Peguei o primeiro táxi que encontrei de volta para de casa. Encontrei Care e sua mãe sentadas no sofá assistindo algum programa de tv sobre vampiros e lobisomens. Quando me viu Caroline saltou e correu até o vão da porta enquanto eu a trancava.

–Eu tentei te ligar umas 20 vezes hoje! Como foi lá? Você contou pra ele? O que ele disse?

Suspirei pesadamente e me senti um pouco tonta de uma hora pra outra.

Lis me ajudou a sentar no sofá e me entregou um copo com água, despediu-se de nós e foi para o seu quarto, deixando-nos sozinhas.

–Foi uma droga. – murmurei.

Caroline fez um careta e ouviu atentamente enquanto eu contava cada detalha sobre tudo. A família de Stefan, a reação de seus pais, o olhar desconfiado da mãe dele, e por fim, o pior pedido de casamento da história.

–QUE PORRA.

–Eu sei!

–Esse cara é muito idiota. – ela comentou, frustrada.

–E você ainda disse que ele não era ruim.

Care fez uma careta.

–Estava oficialmente errada.

–De qualquer forma, agora vou precisar passar um ano com ele e aquela família.

Caroline me olhou espantada.

–Você aceitou fazer parte dessa merda?

–Care!

–Elena você ficou doida?

–Se você bem se lembra: preciso de dinheiro, Caroline. – respondi de mal humor.

Caroline relaxou um pouco.

–Eu sei, desculpe. Mas não achei que você fosse querer participar dessa palhaçada. Você nem queria contar pra ele!

–E nem quero. Mas ele prometeu que ficaria longe de mim e do meu filho quando isso acabar, então decidi aceitar.

–Ele prometeu isso? Nossa.

–É provavelmente o melhor pra todos os lados.

–Talvez.

–Um ano passa rápido.

–Muita coisa acontece em um ano.

Dei de ombros.

–Vou entrar e sair de vida dele e ele nem vai notar. Isso pode dar certo. – murmurei.

–

Um mês! Um mês para que eu perceber que isso não vai da certo. Definidamente não. Estou parada em uma loja de vestidos para casamento com Lexi, Caroline e a mãe de Stefan. Isso é teoricamente tão irreal que preciso ficar dando beliscões no meu braço de vez em quando.

Esse é provavelmente o terceiro vestido que experimento e por mais que eu tente lembrar a Marisa de que é só um casamento simples, ela não me deixa pestanejar. Ela quer tudo lindo e perfeito.

–Meu primeiro filho casando! Meu Deus acho que vou começar a chorar. – ela ficava murmurando de vez em quando.

Lexi me lançava um olhar engraçado e Caroline tentava não revirar os olhos. Era obvio que ela estava odiando essa ideia.

No final eu mesma decidi que um longo vestido tomara que caia ficaria ótimo. Era simples e bonito, nada muito sofisticado, mas também não ralé.

Quando Stefan anunciou que nos casaríamos para seus pais foi uma festa só. Não sei de onde veio tudo aquilo, mas estava ali: pais sorridentes e uma irmã meio relutante. Lexi parecia descontente com Stefan na maior parte do tempo, mas ele nem parecia ligar. Pra falar a verdade eu nem estive muito perto dele nas ultimas semana, nós praticamente não nos víamos e isso estava começando a incomodar Caroline.

–Vocês dois precisam se conhecer!- ela me disse na semana passada.

–Caroline esse casamento é uma farsa, não precisamos fazer nada.

Ela bufou, bateu os pés e se trancou no banheiro com raiva. A gente estava tentando acertar as coisas, mas eu sabia que ela não queria que eu me colocasse nessa situação, eu a entendia.

De qualquer forma, era a véspera do casamento. Eu tinha mandado um convite para meu tio John em Denver, e minha tia Jenna em Nova York. Eles estariam em Mystic Falls em breve, mas eu não sabia ao certo como reagir a isso. Na verdade eu nem queria um casamento na igreja, isso seria completamente antiético, mas Stefan disse que a mãe dele ficaria louca se nos casássemos apenas no civil. Então eu aceitei, sabe-se lá por que.

Ultimamente tenho feito coisas que nunca me imaginaria fazendo. Não sei por quê. E isso está me incomodando. Às vezes acho que essa não sou eu de verdade, que tem algo de muito errado acontecendo, que eu não deveria ter aceitado nada disso. E toda vez que olho para os pais de Stefan e vejo o quanto eles acham que eu amo o filho deles, me dá uma ponta de angustia e indignação.

–No que está pensando?- O seu Giusepp perguntou sentando-se ao meu lado em um dos bancos do jardim.

A mãe de Stefan insistiu que eu me mudasse para casa deles até o casamento, em um quarto de hospedes. Outra coisa que desagradou Caroline profundamente.

–Nada muito importante. – murmurei.

O pai de Stefan era bem simpático quando se conhecia. Ele ficava muito tempo no escritório, mas eu chegava a vê-lo mais do que seu filho.

–Tem certeza?

–Meus pais. Sinto-me mal que eles não estejam aqui. – respondi sinceramente.

Se ele estivessem aqui nunca teriam me deixado fazer isso. Teriam dado outro jeito. Qualquer um.

–Sinto muito meu doce, mas creio eu que eles estariam felizes por você. – ele me lançou um daqueles sorrisos que faz o coração afundar.

–Obrigada senhor Salvatore.

–Elena, escute, sei que Stefan pode ser difícil no começo, mas ele é um bom rapaz e faz qualquer coisa pela família. Não sei o que vocês dois estão planejando com isso tudo, mas ele vai ser bom pra você, no final das contas.

Olhei-o fixamente.

–O senhor sabe. – murmurei.

–Não esperaria que você aceitasse casar com meu filho assim do nada, e não sei o que ele lhe prometeu, mas não é do feito dele fazer esse tipo de coisa.

Dei de ombros.

–Estamos todos no mesmo barco.

Ele sorriu.

–Ele não teria pedido qualquer outra garota pra fazer o que ele pediu que fizesse.

–O senhor acha que isso significa que ele tem sentimentos por mim? – soei quase piedosa com ele.

Ele riu dessa vez.

–Sou um velho experiente, você vê.

Sorri um pouco.

–Creio que esteja enganado.

–Bom, seja lá o que estejam fazendo, apenas não deixem que Marisa descubra... Ela ficaria muito decepcionada se soubesse.

–Não quero magoa-la. – sussurrei.

–Eu sei que não, querida. Isso não é nem de longe sua culpa, mas já que estamos nesse barco, vamos remar, não é?

Sorri novamente, concordando.

Queria que esse senhor ficasse por perto depois do casamento. Queria que ele ficasse na mesma casa que eu. Mas não. A vida é dura, pessoal. Então meu destino é passar um ano na mesma casa sozinha com Stefan, em uma cidade estranha, sem minha melhor amiga.

Nova York.