Katniss:

– Não... eu nunca tive nada com ela. Satisfeita?

– Sim – Respondo e vejo um sorriso se formar em minha boca sem querer. Tomara que ele não tenha percebido. Logo o desfaço.

– Então, senhora “eu não estou com ciúmes”, porque aquela cara de raiva quando Delly me abraçou?

Merda. Eu me esforcei pra fazer um sorriso. Não tem nada que eu possa falar pra ele. Eu fico olhando pra ele todo contente de que eu estou com ciúmes. Paro pra pensar. O que eu sinto por ele? Agora mais do que nunca, eu sei que não é nada. Eu sinto algo forte por ele mas ainda estou confusa.

Peeta:

Antes de dar tempo pra ela responder, o timer do pão de queijo toca. Eu pego um pano e cubro minha mão, pego a forma e coloco os pães de queijo em uma travessa. A coloco na mesa e nós começamos a comer.

– Eu acho que você ainda não respondeu minha pergunta, Katniss – Falo em um tom sarcástico.

– Não estava com raiva – Ela diz da forma mais natural que eu acho que ela consegue, ou seja, continua bem tensa.

– Sei – Digo rindo.

– Não estava com raiva! – Agora ela fala em um tom mais elevado.

– Ok... Ok... tudo bem ficar com ciúmes Katniss. Eu sei eu sou tentador – Falo brincando.

Agora quem ri é ela. E muito. Nós acabamos de comer em um silêncio um tanto constrangedor.

– Peeta, eu vou pra minha casa. Minha mãe já deve estar preocupada.

– Ok – Digo e sorrio – Até.

E ela faz uma coisa que eu não esperava de jeito nenhum. Ela me abraça. Forte. Mais do que o esperado pra essa ocasião. Eu abraço de volta é claro. Ela se afasta e bate a porta.

Ela está agindo estranho. Ela estava com ciúmes meu e da Delly, e ela acabou de me dar um abraço de adeus? Isso é tão não Katniss.

Eu sempre soube que não seria fácil ter algo com ela. Desde que eu era pequeno. Ela sempre foi muito fechada. Mas de umas semanas prá cá ela está agindo estranho.

Katniss:

Ok. Não era porque a minha mãe estava preocupada que eu sai da casa de Peeta. Eu estava preocupada que se eu ficasse lá mais um pouco eu possa tentar algo com ele. E eu me conheço. Eu não posso magoar ele, não de novo. Fora que se eu ficar longe dele por tempo suficiente, Snow vai achar que ele não é tão próximo de mim e que ele não precisa ser morto. Porque essa é a ultima coisa que eu quero. Que ele morra.

Eu abro a porta da minha casa e vejo minha mãe e minha irmã jantando na mesa.

– Oi Katniss! Onde você tava? – Fala Prim correndo em minha direção para me abraçar.

– Eu estava na casa de Peeta – Resolvo não mentir. Afinal, não tem nenhum problema eu estar na casa dele. Abraço ela e depois ela se afasta para voltar a comer.

– Entendi – Ela fala.

Eu sorrio e subo para meu quarto para pensar. Subo as escadas, tiro minhas botas e minha roupa e vou tomar banho. Penso em Gale. Será que eu o magoei? Será que isso foi só? O fim de nossa amizade? Só sei que com certeza não vai voltar a ser como antes.

Eu volto a pensar na minha conversa com o Snow. Se eu me afastar de Gale, eu estarei protegendo ele. Se eu me afastar de Peeta, eu também estarei protegendo ele. Só que eu acho que me afastar de Peeta vai ser impossível. Eu preciso dele. Eu preciso de seu peito para dormir sem pesadelos. Eu queria ter ele ao meu lado sempre, mas eu sei que não posso. Eu poderia até falar com a Prim sobre os meus problemas mas eu não acho que é certo mergulhar ela em uma preocupação por problemas que não são dela. Eu saio do banho e me enxugo. Não me dou o trabalho de me trocar e vou direto pra cama. Eu acabo chorando até cair no sono.

***

Eu acordo suada no meio da noite. Tive um pesadelo onde o Snow torturava Peeta. Acordo toda suada e em pânico, mas sem gritar. Quando percebo que é só um sonho, percebo o quanto é difícil dormir sem Peeta. Ele me aquece em seus braços até eu cair no sono. É perfeito.

Vejo que não vou mais dormir depois daquilo e resolvo só colocar uma roupa e ir para a cozinha fazer alguma coisa pra comer. Não estou com fome. Estou entediada. Desço as escadas devagar para não acordar ninguém. Pego uns pães que estão em cima da mesa e começo a fatia-los. Passo manteiga e geleia neles e como-os.

***

Faz uma semana que não falo com Peeta. Tudo o que eu consegui fazer essa semana foi pensar nele. Como eu queria que ele estivesse do meu lado, e como eu não podia, porque Snow poderia feri-lo. Eu tentei ignorar ao máximo meus sentimentos, mas sinto que não consigo mais ir dormir todas as noites sem ter ele ao meu lado. Nunca pensei que admitiria isso para mim mesma, mas eu o amo. E preciso dele.

É de tarde, minha mãe e minha irmã foram pro hospital e eu estou sozinha em casa. De novo. Estou olhando pro teto quando ouço a campainha tocar. Levanto esperançosa pois quero fazer um contato humano pra variar um pouco. Abro a porta e vejo Peeta com uma cara de bravo.

– Katniss, eu preciso falar com você – Ele fala já entrando e ficando de pé na sala – Eu preciso saber, Katniss. Em algum lugar, tem alguma chance de você gostar de mim? Eu preciso saber Katniss. Faz uma semana que você vem me bloqueando e eu não aguento mais ficar assim. Você um dia ao menos se importou comigo?

Eu o encaro e ele parece desesperado. Eu fico em transe. Não consigo me mover, não consigo falar, só consigo olhar para seu rosto vermelho e seus olhos com algumas lágrimas, que não caem.

– Entendo – Ele diz batendo a porta e me deixando lá paralisada. Agora eu o perdi pra sempre. Eu caio no chão e choro desesperadamente.