Dean estava chiando ao telefone no momento em que o vi na calçada com uma bolsa no ombro direito, acompanhado de Sam.
– Onde se enfiaram? – indagou revoltado, desligando o aparelho e guardando no bolso.
– Resolver assuntos inacabados – revelei, dando de ombros. – Conseguiu o que queria?
– Matar um nefilim não é tão difícil quanto parece. Precisa acertar os pontos vitais, mas a forma mais garantida é decapitando - explicou o Winchester mais velho, recebendo um olhar de reprovação do caçula. Engoli em seco ao imaginar a cena de Dean cortando a cabeça do meu irmão, afastei o pensamento rapidamente.
– Está na hora de entrarmos - alertou Sam com um suspiro receoso - Preparados?
Não– respondeu Jimmy logo atrás de mim.
– Definitivamente não– concordei, temendo o que eu pudesse encontrar. Mas agora era a hora da verdade, por mais que eu não estivesse preparada, entraria assim mesmo.
– Eu e Sam cobrimos você - repassou o loiro - e Jimmy fique perto de nós enquanto a Esther procura o Jimmy.
– Isso ficou estranho – constatou o Winchester caçula. Trocamos olhares confusos.
– Vocês entenderam - Dean deu de ombros.
– Eu não sei, mas isso está fácil demais - falei mordendo a boca com receio - Não seria melhor você e Jimmy entrarem pelos fundos enquanto eu e Sam entramos pela frente? - propus.
– Seria mais fácil para distraí-los, e assim você poderia passar - constatou o moreno.
– Certo, faremos isso então - concordou o loiro.
– Ok. Vamos entrar - sentenciei, respirando fundo antes de dar o primeiro passo em direção ao condomínio.

Sam e eu contornamos o lugar, passando pelo portão lotado de crianças e seguimos direto para a recepção. Por dentro o lugar era simples, mas altamente organizado. As paredes eram azuis com detalhes em branco e muitos quadros pendurados. Um lustre de cristais pendia no teto, logo acima de um carpete bordô que se estendia por todo o corredor do primeiro andar. A escada ficava logo ao lado da porta principal, a mesma era marrom com detalhes em dourado.

Logo que chegamos em frente a recepção, um garoto jovem e ligeiramente alto estava anotando algo em uma caderneta vermelha.
– Boa noite. Gostaríamos de dois quartos – pedi educadamente. O garoto deu um sorriso, passando o olhar por cada um de nós demoradamente.
– Não temos dois quartos disponíveis pra hoje, mas talvez eu possa lhes arrumar um - sugeriu ele. Olhei para Sam que assentiu com a cabeça. Ouvi um ruído de panelas caindo no chão que vinha de uma porta que dava direto para os fundos do condomínio, provavelmente a cozinha. O barulho logo se seguiu de som de gritos, tiros e baques. O garoto olhou desconfiado para a origem do tumulto, enquanto Sam e eu nos encarávamos alarmados.
– Um minutinho – pediu ele, se dirigindo em direção a porta. Antes que pudesse dar mais de três passos, a mesma se abriu e Dean voou na direção do garoto.
– Dean! - gritou Sam, correndo até ao irmão. E lá se vai o plano todo por água abaixo. Jimmy veio em direção aos Winchester, mas um homem grande e gordo o segurou por trás, jogando-o contra o chão. E foi nessa hora que vários outros homens saíram de tudo quanto foi parte daquele lugar, e quando dei por conta, Sam e Dean estavam trocando socos com eles. Corri em direção a escada, sendo interceptada por outro grandalhão.
– Vai! – gritou o Winchester caçula, se jogando em cima do cara que estava na minha frente, até os dois começarem a se engalfinhar no carpete.

Subi as escadas apressadamente, ouvindo passos atrás de mim. O corredor elegante e bem iluminado, tinha várias portas, e no final delas uma de aço. Provavelmente o elevador. Olhei para trás e vi um homem loiro vindo na minha direção com um taco de beisebol nas mãos. E a diversão nunca acaba, pensei sarcástica comigo mesma. Corri até o final do corredor, entrando no ascensor e apertando o botão de fechar freneticamente.
– Vamos, droga – chiei com o painel, e a porta fechou milésimos antes de o homem se jogar contra ela. Ouvi-o acertar uns golpes antes de o elevador enfim subir.

Fui para o último andar, apostando todas as minhas fichas que Jimmy estaria lá. Tentei todos os quartos que estavam devidamente trancados, e então me restava um último. Girei a maçaneta e abri-a. Diferente do que eu pensava, era um quarto normal. Uma cama bem arrumada, um abajur, carpete verde, escrivaninha rústica.

Mas o que prendeu minha atenção foi a figura parada ao lado da janela aberta. Ele vestia um blazer preto e tinha as mãos nos bolsos. Me fitava inexpressivo, os olhos apertados.
Jimmy? – indaguei com um misto de alivio e surpresa, sentindo minha voz sair incrivelmente baixa.
– Me desculpe – balbuciou ele. Eu já ia formular mais uma pergunta quando uma sequência de passos captou minha audição.

E então algo me acertou forte do lado direito da cabeça, me fazendo cair no carpete verde. A última coisa que lembro foi de ver meu irmão caminhar rapidamente até mim, enquanto uma garota de cabelos loiros se inclinava em minha direção.


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Notas finais do capítulo

Mds, será que o Jimmy é mesmo do mal? O que será que ele vai fazer com a Esther? E quem é essa loira misteriosa? Será que o Dean vai conseguir salvar ela? E onde diabos o Cass se enfiou? O que aconteceu com ele?
Próximo capítulo entre três ou cinco dias!
Beijinhos, gatas! ♥



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