Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 17
M...


Notas iniciais do capítulo

Oláaa! Eu esperaria para postar se não estivesse tão ansiosa. Muito obrigada você, que está lendo este capítulo. (‘ ∇‘ )
O início narrado pela querida Elsie e o encerramento por Kentin. Um novo 'killer' agindo às espreitas. Inicia o "clímax" do arco.
Boa leitura! ♥



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Acordei com tontura, o keypass havia apitado sobre o criado-mudo.

— Maldição... - resmunguei esfregando a palma da mão sobre o rosto, mal suportando ver meu reflexo pela tela do aparelho.

Havia algo na caixa de mensagens, um recado de remetente oculto. Após selecioná-la, deparei-me com nada mais que.. um “M”.

— Quem seria o infeliz que manda uma mensagem tosca dessas logo de manhã? Isso seria falta do que fazer ou insônia?

Bufei, larguei o aparelho sobre a cama e voltei ao sono.

Horas mais tarde, a escola parecia um enxame de abelhas - pelos corredores cheios, vazavam sussurros e zumbidos do povo. A princípio tentei compreender o caos, depois soube que todos estavam falando de uma tal mensagem. Sim, aquela mesma com a letra “M”. Como Kentin e Armin também encontravam-se por lá, decidi questioná-los.

— Vocês estão entendendo alguma coisa? Também receberam esta mensagem?

— Sim. - Kentin respondeu. - Talvez tenha algum significado, não foi só uma coincidência. Será algo haver com... ? Vocês sabem.

— Concordo com o que disse. Mas se isso tiver algo com os killers, creio que o causador será desclassificado. - comentei. - Uma das regras mais claras é não envolver estudantes comuns. Só que... - fitei Kentin. - Não é como se já não tenhamos feito isso em segredo.

— Mas é diferente. Só estou aqui para retribuir o que já fez por mim.

O menor sorriu, desviei o olhar. Armin pigarreou:

— Bem.... - alisou o topo da cabeleira negra. - ... Como devemos reagir quanto a isso?

— Se descobrirmos quem está por trás, devemos encurralá-lo e...

— Mas e se isso não tiver nada haver com “nós”?

— Isso não pode ser apenas um erro de entrega de mensagens, e ninguém se daria ao trabalho de enviar para todos os alunos. Estamos falando de um hacker. E, ele não usaria suas técnicas se não quisesse espalhar “suas intenções”. Ou seja, se não quisesse cometer um crime.

— Que besteira. - Armin resmungou revirando os olhos. - Você está fissurada, e isso não é bom... Olha, nesse corredor com certeza há killers, mas eles são espertos o suficiente para não aparentarem gestos suspeitos. E você está sendo suspeita.

Infureci-me:

— Ótimo! Se está praguejando porque eu me preocupo com a minha vida, que seu espírito não venha me perturbar quando estiver morto.

— Nós já conversamos sobre isso no hospital...

— Eu não posso ficar parada esperando um suposto maníaco tirar minha vida. Se você quer ser trouxa, problema é seu.

Ele encarou-me com frieza:

— Pare de desconfiar de tudo e de todos. Você vai ficar paranoica. Já disse pra esquecer essa história e parar de se meter em casos.

— PARE DE AGIR COMO UM SABE-TUDO, SEU COVARDE!

As abelhas do corredor cessaram os zumbidos, agora encarando-me como se realmente fosse louca. Amber escapou um riso.

Fitei obliquamente os olhos azul gélidos do rapaz nas quais pareciam cortar minha alma. Seus lábios franziam-se um contra o outro, como se para não os deixassem escapar palavras maldosas. Talvez eu tivesse exagerado quanto o “covarde”. Eu.. definitivamente não estava me sentindo muito bem.

— Podem voltar a conversar, não foi nada de mais! - Kentin exclamava para os curiosos enquanto minha visão parecia hipnotizada pelo olhar glacial de Armin.

Todos voltaram aos seus murmúrios esquecendo meu surto. Minha visão começou a se alterar, escura e cheia de contorções - senti-me tonta. Obstruí os lábios com as duas mãos e pus-me a caminhar violentamente para fora da multidão.

(...)

De braços tremulamente apoiados sobre o gabinete da pia, observava meu reflexo pálido sobre o espelho. Aquele era um dos WC’s femininos do colégio. Sorte todos estarem pelos corredores, tendo em vista que encontrava-me em uma situação deplorável - todo o café da manhã ralo abaixo.

— E-eu.. não aguento mais.. - abaixei a cabeça sobre a pia novamente.

Sabe, essas crises não são de agora. Desde pequena tenho estas alterações repentinas de humor e saúde. Tia Agatha costumava chamá-las de “sexto sentido” - ou melhor, intuição. É como prever que algo está prestes a acontecer por alguma espécie de sinal. Uma série de eventos estranhos já me ocorreram em relação a isso, pode parecer loucura. Não tenho certeza se isso realmente existe, se são apenas coincidências, ou eu que sou ímã para desgraças.

— “M”.. - pensei alto enquanto me recompunha. - Seria... Morte? Materno? Mulher? Talvez.. Um nome específico.

Senti ânsia novamente e preparei-me, minha garganta ardia.

Terminado o trabalho e com a sensação de que tudo já havia acabado, fui a um dos boxes para sacar um rolo de papel higiênico e levá-lo comigo, caso ocorressem imprevistos até o caminho de minha suíte.

E foi quando, ao abrir a porta amarela do compartimento, deparei-me com um corpo debruçado sobre a tampa do vaso sanitário. Uma garota com o pescoço inclinado para trás; boca, braços e pernas amordaçados e sinais de cortes profundos por todo o corpo. As órbitas estavam completamente brancas.

Com o desespero do sobressalto caminhei para trás, mas logo tropecei em meus próprios pés. Gritaria, se não estivesse tão paralisada naquele momento. Por que andava tão instável? Como eu poderia continuar naquele jogo se mal conseguia livrar-me de ressentimentos sobre meus atos ou presenciar aquilo?

Passei o busto da mão sobre o olho úmido e suspirei profundamente. Levantei-me aos poucos e guiei meu corpo que, embora ainda trêmulo e receoso, fora até o cadáver. Examinei-o.

Para não muita surpresa, impresso na parede estava um “M” escrito à dedo, provavelmente com o sangue da vítima.

— Eu sabia que não era apenas uma simples mensagem de celular. - murmurei.

Aproximei meus dedos da marca escarlate, engoli a seco.

— Ainda está um pouco fresco... Acho que devo falar com Kentin e Ar...

Foi quando recordei-me da forma que havia tratado Armin. Droga! Talvez contando sobre a descoberta, ele me auxiliaria. Isso se eu já não tivesse funicado com tudo.

Então consultaria Kentin, embora odiasse aquilo. Afinal, caso Shermansky visse que tínhamos muito contato, com certeza desconfiaria de seu envolvimento conosco.

(...)

— Você tem certeza que...?

— Sim, estávamos certos quanto ao envolvimento de um malfeitor nas mensagens. - afirmei a Kentin. - Armin que é inocente demais. - reclamei.

Aproveitando o silêncio da noite, trancafiamos a porta do toalete para tirar nossas conclusões sobre a vítima. Ainda não habituado à cenas como aquelas, Kentin evitava observar o corpo maculado de sangue.

— Agora que temos certeza disso, o que devemos fazer? - perguntou ele.

Pus a mão sobre o queixo, mirando o cadáver pensativamente:

— Acho que a única coisa que nos resta é esperar o Relatório Diário e coletar informações para encurralar o culpado. Quando Armin souber que o “M” da mensagem foi encontrado na cena, vai se sentir um idiota por não concordar conosco. Pode ter certeza! - exclamei, firme de minha esperança.

(...)

Nome: Monika Moretto;

Idade: 16 anos;

Local: WC feminino, segundo andar;

Arma: Faca. Morte por estrangulamento.

O aparecimento do relatório confirmou que a garota fora morta por um killer. Mas, expor nossa existência aos normais não era contra as regras? Talvez possuísse alguma exceção quanto a mensagens de celular. Não entendo.

Estas foram as indagações fornecidas pelo Relatório Diário. Como esperado, nenhuma letra “K” no final. Ou seja, Monika era apenas um dos vários estudantes comuns metidos nesta carnificina.


(...)

No dia seguinte, após cumprir minhas tarefas, pude auxiliar Nathaniel.

— Esses livros são um pouco pesados. Você tem que levá-los todos os dias pra biblioteca? - perguntei ao louro. Havíamos repartido uma coluna de livros para transportá-los com mais facilidade.

— Na verdade, estes foram os que li esta semana. - sorriu com naturalidade.

— Eu gostaria de ter essa paciência pra leitura. - sorri, mas não pude deixar de parecer constrangida com minha falta de cultura.

Chegamos à biblioteca, aquele ambiente me deixa desconfortável. Nathaniel subiu numa escada bibliotecária enquanto eu passava-lhe os livros.

— Elsie. - iniciou, ainda atento às ações. - O que... o que você acha desse novato?

Preferi não comentar sobre a invasão em minha suíte, soaria mal.

— Há alguns meses eu também era uma, então não sei se posso opinar.

— Ora, mas todos nós já fomos novatos um dia. É algo bem comum se opiniar sobre as primeiras impressões. - ele aparentava desconfortável.

— Eu não sei... - repassei-lhe o exemplar. - Mas, e você?

— Somos da mesma suíte agora. Acho que... Não deve se enturmar com ele, parece um mau exemplo.


(...)


— Amber, será possível pintar sem se sujar pelo menos uma vez?

Era aula de pintura para as garotas. Professora Jane parecia um pouco nervosa, afinal, com uma aluna como Amber, qualquer um ficaria a um passo da loucura; inesperado foi descobrir que ela e Nathaniel são irmãos - gêmeos ainda!

— Mas professora...!

— Não, sem “mas”. Você estará suspensa de minhas aulas até segunda ordem!

A loura saiu praguejando, a professora fora atrás. Senti um Dejavú. Contudo, diferentemente da última vez, havia quatro carteiras solitárias: a garota encontrada no banheiro, Violette, Melody.. Kim.

Aproveitando a ausência de Jane, iniciou-se a conversação.

— Vocês sabem o que ocorreu à Monika? - perguntou uma garota de voz anasalada e entojada. - Era uma guria baixa, cabelo curtinho e castanho claro.

A vítima encontrada. Eu.. deveria agir com maior naturalidade possível.

— O que aconteceu? - questionou Íris. - Acho que me lembro um pouco dela...

— Ela era minha “colega de quarto”. Faz alguns dias que não a vejo. Achei que ela teria se transferido.

— Como você não sabe o que aconteceu com ela se dividiam a mesma suíte? - fiz a proeza de me intrometer. Cacete, Elsie!

A garota voltou-se com seu olhar altivo:

— Nós não nos falávamos muito. Ela era muito quieta e, francamente... Que garotinha esquisita. Tinha gosto estranho pra tudo. - revirou os olhos.

Eu havia uma tese à respeito de “parcerias de quarto”, pensava que todas as duplas eram cheias de companheirismo e passavam noites em claro a conversar. Pois depois do que ouvi durante o dia, eu acho que não.

“Monika, Monika...”. Mesmo ao retirar-me da sala de pintura, o nome continuava a repercutir-se dezenas de vezes em minha mente.

‘M’. Seria... Morte? Materno? Mulher? Talvez.. Um nome específico.

Uma coincidência?

Sendo a última a sair da sala, desliguei as luzes e ventiladores, fechei a porta. Todos haviam pego o rumo de seus destinos, deixando um sentimento monótono. Suspirei, caminhando sobre o corredor mudo e taciturno. Não compreendo que sensação fora aquela, mas... pensei que, talvez, alguém estaria aguardando por mim. O que não foi o caso.

Desconsolada, permaneci de cabeça baixa.

— Garota Cotton.

Ao fitar por cima de meu ombro, meus olhos encontraram-se com os castanho-claros de Burniel. Recordei-me da advertência do representante:

— O que você quer?

— Soube que teve um pequeno surto ontem no corredor. Vim perguntar como está. - demonstrava preocupação.

— Me deixe em paz. Estou ótima. - voltei a caminhar.

Subitamente, pude sentir um par de mãos pesando sobre meus ombros. Sobre minha orelha, sussurrou:

— Você não está bem. Nem um pouco.

Ele passou a acariciar meu ombro, algo como um consolo. Por um momento de fraqueza, não pude impedir aquilo. Sentia-me uma espécie de recipiente vazio, uma marionete.

— Mas não pense que é a única. Eu te entendo, Cotton. - umas de suas mãos subiram sobre meu pescoço e sustentou a ponta de meu queixo. - Se sente sozinha e indefesa...

Lágrimas brotaram sobre a margem dos olhos.

— Por que está chorando, querida Cotton? - demonstrou compaixão teatral enquanto alisava meu rosto úmido. - Eu não estou mentindo quando digo que sou o único que te entende.

Meus soluços tornavam-se mais calmos a cada momento. Burniel burlava às leis da hipnose com seus métodos de atuação, que embora visíveis, reconfortavam.

— Você se sente mal por ter abandonado Armin, não é? Mas não se preocupe, mais cedo ou mais tarde, ele também se livraria de você.

Aquelas palavras soavam tão reconfortantes. Seu timbre melífluo e infantil era agradável.

— Quando o homem prova do desespero, sua alma é testada. E é partir desse momento que ele mostra.. sua verdadeira natureza...

[Kentin]

— Não acredito que estou fazendo isso... - murmurei a mim mesmo. As mãos dentre o bolso verde; coturnos engraxados que locomoviam-se paralelamente; o som da borracha contra o piso.

Não, eu não estava me queixando por ajudar Elsie. Na real, este não era nem de longe o maior dos problemas. Aquilo era só a ponta do Iceberg.

Reencontrá-la fora uma das melhores coisas que poderia ter me ocorrido. Desde que suas visitas ao meu leito cessaram, desejei todas as noite, para alguma espécie de ser divino, que ela voltasse.

Isso tudo agora soa bem inocente, visto que tínhamos apenas dez anos.

Muita coisa se modifica. Até mesmo eu tenho orgulho em dizer que não sou mais o mesmo. Mas Elsie.. Ah, querida Elsie... Ela mudou tanto.

Isso certamente não era explícito quando reencontramos-nos. Parece confuso, deixe-me explicar. O que quero transparecer, é que foi exatamente durante estes meses no colégio que ela se alterou. Como se já não bastasse, Armin segue o mesmo rumo.

Tudo por causa deste maldito “jogo”.

E ainda ajudando-os, me sinto o pior. Acho que o dever de um companheiro seria convencê-los a desistir. Tentei inúmeras vezes, mas não obtive sucesso pois sempre acabo por desviar o assunto...

Chegando ao pátio, decidi contornar os arredores do colégio. Deparei-me com Armin sentado na área interna e restrita da piscina, com postura envergada, fitando a água escura.

“Aquele idiota não cansa de ser levado para detenção por invadir essa área?”— pensei.

Caminhei até as grades e escalei-as - com o barulho do arame, Armin virou-se para trás por um súbito momento.

— E aí? - assentei ao seu lado.

Armin continuava fixado à piscina inativa.

— Quer... Conversar? - perguntei.

— Tanto faz.

— O que aconteceu com seu PSP? Difícil você não estar jogando.

— Quero distrair minha mente de outra forma.

— Ah, olhando pra piscina. Faz sentido. - na verdade não.

Ele queixou:

— Por que ainda está aqui? Vá ajudar sua namoradinha.

Permaneci estático:

— C-como assim “ajudar”?

— Eu não sou nenhum trouxa.. nem covarde. Eu sabia que você tentaria ajudá-la ontem a noite. Será possível que nenhum de vocês dois me escutam?!

— Eu confesso que ajudei Elsie, mas eu não poderia deixá-la sozinha.

Armin levantou o rosto, olhando para frente. Inspirou fundo, balançando a cabeça:

— Esqueça tudo o que te falei. Eu só.. fico realmente irritado com isso. Mas dane-se, fim de papo.

Entreabri os lábios como se para argumentar, mas logo hesitei, e passei a observar a água em conjunto.

— Eu vi o relatório, - disse subitamente o garoto. - e quer saber de uma coisa? Era um pouco óbvio que killers estariam nisso, só não queria admitir na frente de Elsie. Sabia que ela começaria com as paranoias de investigação. Mas não concordar foi pior, no final das contas.

Ele suspirou, e então virou-se para mim:

— O que mais vocês descobriram?

Esclareci sobre a letra “M” encontrada no boxe, afirmei as características físicas da garota e seus hematomas. Como conclusão:

— Kentin, é isso! - Armin parecia eufórico, contraste com seu “desinteresse” de outrora. - Essa garota se chama Monika, lembro dela no Clube de Computação! “Monika” e “M”. Eles devem colocar a letra de sua vítima!

Desanimei, esperava uma resposta menos óbvia.

— Se eu soubesse o nome dela também chegaria a uma conclusão dessas, Armin. Deve ser uma coincidência.

Nossos keypass apitaram simultaneamente. Meu companheiro apanhou-o no bolso com voracidade e apontou a tela clara do aparelho para mim. A mensagem amostrava um “U” desta vez. Ele sorriu desafiadoramente:

— Pois vamos descobrir se minha ideia é só uma coincidência.


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Notas finais do capítulo

Aceitando suas opiniões sobre quem é o 'killer'. Porque, mesmo pensando em alguns, nem eu sei direito. hfdygfdf
Ando com muito sono, dor, meu óculos tá quebrado, e minha memória já sabem como é. Então, me avisem sobre erros ortográficos - embora eu tenha revisado isso mais de 5 vezes.
Acho que tô esquecendo de alguma coisa, não sei.. Qualquer coisa edito aqui. (._.)
Obg por lerem, e até a próxima! Kissus :*