Eu não vou desistir de nós ~ Peg/Wanda x Ian escrita por AyalaOM


Capítulo 1
Eu não vou te deixar!


Notas iniciais do capítulo

Caramba! Faz tempo que não faço uma oneshot e estava vendo a final do The Voice e a Christina Grimmie cantou essa música e eu pensei Cara essa música me lembra um casal., não sabia qual era até umas duas horas atrás quando comecei a escrever essa one, então espero que gostem!

Link: http://www.youtube.com/watch?v=7rmW6k_0YRU



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Quando olho em seus olhos

É como observar o céu à noite

Ou um belo nascer do sol

Há tanto que eles carregam

E assim como as velhas estrelas

Eu vejo que você chegou tão longe

Para estar bem onde você está

Quão velha é a sua alma?

Ian

Senti frio. Não era um frio daquele tipo “preciso de um casaco”, era mais como se eu estivesse perdendo algo, algo estivesse me escapando, é aquele tipo de frio que fica na boca do estômago incomodando.

Estiquei o braço para trazer Peg para perto. Senti falta do rosto dela no meu peito, parecia que tudo era perfeito quando ela estava aqui. Quando eu estava tocando o cabelo que não era dela, ou ouvindo a voz que era da Melanie dizer as coisas do jeito dela.

Apenas ela conseguiria soar do jeito que soava, duvido que outra garota consiga me desarmar como ela faz, porque, bem, só ela consegue viver todas essas vidas, perdoar os humanos e conviver conosco depois de tudo o que fizemos à sua espécie.

Vazio. Apenas o vazio me esperava.

Abri os olhos rapidamente. Não, ela não fez isso. Ela me prometeu que estaria aqui! Onde ela está?

Não vou desistir de nós

Mesmo que os céus fiquem furiosos

Estou te dando todo meu amor

Ainda estou olhando para cima

─ Você não vai me deixar! – Sibilei andando em direção à ela.

─ Eu tenho que ir.

─ Eu te amo, Peregrina.

─ Eu te amo também. – Ela me pediu com os olhos cheios de lágrimas. – Tantas vidas, como que eu só pude encontrar o amor com você? Porque agora? É tão injusto que eu queira ficar quando sei que tenho que partir.

─ Mas eu te amo!

─ Eu tenho que ir. – Ela parecia querer se justificar mais, mas não disse mais nada. Havia mais, mas eu não sei o que pode ser.

─ Você pode ficar com Jared. – Ela estava surpresa com minhas palavras.

─ Eu realmente tenho que ir, Ian. Eu te amo, mas eu tenho que ir.

─ É tão ruim assim que eu te ame de volta? Eu jamais direi novamente, mas fica.

Nós nos beijamos com aquele gosto de despedida que fica marcando você e não dá simplesmente para apagar ou esquecer.

Levantei decidido. Eu preciso encontra-la. Eu não estou desistindo dela. Eu já perdi tudo uma vez e eu não vou perder tudo de novo. Aonde ela for, eu vou segui-la.

Os corredores não tinham mal cheiro hoje. Não tinham cor, não tinham nada.

Vi o reflexo dos cabelos que eu aprendi a reconhecer. A coisinha pequena naquele corpo era quem eu procurava.

Andei a passos duros, mais rápido do que minhas pernas aguentavam e quando tentei parar, simplesmente não deu.

Nós esbarramos um no outro e caímos. Segurei meu peso, antes que a esmagasse e sorri.

─ Estava te procurando, sua fujona. – Eu ri, checando a cabeça dela. Parecia que tinha batido, mas parecia que algo estava errado.

Não. Não era ela. Tem algo de errado, tenho certeza. Finalmente olhei para os olhos, depois de checar se ela não estava machucada. Não havia a auréola cinza cristalizada nos olhos dela.

– Desculpe, Melanie. – Eu me levantei e ofereci uma mão por cortesia.

Ódio que eu, a muito tempo, não sentia, senti. Antes eu odiava as almas, mas agora eu odeio ela. A pequena mulher na minha frente.

─ Ian, eu…

─ Te vejo por aí. – Eu me virei para partir. Precisava achar o doutor, saber o que ele fez com Peg. Ele talvez fosse o único que saberia.

Ou não. Ela ensinou a todos nós do círculo de fogo como retirá-los. Quem terá feito essa barbárie?

─ Espera! – Eu olhei para trás e ela me segurou pelo braço. – Ela está bem. Jared a salvou. Está em um criotanque, mas vai ficar bem. Vem!

[…]

E quando você precisar do seu espaço

Para navegar um pouco

Eu estarei aqui pacientemente esperando

Para ver o que você vai encontrar

─ Em que está pensando? – Peg me perguntou quando sorri para ela. Estávamos chegando, não havia problema. Logo voltaríamos para casa, para nossa pequena Melody, nome escolhido pela Peg.

─ Na manhã em que você fugiu e que te encontrei naquele criotanque.

─ Não me lembro. – Ela fez uma careta fofa e sorriu. – Mas foi um bom momento, certo?

─ Não exatamente. – Ela pareceu não entender. Ri antes de explicar. – O melhor momento foi ver você acordar. Te disse que não estava me deixando.

─ Poderia ter desistido. – Ela sorriu menor agora. Pesando a possibilidade, eu acho. – Poderia estar com alguém da sua espécie.

─ Não é um problema estar com você.

─ Não?

─ Não. – Ela sorriu e foi quando ouvimos um barulho estrondoso. Meu coração agitou-se no peito.

─ Que diabos é isso, Jared? – Perguntei pondo meus braços protetoramente ao redor da minha Peg e a ouvi gemer dolorosamente. – Peg tudo bem?

Eu a olhei e o céu estremeceu e cedeu sobre mim. Tudo estava se partindo enquanto olhei para aqueles olhos que aprendi amar, os dois cinzas misturados.

─ Peg…

Porque até as estrelas, elas queimam

Algumas até mesmo caem sobre a terra

Temos muito a aprender

Deus sabe que valemos a pena

Não, não vou desistir

Ela moveu os lábios, sussurrando o meu nome e fiz pressão no ferimento. Duas balas a atravessaram quando entramos no tiroteio. Nós ouvíamos as sirenes, Mel disse algo, não sei o que foi, a voz aumentada das almas era estridente e mesmo assim eu só conseguia ouvir o sussurro dela.

Ian, eu te amo. Ame a Melody por nós dois.

Ela está desistindo de novo. Mas eu não.

─ Pare essa joça.

─ Não posso! – Jared exclamou. – Você e Mel estão loucos! Não vou parar! Todo mundo perde alguém, Ian! Você deveria estar cuidando dela, então não me faça matar nós todos!

─ Para essa merda! – Melanie gritou e eu entendi que ela sabia qual era o plano. Nós dois pensamos igual porque a amamos desesperadamente.

─ Ian?

─ Eu amo você, Peregrina. Mas precisa ficar com seu povo por um tempo.

─ Mas… ─ Ela tossiu sem ar e eu soube que provavelmente um dos projeteis atingiu um dos pulmões dela.

─ Eu amo você. Não esquece.

─ Eu não vou deixar você. – Ela sussurrou enquanto eu abri a porta do furgão e a coloquei nos braços do buscador.

Ele me mandou ir. Não éramos o alvo, mas seríamos se ficássemos. Qual era o alvo então?

─ Qual é o alvo?

─ Vá humano. Obrigado por nos entregar nossa companheira, mas vá. Não terá uma segunda chance.

Eu fui deixando tudo o que sou com aquele buscador mandão. Eu vou voltar. Foi o que ela disse e foi o que me deu forças para fechar a porta do furgão e seguir viagem.

[…]

Eu não quero ser alguém que vai embora tão facilmente

Estou aqui para ficar e fazer a diferença que eu puder fazer

Nossas diferenças fazem muito para nos ensinar como usar

As ferramentas e os presentes que temos, sim, temos muita coisa em jogo

─ Ela voltou! – Jamie gritou entrando na área de lanches. Não me levantei com os outros para saber quem diabos tinha voltado. Não importa, não é quem eu quero que volte.

─ Quem voltou papai?

─ Não sei, querida. Coma que depois te levo lá.

─ Ian? – Melanie me chamou a alguns passos da minha mesa. Não havia mais tantas pessoas aqui no refeitório, certamente indo ajudar a descarregar o baú (é como chamamos carinhosamente o caminhão).

─ O quê? – Perguntei a encarando sério.

─ Ela voltou. – Ela sorriu hesitante para mim e percebi que não estava sozinha.

Encarei a moça – não uma moça normal, assim que a vi, senti que já a conhecia, no entanto eu nunca a vi antes.

Cabelos loiro cobre e lisos, a pele mais branca do que a terra do deserto, olhos puxadinhos e de um castanho mel que só era quebrado pelo prateado. Baixinha, com um macacão estilo jardineira comum e uma blusa azul por baixo.

─ Quem voltou? – Finalmente perguntei sem entender.

─ Eu disse que não ia deixar você.

E no fim, você ainda é minha amiga, pelo menos, tínhamos intenção

Para funcionarmos, não terminamos, não queimamos

Tivemos que aprender como nos virar sem o mundo desabar

Tive que aprender o que tenho, e o que eu não sou

E quem eu sou

Peregrina

Não consigo dormir. Não consigo dormir desde que estou nesse corpo, nesse quarto sozinha, com um frio que sei que não é físico.

Eu não sei quem eu sou. Eu me lembro de chamar Peregrina, mas eles dizem que ela morreu. Que ela não sou eu.

Eu lembro unicamente de dois pares de olhos azuis. Não é qualquer azul, é um azul que me prende neste planeta. É safira, neve e meia-noite e parece que é tudo o que importa.

Ligo para minha conselheira porque ela me disse que eu poderia. Conto-lhe novamente sobre o estranho sonho onde só vejo esses olhos e ouço ele dizer, sei que é um homem e que não é um dos nossos porque seus olhos são muito humanos. Isso não parece uma coisa ruim.

Ele diz “Eu te amo. Não esquece.” e eu me pergunto onde ele está, porque eu estou sozinha aqui? Onde ele está?

Eu só quero encontrar o dono daqueles olhos e entender porque ele parece ser o meu motivo. Minha mente sempre manda a palavra “âncora” e eu sei, pelo menos um pouco, que são mais do que olhos intrigantes.

O outro par de olhos me lembra eu mesma. O nome “Melody” fica girando na minha mente e uma risada infantil está lá, mas eu não consigo lembrar muito bem o porque.

Não vou desistir de nós

Mesmo que os céus fiquem furiosos

Estou te dando todo meu amor

Ainda estou olhando para cima

Ainda estou olhando para cima

─ Se isso te intriga tanto a ponto de não deixa-la dormir, querida. Então simplesmente dirija até esse lugar do qual você acha que se lembra e volte. Talvez isso a acalme.

Eu concordei e peguei tudo o que tinha de importante no apartamento. Minhas poucas roupas, alguns mantimentos, água. Por algum motivo eu sinto que não vou voltar, então eu desligo as luzes me sentindo estranhamente leve.

[…]

Areia é tudo o que vejo à frente.

─ Eu não vou deixar você. – Pisco quando lembro subitamente disso.

A dor que estava em meu corpo era quase invisível (e doía horrores) perto da dor em meu coração. A lembrança me machuca porque não sabia o que era dor até agora. Quer dizer, não assim.

Passo pela rodovia reta, entrando em mais areia, mas essa é realmente extensa é tudo o que vejo, além das lembranças em minha mente. Os muros que eu coloquei lá – sei disso agora – se dissolvendo.

Eu te amo, Ian. Eu não vou desistir de nós.

Não vou desistir de nós

(Não, não vou desistir)

Deus sabe, sou difícil, ele sabe

(Eu sou difícil, sou amado)

Temos muito a aprender

(Estamos vivos, somos amados)

Deus sabe que valemos a pena

(E nós valemos a pena)

A caverna menor é perto da maior. Eu me lembro quase claramente agora e deixo o carro lá. Desço e não sei o que fazer.

─ Jeb! – Minha voz sai grave, um pouco mais do que de costume. – Jeb, sou eu! – É o que meu coração me manda dizer e já que o estou seguindo, não tem problema. Eu acho.

─ Eu quem? – Ouço um barulho que me lembra armas, mas sei que isso é de uma vida passada. Não é uma lembrança recente.

─ Peregrina, eu acho. É esse o único nome do qual me lembro. – Eu viro e encontro um senhor. Era novo e velho para mim. Não ele, a visão dele. – Eu não morri, verdade?

─ Não, você não morreu, Peg. – Ele sorriu abaixando a arma. – Demorou a nos achar, pequena.

─ Não me lembro de nada. Quer dizer, quase nada.

Nós andamos um pouco até encontrar com um rapaz que eu me lembrava mais jovem. Jared. Minha mente me diz facilmente e eu me lembro, mas apenas com alegria contida. Beijos trocados em prol de alguém que eu amo. Não alguém. Mel.

─ Quem é essa? – Ele questionou e Jeb riu enquanto respondia:

─ Peg voltou.

─ Não é Peg. – Ele disse e parecia assustador. – Quem é? – Ele disse sério para mim e bufou quando eu me mantive quieta. – Diga-me algo que prove que é ela.

─ Você me beijou como um teste e a Mel desferiu um soco em você. Me prometi que… que jamais usaria meu corpo para violência novamente.

Eu pisquei quando terminei de falar porque enquanto dizia as cenas iam aparecendo em minha mente.

─ Finalmente. – Ele sorriu e me abraçou. Eu fiquei parada, quieta e sem mover um músculo até ter certeza que podia corresponder.

Nós cumprimentamos algumas pessoas, mas nenhuma delas tinha os intrigantes olhos que eu queria ver.

─ Cadê eles? – Questionei Mel. – Aqueles olhos?

─ Olhos? – Ela pareceu se lembrar de algo. – Ah! Safira, neve e meia-noite né? – Eu concordei e ela me levou para um lugar com cheiro de comida.

Eu vi o perfil dele e sabia que era ali que estavam aqueles olhos. A menina na frente dele os tinha. Eu vi claramente, sobre o sol de meio-dia.

─ Ian? – Ela o chamou meio hesitante.

─ O que? – Ele perguntou, mas mesmo assim não olhou para nós.

─ Ela voltou. – Mel disse ainda hesitante e saiu da minha frente. Encontrei aqueles olhos e parecia que finalmente as coisas estavam em seu lugar.

Olhar para eles fez com que todas as barreiras em minha mente caíssem e eu vi todas as memórias que não podia ver antes. Eu realmente vi.

Eu pisquei as lágrimas quando olhei para a menina que questionava quem eu sou. Nós não éramos muito diferentes, mesmo que eu esteja nesse novo corpo.

Ela tem cabelos que vão até os ombros em cachinhos loiros como raios de sol. Os olhos que eu me lembro, azuis e que dão sentido ao porque eu precisava vir aqui.

O amor está em todo lugar, mas o meu lugar é aqui. Ao lado daqueles que eu amo.

─ Quem voltou? – Ele perguntou e ao olhá-lo, sabia que ele sabia que eu era eu. Me senti lisonjeada por isso. Nenhum humano pode nos reconhecer da mesma forma que as almas conseguem.

─ Eu disse que não ia deixar você.

Eu não vou desistir de nós

Mesmo se os céus fiquem furiosos

Estou te dando todo meu amor

Nós nos abraçamos e finalmente pareceu que estar aqui, num dos planetas com a menor perspectiva de vida dos que descobrimos, é certo, é especial.

─ Olá, Mel. Sabe quem eu sou?

─ Mamãe? – Eu sorri e não sei porque meu corpo não me obedecia quando eu mandei as lágrimas voltarem, elas simplesmente saíram enquanto eu abracei a menininha.

─ Quantos anos você tem agora?

─ Quatro, né papai?

─ Quase quatro. – Ele corrigiu nos abrangendo e finalmente, tudo vai ficar bem.

Ainda estou olhando para cima

Ainda estou olhando para cima

Ian

Ela está aqui. É tudo o que importa. Ela não poderia esperar que eu desistisse tão fácil, não é?

─ Você tem alguma outra mamãe? – Ela perguntou hesitante e ciumenta, minha Peg.

─ Não. – Melody respondeu sorrindo. – Papai disse que não havia ninguém como a minha mamãe e que ela ia voltar. Que ela prometeu que não nos deixaria.

─ Pensei que você teria…

─ Desistido? Eu te disse: você não está me deixando. Não é uma escolha.

─ Mas eu escolhi. – Ela sorriu. – Não. Eu entendi, só queria ter entendido antes.

Eu sorri e beijei as bochechas onde ainda tinham lágrimas rolando. Lágrimas finas, ralas.

Finalmente tudo vai ficar bem.


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Notas finais do capítulo

Espero sinceramente que tenham gostado! Tive essa inspiração meio de súbito e só escrevi, revisei e coloquei aqui, então espero que vocês gostem ^^

Beijinhos~♥