Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 7
Estricnina


Notas iniciais do capítulo

Olá! Meu Deeeus, achei que nunca mais conseguiria postar (;0;) O porquê? Resumidamente, meu notebook pifou 3 vezes( uma delas com a versão editada deste capítulo ), e ainda tá pra arrumar. Estou na casa de uma amiga de bom coração. UwU
Então, por favor, não pensem que abandonei a fic, tenho um carinho muito grande por vocês. ;3
Justificativas à parte, está na hora de descobrir quem eliminou Violette. Boa leitura!



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Violette, a garota que eu conhecera há pouco tempo, estava morta. E Kim? Como ela reagiria caso soubesse disso? Além do que, mediante suas ações, parecia importar-se muito com a colega.

Sentei-me na borda da cama. Desci a rolagem do aparelho para checar outros dados:

Horário do homicídio (média): entre 20h15min e 20h30min; Arma: Estricnina.

A imagem de seu estado final trazia-me um misto de agonia e terror. Sua face outrora rubra e sã, agora era roxa; de modo que aparentava ter asfixiado até a morte. Os olhos foscos, os lábios murchos.

No término da lista, não se mostrava a letra “K”, constatando de que Violette não era um killer; Fora assassinada por engano.

— “Estricnina”, o que é isso mesmo? –virei os olhos de soslaio.

Quando morava com Sra. Murple, lembro-me que, de tempos em tempos, sua casa tornava-se moradia para ratos. O dedetizador sempre trazia uma maleta com alguns venenos, e entre eles, a estricnina.

— Mas... Como alguém teria uma substância dessas aqui no colégio?

Não demorei muito para imaginar uma justificativa:

— Ele poderia utilizar os métodos de “entrega pelos fundos”. Ninguém descobriria, a não ser que tenham visto e deduzido pelo tamanho da embalagem. Não... Pouco provável. Bem,criar hipóteses talvez não seja meu forte.

Suspirei, repousando a cabeça sobre o travesseiro, que, embora sua maciez, não fora o suficiente para que eu adormecesse. Sentia-me frustrada, não conseguia acreditar em como as coisas aconteciam de forma tão súbita, repentina. Não queria mais importunos às pessoas quem fizera amizade.

No dia seguinte, aprontei-me para as primeiras aulas no andar térreo. Aula de anatomia.

Os professores ainda não estavam em sala. Reflexo disso: gritarias e papéis voando de um lado para o outro.

Sentei-me em minha carteira e deixei a tiracolo no chão. Armin, sentado à minha frente, inclinou-se para trás e sussurrou por cima de seu ombro:

— Quem você acha que foi?

— Que foi o que? –murmurei em dúvida. Eu teria entendido sua pergunta caso não estivesse tão sonolenta.

— Que eliminou Violette, ora.

Mesmo tentando conceder várias hipóteses antes de adormecer, todas eram demasiadamente vagas.

— Não faço a mínima ideia. –respondi. – E você?

— Tenho minhas dúvidas. –dito isso, voltou-se para frente.

Assim que uma professora adentrou a sala, o escarcéu e a guerrilha de papel cessaram- coisa que não ocorreria caso fosse aula de Faraize. A professora era, na verdade, a enfermeira doutro dia. Organizou seus materiais sobre a mesa e sentou-se em seu banco almofadado.

— Bom dia, classe. Sei que temos uma aluna nova. –fitou-me. - Chamo-me Tillie. –apresentou-se com a mesma voz inabalável e inexpressiva de sempre.

Assenti com a cabeça, uma forma tímida de saudação.

— A direção informou a nós professores, de que a estudante Violette foi transferida. É uma pena perder uma de minhas melhores alunas. – comentava demonstrando indiferença.

Era isso que sempre iria acontecer: Caso alguém fosse eliminado, inventariam desculpas como esta, visto que os alunos normais não poderiam saber sobre nossa existência; Kentin talvez fosse o único que soubesse disso, mas apenas porque Armin não conseguiria esconder isso dividindo o mesmo dormitório. A morte de Jade só não foi pronunciada em nossa sala, pois ele era de outro ano.

Fitei Kim sentada do outro lado do cômodo, próxima à janela. Observava a vista a fora, parecendo não escutar o que dizia a professora. À sua frente, lá estava a cadeira de Violette; vazia e solitária.

Tillie iniciou com algumas revisões da matéria. Mesmo com grande esforço para atentar-me à sua explicação, meu cérebro insistia em imaginar assuntos aleatórios, e que, provavelmente, não me ajudariam a passar no exame.

O sinal tocou. Quanto tempo passou? Mal reparei.

Estalando os dedos fronte meus olhos, Armin retirou-me do transe:

— Ei, vamos? Ainda está dormindo, Elsie?

Remexi a cabeça, a visão refocou:

— Ah, claro.

Apanhamos a merenda e segui-o até a lateral do colégio.

— Onde Kentin está? –perguntei mecanicamente.

— Ele estava um pouco perturbado com essa história da Violette. Disse que se sentiu “desafiado” pelo homicida e quer descobrir quem ele é.

— Muita paciência da parte dele. E... Aliás, onde estamos indo?

— Gosto de lanchar perto da piscina. –colocou seu pacote de salgadinho dentro do bolso e começou a escalar as longas grades de proteção nas quais rodeavam o chão da piscina inativa.

— A-Armin! –exclamei com receio de que fossemos vistos.

— Fica tranquila, ninguém vem aqui. –chegou ao topo da grade e pulou para dentro da área. – Vem para cá também. –sorriu fazendo um gesto com as mãos.

— Se alguém aparecer, eu juro que vou colocar a culpa em você. –insuflei as bochechas. Coloquei a sacola de lanche fronte meu abdômen e fechei o zíper do casaco, já que, as mãos ficariam ocupadas para segurar o almoço. Subi a grade e sentei-me ao seu lado. O chão era frio e úmido, marcado por alguns rastros de liquens.

— Viu? Não é mais confortável sentar aqui? –ainda sorria alegremente.

— Pensei que não gostasse de ar-livre.

— E não gosto. Mas aqui é diferente. –rebateu.

— A água dessa piscina é uma podridão, como gosta disso?- disse numa tentativa de fazê-lo mudar de ideia para sairmos dali.

— Vamos, relaxe um pouco. Ninguém vai achar a gente. –revirou os olhos.

— Está bem, está bem. –resmunguei com ar brincalhão. Armin deveria ter um motivo muito especial para gostar de ficar em um lugar daqueles. – Ei... Você ainda não me disse. –abaixei o tom de voz. – Quem você acha que eliminou Violette?

Armin retirou o pacote de lanche do bolso. Abria-o enquanto expunha sua opinião:

— No início, achava que fosse Castiel. Sabe, lembro que uma vez, Melody derrubou o material dele, acidentalmente. Ele só não bateu nela porque Íris defendeu-a.

— Esse cara sempre age por impulso, não é? –arqueei as sobrancelhas, recordando-me da agressão à Nathaniel.

— Exatamente por isso ele era meu maior suspeito.

— E... Ele não é mais?

— Não. Ontem à noite, quando vi o relatório, Kentin disse que tínhamos de analisar as informações com cuidado. Ele contou algo como... - inspirou fundo, tomando fôlego. Iniciou a sequência de dados falando pausadamente. - Sabemos que Violette foi eliminada por estricnina, que é um tipo de veneno. Castiel é um tipo de cara que resolve tudo a base do punho, e então, podemos dizer que ele não se daria ao trabalho de envenenar alguém. Mas qualquer pessoa que não goste de chamar a atenção usaria veneno como arma. Alguém que goste de trabalhar sigilosamente, observando cada detalhe com cuidado. Estas são características que, geralmente, provém das mulheres. Seguindo esse pensamento, deduzimos que...

— Foi uma garota. –completei, admirada com a perspicácia de Kentin.

— Exato. E assim, descartamos vários suspeitos. –sorriu, soltou uma piscadela.

Mesmo sendo um raciocínio lógico, eram apenas hipóteses. Além do que, mesmo Jade sendo um garoto, tentou entorpecer Armin e eu com essências geradas a partir de substâncias tóxicas.

Retornei ao corredor principal; lugar onde a maioria das vezes era deserto, preenchido apenas por uma forte corrente de ar gélido.

Surpreendentemente, deparei-me com Kim, apanhando seus materiais no armário escolar. Corroía pensar que a trigueira não sabia o verdadeiro motivo sobre o paradeiro de sua colega.

Mesmo sem virar-se, Kim disse, inesperadamente:

— Elsie, eu sei que você é um killer.

— O-o que?! –assustei-me com sua espontaneidade.

— Sua expressão só confirma tudo. –voltou-se para mim com um sorriso. Naquele momento, pude sentir o que Armin passou após minha afirmação sobre saber sua identidade.

— Mas...?!

— Hoje de manhã, você foi a única pessoa que parecia saber a verdade sobre o que a professora dizia.

Talvez eu fosse estupidamente decifrável. Droga. Mas, se Kim sabia sobre os killers era sinal de que....

Eu sou um killer também, Elsie. –confirmou minha hipótese, sorriu franzindo a testa. –Além do que, eu mesma vi quem assassinou Violette.

[Kim]

Tinha passado praticamente a tarde toda no Clube de Judô, enquanto Violette, frequentava o Clube de Costura. Esta sempre era nossa rotina às quintas.

—... 26,27... –recitava o mestre. -... 28, 29, 30! Um Ippon para Kim!

Levantei-me de cima do oponente e puxei sua mão para ajudá-lo. Fizemos a reverência de respeito.

— Por hoje é só! Estão dispensados! Tenham todos, uma boa noite.

Agrademos em conjunto, da mesma forma que soldados respondem a seu superior.

Fora um treinamento árduo, estávamos nos preparando para uma competição local que ocorrerá no próximo mês. Mesmo assim, foi divertido.

Retornei exausta à suíte, bebendo uma glacial e agradável garrafa d’água. O keikogi estava uma imundície depois de tanto transpirar. Precisava, urgentemente, de um banho. Adentrei a suíte e fiz o que meu corpo tanto exigia.

De pé embaixo da água que escorria pelo chuveiro, cantava em voz falsete a canção Say Goodbye de Norah Jones com o auxílio do Mp3 Player que deixava em cima do gabinete do banheiro. Era um tipo de coisa que eu não faria perto de alguém.

Escutei o barulho da porta abrindo e fechando-se lentamente. Tratei de calar a boca, parando de cantar.

— Violette?- chamei-a em voz alta, devido o eco do boxe de vidro. A música do aparelho ainda tocava.

Depois de alguns segundos em silêncio, houve estrondo da porta fechando-se novamente.

— Violette? –repeti revirando a torneira rangente do chuveiro. Trajei-me e fui indagar o que estava acontecendo.

Não havia ninguém no cômodo. Apenas a pequena e solitária ovelha de pelúcia de Violette, sentada sobre sua cama, com seu sorriso amedrontador.

— Estranho, por que ela saiu tão rápido? –questionei fitando a porta.

Antes de retornar ao banheiro para secar o cabelo, notei que não era apenas a intimidadora ovelha que estava sobre a cama de Violette, como também havia uma carta em um típico envelope branco. Um colante em formato de coração rosa fixava o “triângulo invertido”, na qual continha a carta dentro. Franzi os olhos.

Seria uma carta de amor? Estava curiosa.

— Eu não deveria fazer isso. –estava retornando ao banheiro quando dei meia-volta. –Quer saber? Ela não vai ficar brava.

O remetente estava como “admirador secreto”.

— Então aquela danadinha tem um admirador? –sorri maliciosamente. – Vamos ver o que temos aqui.

Comecei a abrir o envelope e ler em voz alta o que estava escrito na carta vermelha:

— “Querida Violette, nos conhecemos há muito tempo. Sempre escondi tais sentimentos, mas acho que já está na hora de expô-los a você. Por favor, encontre-me na biblioteca a qualquer hora”.

Eu poderia muito bem ter colocado a carta de volta ao lugar e fazer de conta que nada aconteceu, até notar um importante detalhe: o tom de vermelho assemelhava-se muito aos “Cartões de Homicídio”, na qual, nós killers, ganhávamos para indicar nossa vítima. Infelizmente, minha pequena colega não sabia de nossa existência.

Meus olhos arregalaram-se num choque. A única coisa que conseguia pensar naquele momento era:

— Violette! – gritei correndo, desesperadamente, pelo corredor dos dormitórios.

Por questão de facilidade de acesso, decidi passar primeiro à sala do ofurô. Caso minha triste hipótese estivesse errada, Violette estaria lá.

Abri a porta com os sentidos da audição tornando-se cada vez mais enfraquecidos:

— Alguma de vocês viu a Violette?!- exclamei.

— Ninguém viu sua amiguinha. –respondeu Ambre com tom arrogante, inclinando os cotovelos na borda do ofurô.

— Não vi não, o que houve? –perguntou íris.

— Não a encontro em lugar nenhum desde o toque de recolher. –blefei. Na verdade, não a via desde o início das atividades dos clubes.

— Credo, só faz uns vinte minutos. Pare de ser tão possessiva. –reclamou Ambre.

— Não estou sendo possessiva, só estou preocupada, sua idiota! –sai do cômodo fechando a porta com intensidade. Ambre não sabia o que era uma amizade de verdade; se é para julgar sem entender, prefiro que fique calada.

Percorri pela passarela envidraçada, como se esta, estendia-se cada vez mais. Talvez eu tivesse feito besteira em passar primeiro no ofurô. Naquele curto período de tempo, alguma coisa já poderia ter acontecido à Violette. Ela era frágil, inocente; seria enganada sem dificuldade.

Trinquei os dentes e apertei o passo em direção à biblioteca, situada no térreo do prédio principal.

Finalmente chegara fronte às duas portas madeireiras da biblioteca, estas estavam duvidosamente entreabertas. Adentrei o extenso cômodo e fechei a porta de forma mais sigilosa possível.

Vagava lentamente entre os corredores das imensas estantes bibliotecárias. O que me deixava mais desconfiada sobre o bilhete era: Onde estava o tal admirador? Pior, onde estava Violette?

Abrenhei um dos corredores cercados pelas intimidadoras prateleiras, nas quais, assemelhavam-se às enormes muralhas dos tempos de guerra. Uma presença desconfortável aumentava a casa segundo.

Passos aproximavam-se, marchando, uniformemente, com um som semelhante aos sapatos de salão ao atingir o assoalho.

— Droga. –murmurei um pouco aflita em continuar.

De repente, uma silhueta negra revelou-se no final do corredor, segurando uma prancheta em uma das mãos. Esta deu um passo à frente e sobressaiu da penumbra, tornando seu rosto visível.

— Melody?! Puxa, que susto! O que faz aqui?- perguntei dando um suspiro de alívio com a mão sobre o peito.

— Como Nathaniel não estava se sentindo muito bem, pediu para que eu desligasse as luzes da biblioteca.

— Ah... São mais algumas daquelas tarefas de representantes?

— Isso mesmo. –sorriu enquanto inclinava, levemente, a cabeça.

— E você... Por acaso viu a Violette perambulando por aqui?

Melody negou remexendo a cabeça:

— E o que você faz em uma hora dessas fora do dormitório? O toque de recolher já tocou faz tempo.

— Me desculpe, só estou preocupada com Violette.

— O que houve com ela? –arqueou uma das sobrancelhas. –Vocês brigaram?

— Não, não. Só não a encontro em lugar algum.

— Já procurou por ela no ofurô?

— Sim. –respondi sem ânimo.

— E no Clube de Costura? Provavelmente ela deve ter se esquecido de alguma coisa por lá, e voltou para pegá-lo.

Sim, poderia ser verdade. Talvez eu que estivesse sendo paranoica com a ideia do Cartão de Homicídio. Talvez fosse apenas uma carta de amor vermelha, apenas isso; nada mais.

— Claro, claro! Por que não?! Obrigada Melody, até mais! – corri, entusiasmada, em direção da porta da biblioteca. Toda a preocupação e angústia foram desnecessárias.

Revirei a maçaneta e puxei a porta. Inesperadamente, ela estava trincafiada. Repuxava e puxava sucessivas vezes.

— Que saco! Emperrou!

Escutei um barulho de molho de chaves às costas.

— Quer isso aqui? –Melody rodopiava o molho entre o dedo indicador, sorrindo alegremente.

— Oh, Melody, passe isso pra cá. –sorri obliquamente fazendo um gesto para que me jogasse a chave.

— Acha que sou idiota?- seu sorriso desmanchou.

Franzi as sobrancelhas com ar de dúvida.

— Está na cara que se veio aqui foi por causa da carta. Não procuraria tão desesperadamente por Violette se não pensasse que ela está em apuros.

Como Melody havia deduzido aquilo?

— C-como você... ? !

— E se você achava que ela estava em apuros é porque sabe dos Cartões de Homicídio. –aproximava-se aos poucos. – Seguindo essa linha de pensamento, tudo consta de que você também é um killer, certo?

— O-o que? –mesmo de costas para a porta, tentava movimentar a maçaneta com os braços na retaguarda.

— Fui eu quem mandou o Cartão à Violette. Eu poderia jurar que ela era um killer, mas acho que desta vez errei os cálculos.

— O que você fez com a Violette?! –bradei.

— Mas não faz mal, acertei dois coelhos com a mesma cajadada. –comentou sorridente, ignorando minha pergunta anterior.

Colocou a mão dentre o bolso da saia, e deste, retirou um Cartão de Homicídio. Assim que Melody soltou-o dentre os dedos fazendo com que aterrissasse ao solo, era como se uma guerra fosse lucidamente declarada.


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Notas finais do capítulo

Alguém tinha suspeitas sobre a Melody? Têm alguma ideia de seus objetivos? (._.)
No próximo capítulo, segue a sequência do POV da Kim, mas como ainda não editei-o, vou demorar mais um pouco para postar. Até porque não sei quando volta meu note. (e3e) Mesmo assim, tenho já três capítulos prontinhos posteriores o próximo. Heh
Podem deixar suas opiniões e hipóteses nos comentários, ficarei agradecida. *3* Respondei a todos pelo celular; os acentos bugam por ele, desculpem-me. ;3;
Kissus!