Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 13
Visita à Murple


Notas iniciais do capítulo

Oeee! Eu ia esperar pra postar, mas não sei por que diabos estava muito ansiosa. ✿
Recapitulando, tivemos uma lembrança de Melody e a descoberta de que Nathaniel não é tão inocente quanto parece - embora que 'alguém' o controlasse.
Agora, depois de algumas semanas, é o dia que Elsie tanto aguardava...



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Semanas passaram-se desde o desaparecimento das duas killers. Nathaniel logo recrutou um novo membro para ocupar o lugar de Melody - não retirou quaisquer satisfações sobre o ocorrido e parecia demonstrar indiferença. Íris aconchegou-se com a ideia de que a colega fora estudar em outro colégio e não falou mais no assunto. A noviça que suicidou-se à minha frente também nunca fora encontrada. Nenhuma morte foi relatada desde a de Violette.

Os dias foram monótonos e gradativos; como devem ser para pessoas comuns. E eu agradecia por isso, num dado momento.

Hoje, é o dia que espero há um bom tempo. Simplesmente por um motivo: Dia de visita aos pais. Estou ansiosa para reencontrar Murple e ouvir mais algumas de suas histórias sobre as façanhas do falecido senhor Roger. Mal posso esperar para contar-lhe sobre meu novo cargo de líder do Clube de Jardinagem...

Hoje é o dia que Armin prometeu levar-me até a verdade por trás de seus objetivos. Algo me diz que não será coisa boa, mas espero que ele não tenha se esquecido ou que tente voltar atrás de sua palavra.

(...)

Instalei-me sob a sombra de um pé de pêra e pressionei o dedo sobre a campainha - seu ruído era tão alto que soava até o lado exterior do sobrado. Aguardando a chegada de Murple à porta, fiquei a observar um beija-flor que esticava seu bico até um bebedouro de pássaros, bebedouro este que talvez contivesse, além de água, açúcar para atraí-lo.

“ Ultimamente qualquer mísero detalhe está chamando a minha atenção. Sinto-me um pouco desconectada desse mundo. “ - pensei e logo suspirei.

Finalmente a porta abriu. E, antes de qualquer coisa, fui recebida por um apertadíssimo abraço em torno da cintura:

— Elsie! Que saudade de você!

Não é que aquela aparente senhora de porcelana ainda possuía a força de sua árdua juventude?

— S-senhora Murple! - sorri com certo constrangimento. Há quanto tempo eu não abraçava alguém?

Entramos. Sentei-me no sofá de sua extensa sala de estar. Um local repleto de prateleiras adornadas dos mais diversificados utensílios: Sinos, bonecas de pano, xícaras, vinhos vencidos.

— Hoje será eu que lhe servirei o chá. Já volto! - ela sorriu exercendo gestos eufóricos com as mãos.

— Está bem. Obrigada. - respondi sem muitas cerimônias.

Murple mora ao lado de um terreno abandonado. De lá, podemos ouvir o som das cigarras solitárias. Decidi levantar-me e observar através da janela; embora acanhado, meu reflexo em seu vidro era visível. Demorou pouco para que a voz delgada da garota voltasse a atormentar-me:

“Eu não faço a mínima ideia do que está acontecendo aqui. Mas… Eu estou com medo.”

“Me solte! Me solte! “

Ela não era um killer, com toda a certeza. Então, por que teve de ser introduzida em algo que ela nada tinha haver? É isso o que chamam de “destino”?

Eu imaginava que poderia ajudá-la, retirá-la daquela carnificína e mater intacta sua sanidade. Grande tolice de minha parte! Cinco anos se passaram desde o falecimento de minha tia, e, mesmo assim, não encontrei mais nenhuma prova sobre seu assassino. Insisti em auxiliar Kim e veja só o que aconteceu. Creio que qualquer objetivo meu é cercado de estorvos!

Os pensamentos pessimistas foram interrompidos após sentir uma das miúdas mãos de Murple em meu ombro:

— Elsie? Está tudo bem, querida?

Franzi um sorriso falso. Virei o rosto e respondi por cima de meu ombro:

— Tudo está ótimo.

— Ora, então vamos conversar um pouco no sofá. O chá está em cima da mesinha de vidro.

Sentamos-nos no banco de couro.

— Então, Elsie. - iniciou, sacando o bule florido sobre uma bandeja de madeira. - Como está sendo essa experiência para você? Está gostando dos professores? - serviu-me uma xícara de chá.

Tomei um pouco da bebida e coloquei o recipiente devolta à mesa:

— São todos ótimos. - sorri. - Também reecontrei um antigo colega de infância. Minha tia conhecia ele... - comentei mecanicamente.

— Que maravilha! E fez muitas amizades por lá?

Tomei fôlego para respondê-la, mas hesitei por um momento. Observando minhas mãos sobre meu colo, respondi com um sorriso entristecido:

— Eu não sei.

Murple parecia perplexa com minha conclusão:

— Aconteceu alguma coisa? Não está se ajustando às pessoas? Posso conversar com “Sherman” para que te coloque em outra sala.

— N-não é isso... - senti uma lágrima cortando minha face. Enxuguei seus rastros com rapidez para que não fosse visível meu desiquilíbrio .

— Elsie, você pode contar o que quiser para mim. Sei que não chego à sombra de sua tia, mas saiba que estarei aqui quando precisar de ajuda. Você é como uma neta para mim, não se esqueça disso, certo? - sorriu simpaticamente.

Voltei-me para a anciã e respondi seu sorriso:

— Obrigada.

— Não seja por isso. - deu uma leve batidinha em minhas costas. Murple fez um gesto como se tivesse lembrado de algo importante. - Fique aqui um pouco, eu já volto!

Murple retirou-se do cômodo. Depois de alguns minutos, retornou com uma pequena caixa nas mãos.

— Elsie, pegue isto aqui. - esticou os braços em minha direção, logo apanhei o objeto.

— O que é isso?

Ignorando minha pergunta, respondeu:

— Lembro-me perfeitamente daquele dia: Vários rapazes carregavam estantes e cadeiras, enquanto, no centro da movimentação, uma pequena garotinha debulhava-se em gritos e lágrimas, desesperada. Meu coração foi partido com aquela cena. Mas agora olhe só aquela garotinha frágil, depois de míseros cinco anos, logo se tornou o que você é. E é por este seu amadurecimento que acho que posso lhe entregar isso. - respirou fundo e prosseguiu com uma aura incentivadora. - Vamos, abra.

Observei Murple, depois, fixei meu olhar à misteriosa caixinha vernizada. Fitei a anciã por uma última vez.

— Abra. - incentivava com um sorriso.

Receosa, levantei a tampa aos poucos. No fundo almofadado encontrava-se um colar de prata em formato oval. Apanhei-o, era um colar relicário! Ao abrí-lo, deparei-me com uma foto de tia Agatha quando adolescente, junta de um garoto pouco mais baixo que ela; magrelo e de pele amarelada, mas sorridente. Na outra parte interna, havia uma espécie de dedicatória em letras carmesim: “Por todo nosso tempo juntos.”. Eu imaginaria qualquer coisa, menos aquilo.

Logo, perguntei:

— Não entendi. Por que tinha receio de me mostrar isso?

— Eu só achava que não estaria preparada para ver alguma imagem de sua tia, isso poderia te desestabilizar. E, bem... - aproximou-se com um sorriso sagaz. - Sempre que achar que tudo está desmoronando, lembre-se do que diz neste colar.

Murple sempre sabe o que fala. Nunca duvido de seus dizeres e sempre tento conservar o que aprendi junto à ela.

Foco minha atenção novamente à foto. Quem será o garoto? Talvez fossem amigos, ou, quem sabe, algo a mais. Me pergunto se algo teria acontecido a ele...


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Notas finais do capítulo

Obrigada a você que chegou até aqui. Sinta-se recompensado! (´ ▽`)
Têm alguma sugestão de quem seja o tal garoto com Agatha? Eu acho que Nathaniel poderia saber... Aliás, darei mais importância a personagens como ele. Parte do mistério deste "arco" só será revelado bem posteriormente, muita coisa ainda deve ser decidida.
Até o próximo capítulo! Preparem-se para uma extensa memória de Armin.
Bye! (ノ^∇^)