Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 29
O Poeta de Corpos


Notas iniciais do capítulo

Hmm.... "poeta". Já sacaram? Não? Okay. QQQ
E MANOLINHO TENTEI POSTAR ISSO AQUI UMAS 5 VEZES. AGORA VAI


Mais um capítulo com algumas cenas seguindo a mecânica do "[-x-]", narração em terceira pessoa.

Boa leitura! ✿



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[-x-]

Os planos para a visita ao museu não ocorreram conforme o planejado. Porém, não é como se os “três dias prolongados sem colégio” tenham sido um problema para os integrantes da excursão fracassada.

Á noite, já após terem retornado de viagem, Armin e Elsie sentaram-se sobre a borda de suas camas.

Mal tiveram tempo em se habituarem novamente às rotinas do colégio, para serem atormentados pelo ruído agonizante da morte; o Relatório Diário.

A gêmea do representante, Amber, submersa sob as águas do ofurô feminino, o fio de um secador entrelaçado à suas pernas.


[Lysandre]

Desloquei minha atenção para além da ventana do dormitório, suspirando. Por quanto tempo aquela angústia ainda me atormentaria?

Meus papéis, minhas melodias; todos frutos de uma aflição irreversível.

Naquele tempo, vivenciava minha terceira infância’. Criado no interior, na companhia de meu irmão mais velho e meus avós.

— Um, dois, três... – o pequeno eu somava o número de coelhos escondidos entre o feno do celeiro. -... Quatro, cinco, seis, sete...

Meus olhos vasculharam todo o ambiente – as íris heterocromáticas nas quais sempre detestei. Faltava um! Logo meu favorito, de manchas castanhas. E só havia um lugar na qual poderia ter ido...

— Senhor Chocho! – exclamava a simplória criança, sob a copa das árvores de uma floresta próxima. As mãos abertas ao redor dos lábios, numa tentativa de ascender a eficiência de seus chamados.

E era bobo... Cegamente fascinado com aquele coelhinho, fazendo parecer que nunca antes vira um.

Distraído, por pouco não notara o farfalhar de passos sobre as folhas secas, nas quais teimavam em se aproximar.

— Tem alguém aí? – voltou-se abruptamente para trás.

Uma garota saiu por detrás das árvores. Clara, minha pequena Clara.

Esta trazia o felpudo Choco em suas mãos.

Periodicamente, a rapariga viajava para o interior com sua tia, hospedando-se ao lado de meus avós. Sendo a única criança na região, durante aquelas épocas costumei-me a observá-la de longe, debruçado sobre o muro que delimitava ambos os ranchos, gerando esperanças de que um dia seria convidado para me juntar às suas brincadeiras.

— Fui dar uma volta e o encontrei perdido por aí. – explicara-se com um leve sorriso, indicando para o coelho Choco. - É bonitinho...

Clara parecia tão mais bela quando próxima; desde suas madeixas alvas à sua essência.

Nos apresentamos timidamente; eu já sabia seu nome.

Aconchegamos-nos sobre algumas pedras rente uma queda d’água próxima, e passamos o resto da tarde a trocar assuntos tolos.

— Existem muitos outros no lugar que este veio? - Clara pasmou.

— Exato! - sorri alegremente.

E tornou-se eufórica:

— E-e você pode me mostrar outro dia?!

— Sim, eu vou sim… Se prometer vir neste mesmo lugar numa próxima vez.

— Claro! Será a nossa promessa! - os olhos anis se acenderam.

***

— “Promessa”... – amargurei tais palavras num tom de deboche, mordiscando os lábios descascados. A palavra não cumpriu-se.

Afinal, não existiu uma outra vez.

Clara não existia mais. Clara fora estuprada, torturada.

E só ao imaginar seu estado... Só ao imaginá-la... O pequeno Lysandre sentia um ódio incontrolável.

— Era o seu compromisso.- sussurrei fronte um espelho do dormitório, torcendo o lenço de pescoço verde.

Castiel, mesmo não fazendo parte de nossa casta de killers, secretamente auxilia-me na obtenção de musas. E com isso, visa faturar algum lucro - lucro este na qual não me convém, afinal, não passa de um mero prêmio físico.

Este jogo me é apenas um passatempo, onde posso inspirar-me sem que sofra as consequências da lei. E para que, no final das contas… Possa me livrar de tal profana angústia.

Levei as mãos a fechadura do armário do dormitório, admirando com êxtase seu interior ao abri-lo.

— Mas não faz mal, querida Clara. Todos merecemos uma segunda chance…



[-x-]

No dia seguinte, Nathaniel e seus pais foram recebidos pela notícia inesperada.

Amber foi transferida para um colégio do exterior? – dizia o louro ao celular.

Mas é claro. Sempre soube que sua irmã tinha um grande potencial. – respondeu-lhe sua mãe, pelo outro lado da linha telefônica.

Nathaniel contraiu o rosto em desprezo.

Tá. – continuou o garoto. – E ela nem sequer veio se despedir ou algo assim?

Amber me disse que tinha muito que fazer.

Hm... Então ela chegou a falar com você?

Óbvio. – suspirou. – Bem, trate de se esforçar como ela. Até.

Algumas ideias perturbadoras emaranharam-se por sua mente.

Completamente incogitável era a ideia de que Amber partiria sem ao menos atazaná-lo por uma última vez. E ainda mais, que a mesma tivesse nível suficiente para ser convocada por um colégio estrangeiro.

Isso tudo é muito estranho, Jack. – na sala do Grêmio, Nathaniel decidiu recorrer a seu parceiro de investigação.

Qual é seu palpite, moleque? – perguntou o inspetor.

Eu tenho uma teoria não muito agradável... – lançou-se a cadeira giratória do gabinete.

Você acha que sua irmã... Foi uma das vítimas?

Nathaniel engoliu a seco:

Sim...

E prosseguiu:

Ou pelo menos, Jade, que supostamente foi morto, também está como transferido pela direção do colégio. Como se a própria escola tentasse jogar tudo por baixo do tapete.

A direção obviamente não trataria abertamente do assunto.

Mas... Ah, eu não sei. – esfregou a mão pela testa, apertando as pálpebras entre si. – Estou confuso. Não quero acreditar que algo tenha acontecido à Amber, mesmo ela sendo quem é.

Só há uma forma de descobrir... – fitou o aparelho-celular de Nathaniel sobre a mesa.

Eu não quero descobrir! – alterou-se o louro, cobrindo o rosto com a palma de suas mãos, e vergando-se para trás sobre o encosto maleável da cadeira. – Eu... Tenho medo.

Jack tocou-lhe um dos ombros:

Por acaso se lembra do que te disse quando foi solicitado para participar do caso?


“Você é extremamente apto. Mas para trabalhar com isso, deverá eliminar qualquer valor que tenha aprendido e saber lidar com suas emoções.”


Após alguns minutos em silêncio, Nathaniel suspirou longamente.

O louro discou para o celular de sua irmã, fitando o inspetor receosamente por cada sinal não atendido.

Alô, Amber?

Irmão? O que houve? Tudo bem com você?

Jack torceu as sobrancelhas. Nathaniel abriu um longo sorriso, preenchendo-se de entusiasmo:

Amber! Por que não se despediu antes de ir?!

Eu queria te fazer uma surpresa!

Puxa, eu ainda tenho tantas coisas para te perguntar sobre...

Me desculpe Nath. – interrompeu-o. - Preciso desligar. Mais tarde nos falamos. Até!

Está bem... Até!

Quando desligou o aparelho, Nathaniel fitou o semblante de Jack - e estremeceu, pois sabia o que aquilo significava.

Isto me parece uma gravação bem convincente. – analisou o inspetor. – São fragmentos de falas recolhidas.

O representante notara o mesmo durante o diálogo. Sua irmã nunca o trataria com tanta euforia, e nem ao menos se desculparia de algo. Entretanto, Nathaniel conteve-se para não aceitar o fato.

Desta vez, Jack quem discou novamente para o número.

Me desculpe Nath. Preciso desligar. Mais tarde nos falamos. Até!

E desligava.

Pelo menos três vezes tentaram.

Nathaniel sentiu um nó em sua garganta, e suas lágrimas desprenderam-se sem ao menos perceber.

DEVOLVAM MINHA IRMÃ! – bradou para o aparelho, lançando-o contra a parede. – DEVOLVAM!

Acalme-se, Nathaniel! – ralhou o inspetor, segurando-lhe os braços para evitar um surto destrutivo; o rapaz debatia-se. – Isso não resolverá nada!

Eu vou acabar com quem quer que tenha feito isso! Não importa quem seja! Vou MATÁ-LO!






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Notas finais do capítulo

Queria deixar os créditos para meu RedHead(https://fanfiction.com.br/u/328101/) sobre uns trechos da infância do Lys. Ele escreveu faz um tempo para a própria Fanfic, e como essa ainda não foi postada e eu gostava dessa ceninha, pedi permissão pra fazer uma brincadeira tosca de "universo alternativo". Enfim, créditos ao RedHead. Q


O QUE CÊS ACHAM QUE VAI DAR ESSA TRETA? C:
Kissus da tia Nina, e até breve! ~~