Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 10
Sábado


Notas iniciais do capítulo

Termineeei! Socorro! *pula de alegria* \(T∇T)/ Exaustão, estudos, teatro e bloqueios criativos; foi bem difícil escrever isso aqui. ;-;
Coincidência ou não, o nome do capítulo é o dia de hoje. (._.)
"Sábado". Derivado do hebraico - Shabat - que significa simplesmente "cessar de trabalhar", "descanso". Mesmo com este significado, sabemos que tudo seria bem diferente para Kim.
Boa leitura! ✿



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[ Kim ]

Hoje é sábado.

Dia cujos alunos dormem até tarde ou empanturram-se de guloseimas.

Dia estático. Onde todos são anti-sociais, e a última coisa que pensariam é em ter de aturarem uns aos outros.

Lá fora chove; chuva delgada, mas barulhenta. Elsie dorme em sua cama.

Mesmo sendo mais um dos sábados lastimosos do ano, alguns acontecimentos poderiam torná-lo diferente. Claro que, “diferente” nem sempre é sinônimo de agradável.

***

Após perguntar para alguns - tentando parecer o mais natural possível. - sobre o que fazia Melody aos sábados, descobri que frequentava a biblioteca exatamente às 16H. Ninguém sabia o porquê, mas deduziram que, naquele horário, nenhum aluno estaria por lá para incomodá-la. Com esta informação, já foi possível traçar um plano que afigurava ser infalível.

Eram quinze para as 16H quando segui para a biblioteca, no intuito de encatoar a representante e seguir com uma vingança justa. Saber encurralar está em um dos principais requisitos para eliminar alguém.

Melody tinha, em média, quatro horas para poder me eliminar. Caso contrário, setenta e duas se completariam, e assim, seria desclassificada. Admirava que não tivesse tentado atacar-me novamente. Talvez ela ainda estivesse ferida, ou, talvez, soubesse que eu iria a seu encontro.

Uma das regras mais importantes para o killers, é não envolver alguém que não esteja incluso no combate. Com isso, quero dizer, uma pessoa que não tenha recebido um Cartão de Homicídio. Mas como Melody talvez seja a pessoa mais insana que conheci, nada impedia que ela entrasse pela janela do quarto para cravar uma navalha em meu pescoço. Se ela descobrisse que Elsie também era um killer, eliminaria ambas; sem comiseração ou ressentimentos.

***

De pé, apoiada com as costas sobre uma das prateleiras da biblioteca, segurava a pistola apontada para baixo, aguardando sua tão esperada chegada. Aquela arma me proporcionava um misto de segurança e receio. Não estava certa do que iria fazer.

"Faltam cinco minutos." - pensei com a respiração arfante.

Peggy contou-me que as paredes de todos os cômodos do colégio são forradas por barreiras antirruído, dessa forma, assim que Melody trancafiasse a porta, qualquer barulho proveniente da biblioteca não seria ouvido pelo lado externo.

"Pelo menos Shermansky pensou sobre isso. Claro que, ela não faria isso por compreensão."

O dedo no gatilho e a mente inundada de pensamentos.

Eu, realmente, estava prestes à matar uma pessoa? Bem, já era tarde demais para retornar; se eu desistisse, Melody adentraria o cômodo e não hesitaria em eliminar-me. O arrependimento, de repente, foi encoberto por um sentimento de fúria, formado ao lembrar-me de Violette.

Ouvi o rangido da porta. Em seguida, esta fechou-se.

O ruído de seus sapatos tilintavam - um som abafado e grave. Aproximavam-se. Tão perto. Meus batimentos do coração se intensificavam.

Antes que pudesse me divergir da estante para iniciar o ataque, a porta se abriu novamente.

— R-representante Melody! - a voz de uma garota provinha da soleira da biblioteca. Os passos de Melody cessaram.

Num susto, tive de retornar a ocultar-me atrás da prateleira novamente. Encaixei o olho sobre uma fresta que intermediava alguns livros e pus-me a observar o que se passava do outro lado.

Aquilo não poderia estar acontecendo. Mas que grande porcaria! Uma inocente!

Melody não se voltou para a garota, e respondeu mostrando-se incrivelmente simpática:

— Se é alguma reclamação, por favor, deixe na caixa de sugestões do grêmio que checaremos mais tarde.

— Não é isso!

A noviça utilizava o cabelo repartido em duas tranças negras, os pés postos para dentro e o rosto estupidamente rubro. Fechou as mãos e colocou-as frente os seios:

— Eu queria perguntar se recebeu uma carta de remetente "Cecil".

Melody se virou para a morena, ficando de costas para mim:

— Não me diga que aquilo foi...

— Sim! - espremeu os olhos, seu rosto ficara mais corado. - Fui eu! Eu soube que foi rejeitada por Nathaniel há um tempo, e-então... Achei que tivesse alguma chance.

O silêncio predominou por alguns segundos. Pela lateral do rosto obscuro de Melody, notei um sorriso oblíquo.

Pôs-se a caminhar lentamente até a estudante - o semblante desta última era cheio de esperança e espanto; talvez não imaginasse que Melody reagiria de forma tão serena, afinal, nem eu imaginaria.

Chegando à noviça, a representante apanhou delicadamente uma de suas tranças negras:

— Está dizendo que aquilo era para mim?

— S-sim. Não está brava ou... Com repulsa? Aliás... Somos duas garotas.

— É um assunto delicado, mas não diria que estou com repulsa... - fitava o cabelo da rapariga, acariciando-o.

"Será que Melody realmente ainda não me notou, ou está de teatrinho só para que essa garota vá embora?"

— O que acha de irmos em outro lugar para conversarmos melhor? - disse a representante, tudo em tom absurdamente natural.

A noviça sorriu e assentiu com a cabeça. Então, ambas foram até o fundo da biblioteca. Passando, lentamente, de corredor a corredor, as segui para ver o que aconteceria a seguir.

Chegaram fronte uma das prateleiras que ficavam sobre a parede. Melody retirou um dos livros e... Uma porta abriu! Exatamente como passagens ocultas de filmes policiais.

— O que é lá embaixo? -perguntou a noviça com viva curiosidade, parecendo ter se restabelecido do receio da rejeição.

— Não estraguemos a surpresa. - sorriu.

Aquilo não parecia bom. Na mais óbvia das hipóteses, a representante eliminaria a garota. O porquê? Certamente Melody já havia notado minha presença, querendo utilizar a noviça como uma isca. O que, de certa forma, funcionaria - visto que eu não tinha intenções de presenciar outro falecimento.

Ambas adentraram a passagem subterrânea. A portilha fechou-se depois.

Após alguns segundos, corri para a frente da estante colossal, saquei o mesmo livro que Melody utilizou. Notei uma pequena alavanca cuja, ao puxá-la, permitiu que a passagem abrisse. A escada que levava ao subterrâneo não havia luz.

Entrar ou não? E se aquilo fosse uma armadilha? Afinal, aquele “teatro” de minutos atrás talvez fora elaborado. Talvez eu estivesse paranoica. Não, da última vez que pensei desta forma, tudo desmoronou.

“Não posso deixar que Melody crie outra vítima. Não quero ver mais nenhum inocente morrer!”

Ao ultrapassar a escadaria, havia um longo corredor estreito, inundado pela negrura; ecoante - ressonava o ruído das gotas d’água e dos ratos, provenientes de um local indeterminado.

— Mas que droga de lugar é este? - murmurei.

Depois de cambalear por poucos segundos, enxerguei uma claridade dourada. Não demorou muito para que eu chegasse até ela. O que me aguardava logo a seguir, era um cenário de difícil descrição: Um cômodo extensíssimo, maior até que o porão do colégio; cercado de máquinas grandes, tubulações e caldeiras. A luz que ofuscava provinha dos vários holofotes de luz amarela. Assim que ouvi a voz das duas alunas, rapidamente retornei para as sombras

— Que lugar é este, Melody? - perguntou inocentemente, sua acompanhante.

— Aquela caldeira de reciclagem era utilizada como gerador de energia anos atrás. - apontou para a máquina.

— “Anos atrás”...?

— Sim, este colégio tem cerca vinte anos. Talvez Shermansky tenha mudado suas fontes de energia, assim, aqui se tornou inativo.

— Entendo… Mas, como conhece este lugar? - admirava a sua volta sem fitar a representante.

Pelo ângulo que eu as observava, foi possível notar Melody, retirando uma navalha fidalgo do bolso de trás da saia. Levantou o objeto acima da cabeça.

“Essa não. É agora!”

Num reflexo, corri para a frente da noviça e utilizei o cano da pistola para impelir a navalha, lançando-a o mais longe possível.

Diferente do nosso último encontro cara a cara, Melody parecia bem surpresa - franzia as sobrancelhas, arregalando ligeiramente os olhos. E eu, sem acreditar na ideia de que teria de eliminá-la, não contive em deixar escapar um sorriso triste.


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Notas finais do capítulo

Não fiquei tão contente com o resultado deste capítulo, mas, realmente, não consegui modificar muito.
Só digo uma coisa: O bolso dessa saia da Melody deve estar ligado à Nárnia, porque sei lá, cabe navalha, vidrinho de veneno... -q
Qual vocês acham que seria o resultado deste "duelo"? ヽ(゚◇゚ )ノ
Obrigada por você que leu até aqui! Espero não demorar muito para o posterior, embora que, infelizmente, começaram minhas avaliações (✖╭╮✖).
Até a próxima! (o´ω`o)ノ