Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 32
Exórdio


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! c:
Imaginei que ficaria mais dois meses sem postar(q), mas.. O próximo capítulo tá ficando GRANDÃO, então decidi fragmentá-lo um pouco. E-E
Relembrando que o "[-x-]" serve para apontar narração em TERCEIRA pessoa.


Boa leitura!



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[Nathaniel]

Noites transcorreram desde o ocorrido. E desde então, enviar mensagens de voz tem sido minha única fonte de esperança.

— Oi, Amber. Você está me ouvindo?...

Recolhido num canto da cama do dormitório, registrava mais uma tentativa.

— Aqui é o seu irmão idiota. Já faz... – suspirei, tomando ânimo para prosseguir. –... já faz alguns dias que você não tem me ligado ou me enchido a paciência. Se receber esta mensagem, saiba que estou muito preocupado com você.

Jack disse-me que outro grupo de investigadores já estava à procura dos jovens desaparecidos. Cabia-me apenas manter o foco na investigação, armazenando as informações verdadeiras sobre total sigilo.

A porta da suíte fora aberta. Burniel acendeu a luz:

— Ainda nisso? – indagou sem manifestar mudanças em sua expressão.

Desliguei o aparelho. Não informei a meu parceiro de quarto sobre a últimas perturbações; óbvio.

— Cada um com seu ritual.. – fitei-lhe, respondendo com um sorriso de esguelha.

Burniel rumou até o criado-mudo de sua cama, sacou algo de dentro, e retirou-se do cômodo sem diálogos.

Todos temos um dia na qual nossa única vontade é cobrir-se de lençóis, isolar-se do mundo e evitar o maior contato possível. Porém, isso não era algo muito típico de Burniel. Ele ao menos forçaria o riso para meu questionamento. Curiosamente, seu comportamento parecia alterado.




[-x-]

Era cedo. Finalizavam-se os últimos preparativos para o grande evento.

O ginásio, preenchido de cadeiras de plástico e um palanque solitário, remetia a Armin as épocas na qual ainda tinha a presença daquele quem tanto amava. Aqueles ares novos e livres de rotina, mas, que ao mesmo instante, fazia-o embrulhar o estômago em nostalgia.

De pernas cruzadas sobre um dos assentos, Armin inclinou a cabeça para trás; semicerrou as pálpebras, a sentir o frescor de uma brisa perfumada.

Distante, vazio.

A realidade nunca fora algo digno de apreciação para ninguém. E, embora pareça algo simples de se assimilar, pouquíssimos têm o poder para reconhecer tal verdade.

Armin era parte dessa minoria.

Ele sentia profundamente que nunca pertencera de fato a algum lugar; como se, mirando-o com um sorriso travesso, sempre estivesse o mundo; roubando-lhe aos poucos tudo aquilo que o pertencia. E sabia, também, que não era o único a partilhar tal caos interior - ele sempre soube. Desde a perda de seu pai, ao presenciar Alexy chorando às sombras.

Sua mãe, seu pai, seu gêmeo. Pouco a pouco, suas perdas tornavam-se fragmentos perdidos de sua inocência e ingenuidade - de sua sanidade. Para seu desespero, simplesmente impossível era livrar-se daquelas sensações.

Mas, mesmo que pensasse em desistir da vida, algo mantinha-o sólido. Alexy, seu espelho; que possuía chances de retornar.Todavia, o sonho ingênuo de viver bem ao seu lado não possuía grandes fundamentos.

Ao deparar-se com Elsie, interrogou se era certo arrancar uma vida para cumprir com seus próprios ideais - prova de que sua lucidez sobre o bom senso tornou-se algo escasso -, chegando à conclusão que, de fato, era loucura.

Para ampliar seu conflito interno, questionou-se sobre seus sentimentos pela menina - pois, diferente de seu irmão, o pudor em conversar com garotas era algo inquestionável em si, e mesmo que se esforçasse para quebrar o gelo, seus interesses sempre aparentavam demasiado distintos.

Elsie também não tinha muitos fatos cativantes em comum com o rapaz.

A rapariga de humor flexível era como qualquer outra, e seus aspectos físicos não poderiam ser considerados raridade. Ela sequer partilhava anos de convivência. O que teria ela de tão único, a ponto de fazê-lo questionar suas emoções?

De qualquer forma, Armin não poderia ceder sua misericórdia a ponto de interferir seu futuro com Alexy. Todas aquelas emoções e conflitos arrastava-o brandamente para o abismo da loucura. E, antes que se desse conta... Armin passou a odiar Elsie.

Ainda assentado no banco e com o rosto para trás, uma lágrima manou do canto de um de seus olhos selados, cortando a lateral de sua face.

***

— Tá um pouco torto pra direita.

Elsie, que alinhava uma cartaz de saudação sobre o arco da porta principal, sobressaltou-se de leve após a interrupção da voz de Armin. Por pouco não se desequilibrando da escada de alumínio, voltou-se para trás:

— Ah, é você… - sorriu docemente.

Armin deu um suspiro prologado de exaustão:

— Como consegue tanto ânimo para arcar com a arrumação do festival?

— Isso distrai um pouco. - disse para o rapaz, que estranhou o sorriso radiante, de orelha à orelha, flexionado sobre o rosto da rapariga. - Imagine: daqui algumas horas, todo este colégio pacato estará repleto de pessoas de fora! - aquele sorriso era demasiado.. desconfortável para Armin; que entortara o cenho.

Elsie retornou para sua tarefa, enquanto o moreno, mecanicamente, analisava às costas de sua companheira. Segundos após, ele apanhou seu videogame e assentou-se num canto qualquer, próximo à jovem. Supostamente distraídos com suas tarefas, dado certos momentos, esgueiravam a visão para que pudessem checar o que cada respectivo parceiro fazia.

— Você estaria mentindo se dissesse que está bem. - Armin de súbito deixou escapar o que seus suspiros não conseguiam encaixar em palavras. A tela do aparelho “congelada”.

— Estou ótima. - voltou-se novamente para Armin, ainda exibindo uma nuance eufórica enquanto espremia ambos os olhos.

Regressando o corpo para frente, lentamente desmanchava o sorriso, de modo que ao completar a volta, seu semblante amargurou de forma brusca e repentina.

— Não tem como. - riu Armin; sarcástico, prestes a alterar-se. - É a terceira morte só este mês e não há sinal algum de quem esteja por trás disso. É impossível ficar calma numa situação como est-

— Nós prometemos um para o outro que não nos envolveríamos sem necessidade, Armin. - atalhou num respiro. - Você me prometeu durante a hospedaria que seria mais cuidadoso. Vamos apenas observar. E no final, cuidarei do seu prêmio.

Armin fitou-lhe com estranhamento, franzindo seu par de sobrancelhas negras.

— Elsie! - exclamara Nathaniel, interrompendo o diálogo, vindo de longe a acenar; a prancheta ao redor do outro braço. Armin desistiu de argumentar, expirou irritado.

A rapariga instintivamente endireitou o olhar na direção do louro:

— O que houve? - perguntou assim que o sujeito parou ao seu lado, sob a escada.

— Como estão as coisas por aí? Precisa de ajuda?

— Qualquer coisa peço para Armin. - voltou-se com um sorriso de esguelha para o moreno, que ao ouvir seu nome erguera o rosto para encontrar o olhar de Elsie e Nathaniel de longe.

— Ah, claro... - respondera Armin com um balançar de cabeça, um sorriso amarelo junto ao cenho franzido, proveniente de sua dúvida quanto ao conteúdo da conversa.

— Ótimo. - encerrou o representante. - Continue com o bom trabalho e até mais tarde vocês dois!

Nathaniel locomoveu-se para checar os outros postos, deixando Elsie e Armin por si. Ao que caminhava, uma confusão de alunos em busca de tarefas aproximava-se também, pedindo-lhe ordens. Afinal, não era à toa ou por simples satisfação que Elsie pendurara o cartaz - notas bimestrais e pontos extras estavam no esquema.

Após ditar alguns pedidos, ele apertou o passo para afastar-se da massa inacabável de ajudantes que vinha e adentrou o ginásio com pressa. Ao cerrar a porta, o barulho permaneceu no lado externo.

Seus ouvidos aconchegaram-se no silêncio do cômodo, fazendo-o suspirar profundamente.

Nathaniel então avistou Jennifer de longe, encarregada de montar e adornar o palco improvisado. O louro ajeitou o colarinho da blusa e caminhou até a rapariga.

— Como anda nossa investigação, “Sherlock”? - perguntou Jay, após ouvir os passos de Nathaniel, amarrando as cortinas que mais tarde serviriam para introduzir o concerto.

— Uma porcaria… - o palanque possuía ao menos um metro e meio, o que permitiu que Nathaniel aproximasse-se, largasse o peso do braços e a prancheta sobre o estrado, e espreguiçasse-se. - É quase certeza de que alguma parte da direção da escola tem haver com isso. Mas não somos da policia. Não dá pra tirar conclusões precipitadas, apontar um culpado, e dar as caras sem evidências completas. Isso torna tudo mais complexo e longo. - batia a ponta dos dedos pela madeira, produzindo um estalo contra o material e a unha. - E essa arrumação toda… faz com que minha paciência transcenda os limites. - expeliu ar pela boca. - Mas.. E você?

— Precisava te mostrar uma coisa, mais tarde.

— Que seria…?

— Hm.. Um bolo de cartões.

— “Bolo de Cartões”?

— Sim. Aqueles cartões vermelhos, os mesmos vistos na cena do crime do tal Jade e na mochila de Kentin... Encontrei vários deles rasgados dentro do vaso sanitário da suíte. Mas, gostaria de entender: Se esse papéis realmente dizem algo, e se Elsie realmente for uma envolvida; não seria babaquisse jogar as evidências fora e nem ao menos dar a descarga?

— Nada impede que os cartões tenham emergido por conta de problemas no encanamento.

— Nesse caso, como diria Jack: A sorte está mudando para nós, moleque... - riu.




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Notas finais do capítulo

Sei não, esse povo tá tudo de humor alterado. :v
O que será que pode acontecer nesse evento? Sugestões? Ideias? Todas bem-vindas.
Estão de férias? Esse ano passou rápido.. Bem, caso o próximo capítulo saia muito tarde, já deixo aqui minhas boas festas a todos. ♥


E desculpem qualquer erro. São 10 da manhã e eu madruguei q