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Bianca parecia tranquila enquanto andávamos em direção da direção.

Porque será que eu fui chamado à Hogwarts? Será que vim assistir meu filho jogar? Agora isso é permitido? Meu coração estava à mil. Eu não sabia o que eu iria encontrar assim que chegássemos ao escritório de Dumbledore! Será que era Lílian mesmo ou eu fiquei tão louco que casei com qualquer ruiva que se assemelhasse a ela?

Claro que não, sou James Potter, com certeza eu consegui o que queria.

– Mãe? – indaguei, assustado, assim que Bianca abriu a porta. Dorea Potter virou-se de supetão, abrindo um grande sorriso.

– Agora vai me chamar de mãe? – riu ela. Quê? Cadê a minha versão mais bonita e a sua esposa maravilhosa? Olhei o escritório vazio enquanto Bianca abraçava minha mãe. – Vamos logo, Harry tem que voltar antes do jogo.

– Pra onde? – perguntei observando cabelo branco de minha mãe (assustador) e as rugas. Sem contar que ela estava extremamente curvada. Ugh, a velhice é um saco, hein mãe.

– Idiota, pra onde nós vamos toda última sexta do mês? – retrucou Bianca, entrando na lareira. Certo, acho que estamos indo para casa. Mas porque precisamos fazer isso uma vez ao mês? Todos os estudantes fazem isso agora? Estranho. Entramos todos na lareira e esperamos Dorea jogar o Pó de Flu e gritar:

– St.Mungus!

11

Os corredores brancos do hospital pareciam pequenos enquanto eu seguia minha mãe e Bianca. Eu tinha vontade de perguntar á elas o que estava acontecendo, mas não tinha coragem. Eu devo ter sofrido algum acidente de trabalho ou Lily trabalha aqui, me lembro dela ter mencionado em classe que gostaria de ser curandeira. Não deve ser nada grave, não para ninguém não ter sequer mencionado.

– Bianca, nada de pular na cama de seu pai! – avisou Dorea, abrindo a porta. A pequena Bianca adentrou sorridente, mas eu tive que ser empurrando por minha mãe. O quarto branco me sufocou. Havia uma mulher ruiva sentada de costas para a porta, observando a janela. Bianca caminhou até ela e pareciam duas versões da mesma pessoa quando a menor abraçou a mais velha.

A mulher sentada riu de forma infantil, beijando as mãos de Bianca.

– Oi mamãe. – sorria Bianca. – Tudo bem?

UNRAVELLING - HARRY ESCOTT

A mulher assentiu freneticamente, sem parar. Eu só conseguia ver seu cabelo, era tudo que eu podia ver. Até ela se levantar. Seu pijama de hospital era cor de rosa e estava sujo de pudim. Não conseguia sequer pensar, quase ofegante ao ver o rosto. Ela uma versão mais dura e velha do rosto de Lily de 76. Mas havia algo estranho... Ela parecia, não há como explicar, não era Lílian.

– Ahhh... – gemeu ela, colocando os dedos na boca. – Ahhh.

Por favor... Eu quero ir embora! Não pode ser, não pode ser! O que fizeram com Lily? Por que ela está agindo dessa forma?

– Vá falar com seu pai, Harry! – ordenou Dorea. Eu não tinha notado o homem deitado na cama, fitando o teto. Minhas pernas amoleceram de tal forma que eu tive que me segurar na cama de Lílian.

– Ahhhhnnn. – gemeu Lílian, batendo em meu ombro sem parar. – Ah, ah, ah!

E apontou para James.

– Anda logo, vai deixar ela nervosa! – mandou Bianca. Ela estava mandando eu ir falar com seu marido. Os olhos verdes estavam totalmente vazios. Os olhos que eu cobicei por anos... Já não eram os mesmos. Os fios brancos se misturavam com os ruivos enquanto eu assistia a mulher sequer conseguir segurar a baba que caía de sua boca. Engoli seco, caminhando até a cama do homem, sentindo meu peito explodir silenciosamente.

Era eu.

Meu futuro... Era aquele? O meu corpo do futuro só estava ali por estar, pois eu parecia morto. O único sinal de vida era piscar para o teto e às vezes mexer a boca. Não consegui segurar as lágrimas, era demais para mim. Eu queria ir embora, eu queria ir embora agora! Não... Como eu deixei aquilo acontecer, como... Como eu virei um vegetal?!

– Harry? – chamou Dorea? – Harry!

Não consegui me segurar, acabei caindo no chão, vendo tudo girar e ficar negro. Lílian ficou nervosa com a cena, começando a se auto estapear. Bianca veio ao meu socorro enquanto Dorea tentava parar a nora.

12

– Bianca contou que você apagou no hospital. – Effy já estava com seu uniforme, segurando sua vassoura. Terminei de colocar minhas joelheiras, ainda com a repulsa em meu estomago. O futuro parecia ser algo bonito e brilhante, mas era feio e angustiante. Pessoas com uma fascinante estrada para trilhar, trancadas em um limbo sem saída. Eu não conseguia aceitar que eu tinha um destino pior que a morte. Não só eu, como Lílian.

– É, eu... Não consegui respirar. – Effy suspirou, tocando meu ombro.

– Harry, você tem que ser forte. Não é tão ruim assim, você viu que seu pai está tendo um grande avanço. As pesquisas para tirá-lo daquele estado estão avançando, deram certo com sua mãe, não deram? Lembra que meu pai acompanhava de perto? – Tony parou ao lado da irmã, abraçando-a pelo ombro.

– É cara, em breve seu pai vai melhorar, sua mãe também.

– E não se sinta mal, seus pais nunca estão sozinhos. Meu pai não saía de lá, lembra? Todo maldito dia ele estava sentado do lado da cama de seu pai. – riu ela.

– Sim, meu pai também. – lembrou Gaia. – Tia Marlene não parava de levar bolos! Ah, você lembra do verão de 87 né? Quando a gente fez uma festa no quarto e foi todo mundo expulso?

– Clássico. – riu Mikael Dearborn. Olhei-o assustado por dizer aquela palavra sagrada.

– Meu pai também. Ele está ensinando sua mãe a escrever novamente. – sorriu Grace. Olhei para todos eles, querendo chorar. Será que não entendem que estávamos tentando amaciar algo terrível? Uma tragédia? Como eles conseguiam agir normalmente, respirar com aquela realidade?

Seus pais nunca estão sozinhos.

Agradeci à eles, ainda sufocado. Subi em minha vassoura e saí de órbita, apenas esperando o jogo começar. Aquele lugar era frio, e nada aconchegante. Era duvidoso, perigoso e cheio de mistérios que eu nunca vou poder saber. Eu me perguntava como deixei tudo chegar aquele ponto, mas não cogitei a ideia de que meus filhos, Harry e Bianca, estavam ali, saudáveis e vivos. E que em determinado ponto da longa estrada, eu tive que tomar uma decisão.

E talvez a decisão tenha sido eu ou eles.

Todos nós pensamos que vai ser ótimo. E está certo nos sentirmos mal quando nossas expectativas são roubadas. Às vezes, o esperado simplesmente empalidece em comparação com o inesperado. Talvez devemos nos perguntar porque nos apegamos as expectativas. Talvez seja porque isso é o que nos mantém de pé.

O esperado é apenas o começo.

Mas é o inesperado que mudar nossas vidas.

– ACORDA, POTTER! – Elizabeth voou em minha direção, me despertando para o jogo, que estava rolando há minutos. Ela jogou seu balaço em minha direção, e segundos antes da bola simplesmente explodir meu crânio, outro grito invadiu minha mente. – POTTER!

Epílogo

– Seu retardado! – xingou Sirius, com seu rosto quase em cima do meu. – Quer matar todo mundo do coração?

– Sirius quase chorou feito uma menininha. – riu Peter, levando um tapa da Sirius em seguida. O que aconteceu? Minha cabeça zumbia de dor enquanto eu tentava me levantar. Centenas de alunos de pijama me fitavam, assustados.

– Um milagre ainda estar vivo. – admirou-se Marlene.

– O ego amorteceu a queda. – debochou Lílian Evans. Virei-me tão rápido para ela que minha cabeça quase explodiu de dor. Seu rosto jovem, por mais que eu não soubesse o porque, me encheu de conforto. – A torre não é tão alta assim, deve ter quebrado alguma coisa.

– James, você está bem? – perguntou Remus. – Diga algo.

Eu sonhei com algo... Mas não me lembro o que era. Quantos anos durou minha queda? Parecia que eu tinha acabado de acordar de um longo dia de sono. Mas uma sensação de conforto e familiaridade me preenchia ao ver o rosto de meus amigos. Eu sonhei com o futuro, mas não me lembrava de nada.

Apenas de uma coisa.

– Eu vi o amanhã. – revelei com a voz rouca. Sirius uniu as sobrancelhas. Está aqui, eu estou disposto a correr o risco, estou disposto a ver no que vai dar. Eu consegui ver o que está do outro lado, e eu só tenho a agradecer. – E é espetacular.

LINHA DO TEMPO:

1978 – Casamento de Alice Wonder e Frank Longbottom/Casamento de Dorcas Meadowes e Remus Lupin.

1979 – Casamento de Lílian Evans e James Potter/Casamento de Marlene McKinnon e Cadaroc Dearborn

1980 – Casamento de Piper Greengrass e Sirius Black/Casamento de Pandora Moon e Peter Pettigrew

1980 – Nascimento de Harry Potter, Neville Longbottom, Elizabeth e Anthony Black

1981 – Atentado e morte dos Longbottom/Neville Longbottom é o Menino Que Sobreviveu.

1981 – Nascimento de Gaia Lupin.

1982 – Nascimento de Bianca Potter***/Adoção de Mikael Dearborn.

1983 – Nascimento de Grace Pettigrew.

1985 – Atentado aos Potter/Perseguição e morte de Piper Black por Kubra.

1989 – Elizabeth Black é diagnosticada com Bipolaridade Depressiva com Ideação Suicida.

1991 – Internação de Elizabeth Black na Clínica Psiquiatrica de Bristol.

1992 – Casamento de Emmeline Vance com Sirius Black.

1995 – Nascimento de Emma Black/Morte de Sirius Black/Criação da Armada de Dumbledore.

1997 – Batalha de Hogwarts: Morte de Elizabeth Black por Bellatrix Lestrange.

1999 – Recuperação total da fala de Lílian Potter/Casamento de Cho Chang e Anthony Black.

2000 – Casamento de Ginevra Weasley e Harry Potter

2001 – Casamento de Gaia Lupin e Mikael Dearborn/Recuperação de movimentos de James Potter.

2002 – Recuperação total de Lílian Potter, com sequelas.

2003 – Nascimento de James Sirius Potter/Nascimento de Elizabeth II Black.

2004 – Nascimento de Edward Dearborn.

2006 – Primeiro ano de Emma Black em Hogwarts/ Nascimento de Albus Potter e Rose Weasley

2008 – Nascimento de Hugo Weasley e Lílian Luna Potter/Ressureição de Sirius Black (brincadeira)

2009 – ...

***Atenção ao possível fato de que Lily estava grávida novamente em 1981 (Provavelmente o tédio na casa estava grande né? Seu filho sendo perseguido por um psicopata, mas dá tempo de transar). Não sei se é verdade mesmo, mas muitas pessoas falam isso.

Normalmente eu nunca me rendo à esses boatos, porém aqui Lily estava mesmo.