Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 19
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Notas iniciais do capítulo

Olá! Queria postar este capítulo junto com o próximo, mas acho que vai demorar...
Bem, eu lembro que há um tempinho atrás, eu pedi o auxílio de vocês num projeto de redação. Infelizmente não rolou. Mas, no último dia de colégio, quando todos os alunos estavam na quadra, minha professora me chamou e houve uma pequena premiação por representar o colégio - e com direito a palmas!
Desnecessária toda minha narração, mas EU FECHEI MEU ANO COM CHAVE DE OURO.
E eu queria muito agradecer aos leitores que me apoiaram quando eu estava, digamos, desanimada com a derrota. Valeuzão por votarem e por tudo!
SEM MAIS ENROLAÇÕES, deixo um capítulo fresquinho. Boa leitura!



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[Elsie]

O cabelo curto não combinara muito em meu rosto, mas é bem refrescante. Kentin elogiou minha nova aparência.

Sentados sobre a mesa conjugal do refeitório aberto, falávamos pouco.

— “MUR”... - Armin não parava de sussurrar aquela junção.

— Armin, come logo isso. - reclamava Kentin observando o prato cheio do colega.

— Vocês ainda não acreditam em mim? Não é óbvio que estão formando uma palavra?

— Não. - eu e Kentin respondemos em uníssono, rimos.

Agora o trio estava devolta. Armin, preferiu que os três permanecessem juntos caso realmente fôssemos a fundo na investigação; questão de segurança. Cada um pôs sobre a mesa o que sabia.

“R” fora a última mensagem recebida. Renata, garota atraente do terceiro ano, teve suas mãos arrancadas do corpo. Alunos comuns não entendiam bolhufas, e nós, killers restantes, parecíamos brincar de caça ao tesouro.

O plano de Armin: Tentaríamos compreender as letras, e se as adivinhássemos, correríamos para a próxima vítima, descobriríamos o culpado antes que executasse a morte e o liquidaríamos. O moreno traçou seu projeto num guardanapo engordurado, desenhou “bonecos de palitinho” em cada etapa, sequenciando-as por setas tortas.

— Parece loucura. - Kentin comentou, concordei.

— Ahh, então façam melhor. - Armin ergueu uma das sobrancelhas, amassou o papel e jogou-o para trás.

[Nathaniel]

Após entregar à Elsie seu acessório perdido, Jack, meu superior, fez uma expressão nunca vista por mim antes. Na sala do Grêmio, decidi interagir:

— O que te levou aquilo? - peguntei de costas ao meu destinatário, remexendo alguns documentos.

— “Aquilo” o que, moleque?

— O sorriso. - dei um riso abafado, pensando no quão constragido Jack encontrava-se.

Ele suspirou longamente. E após uma pausa, comentou:

— Ela é sobrinha da Agatha. Não há mais dúvidas.

— A garota que gostava na sua juventude?

— Sim... - respondeu sonhadoramente. - Aquele colar era uma espécie de “símbolo” da nossa amizade.

— “Amizade”? Então nunca ficaram? - ri. Era gozado vê-lo conversando sobre assuntos como aquele.

— Acho que ela nunca percebeu o que eu sentia, no fundo. E quando ela foi internada na clínica de reabilitação perdemos o contato completamente.

— E por que ela foi internada?

— Nunca soube o real motivo..

— Vocês estudavam aqui, não é? - comentei mecanicamente. Ele confirmou.

Conversamos um pouco sobre o tal hacker do keypass, assunto muito comentado pelo colégio. Afinal, ele que extraía dos alunos a rotina tediante dos estudos. Jack descartou qualquer possibilidade de ter haver com nosso caso, argumentando: “É normal acharmos tudo perfeito, mas essas tecnologias não passam de mesquices. Quebram por qualquer coisa.”. Calei-me.

Horas mais tarde, retornei a minha comodidade. Quando cheguei, ouvi o estalo d’água do chuveiro em contato com o chão. Burniel tossia alto. Então, analisando a porta aberta do toalete, decidi indagar.

O piso branco estava coberto de manchas de sangue e embalagens de remédio. Burniel estava debruçado sobre a banheira, a blusa branca ainda não completamente desbotoada, enxarcada com água e o próprio cuspe vermelho.

Quando virou-se para mim, visível foi seu pedido de socorro, estampado em cada olheira de sua face.

(...)

Pouco tempo depois, o novato encontrava-se na maca da infermaria desfrutando do quarto estágio de seu sono.

Consultei meu superior, e este afirmou que Burniel sofria uma espécie de vício em remédios. Seu caso não fora relatado a nenhum professor, o que seria o adequado, mas Jack pode deduzir mediante minúsculas observações.

— Ele toma remédios sem prescrições médicas para amenizar o efeito de alguma doença? - perguntei.

— Exato, parece que se enche de antidepressivos. Outro dia, vi o moleque enfiando uma pastilha de comprimidos guela abaixo escondido. - afirmou Jack.

— E por que não fez nada?! Não seria dever do colégio encaminhá-lo para um psicólogo daqui?

Ele negou com a cabeça e mirou o rosto adormecido do rapaz:

— Ele parece ter envolvimento no caso. Precisamos nós mesmos interrogá-lo e dar o suporte necessário, antes que a direção o afaste de nós.

(...)

Por trás duma vidraça transparente, pude observar a minúscula sala donde Jack executava o interrogatório; o escritório dele. Meu superior e Burniel estavam sentados à uma mesa, cara a cara. Ele fitava o chão, depois encarava o teto e as paredes, seus olhos não paravam. Sua postura envergada e inquieta lhe dava um ar doentio.

— Chequei sua ficha escolar. Seus documentos não constam em nenhum fórum, são todos falsificados. O que tem a dizer em sua defesa?

O investigado permaneceu num duro silêncio. Jack suspirou irritado:

— Shermansky tem conhecimento sobre isso?

Ele respondeu com um “não” baixo.

— Por que está aqui? Qual é seu propósito com um colégio desses? Sua mensalidade é paga por desvio de contas bancárias!

Burniel recusou-se a falar qualquer coisa.

Logo após foi minha vez de ocupar à cadeira. Tentei analisar cada gesto ou feição que pudesse comprovar minhas teorias.

— Burniel, - iniciei. - acho que seria uma boa forma de melhorarmos nossa relação se se esforçasse em me responder. Elsie me contou sobre suas formas de hipnose, e garanto-te, isso não funcionará comigo e nem...

— Você nunca entenderia. - interrompeu, fitando o próprio colo. Seu tom firme causou-me arrepios.

— Por que pensa isso? Somos parceiros de quarto, não somos? Você pode contar comigo. - estendi-lhe a mão com um sorriso incentivador.

Ele ergueu os olhos sonolentos em minha direção, mas não aceitou. Com pudor, tratei de guardar meu aperto de mão para outra hora.

— Pela segunda vez, qual o seu propósito de entrar neste colégio? Você sempre agiu estranhamente e Elsie contou sobre sua intromissão na suíte dela, você disse-lhe algo como “escalar grades”... Sua forma de subordinar o psicológico dos outros também me é interessante. Eu não gostaria de chegar a esse ponto, mas se não quiser me esclarecer, terei que contar a Shermansky sobre sua identidade falsa. Sua exclusão será instantânea.

Burniel abriu ligeiramente os olhos, toquei seu ponto fraco. Ele finalmente começou a falar, ainda um pouco inquieto:

— Soube por alguns contatos sobre este colégio e seus alunos, falaram que eles teriam a informação que quero. Ao entrar para o grupo de Castiel, os rapazes disseram que me ajudariam caso tentasse arrastar a garota Cotton. Mas, eu não queria fazer aquilo com ela! - suas mãos passaram a ter espasmos. - E-eu não tinha escolha, só auxiliando no plano que eles contribuiriam comigo, eu juro.

— Se acalme, por favor. Será que poderia me explicar sobre essa “informação” que tanto quer?

Até então, sua pequena recaída parecia-me verdadeira. Estou falando sério, sou uma pessoa extremamente desconfiada, o pouco que acredito é real.

Burniel respirou fundo, acalmando-se:

— Jade Klippel. Estou aqui para encontrá-lo.

Sua afirmação fez minhas mãos suarem frio.

Inicialmente, recordei-me do quão tranquilo era Klippel. Poderíamos ter trocado tantos assuntos. Formou-se um nó em minha garganta, uma profunda angústia, ao lembrar-me da crueldade feita com seu corpo.

Untei minhas mãos sobre a mesa, e disse, sem conseguir mirar nos olhos de Burniel:

— Sobre isso... Bem.. o Jade não se encontra mais por aqui.

— Como assim? - questionou ele, crespando a testa. Sua pergunta igualou-se a um punhado de agulhas em meu peito.

— Ele... - tentei armazenar forças o suficiente para respondê-lo, umedeci o lábio inferior. - Ele faleceu.

O rapaz permaneceu em repouso, arreativo, fitando às ferrugens da mesa de alumínio. Sua expressão não dizia nada e não demonstrava sobressalto.

— Você está brincando, não está?

— Me desculpe, mas...

— Como? Quando? Por quê?!

— Jade... Jade sofreu um acidente de trabalho. Já faz alguns meses.

Burniel parecia muito confuso e atordoado. Então ele respondeu, ocultando seu olhar:

— Isso é... Muito para se processar de uma vez só.

— Entendo perfeitamente. - respondi com tremulação na fala.

Preferi deixá-lo por si só. Talvez eu tentaria arrancar informações mais tarde, quando ele estivesse recuperado.

E seus olhos permaneceram ali, pairando sobre cada canto empoeirado da sala.

[Kentin]

“D” fora a última letra. Daniel, um integrante do Clube de Xadrez; aluno comum e muito culto.

As vítimas pareciam escolhidas a partir de uma letra aleatória; nenhuma delas era killer.

A porta de minha suíte abriu com um estouro, Armin adentrou com euforia:

— Kentin, veja isso!

Eu, que descansava sobre minha cama, abri meus olhos vagarosamente, ainda um pouco lânguido.

Enquanto checava alguns arquivos da Internet na sala de computação, Armin verificou a seguinte informação num site estrangeiro, na qual traduziu como pôde:

“Gwendolyn Graham e Katherine Wood. As duas mulheres se viram pela primeira vez na casa de repouso Alpine Manor, onde trabalhavam. Elas rapidamente se tornaram amigas e, em seguida amantes, em 1986. Dois anos depois, ambas foram acusadas de homicídio por terem supostamente sufocado pacientes idosos como parte de um "vínculo de amor", resultando em um dos casos de assassinato mais sensacionais da história do Michigan. “

Aquilo não me parecia muita coisa, além de um caso de extermínio em décadas passadas. Li o restante, encontrado em outro Website:

“O casal de enfermeiras criou um jogo macabro. Elas desejavam assassinar 6 pacientes idosas cujas primeiras letras formassem a palavra M.U.R.D.E.R. (traduzindo: assassinato).“

Armin não conteve altas dosagens de elogios sobre si mesmo, iniciando uma dancinha constrangedora:

— Eu estava certo! Sabia, sabia! Sempre soube!

— Mas tem alguma coisa errada. - cessei seu surto.

— Não, não! Dessa vez eu estou certo. Admita! - mirou o indicador em minha face.

— São concebidos apenas cinco Cartões de Homicídio a cada killer. Pelo o que está me mostrando, é como se o assassino quisesse recriar o caso de anos atrás, ou seja, seriam utilizados seis cartões. Um para cada morto.

— Mas há uma condição que Shermansky nos criou: “Se entre os cartões utilizados, NENHUMA das vítimas foi um killer, será desclassificado. Caso contrário, pode simplesmente, pedir uma reposição de cartões.”

— Armin, mas se não há certeza de que a vítima é um killer, seria um tiro no escuro!

— Portanto, a única forma de que haja seis cartões garantidos, é que sejam duas pessoas agindo. De uma forma ou outra, eu estou certo!

Parei por um momento. Sim, fazia sentido.

Armin largou sua confiança, dando lugar a um rosto atordoado:

— Mas... se já estamos em “Murd”...

Demorei para decodificar; mas logo disparei pelo corredor:

— Elsie!

[Elsie]

As atividades do Clube de Jardinagem cessaram, todos os integrantes seguiram para seus próximos destinos. O dia foi repleto de perguntas sobre o que ocorrera ao meu rosto - devido alguns hematomas da agressão - e alguns sorrisos forçados por minha parte. Obviamente não esclareci o real motivo dos roxos.

Trancafiei a estufa de vidro e segui para minha suíte.

Antes de deitar-me, chequei por uma última vez se tudo estava devidamente fechado. Deixei uma tesoura inoxidável sobre o criado-mudo, ao lado do colar relicário de tia Agatha que exibia à imagem pouco mofada.

Estava quase cerrando os olhos por completo, quando assustei-me com algumas batidas repentinas na porta.

Deparei-me com Tillie; a jovem enfermeira que atendeu Nathaniel quando este foi ferido, a professora de aura fria e vazia.

Com aqueles mesmos olhos pálidos, encarava-me.

— Como posso ajudar? - perguntei-lhe sobre uma fresta da porta, apertando a tesoura ocultada sob minhas costas.

Ela amostrou um papel vermelho: O Cartão de Homicídio. Talvez esperasse que eu fosse outro aluno comum, e que não entenderia o significado da nota.

Tillie pôs as mãos sobre a tábua, como se para empurrá-la com violência.

Mas é claro, como não pensei nisso? Para entender tão bem sobre um keypass a ponto de implantar um hacker, só alguém que utilize-o por anos, horas por dia. Um professor.


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Notas finais do capítulo

Esta é nossa "querida" Tillie. Ou pelo menos, como costumo imaginá-la. (Personagem: Risa Aoyanagi; Psycho Pass ♥)

Fontes dos assassinatos: en.wikipedia.org e blogfamigerados.

Okay, então, neste capítulo, descobrimos que:
* Jack é o garoto da foto;
* Burniel procura pelo falecido Jade.
* Tillie é a hacker.
Gente, minha cabeça ainda vai explodir um dia. Sério.

Eu queria ajudinha de vocês. O "prêmio" da professora foi uma vale-livro de 40 mangos: quais livros de mistério vocês sugerem? ~~
Acho que é isso.. Kissus!