Peeta:

– Eu acho que primeiramente eu sinto falta de minha família sendo uma família. Meu pai... Mas só de pensar naquele sorriso de Prim me esperando em casa já me alegro um pouco - Vi que algumas lágrimas saiam pelo rosto dela enquanto ela falava. Eu limpei as lágrimas com meu dedo e a abracei acariciando seu cabelo. Ela não hesitou nem um pouco. Estranho no mínimo.

Depois de um tempo ela se afasta um pouco e me encara nos olhos. Eu não conseguia decifrar seu olhar, mas ele brilhava, e apesar de não abraçados mais, estávamos muito perto devido ao alcance da cerca.

Eu sinto e mão dela na borda da cerca, próxima a minha. A olho nos olhos e toco levemente seu rosto.

– Vai ficar tudo bem - Eu sorrio e ela retribui o sorriso, dessa vez eu acho que foi honesto e não falsos como os da arena. Peeta, não pensa nisso agora. Repito para mim mesmo. Mas seu sorriso logo me fez esquecer tudo o que estava na minha mente - Você já percebeu que a gente não se conhece direito?

– Como assim?

– As únicas coisas que eu sei sobre você é que você é teimosa, e é boa no arco e flecha. Desse jeito, nem amigos nos podemos ser direito.

Ela pareceu pensativa por um tempo mas depois falou - Que coisas você quer saber sobre mim? - Perguntou.

– Não sei... qual é sua cor favorita?

Ela riu um pouco - Sério? A gente lutou até a morte em uma arena e minha cor favorita é o que você pergunta? - Ela falou em um tom de risada que devo admitir que era difícil de conseguir.

– Sim, sério! Qual é sua cor favorita? - Ela para um pouco, olha a paisagem e depois olha para mim.

– Verde. E a sua? - Eu sorrio involuntariamente.

– Laranja. Mas não tipo laranja peruca da Effie, um laranja mais natural tipo laranja por do sol.

– Uma pergunta pra você! Você gostava mais de que matéria da escola?

– Nunca parei pra pensar nisso... mas eu acho que história de Panem. Eu sempre gostei de saber que antes de tudo ser assim, um dia as pessoas eram livres e felizes. E a sua?

– Acho que literatura. Eu gostava dos poemas e das músicas, era relaxante.

Fomos interrompidos por Effie que me precisava falar alguma coisa. Por quê? Por quê? Por quê você tinha que interromper o único momento na minha vida que consegui ter uma conversa amigável e verdadeira com ela. A Katniss sai e eu tento não ficar bravo com a Effie.

Katniss:

Eu tinha que me afastar de Peeta. Ele era tão legal e extrovertido, ficamos abraçados observando a paisagem, ele pode estar pensando que tenho sentimentos por ele se fico perto dele e não quero que ele se iluda e fique triste. Realmente me importo o suficiente para não querer que ele se machuque. Vou para o meu quarto e vejo uma carta da minha mãe. Fico surpresa que ela se importa e abri, lendo.

“Katniss! Eu e Prim estamos tão orgulhosas de você! Dês de que você ganhou os jogos as coisas não podiam estar melhores no doze. A distribuição de comida está bem mais frequente graças a vitória de vocês. Também foram criadas novas instituições de ajuda ao povo. Eles até estão fazendo um hospital. Não um dos grandes da capital, mas um humilde. E eles me ofereceram um cargo importante lá para quando ele acabar de ser construído. Eles também nos ofereceram a casa na Victors Village. Eu estou esperando você voltar para casa para decidirmos o que vamos fazer. Não nos mudamos ainda estamos te esperando. Eu, Prim e Buttercup. Chegue logo”

Eu leio a carta, depois releio e vejo que ela em nenhum ponto menciona Gale e como ele está. Eu sei porquê. Porque ele provavelmente está me odiando por eu estar nesse teatro com o Peeta. Ótimo. Perdi outro amigo. Por outro lado, era bom que as coisas estavam se acertando no 12. Afinal, minha vitória nos jogos vorazes tinha que ser boa para alguém pelo menos. Eu me troco, deito na cama mesmo sem jantar e tento durmir com todas as minhas forças.

Peeta:

Depois da minha conversa com Effie, fiquei ainda mais bravo ao saber que o assunto era algo banal. Eu sei que ela não havia feito nada de mais, mas acho que só de eu ter me acertado com a Katniss, tudo que acabasse com a aquele momento seria o fim do mundo. Eu vou jantar e Haymitch está comendo. Pego minha comida e como em silêncio enquanto ele bebe e come como um animal. Nunca vou entender ao certo ele. Que dor ele estava compensando com aquelas bebidas todas? Um amor perdido? Uma morte? Com certeza algo que foi culpa dele. Um arrependimento. Acho que nunca vou saber ao certo. Me contento com meus pensamentos, acabo de comer e vou para o quarto mesmo sem nenhuma palavra ser dita. Nenhuma palavra precisava ser dita de qualquer jeito, ele estava deploravelmente bêbado como sempre, provavelmente nem lembraria. Bato a porta do meu quarto e tento dormir com toda a força, pesadelos vem e vão como sempre depois da arena, quando escuto Katniss gritando em seu quarto que era do lado do meu. Levanto, abro a porta e vou correndo para o quarto dela preocupado. Não posso nem pensar no que faria se alguma coisa de ruim acontecesse com ela. Eu a amo tanto. Eu abro a porta e ela me olha já parando de gritar, ela estava levemente suada e seu cabelo bagunçado. Continuava linda, pensei. Ela me encarava e eu provavelmente parecia muito preocupado. Ela abriu a boca suavemente.

– Desculpa te acordar.. - Ela fala quase sussurrando - Eu só tive um pesadelo e não era nada bom.

– Eu também tenho pesadelos Katniss. Tudo bem. Você quer conversar sobre ele? Dizem que melhora.

– Ok - Ela diz ainda sussurrando. Eu sento no pé da cama não encostando nela e ela começa - Eu estava em uma sala escura, Snow estava torturando Prim porque eu falhei e desafiei a capital com as amoras envenenadas. Tudo parecia estar perdido e estava, quando ele a mata, na minha frente... e eu...

– Katniss... calma... isso não foi real, Prim está bem e você também - Eu falo e ela esboça um sorriso. Eu sorrio de volta - Já que está tudo bem vou indo - Eu vou caminhando pela porta quando ela me chama.

– Espera, Peeta! Será que você não poderia... ficar comigo? - Ela pergunta com a voz um pouco rouca.

– Claro - Era tudo o que eu queria. Eu deitei na cama com ela, ela com a cabeça em meu peito e eu acariciando seus cabelos - Sempre.