– Boa atuação, quase achei que aquele beijo foi real – Ele diz e eu sinto uma pontada de dor no estomago.

Ele se vira, já correndo para sua casa, mas eu o alcanço, um pouco antes de ele entrar pela porta. O seguro pelo braço e ele vira pra mim. Posso ver seus olhos vermelhos.

– É porque foi, Peeta. É porque foi real – Digo honestamente o encarando nos olhos. Aqueles grandes olhos azuis lindos.

Eu me aproximo dele e o beijo novamente. Ele retribui o beijo. Eu fecho meus olhos e tento congelar aquele momento para sempre. Ele bota a mão na minha cintura para me puxar mais pra perto. Nossos corpos estão colados e eu sinto aquela sensação estranha de novo. Eu o amo.

– O que você está dizendo? – Ele diz afastando nossas bocas por um momento.

– Eu estou dizendo que foi real, e que eu te quero comigo pra sempre – Digo com os dedos em sua nuca. Eu o puxo mais pra perto e colo nossos lábios novamente, mas dessa vez com mais voracidade. Logo nossas línguas se encontram e fazem uma mistura perfeita.

Quando eu percebo que eu estou morrendo de frio devido a neve e que estamos nos beijando do lado de fora e que provavelmente Haymitch e Effe estão nos encarando agora. Eu separo nossos lábios e olho pra traz. Vejo os dois a alguns metros de distancia com os olhos arregalados. Não sei o que fazer. Não sei o que dizer. Eu acho que eles percebem meu desconforto e se viram, caminhando para a casa de Haymitch. É naquele momento que eu lembro que eles estão juntos. Lembro do dia em que soube pela primeira vez. Não faz tanto tempo.

– Vem, vamos entrar – Ele diz e eu aceno com a cabeça como quem diz que “sim”.

Entramos abraçados e Peeta fecha a porta. Eu olho pros olhos dele e sorrio. Eu estou tão cansada. Faz tanto tempo que não tenho uma noite de sono sem pesadelos e agora ele está aqui, comigo e eu quero dormir em seus braços novamente.

– Podemos dormir? – Pergunto e observo a expressão confusa em seu rosto.

– Dormir? São quatro horas da tarde – Ele solta uma risadinha e eu também.

– Eu sei. Eu só sinto tanta falta disso – Digo e vejo um sorriso se formar em seu rosto.

– Está bem, vamos – Ele diz pegando minha mão e subindo as escadas comigo.

Eu tiro meus sapatos e ele também e nós deitamos na cama. Eu não estava suja, tinha acabado de tomar banho e Peeta nunca está sujo. Ele me puxa para junto dele e eu posiciono a cabeça em seu peito. Ele apaga o abajur com a mão deixando o quarto escuro. Isso é tão bom que parece até que não é verdade. Me aconchego em meus pensamentos e fecho os olhos.

– Boa noite Peeta.

– Boa noite Katniss.

Peeta:

Eu não durmo, porque né? São quatro horas da tarde. Fico observando ela, dormindo em paz. Ela era finalmente minha. Essa ultima semana, foi provavelmente e pior semana da minha vida, eu passei ela quase inteira no quarto, não sabendo o porque da Katniss estar me bloqueando, chorando e entrando em depressão. Hoje, eu não aguentei mais. Eu tive que ir falar com ela. Eu realmente estava muito chateado com ela e ainda tenho algumas perguntas pra fazer, mas de jeito nenhum eu estrago esse momento. Por nada nesse mundo. Eu olhava pra Katniss, seu rosto, sua boca que estava formando um sorriso leve mesmo dormindo. Se eu de cinco meses atrás me encontrasse hoje, teria um puta orgulho de mim. Eu venci os Jogos Vorazes, eu estou com a Katniss Everdeen. A garota que eu sou apaixonado desde sempre. Eu acaricio seus cabelos enquanto ela dorme.

Katniss:

Eu sonho com Peeta. Sim, sonho. É um sonho feliz onde estamos felizes, jantando com Prim, rindo, se beijando. Por mais feliz que seja esse sonho, o que me assusta é o efeito dele em mim. Eu estou feliz. Eu estou com ele. Se eu conheço o Snow ele nunca vai deixar isso acontecer. Ele vai matar ele, ou matar Prim e minha mãe, ou os dois. Eu não posso fazer isso com Peeta. Não é justo. Eu acordei faz um tempo, mas ainda tenho meus olhos fechados pois quero permanecer com ele aqui... pra sempre. Eu sei que é uma ilusão, mas é uma ilusão tão boa. Eu abro os olhos e olho para ele. Eu sinto lágrimas escorrerem do meu rosto. Peeta me encara preocupado.

– Pesadelo? – Ele pergunta suavemente enquanto limpa as lágrimas do meu rosto.

– Não. Realidade – Falo baixinho, mas eu tenho certeza que ele escuta pois ele faz uma expressão confusa.

– Realidade?

– Eu não posso fazer isso com você, Peeta – Falo entre soluços – Snow vai te machucar, não é justo, eu tenho que ficar longe de você.

Ele olha pra mim e eu não entendo sua expressão. Eu estava sentada na cama e ele deitado me encarando.

– Deixa ele me matar – Ele diz, agora olhando pra baixo – Eu prefiro morrer do que não ficar com você. Talvez Snow esteja blefando, Katniss. Não importa. Eu não vou ficar longe de você por mais que você tente me afastar.

Eu não sabia o que responder. O pensamento de ele ter morrido por minha culpa é algo que eu não podia viver com, mesmo se o Snow só estiver me chantageando – Eu tentei me afastar de você... essa semana... eu fiz o possível e o impossível pra tentar ficar sem você. Talvez se o Snow pensasse que eu te odeio ele não teria o porque te matar.

Eu encosto minha cara no travesseiro e choro o máximo que consigo para botar tudo pra fora.

– Ei... vem cá... você não precisa se preocupar com isso, Katniss. Pelo menos não agora. Vamos aproveitar o agora, ok?

Eu levanto a cabeça do travesseiro e o encaro – Ok – Digo e ele sorri me puxando para seu peito. Nós deitamos e eu sinto seu cheiro. Ele tem cheiro de canela e maça. Mais importante que isso, ele tem cheiro de segurança