–Então você e o meu irmão estão finalmente em uma lua de mel quente e apaixonante? – Damon pergunta ao colocar as malas de sua mãe no hall de entrada.

Reviro os olhos e reprimo um suspiro de tédio.

Stefan me avisou pela manhã que seu irmão traria as coisas de sua mãe e Lexi antes de elas chegarem, mas não imaginei que precisaria parar para tomar chá com ele enquanto conversamos sobre meu relacionamento sexual.

–Você não tem mais o que fazer?

Damon ri.

–Você é definitivamente uma garota para o Stefan. É segura de si, bonita, sexy e o mais importante, não está desesperada para agradar ninguém, muito menos ele.

Faço uma careta.

–Por qual razão você está tentando me bajular desse jeito?

Ele da de ombros e joga-se no sofá.

–Estou tentando puxar conversa com a minha cunhada.

–Bom, você não pensou nisso há algumas semanas, quando praticamente me ameaçou no dia do meu casamento.

–Eu estava te salvando do seu tio desprezível.

–Eu poderia ter lidado com ele sozinha.

–Você parecia mesmo estar tendo muito sucesso nisso.

Reviro os olhos novamente.

–Você é um idiota!

Vejo Damon reprimir um sorriso cínico e tento observa-lo melhor. Ele é bem alto, talvez até maior que Stefan, mas não tem todos aqueles bíceps e tríceps do capitão do time de futebol da escola. Os olhos são um azul tempestade e o cabelo é escuro, quase como uma copia fiel de seu pai, só que mais novo.

Ele é o oposto de Stefan em tudo.

–Tudo bem, já que não vamos entrar em nenhum consenso com bajulações ou troca de palavras afiadas... Vou te contar porque realmente estou aqui.

Balanço a cabeça, esperando.

Damon se senta no sofá e me encara seriamente.

–Sabe aquela garota de olhos verdes e cabelo loiro ridiculamente lindo que estava no seu casamento?

–Hum. Sei.

Vejo um grande sorriso aparecer em seu rosto.

–Oh! Qual o nome dela? Vocês são próximas?

A situação é cômica. Começo a rir.

–É. Ela é a minha melhor amiga.

–Melhor amiga? Deus, eu tirei o dia de sorte. – ouço-o rir. – Qual o nome dela?

–Caroline Forbes.

–Caroline Forbes. – ele repete, como se assim não fosse se esquecer do nome. – Ela tem namorado?

Balanço a cabeça negativamente.

–Ótimo. Então você vai dar o meu numero pra ela e pedir que me ligue, ok?

Franzo a testa.

–O que? Não vou dar seu numero pra ela. – digo.

–E porque não?

–Porque se você quer falar com ela então você é que tem que ligar. Sem chances de eu dar o numero de um cara para a minha melhor amiga e pedir que ela ligue.

Damon parece momentaneamente abismado.

–Você é inacreditável. – diz. – Eu nunca ligo para as mulheres.

Dou de ombros.

–Então nunca vai conhecer os dons da Care na cama.

O maxilar de Damon trava e assisto de camarote enquanto ele se levanta e anda pela sala.

–Ok. Tudo bem. Dê-me o numero dela, agora.

Dito o numero e Damon digita no celular.

Ele está ligando pra ela nesse exato momento.

Olha pra mim.

–Oi... Caroline Forbes? Sou Damon Salvatore, irmão do Stefan e acho que você deve ter me visto no casamento da Elena e... Ok, estou te ligando para perguntar se você gostaria de sair qualquer dia desses... Me liga de volta quando puder. Até mais.

E desliga.

Faz uma careta.

–Isso foi tão péssimo quanto soou pra mim?

Balanço a cabeça e sorrio.

–Pra quem nunca fez isso antes você até que se saiu bem.

Faço Damon sorrir pra mim e sorrio de volta.

Penso que esse momento é legal e descontraído e me sinto bem.

No momento seguinte a porta do apartamento se abre e vejo quando Maryse e Lexi entram acompanhadas por Stefan.

Elas duas sorriem para mim, mas Stefan parece surpreso em ver seu irmão em pé na sala de estar.

–Elena! oh, você está tão linda! – a mãe de Stefan corre para me dar um grande abraço e sinto meu coração afundar.

Faz tanto tempo que ninguém me abraça desse jeito caloroso e maternal.

Lexi sorri pra mim e olha para Damon.

–Espero que vocês dois estejam se tornando grandes amigos, pelo bem da família. – diz.

–Ela acabou de me ajudar em um encontro, na verdade. – Damon diz.

Lexi me olha impressionada, mas sua mãe parece chateada.

–Mais uma, Damon? Pensei que você pararia com o sexo casual nessa idade.

Damon franze a testa.

–Tenho 24 anos e isso não é nem a metade de uma vida, mãe.

24 anos. Olho para ele e penso que Damon é tão solto e leve que eu daria menos. Talvez 21 e 10 de maturidade.

–Vou levar suas coisas para o quarto. – Stefan interrompe a discussão descontraída de família.

Observo-o enquanto ele pega duas das quatro malas e caminha silenciosamente até o quarto que horas atrás nós dois desocupamos. Tudo que era meu e estava lá, Stefan colocou em seu quarto. Agora somos oficialmente casados que dormem no mesmo cômodo da casa.

Lexi faz uma careta quando ele sai e me olha.

–O que deu nele? Estava todo animado no caminho pra cá. – diz.

Dou de ombros.

–Acho melhor ir checar se ele está bem.

Ninguém diz nada.

Acho que eu estava esperando que alguém se opusesse.

Bato na porta do quarto antes de entrar.

Stefan se vira para mim e sorri, pondo as mãos no bolso da calça jeans.

–Encontrei uma lista telefônica e pedi comida italiana, se você não se importa. – digo.

Ele balança a cabeça, rindo.

–Você odeia cozinhar, não é?

Faço uma careta.

–Não faz muito o meu estilo.

Dois três quatro passos e ele está tão próximo que sinto seu cheiro amadeirado.

–Tudo bem. Faz o meu estilo.

Ergo a sobrancelha.

–Você cozinha?

–Acrescente isso á lista das coisas que você sabe sobre mim.

Toco seu peito sob a camisa e sorrio, inspirando seu perfume caro.

–O que deu em você lá na sala? – resolvo perguntar.

Stefan faz uma careta chateada e se aproxima um ponto mais de mim.

–Só que você e meu irmão pareciam bem amigos quando cheguei. – diz.

–E?

Ele balança a cabeça.

–Você vai achar idiotice.

–Pode me dizer.

Ele respira fundo.

–Umas poucas horas são suficientes para você gostar do meu irmão e eu precisei de semanas pra você ao menos me aturar. – faz uma pausa. – E isso me faz sentir injustiçado.

Reviro os olhos.

–Você tem razão, é idiotice.

Stefan sorri, mas sem humor algum.

–Eu disse.

Toco seu rosto e vejo quando ele estremece um pouco, como se meu toque causasse algo a mais nele.

–Bom, levando em consideração nossa atual situação, é bem justificável eu precisar de umas semanas pra me ajustar ao seu comportamento rabugento.

–Você me acha rabugento?

–Ás vezes sim.

Mas Stefan não parece nem de longe magoado. Ele abaixa um pouco o rosto para encontrar meus lábios e me beija tão carinhosamente que sinto meus pés instáveis no chão.

É lento e despretensioso. É só um beijo e nada mais. E tudo. Tem tanto ao mesmo tempo nada. E quase me irrito com essa maneira estranha que ele anda agindo ultimamente. Nunca pensei em Stefan como alguém carinhoso e atencioso, mas ele é.

Quando ele me toca assim faz com que eu me sinta como se fosse rachar a qualquer momento. É irritantemente bom e muito perigoso.

Voltamos para a cozinha e Damon já tinha ido.

–Ele disse que não queria interromper o quer que vocês dois estivessem fazendo lá. – Lexi diz, mas parece meio aborrecida.

Olho de relance para Stefan, mas ele nem parece ligar.

Está ocupado entrelaçando nossos dedos. Aperto sua mão e ele sorri pra mim.

Quando levanto o olhar novamente vejo Maryse nos observando carinhosamente e sinto uma pontada de culpa no coração.

Ela acha que nos amamos e que estamos completamente apaixonados.

Mas se não estamos o que é isso tudo?

Sinto uma enxaqueca irritante começar só de pensar em tentar entender.