Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 43
Queimando a Verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridassssss (algum rapaz lê essa fic?)
Tudo bom com vocês?

Muito feliz de estar conseguindo postar mais um cap antes de entrar no hiatus de sempre ; D

vamos ao recapitulamento (?):
> No capítulo anterior Jack descobre que Agatha, amorzinho de sua adolescência, morreu já faz 5 anos
> Elsie também descobre alguns fatos sinistros a respeito de sua tia, como o desaparecimento até hoje inexplicável dela durante a adolescência e a internação numa clínica de reabilitação


Boa leiturassssss!! s2 s2



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[Elsie]

Pensei o dia todo em tudo o que ouvi. Pensei, e repensei em cada mísero detalhe que Jack me contou. À noite cheguei só o pó no quarto; minha energia tinha sido completamente drenada. Jennifer já estava na cama ao lado, apagada debaixo das cobertas.

Mergulhei na cama sem pensar quando iria levantar de novo. Estiquei braços e pernas; senti minhas costas formigarem na maciez da manta quentinha. Banho? Nem pensar! Estava muito bem embalada ali.

Pela primeira vez na vida -- suponho -- me veio a ideia de agradecer para alguma força do além por todas as chateações que vinham rolando. Pensei: Se Armin não estivesse em observação e Kentin não tivesse seu treino, talvez eu nunca fosse ter a chance de conversar a sós com Jennifer e descoberto que o garoto na foto com tia Agatha não era ninguém menos que o inspetor Jack.

Apertei o relicário entre as mãos.  

Sim, o colarzinho foi uma peça importante em tudo isso. Obrigada, senhora Murple.       

Com os olhos fundos de sono, abri um sorriso. Mas aquela era uma falsa sensação de paz; eu sabia disso. E o sorriso, conforme, foi desaparecendo.

Tudo o que Jack tinha falado -- a ideia me saciava, até certo ponto.

Tia Agatha internada? Alunos desaparecidos? Aquilo me cheirava podre.     

E o tal namorado dela? Christopher Dendor? Deodor? ou era “T”? Teodoro? Às vezes sentia que Jack tinha um leve sotaque britânico quando falava; atrapalhava para decifrar.

O keypass vibrou na minha nuca, embaixo do travesseiro.

Mesmo pensando que eu já deveria estar habituada a isso, a imprevisibilidade da morte é algo que ainda me assusta. E foi assim que ela chegou -- a notícia -- de repente, em forma de mensagem ou, melhor: em forma de Relatório Diário.

Olhei pra tela ofuscante do aparelho e monitorei para os lados, tendo a certeza de que Jay estava completamente entretida em sua arte de dormir. Pressionei o ícone do relatório diário.  

 

Adrienne C., 17 anos.

 

Adrienne tinha sido eletrocutada. A letra ‘K’ aparecia na tela.

Isso tinha feito eu me lembrar de Amber, que tinha sido morta da mesma forma. Se Lysandre tinha sido responsável pela morte de Charlotte e Eduarda, que tinham tido o mesmo tipo de morte para o mesmo intuito, então era eureka: tínhamos encontrado o killer que estava agindo na mesma época que Lysandre. ‘Encontrado’, vírgula. Ainda não sabíamos quem era. Mas sabíamos que ele estava agindo, e não estava para brincadeiras aqui dentro.

Engoli seco.

Não. Não quero mais pensar nisso. Eu prometi, prometi a mim mesma não me meter mais nesse jogo. Estou aqui para encontrar pistas sobre a tia Agatha. Agora que estou finalmente encontrando o caminho certo, não posso me desviar.  

Então fiz um novo acordo mental, comigo mesma: Não vou mais checar as listas do relatório diário. Vou fingir que nada disso existe. Sim, certamente essa é a melhor coisa a se fazer.

Adormeci a tela do keypass e coloquei o aparelho pra descansar de volta pra debaixo do travesseiro.

A coisa tinha me deixado agitada. Acho que não conseguiria voltar a ter o mesmo relaxamento de quando cheguei no quarto. Não, não. Estava me inquietando já, cheia de pinicações na pele. Um banho seria uma boa alternativa agora.

Corri para as gavetas e catei o pijama e tudo mais. Da porta do banheiro olhei para a escultura de lençol que Jennifer formava, parada feito uma pedra, e invejei aquilo. Será que um dia eu voltaria a ser normal?

 

[Jennifer]

A garota Cotton entrando para o banheiro foi o sinal de que eu não precisava mais me manter naquela posição incômoda e forçada por mais um segundo. Ufa!

Esperei ouvir a tranca e a movimentação do chuveiro e me levantei, rápida feito uma lebre e cautelosa feito uma raposa. Essas comparações fazem sentido, Jay? Talvez não. Mas saiba, sou uma detetive, não uma ninja ou uma especialista. Não obstante (termos difíceis que venho aprendendo com Nathaniel), eu precisava agir como uma, naquele momento.   

Pulei da cama com a pontinha da meia no chão, e fui nessa, pingando com os dedões no chão com a maior cautela possível.

Cheguei até a cama da Cotton, me agachei de frente o criado-mudo e puxei a gaveta com uma sutileza materna (ou suponho que ela assim seja). Esses móveis do colégio tendiam a fazer bastante barulho, então foi necessário dar uma ‘levantada’ na gavetinha, pra que ela não ficasse roçando nos trilhos e arruinasse meu disfarce silencioso.

Dentro do repartimento, nada de muito extraordinário. Um gloss brilhoso intacto (Cotton não era muito feminina, já tinha percebido isso), duas canetas esferográficas azuis, um lápis, um pente, absorventes, uma tesoura, clips de papel… É, nada que dissesse muita coisa.

Fechei a gaveta e decidi deixar meu sexto sentido me guiar.

Fui tateando a cama e, lembrei: Elsie simplesmente não se dedica em arrumar a cama dela. Nunca vi. O máximo que pode acontecer é ela se sentir suficientemente suja de usar o mesmo lençol suado de um mês e colocar outro novo por cima. E nessa sequência os mais ‘velhos’ vão ficando pra baixo, amassando um contra o outro conforme a força que seu peso exerce, virando uma verdadeira ‘massa’ de panos.

Fucei em cima e embaixo daquela bagunça. Não achei nada -- além de mais cobertores -- por ali.   

Subi para o travesseiro, e assim que coloquei minha mão embaixo, arranquei algo dali; o keypass.

O que se espera que se encontre num keypass? Notas? Faltas? Cardápio do dia e orientações de segurança? Sim. E, além de tudo, ele é uma chave para determinados cômodos da colégio. No entanto, duvido que Elsie tenha qualquer grande acesso restrito e que me valha à pena. Então, pra quê mexer ali? Pra quê? Foi aí que meu sexto sentido veio me ajudar.

Havia um ícone bastante peculiar na tela principal do keypass da Cotton; uma interrogação laranja que nunca tinha visto em nenhum outro aparelho.

Cliquei.

Tapei a boca com a mão instintivamente, com surpresa e repulsa. Meus ombros tremeram. Não conseguia acreditar no que tava vendo; não, mesmo. Mas meu sexto sentido não falha, miseravelmente.

O aplicativo era um banco de dados completíssimo. Com informações organizadas cronologicamente, como em ‘notas de celulares’. E, no caso, cada ‘nota’ era um arquivo detalhado, indicando hora, data e local de falecimento de alguns alunos. Nomes familiares, como Jade Klippel e Lysandre estavam na lista. Cada nome era uma engolida brusca de saliva. Meus olhos estavam vidrados naquela carnificina.

Todos -- sem exceção --  que constavam como ‘Transferidos’ pela direção tinham seus nomes ali, e na falta de provas quanto à veracidade do que estava escrito, haviam fotos. Dezenas de fotos, sob vários ângulos; grotescas.

— Amber… — sussurrei sem querer, como num soluço. Amber, oficialmente, não estava desaparecida, e muito menos havia sido transferida -- Amber estava morta! Como Nathaniel poderia ouvir uma coisa dessas, meu Deus? Como ele iria lidar com uma notícia tão cruel?!

Com o coração latejando no peito de ansiedade e a respiração prestes a evoluir para uma asma crítica, sem mais saber o que fazer, saquei o apetrecho e corri! Corri para fora do quarto. Para longe! Foda-se!

Não sabia o que fazer com aquelas informações, mas precisava mostrar para Nathaniel o quanto antes, mesmo que aquilo fosse ser difícil.

Saí do prédio feminino e praticamente deixei faíscas pela passarela de vidro que levava até o prédio principal. Corri mais e mais, com a garganta já ficando seca pela tensão e a adrenalina. Cortei a passarela masculina num piscar de olhos. Acho que mal verifiquei o número treze na porta; saí batendo com força, as mãos suando frio.

— Meu Deus, Nathaniel, abra essa porta, pelo amor…! — pensei alto, dando um suspiro e cruzando os braços enquanto aguardava, batendo os pés no chão.  

De repente, me veio um frio na espinha.

Olhei para o resto não desbravado do corredor, onde as luzes com sensor de movimento não tinham sido acionadas -- tão escuro, cavernoso; era como se um demônio fosse surgir ali, naquele instante. Olhei pra lá ainda batendo os pés com a ansiedade, e temi pela minha sanidade por um momento.  

Algo tocou em meu ombro. Não deu pra segurar; dei um grito. Me virei bruscamente, com os olhos já cheios de lágrimas.

— Por favor…!

Mas, quando me parei, vi. Era o pequeno Burniel.

Me apoiei com as costas na parede, bufando e botando a mão na testa e no peito:

— Meu Deus, não me assusta assim. Por favor. Meu estômago tá doendo.

Esperava qualquer reação vinda dele; da mais patética à mais sensível. Nem que fosse uma risada, uma tiração de sarro, um sorrisinho -- qualquer coisa!

Mas, não. Ele não fez nada.

— Tissou...? Pera. — tive o insight. Espremi os olhos.  — O que você tá fazendo aqui fora essa hora?

Ele olhou para os dois lados. Seu olhar estava baixo, perdido, e se recusava a alcançar o meu, feito um cachorro arrependido. Abaixei o rosto na direção dele, pra tentar trazer seu foco pra mim:

— Tissou?

— Jay, me perdoa. — ele disse quase num tom de desespero.

— O que você tá falan-…?

Sem conter as forças, Burniel me premeu contra a parede. Ficou de cabeça baixa, covardemente, enquanto tapava minha boca e meu nariz. Tentei me debater, mas sua força era tanta, que seria capaz de afundar minha cabeça naquela parede. Estava desesperada, debatendo mãos e pernas para todas as direções, apavorada e furiosa, tendo o grito completamente filtrado e abafado pelas mãos longas de Burniel. Um cheiro ardente prendeu no meu nariz, e parecia estar inibindo todo e qualquer ar de entrar no meu corpo. Minhas pernas estavam moles. Não tive mais força pra gritar ou urrar, nem pra abrir os olhos, nem pra pensar...  

 

[Elsie]

Retornei do banho renovada.

Não que me sentisse uma nova pessoa (eu bem que queria), mas sentia que agora estava, pelo menos, com uma roupa adequada pra me jogar na cama e nunca mais acordar (eu bem que queria, também).    

Mas algo parecia fora de lugar, agora; pelo menos em relação à última memória fotográfica que tive do quarto. Não tive que pensar muito: Foi bastante desconcertante notar que a ‘estátua de Jay’ não estava mais na cama dela. Não confunda isso com T.O.C; eu estaria bem caso ela tivesse só trocado de posição ou qualquer coisa. Mas o que me deixava realmente amedrontada, era supor que ela, de repente, tivesse tido a ideia de sair pro corredor mesmo depois do toque de recolher.

Pensando que talvez ela estivesse querendo me pregar uma peça, acendi a luz.

— Jay, sai daí. Tô com sono, vamo dormir. — disse enquanto me escorava no chão pra tentar ver sob as camas.

Mas, nenhum sinal dela.

— Jay? — abri os guarda-roupas.

— Jay? — abri até um baú de bugigangas dela, esperando que ela estivesse ali dentro. Porém, sem sinal.

Pensei em falar com Kentin sobre a situação, pra ver se ele me dava uma luz ou simplesmente checava se ela tinha ido fazer uma passeata noturna no prédio masculino. Peguei meu travesseiro e joguei longe, na intenção de apanhar o keypass, que de praxe, costumava ficar ali. Mas, agora, eu tinha mais um motivo pra chamar Kentin, só que, dessa vez, teria que ser pessoalmente, afinal, meu keypass não tava mais onde eu tinha deixado.

 

[-x-]

Jay abriu os olhos, vagarosamente. Sentia um desconforto nos lábios e um formigamento intenso nos braços. Foi recuperando a visão, tato. Tudo de repente lhe pareceu muito nítido.

Era a estufa de jardinagem, claramente. A audição ainda parecia um pouco abafada. As luzes estavam completamente acesas, brancas e fortes, acima de si, como num imenso consultório médico; como num laboratório; como… a Central.

De repente situou melhor seu corpo: estava sentada, mãos atadas para trás, pernas presas, boca tapada com fita isolante. Entrou em pânico.

Quando finalmente voltou a assumir o controle de sua audição, ouviu uma voz nova. Estava falando algo já há algum tempo, mas Jay só foi capaz de ouvir naquele momento. Era uma voz rouca, nada atraente, e com uma falsa simpatia.

— Jennifer Knight, uhum.

Jay instantaneamente mirou o ponto de som. Um rapaz pouco alto, à entrada da estufa. A lentidão dos pensamentos pré-recuperados fez Jennifer demorar em reparar, mas sua memória célebre superou tudo aquilo, fazendo-a interligar os pontos mais rápido do que se esperava -- lembrou-se de tudo: os documentos, as filmagens, as opiniões de Nathaniel, e a foto; a maldita foto na manchete de jornal, anos atrás, que anunciava as crianças desaparecidas no caso H.A.S.

— Você já deve me conhecer, não é? — vinha a seu encontro; cada passo era um estalo no peito de Jay. Seu sorriso, torto e sem compaixão. — Soube que você tem me procurado durante todo esse tempo, Jennifer.

Jay franziu a testa, seu peito batia forte, doía, agora. Ela sabia: não havia para onde correr.

— Eu sei que você sabe muito sobre mim. Mas, sabe de uma coisa? Eu sei muito mais de você; muito mais do que você mesma sabe sobre você. — aproximou-se do rosto de Jay, agachando-se; as duas jades intensas brilhando em seus olhos como se nada no mundo pudesse, de fato, afetá-las. — Afinal, eu estou do lado da Shermansky. E ela sabe absolutamente tudo, sobre todos.   

Jay engoliu seco. Suava frio entre seus dedos. O que Jade Klippel estava fazendo bem à sua frente e por quanto tempo esteve tão perto? A escola e Shermansky estavam inseridas naquele esquema desde o princípio? Como Jennifer gostaria que Jack e Nathaniel soubessem disso!

Jade se reergueu. Às suas costas surgiu o loiro de postura ruim, Burniel, de lado, depositando o olhar em qualquer coisa que não fossem a cena que se estendia ali, com as mãos dentro da calça e mil pensamentos martelando em sua cabeça. Jay encarava-o, pedindo, implorando, rezando em sua mente para que algo fosse feito. Tentou falar pela primeira vez, Burniel, me ajude!”, mas nada além de um esganiço patético, agudo e apavorado saiu por entre as fitas em sua boca. Por alguns momentos, por uma fração mísera de segundos, Burniel revidava o olhar, possivelmente tão apavorado e afetado quanto.

Jade sentou-se de cócoras, de frente para Jay, retirou do bolso da calça um isqueiro branco e ergueu-o na direção dos olhos garota, remexendo-o como se estivesse apresentando um brinquedo novo para uma criança.

— Estou pensando no que vou fazer com você, ainda.

Jay arregalou os olhos enquanto que Burniel deu mais uma de suas revidadas com o olhar -- funcionava como um protesto silencioso.  

Jade estalou o isqueiro; uma pequena chama se formou, densa, bruxuleando numa dança laranja e azul. Jay via ali o próprio diabo, a sentença de sua morte  

— É lindo, não é? — disse Jade, entretido com o pequeno fogo que tanto o seduzia. — Eu sempre gostei muito das pequenas maravilhas que a natureza pode nos oferecer, sabe? Passei tantos anos da minha vida privado de ver isso, que acho que acabei me tornando um obcecado. — riu plenamente.

Jennifer bem que queria; mas não conseguia decodificar mais nada que vinha da boca de jade. Ela tentou movimentar suas mãos, mas estas tinham sido tão fortemente amarradas que chegava a prender sua circulação e a doer. Suas pernas não tinham a mínima movimentação

— Sabe de outra coisa também? — disse ele. — As vozes no começo me enchiam o saco pra caramba. Então eu criava minhas próprias formas de me livrar daquilo.

Ergueu a manga longa de sua jaqueta, exibindo uma coleção autêntica de pequenas cicatrizes de queimaduras.

— Não se preocupa. Elas não doem não. — disse, e guardou suas marcas sob o s panos mais uma vez. — Sabe o que realmente dói?   

Jade aproximou o isqueiro e sua chama ao rosto de Jay, na direção de seu queixo. Jennifer tremia, seus olhos estavam completamente abertos e úmidos de desespero, suas narinas iam e vinham, abrindo e fechando-se, tentando nutrir seu corpo do ar que o peito disparado precisava.  

— Viver.

O fogo estava ali, centímetros de sua bochecha rosa e falante, agora tão amarradas e aflitas por não conseguirem manejar as palavras para fora. Burniel desviava o olhar desesperado.

— Viver é um sofrimento. — Jade seguia com seu monólogo, olhando para a chama. Não havia mais sarcasmo em suas palavras; nem sadismo, prazer, malícia ou tristeza. Sua voz era como ele: um grande casco vazio de emoções. Era como se cada sentimento bom que preservasse dentro de si fosse anulado por outro, de teor reverso. Como se tudo o que tinha de bem, tinha de mal. E sendo assim, tinha, em si, exatamente nada.

Milímetros separavam o rosto branco do calor da brasa, Jay gritava por baixo das fitas conforme Jade não se inibia em trazer o fogo mais e mais para perto. Burniel intercalava o olhar; Como agir? O que fazer? O tempo era curto. Jay grunhia e esticava o pescoço para trás, numa desesperada tentativa de salvar sua pele. Jade queria ver aquilo; estava louco para ver aquilo. Burniel sentiu a angústia pesar na garganta. Jay fechou os olhos.

Para! — desesperou-se Burniel e segurou o ombro de Jade.

Jade congelou o ato, voltando-se por cima dos ombros:

— O que foi? Por que pediu pra eu parar?!   

— Não acho certo o que você tá fazendo.

Jay viu o túnel da esperança se abrir sobre si. Tremia.

— Ela é uma das aliadas daqueles dois maníacos. Precisamos nos livrar dela. Só assim vamos conseguir acabar com eles pouco a pouco.

— Não, não. — remexeu a cabeça. — Jennifer não tem nada haver com eles.

Jade apagou o isqueiro. Jay inspirou fundo.

— Pensei que estávamos no mesmo barco, — Jade levantou-se, erguendo o queixo para Burniel enquanto falava, de forma que quisesse reafirmar sua imponência.

Burniel desviava os olhos, direita, esquerda. Ele não conseguiria -- nunca, nunca conseguiria contestar aqueles olhos que um dia lhe foram tão gentis.   

— T-tem razão. — forjou um sorriso nada convincente enquanto repetidamente concordava com a cabeça, os olhos turvos. — Você tem toda a razão, Jade.

Jay desmoronou em si.

— Bom, — Jade se virou mais uma vez para Jay, mantendo, em sua face, o perigo: seu sorriso. — Então estamos todos acertados.










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Notas finais do capítulo

Muito ansiosa pra saber a recepção de vocês com esse cap hihihih


até!!!