Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 47
Falso Arcanjo


Notas iniciais do capítulo

oi gentessss
tudo bom? como foram as festas? jaja 2019 tá aí ui ui

recapitulando coisas importantes dos ultimos caps (com censura pro pessoal q estiver só fuxicando as notas iniciais):
> após X ver as fotos do relatorio diario no keypass da Elsie elx sai correndo para mostrar para Y
> X é pegx por Jade
> Jade queima a estufa de jardinagem junto de X
> Nathaniel e Jack querem saber quem foi que cometeu o crime da estufa
> jack adentra a sala de vigilância da escola e conseguem a gravação de Jade e um certo cumplice(a qual eles julgam ser peggy) se locomovendo pela escola com o corpo de X
> jack esta na sala até que o vigilante retorna e pega ele NO ATO

acho q esses são fatores importantes pra vcs lembrarem hihi
perdoem a demora e nn desistam de mim : *



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[Nathaniel]

Nunca fui de compactuar muito com as ideias do meu pai, mas algo que ele costumava dizer carregava uma certa razão: “Se as coisas estão ruins, acredite, elas vão ficar pior”.

Jack tinha sido pego na sala de transmissão. Obviamente a área era restrita. Conclusão? Demitido. Já fazia uma semana desde então.

— Ele está mais perto do que esperávamos. — disse Jack, e bebericou o cappuccino. — Peggy está com ele, também.

Estávamos no Marguerite Coffee, uma lanchonete que eu costumava frequentar com a Jay. Sentávamos numa mesa quadrada de frente um para o outro.

— Eu não vou conseguir, Jack. — declarei fitando a toalha xadrez da mesa. Não tinha pedido nada pra beber ou comer; estava sem apetite já há dois dias.

— Não vai conseguir o quê, moleque?

— Lidar com isso sozinho. Não tenho essa capacidade.

— Mas vai ter que aprender. Não tem mais ninguém na Central que esteja apto pro trabalho. Está tudo nas suas mãos a partir de agora. — e arrancou um bruto pedaço de uma torrada com os caninos.

Entrelacei os dedos em cima da mesa e bufei impacientemente, meio frustrado.

— Faça isso pela sua irmã.

Olhei para cima, Jack inexpressivamente mastigava.

— Faça por tudo o que conquistamos e descobrimos até agora. — falou com a boca cheia. — Faça pela Jennifer.

Apertei as mãos uma na outra. Meu peito deu uma fisgada.

— Vamos nos falando. — falou Jack; assenti com a cabeça desanimadoramente.

Ele se inclinou e deu um (surpreso) peteleco na minha testa:

— Tome cuidado.



[Elsie]

Seis da matina. Tava no meu sono mais profundo, sonhando com algo que agora já nem lembro mais. Até que, de repente, bateram forte na porta do dormitório.

Quando uma visita é súbita a regra é clara: pego a tesoura da escrivaninha e mansamente me guio pra atender. Naquela hora não foi diferente. Caminhei, desgrenhada porém astuta, e abri a porta bruscamente.

E honestamente, não sei dizer o que seria mais assustador: O que pensei que veria, ou o que realmente estava me esperando do outro lado da porta.   

— Elsie Cotton? — disse o homem, usando uma camiseta azul clara, botinas e um cinturão imponente: um policial civil. Atrás dele, mais dois homens igualmente vestidos.

— E-eu mesma. — não consegui segurar o balbucio. Escondi a tesoura atrás das costas; um dos guardas de trás estreitou um olhar desconfiado.

— Somos da polícia. — mostrou seu impecável distintivo. — Será que a senhorita poderia nos acompanhar?

— Eu? — Se a ideia era não parecer suspeita, fodida estava eu.

— A senhorita. Você está sendo intimada a comparecer à Delegacia conosco.

Sete da matina -- numa terça-feira, onde as aulas começam mais tarde, esse definitivamente não é um horário pra estar acordada.

Com a cara mais amassada de sono do mundo e usando o primeiro moletom que achei no guarda-roupa por cima na blusa do pijama, parecia uma mendiga sentada num dos bancos de espera da delegacia. À minha direita, Armin; do outro lado, Kentin.

— Você é menor de idade, não é? Algum deles é seu responsável? — o delegado-assistente se aproximou e mexeu o dedo apontando pros meninos.

— Não. Ele tá chegando. — respondi, cansada, com sono, tensa, braços cruzados sentindo frio.

O homem deu uma afirmação com o polegar e se afastou.

Kentin tava olhando pro fundo de um copo descartável, mexendo molengamente pra ver as gotículas restantes de café migrando de um lado pro outro. Armin deu um bocejão.

— Se fosse daqui uns dias eu podia ser seu responsável. — falou Armin, com uma puta voz de sono, quase um bêbado.

— Ligou pra Murple? — perguntou Kentin, ainda brincando com o copinho.

— Tá maluco? Ela já não tava bem esses dias. Se ela recebe uma notícia dessas é capaz de enfartar.

— Então chamou quem?

— Vocês vão ver.

Me inclinei na cadeira e verifiquei se tinha alguém chegando. Nem sinal.   

Estava sendo chamada para prestar um interrogatório. Sim, interrogatório policial. Suspeitavam de mim sobre a Jay. Me impressionava que Shermansky não tinha se manifestado em relação a isso. O segredo era entrar na sala e falar que não sabia de nada.

E funcionaria, né? Quer dizer, eu realmente não tinha nada haver com aquilo. Talvez eu soubesse um pouco mais acerca do sistema da escola em comparação com os alunos comuns e isso me tornava, de alguma forma, uma cúmplice de todos aqueles crimes. Talvez sim. Mas isso não poderia me afetar na hora de entregar as respostas. Não, não, nem ferrando.

Kentin me deu um cutucão no ombro e apontou pra entrada do gabinete: Era Jack.

— Pode explicar que porra é essa? — cochichou Armin. — Que que esse cara tá fazendo aqui?    

Quando liguei pra Jack (já que ele tinha me oferecido o contato dele), fiquei com um pé atrás. Afinal, eu o chamaria pra defender alguém que era acusado de assassinar a própria sobrinha dele. Na verdade, de cara eu tinha descartado a possibilidade de um “Sim” e já tava preparando um roteiro pra contatar a pobre Murple. Mas, foi com surpresa; lembro do sonoro “conte comigo” que ele disse do outro lado da linha telefônica. Foi mágico. Me senti inquestionavelmente segura naquele momento.

— Está pronta? — perguntou Jack, próximo de nós. Estava muito bem aprontado, com sobretudo e gelzinho. Armin e Kentin me entreolharam com a cara mais estúpida possível, tentando entender aquele encontro que, pra falar a verdade, nem eu entendia.

— Sim. — afirmei com a cabeça.

— Ótimo. Então vamos.  

Andávamos num corredor longo e bem estreitinho, rumo ao final dele, onde havia a porta. Via ela se distorcer, se aproximando como num pesadelo ruim. O som do all-star arranhando no palete e os coturnos duros de Jack ecoando como galopes. A porta ficando cada vez mais perto.

— Primeiro você fala. — disse ele.

— Tá. — respondi tensa, com um timbre escorregado e visivelmente afetado (que nem rapaz na puberdade).

— Só diga o que tem certeza. Okay?

— Tudo bem.  

— Não tem porquê ter medo. Eu sei que não foi você.

Entramos na sala. Havia uma mesa, duas cadeiras vazias de um lado e uma cadeira ocupada do outro, preenchida pelo quadril do delegado.

Sim, lá estava o delegado, o famigerado; um sujeito de meia-idade com nenhum tipo de simpatia aparente. Era quadrado, completamente: desde o formato de sua cabeça até seu nariz, seus dedos, suas unhas e sua boca. Além de tudo, perturbadoramente, parecia poder ficar imóvel naquela mesma posição por horas.

— Podem se sentar. — disse ele. Jack e eu ocupamos os lugares.

O delegado tinha a sua frente uma papelada enorme. Ele deu uma bufada funda, como se estivesse cansado demais ou até exausto com situações como aquela, e começou a folhear os papéis. Fiquei quieta, observando tudo, sentada com as mãos escondidas entre as coxas e a coluna enrijecida. A papelada era um documento.

— Aqui diz que você e a vítima tinham uma relação boa.

— Sim.

— E… dividiam o mesmo quarto no instituto.

— Sim.

— Há quanto tempo dividiam?

— Alguns meses. Desde que ela entrou pro colégio.

— Andavam muito juntas?

— Não. Só algumas vezes.

Ele me encarou. Juro que senti minha respiração travar por um nanossegundo.

— Aqui também diz que... alguns dias atrás, após o incidente, você alegou à direção do colégio que havia perdido um utensílio-chave, o keypass.

— Sim.

— O que aconteceu com seu aparelho?

— Ele sumiu.

— Sumiu?

— Perdi ele.

— Como o perdeu?

— Não sei… Só perdi.  

Ele parou. Passou os olhos atentamente pelas linhas do documento enquanto murmurava:

— Te foi cobrada uma multa e eles cederam um novo aparelho...

Ele me encarou de novo, mais intensamente:

— Foi encontrada a carcaça de um destes aparelhos na cena do crime.

 Gelei. Não fode, era o meu keypass. Jay realmente tinha pego ele.

— A senhorita poderia me explicar acerca dessa coincidência?

— Coincidência? — tremi.

— Ora. Um aparelho desses é esquecido na cena do crime e logo depois a senhorita alega que perdeu o seu. Há uma coincidência gigantesca nisso, não é?

— Bem, sim... Isso é verdade... Mas...

— Me diga o que estava fazendo na noite do crime.

— Eu…

— Onde estava?

— Eu... Eu tava procurando... procurando...

— Procurando...?

— O keypass. Justamente.

— Ah, mas é claro.

— É verdade! A Jay tinha sumido do quarto quando saí do banho e...e o keypass também. Daí eu desci pra procurar... procurar a Jay.

— Mas você não disse que estava procurando o keypass?

— Sim... Tava procurando ela e o keypass...

— Ela não está mentindo, delegado. — Jack finalmente abriu o bico.

O delegado se voltou para Jack dando uma risadinha sinistramente sarcástica:

— Aé, é? E pode me provar isso? — levantou um tom desafiador na voz.

— É por isso que estou aqui.

Eu e o delegado o encaramos, confusos, até que Jack sacou um pendrive pra fora de um bolso interno do sobretudo.

— Peço que assista isso. — estendeu ao delegado, que tomou o objeto:

— O que é isso?

— Uma filmagem. Há um ex-aluno da instituição nela, andando com sua cúmplice e o corpo desacordado da vítima minutos antes do crime.

Mas que raios. Por isso que Jack exalava tanta confiança; por isso ele sabia que aquilo tudo não era minha culpa! Era mesmo um anjo, via as auréolas no topo da sua cabeça. Chupa, delegado.  

— Um ex-aluno?

Mas aí a coisa começou a feder de outra forma:

— Exato. Ele já teve algumas passagens pela polícia. Seu nome é Jade Klippel.

Senti o ácido do estômago ferver na garganta, borbulhando.

Tinha escutado certo? Jade? Jade Klippel?

Vivo?

Tinha alguma coisa muito errada ali.

— A cúmplice se trata de Peggy Tetzner. Ela também é uma aluna do colégio, mas não tem frequentado faz meses.

Não somente vivo como cúmplice de outra aluna; cúmplices do assassinato de Jennifer.

O delegado alternava o olhar entre o pendrive e Jack, franzindo a sobrancelha:

— Como conseguiu essas gravações? — também queria saber.

— Estava trabalhando em Sweet Amoris durante esses últimos meses,  ocupei o cargo de inspetor. Estava inserido por interferência da Central.

— Central?

— Central Office, somos parte de um serviço privado de investigação. Trabalhamos no setor que cuida de casos arquivados da polícia. Num momento estávamos em busca de informações acerca do caso de alunos e docentes desaparecidos há mais de vinte anos.

Dei algumas piscadas, tentando processar tudo que entrou no meu ouvido. Jack estava o tempo todo nos observando? Fiquei travada olhando pras riscas na madeira da mesa do interrogatório. Não poderia olhar mais pra ninguém. Todos ali eram inimigos agora. Qualquer palavra que eu dissesse agora seria usada contra mim. Jack de repente virou um gigante, um observador imponente. Uma aura opressora parecia me cercar, sufocando como se o pecado estivesse agora estampado na minha testa.  

— Fui exonerado por ter sido pego na sala de transmissão, justamente tentando obter estas filmagens.

— Sinto que já tinha ouvido falar de vocês… A C.O.

— Exatamente.    

O delegado bufou, aconchegando-se para trás na cadeira e pondo as mãos em cima da mesa:

— Por enquanto está liberada, Elsie. Verificarei a confiabilidade da gravação. Se não for o caso, já aviso: as coisas vão ficar mais sujas ainda pra cima de vocês.

— Mantenho minha consciência limpa, delegado. — disse Jack, polidamente.

Saí da sala mais em choque do que quando entrei. Parecia um zumbi, pálida.

Sequer me despedi de Jack que nem gente.




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Notas finais do capítulo

o texto deu uma desconfigurada MONSTRA quando colei aqui no nyah
se houver alguma parte com espaçamento bugado por favor me digam hihi



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