Tomorrow escrita por Ster


Capítulo 3
Impossível - III




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7

As coisas estavam ficando sérias.

Após minha suposta filha/irmã ter gritado que Elizabeth gosta de Harry, ela saiu correndo e desapareceu. Bianca, aparentemente satisfeita com a desgraça alheia, simplesmente saiu andando e me deixou sozinho no corredor, o que me deixou sem saídas: fui atrás de Rony, o que menos estranharia se eu fizesse diversas perguntas sem fundamento.

– Onde você estava? – perguntou ele assim que atravessei o quadro, ele estava jogando xadrez com Hermione. – Effy estava tendo uma crise lá embaixo, ouvimos os gritos daqui.

– Vocês brigaram? – perguntou Hermione.

– Não... Bianca falou umas coisas que ela não gostou. – Rony e Hermione suspiraram, como se fosse um cotidiano.

– Elas nunca vão se dar bem. – Surpreendente, uma nova descoberta: Potter e Black inimigos. Arrastei uma cadeira até eles e assisti ao jogo por alguns minutos, pensando em um jeito de iniciar a conversa sem levantar estranhamento.

– Então... Bianca e Effy, essas duas ainda vão me deixar louco. – dei um risinho sem graça, rezando para que abrissem a porra da boca e começassem a falar todos os acontecimentos desde 76 até 96.

– Harry, você sempre soube que esse problema de Bianca é ciúmes. – comentou Hermione, concentrada. – Vocês sempre a deixavam de fora nas brincadeiras.

– Qual é, ela é dois anos mais nova! – retrucou Rony.

– Que seja, Grace é três anos mais nova e nunca a deixamos de fora. – rebateu Hermione. – A questão é que Bianca se sente excluída e tem toda a razão. Não ignorando o fato que ela é naturalmente irritante.

– Pois é... E Effy puxou ao pai, fato. – agora vamos ver no que dá. Ops... Os dois olharam para mim de uma forma assustadora, como se eu tivesse dito algo muito ofensivo.

– Harry... Ainda bem que ela não está aqui. – repreendeu Hermione. – Você sabe como ela fica quando o assunto é Sirius.

– O que tem ele? – perguntei, sentindo meu coração à mil. Hermione apenas tossiu, praticamente passando a bola para Rony. Ele olhou-me como se eu fosse idiota.

Você sabe... Ano passado e tal... O ministério... – fiz minha melhor cara de desentendido. Rony suspirou e Hermione perdeu a paciência.

– Como você pode esquecer a Batalha do Ministério? Como pode esquecer quando Effy simplesmente assistiu Sirius atravessando o véu? – o tom dela era de julgamento e repreensão. Que véu é esse que Sirius atravessou? – Tenho medo de que ela nunca mais volte a ser a mesma.

– Claro, o pai dela morreu, o que você queria? – o tempo parou. Minhas pernas amoleceram violentamente, e eu senti minha pressão baixar tão rapidamente que tudo ao meu redor parecia estar girando. Afundei na cadeira, anestesiado... Sirius está morto. Meu melhor amigo... Morto. Eu queria voltar para casa, a agonia estava me sufocando, toquei meu pescoço, prestes a engasgar. – Harry? Harry, tudo bem?

– S-sim... – engasguei. – Sim... Eu... Vamos mudar de assunto.

– Vocês viram a Effy? – Gaia atravessou o quadro rapidamente, pegando uma cadeira e arrastando até a mesa de xadrez. – Ela passou por mim como uma louca. Estava com o espelho de novo. Eu avisei Tony para ficar de olho, sabe como é.

Todos abaixaram a cabeça, temerosos.

– Vocês têm medo de...? – eu não estava gostando nem um pouco daquele futuro. Na verdade, estava odiando. Já eram muitas pessoas mortas e coisas ruins. Frank morto e seu filho predestinado para morrer na mão de um ditador que está no poder há mais de trinta anos, Sirius morto e nem quero saber quem são os outros.

– É uma possibilidade. – admitiu Hermione. – Eu temo por esse dia desde o primeiro ano.

– Primeiro ano? – indaguei assustado.

– É, sabe, quando ela disse que ia se jogar da Torre de Astronomia. Ela melhorou depois da internação, ela nem fala mais nessas coisas, só fica quieta por dia às vezes, mas faz parte da doença. – comentou Gaia. – Ela melhorou muito, acreditem.

– Pelo que vocês contavam, eu acredito. – exclamou Hermione.

– Lembra daquela vez, Harry? Que a família toda estava jantando... Sabe, naquele Natal, e ela pegou a faca na nossa frente e ficou falando que se cortasse seu pescoço ela morreria em segundos? – O QUÊ? Mas que merda é essa? Elizabeth é louca? A filha de Sirius é louca?

– Que doença ela tem mesmo? – perguntei, sentindo minha garganta seca.

– Bipolaridade depressiva com ideação suicida. – recitou Hermione como uma máquina – Às vezes eu fico chocada como alguém como ela pode ter isso... Effy é tão autêntica, inteligente e divertida... Digo todos gostam de ficar perto dela.

– Ela é o amor da minha vida. – disse Gaia, visivelmente emocionada pelo assunto. – Eu não sei o que faria sem Effy.

– Imagine Tony, ele é o que mais sofre nessa história. – disse Rony. – Effy durante a vida toda, agora Sirius...

– E a mãe de Effy... Também deve sofrer muito. – mesmo me sentindo mal pelo assunto, eu precisava saber o resto da história. Eu ainda não tinha ideia de quem era a mãe dos gêmeos Black.

– Eu nem me lembro dela direito. – lamentou-se Gaia. – Tudo que eu lembro que ela era a mulher mais bonita que eu conhecia. E acho que ainda é.

Ótimo... Ela também estava morta.

– Bem, agora é aguardar. – suspirou Hermione. – Vocês viram? Agora a escola inteira quer ser amigo de Neville, assim, de repente! Depois de tudo que fizeram à ele no ano passado!

– Espero que ele lembre de nós. – comentou Rony.

– Sinto falta da Armada de Dumbledore. – suspirou Gaia. – eu adorava as reuniões. Às vezes pego a moeda e fico girando, rezando por um chamado.

– Neville era um ótimo professor, mas temo que assumir: Snape é incrível. Não precisamos mais da AD. – respondeu Hermione. Eu não estava entendendo caralhos.

– Armada de Dumbledore... Tipo a Ordem da Fênix. – chutei, esperançoso. Gaia deu tapa na minha cabeça, risonha.

– Coloca essa cachola pra funcionar, Potter, tá lesado desde que acordou!

– Você era o que mais gostava da AD, sua anta. – riu Rony. – Só porque a Cho frequentava.

– Nooooossa, a Effy ficava louca de ciúmes. – gargalhou Gaia.

– E quando ele saiu com a Cho no Dia dos Namorados? Effy ficou tão louca de raiva que saiu quebrando a sala comunal inteira! – riu Rony.

– É, engraçado mesmo, dois meses de detenção e uma longa bronca dos pais! – repreendeu Hermione. Ai, que garota chata. Até eu estava me divertindo com essas histórias.

– Coitadinha, ela é muito possessiva – sorriu Gaia. – Lembram que todo mundo achava que ela gostava do Harry? Ninguém sabia do lance da Donna.

Ah, ela não gosta de mim? Digo, do meu filho? Puxa, eu já estava me adaptando... Espera. Lance da Donna? Como assim?

– Ahhh, vocês. – o buraco se abriu novamente, revelando Bianca Potter. Ela tinha um ar nada parecido com Lily, apesar de ter suas feições. Era arrogante e até mesmo um pouco malicioso. – Effy já cortou os pulsos?

– BIANCA! – gritou Gaia. – Sua idiota! Retardada!

– Ahhhh, me poupe Gralha, é brincadeira! Elizabeth se ama demais para fazer algo do tipo. – a pirralha jogou-se no sofá, assistindo Gaia marchar até o buraco do quadro, furiosa. – Chata.

– Não tem graça, Bianca, você sabe que Effy é doente. – repreendeu Hermione.

– Mione, a única falta de graça aqui é a sua, que nunca existiu. – sorriu Bianca. – Sua falta de humor é entediante.

– Falta de humor? Qual a graça em debochar...

– OK, QUE SACO! Eu retiro! Satisfeita? Mil perdões, ohhh glorificada Elizabeth Piper Black! – gritou Bianca para Hermione. Que garotinha chata, quem ela puxou? Eu que não sou, afinal, sou super divertido, influente, bonito, atlético, simpático, inteligente... – Harry, Mikael estava te chamando, acabei de lembrar... Ele está no jardim, eu acho.

8

Aquela era a chance perfeita de ir procurar Dumbledore.

Eu precisava a todo custo fazê-lo entender que estava preso no corpo do meu filho e não faço ideia de como isso aconteceu. Porém eu precisava de um segundo plano caso ele achasse que eu tinha enlouquecido. Sem me importar em ir encontrar o tal Mikael, corri em direção do escritório do diretor, levando um balde de água fria ao bater de frente com uma estátua negra de frente para a fênix.

– Potter, o que está fazendo? – Que monstro é esse, cristo crucificado! Severus Snape? Ranhoso! Eu não acredito que ele realmente cresceu e ficou feio, Sirius e eu somos adivinhas! O homem diante de mim era uma cópia perfeita do Ranhoso que eu tinha atormentado no dia anterior. Apenas mais feio e bizarro, com roupas negras do século passado e o cabelo PODRE COMO SEMPRE!

– Ahhhh, Ranho... Digo, Snape. – segurei o riso. Ele ergueu a sobrancelha.

– Snape?

– É seu nome, não? – debochei.

Senhor professor, Potter. – corrigiu amarguradamente.

– Eu professor? – não aguento, é muita brecha! Esse homem me enche de felicidade!

– O senhor gostaria de levar uma detenção, Potter?

– Pelo que? Por respirar? Andar pelos corredores? – perguntei indignado. – Vim falar com o diretor!

– Professor Dumbledore não está. – retrucou seco.

– Quando ele volta?

– Os horários do diretor não são da sua conta, Potter. Não acha melhor se preparar para o jogo? Tem uma grande concorrência hoje. – soltei um muxoxo de deboche, sorrindo ironicamente.

– Grande concorrência? Quem? A Sonserina? – ri o mais alto de pude, me afastando. – Até parece.

9

– Ei. – chamei um garotinho franzino, lendo seu livro em um dos bancos do jardim. – Moleque, olha aqui.

– Está falando comigo? – questionou ele, olhando para os lados. Parecia ser primeiranista, os melhores.

– Você mesmo. Aí, você sabe alguma coisa dos Potter? – ele enrugou a testa como se eu tivesse dito a coisa mais estúpida que ele ouviu na vida.

– Bem... Você é um Potter. – disse ele lentamente.

– Eu sei porra, eu digo... Esquece, e dos Black? Você sabe dos Black?

– Onde estão os Black?

– Não, caralho! – inferno, primeiranistas eram burros demais, só Sirius tinha paciência para treiná-los. Antes que eu pudesse continuar, Elizabeth Black apareceu de repente, caminhando em minha direção. Agora o negócio ficou sério, eu preciso descobrir tudo que eu conseguir e voltar para o meu presente, e seria ela quem me contaria.

– Cai fora, pirralho. – o menino assustou-se com Effy e saiu andando, sem olhar para trás. Ela sentou-se no banco e acendeu um cigarro, dando um trago violento antes de me olhar. – Vai ficar aí plantado?

– Passa um aí. – pedi, sentando-me ao seu lado. Elizabeth uniu as sobrancelhas, olhando-me daquele jeito que todos olham, tanto que já acostumei.

– Você não fuma, idiota. – retrucou ela. Droga, Harry! Digo, muito bom filho, muito bom... – Procurei Donna pela escola toda, você a viu em algum lugar?

– Não, por que?

– Nós meio que brigamos por aquilo de novo. – pensa James, tente fingir que sabe do que ela está falando.

– Aquilo o que? Vocês brigam tanto que fico até perdido. – Effy riu, abaixando os olhos, dando mais um longo trago.

– Ela se nega a contar aos pais dela sobre nós. – Eita! Ela é lésbica? Gente... Sirius! Eu fiquei assustado e receoso, mas tudo que me veio foi vontade de rir. Ela é literalmente o pai dela. Em todos os sentidos da palavra. É Sirius com uma vagina. – Digo, estamos juntos há dois anos, já está na hora.

– Vai ver ela não está pronta, digo... Isso vai meio que chocar os pais dela. – opinei. Effy olhou-me furiosa.

– Pois não devia! É normal! Nós nascemos assim! – vixi, cutuquei a fera sem querer... Aos poucos ela se acalmou, massageando as têmporas levemente, quase engolindo o cigarro. – Eu sei que Donna não é lésbica... Ela gosta de homens, eu sou uma exceção. Mas eu nasci assim... Eu sempre gostei de garotas.

– Eu sei disso. – apertei seu ombro, enquanto ela pegava outro cigarro. Nossa, é uma chaminé igual ao pai. – Bem, por que você não pede a ajuda da sua mãe? Digo, para saber como dialogar com Donna.

Direto à ferida. Elizabeth continuou normal, apenas tragando seu cigarro.

– Emmeline não vai saber ajudar. – MINHA SANTA MÃE DE DEUS, EMMELINE VANCE? – E ela tem assuntos mais importantes para cuidar do que a afilhada lésbica. Falando nisso, ela me mandou uma foto nova de Emma, você precisa ver, ela cresceu muito.

Emma?

– Sim... Não vejo a hora dela vir para Hogwarts. – Effy gargalhou.

– O quê? Faltam tipo, dez anos! – riu ela. Ótimo, é uma recém-nascida. Seria filha de Emmeline com Sirius? Seria ela Emmeline Vance? É um nome comum, pode ser outra mulher... Mas os outros deram a entender que ela estava morta... Ou seria Gaia que não a vê a muito tempo? Porra, estou confuso!

– Effy... Você se acha parecida com seu pai ou com sua mãe? – Isso James Potter, você é tão inteligente, se eu não fosse você, me casaria hoje mesmo! Ela sorriu docilmente, observando os outros alunos.

– Eu daria tudo para me lembrar melhor do rosto dela. – Elizabeth soltou a fumaça lentamente e eu parei no tempo. Aquela garota era... Um completo quebra cabeça dos mais difíceis. Os olhos dela eram vazios e seus sorrisos nunca eram para saber se ela estava rindo com você... Ou de você. Exatamente como Sirius. – Sabe, meu pai sempre dizia que eu sou igual a ela. Você lembra como ela era bonita, não lembra? Digo, por fotos.

– Sim, ela... Ela era maravilhosa. – respondi, mesmo sem conhece-la, ela era realmente bonita, digo, era só olhar sua filha.

– Bem, ainda bem que ela deixou a miopia só para Tony mesmo. – riu, terminando seu cigarro. Respirei fundo, tomando coragem para perguntar com os poucos fatos que eu tinha.

– Effy... Você... Bem, você lembra do que aconteceu? Digo, nós éramos muito novos e... Eu nem me lembro direito. – Elizabeth pareceu muito triste por um momento, mas então voltou a sua habitual expressão: nenhuma.

– Foi o chefe dela, o Kubra. Você sabe que minha mãe era uma traficante... Mas quando meus pais se casaram, ela se “aposentou”. Aí se passaram alguns anos e o Ministério descobriu alguns traficantes do Kubra, e ele estava... Bem, ele estava se livrando de todos. E minha mãe foi uma das escolhidas, mesmo tendo prometendo que não falaria nada.

Eu não sabia o que dizer. Quem era essa mulher? Uma traficante? Mas Sirius fica tão viciado assim no futuro para se casar com uma traficante? Digo... Isso tudo é muito assustador.

– Seu pai ele...

– Ele teve medo de vir atrás de nós, mas o que ele ganharia com isso? – ela deu de ombros. – É como Emmeline disse: ele já pegou o que queria.

– Emmeline... – Effy olhou-me. – Emmeline Vance.

– É o nome dela. – deu de ombros, como se eu fosse retardado. Ótimo, ponto pra mim.

– Sim, claro... Bem, e Emma? Emma é um nome bonito, né?

– Harry, o que você tem? – perguntou ela, parecendo irritada. – Parece um retardado falando assim. Credo.

Fiquei em silêncio. Bem, foi um grande avanço, não posso reclamar. Continuamos olhando o ambiente quando Mikael Dearborn apareceu, parecendo receoso.

– Harry, estão chamando você e Bianca lá na sala do Diretor. – Ah, finalmente! – São seus pais.

Por um momento, eu imaginei Dorea e Charlus Potter. Mas esse inocente pensamento se foi rapidamente ao perceber que eu estava mais interessado na vida dos outros do que na minha própria...

Quem é a Senhora Potter?


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Notas finais do capítulo

Hm, que delicia poder mexer meus pauzinhos do jeito que eu bem entender.

E saibam que estou apaixonada por Elizabeth Black hahahaha Apesar de tudo isso, ela me veio de inspiração em uma pessoa (não personagem) muito triste, que é o Evan de Boy Interrupted, um documentário feitos por seus pais após a sua morte. É um filme muito, muito, muito triste e é impossível você não sair totalmente apaixonado por Evan como se ele tivesse sido seu melhor amigo.

E eu quero passar tudo isso para Effy. Eu gostei tanto desse futuro paralelo que talvez eu volte a falar sobre ele em uma one-shot no futuro.

Bem, o próximo capítulo é o último e tal... Vamos ver no que dá hahaha.

MUAAAAAAAAAAAAAAAAAAH



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